Abandonados, sem uso e degradados, prédios históricos do Recife precisam de cuidados
Foto: Ashlley Mello/JC Imagem
O desabamento de mais um prédio histórico no Centro do Recife chama a atenção para a decadência do bairro da Boa Vista
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Cleide Alves
cleide@jc.com.br
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Mais de 400 prédios antigos dos
bairros da Boa Vista, de Santo Antônio, de São José e do Recife, no
Centro do Recife, apresentam avarias e correm algum risco de desabamento
– baixo, médio ou alto. Cerca de 25 deles classificados com grau 3 e 4,
o topo da lista, encontram-se tão danificados que tiveram de ser
interditados. Foi exatamente um desses que desabou segunda-feira (9) na
Rua da Glória, área histórica da Boa Vista.
“Lamento que tenha acontecido outro desastre desse tipo no bairro.
Cada edificação que se vai é uma parte da memória coletiva da cidade que
se perde”, declara o economista ambiental Jacques Ribemboim, presidente
da ONG Civitate, que há 15 anos busca recuperar de áreas urbanas
degradadas no Centro. “Felizmente, desta vez não houve vítimas, o dano é
material.”
O prédio
da Rua da Glória, 189, que caiu parcialmente sobre a calçada, foi interditado
em 2009, tinha rachaduras do piso ao teto e não resistiu à forte chuva de segunda-feira (9/05/2016).
Com três andares (térreo mais dois pavimentos) e cerca de dez metros de altura,
o imóvel era usado como moradia, mas estava desocupado. Por causa do
desmoronamento, a Secretaria-Executiva de Defesa Civil interditou sete
residências do prédio vizinho, o Edifício Dora.
“Vamos derrubar o que sobrou do casarão e as sete
famílias só poderão retornar aos apartamentos quando a situação estiver
resolvida”, afirma a gerente-geral de Engenharia da Defesa Civil, Elaine
Holanda. A demolição teve início às 18h30 da terça-feira (10). De acordo com
ela, o prédio 187, conjugado com o 189 e também interditado, não sofreu danos
porque o proprietário fez um reforço estrutural depois de ter sido acionado
pelo município.
Com relação ao sobrado que desabou, Elaine Holanda
disse que o proprietário não foi localizado. Ano passado, a Defesa Civil cercou
o prédio com tapumes, que foram retirados por populares. Para Jacques
Ribemboim, numa situação dessa Executivo, Judiciário, Ministério Público e
sociedade deveriam identificar instrumentos jurídicos capazes de resolver o
problema com mais rapidez, dando uso aos prédios históricos.
“É preciso agilizar as desapropriações e posterior
leilão dos imóveis, estabelecendo que os novos compradores assumam o
compromisso de cuidar do patrimônio histórico”, destaca o economista. O
secretário de Planejamento Urbano do Recife, Antônio Alexandre, disse que a
prefeitura está caminhando no sentido de fazer desapropriações com fins de
interesse público, por ordem judicial, quando o proprietário não é localizado.
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