Apesar de escrever e contar histórias desde sempre, Conceição Evaristo diz que se viu escritora quando teve seu nome publicado pela primeira vez nos Cadernos Negros, do Quilombhoje, nos anos 1990. Aos 44 anos, no poema Vozes-Mulheres, ela ecoava vozes ancestrais do passado e de sua descendência sobre a vida de mulher negra no Brasil.
Por Fernanda Canofre
Inaugurava ali o estilo que batizou de “escrevivência”. A escrita carregada de vivência, onde quem nunca teve representação na literatura e foi desumanizado em estereótipos, “se sente convocado”. Inaugurava também uma das carreiras mais célebres da literatura contemporânea brasileira e afro-brasileira.
Hoje, aos 71 anos, a Conceição que nasceu em uma favela de Belo Horizonte e foi empregada doméstica, tem graduação, mestrado e doutorado em Letras, publicou seis livros, virou tema de uma exposição, ganhou o prêmio Jabuti de melhor livro de contos no ano passado e está cotada para ocupar a cadeira de número 7, na Academia Brasileira de Letras, deixada pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos.
Conceição, que tem receio de ser vista como uma excepcionalidade na autoria negra, diz que riu da ideia no começo. Mas, agora está pensando seriamente. “Comecei a pensar mesmo que é um direito nosso. Se a Academia Brasileira é um lugar, uma instituição de representação de uma nacionalidade literária, então, estou com vontade de me candidatar mesmo e vamos ver”.
Fonte: Sul21
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