O jornal "O Mossoroense" fundado em 17 de outubro de 1872, 64 anos após a criação da Impressa Régia e quase dois meses após a chegada do telégrafo à cidade. Ele foi o primeiro jornal da cidade Mossoró, que na época tinha apenas 20 anos de idade e cerca de 3 mil habitantes..
Seus idealizadores foram: Jeremias da Rocha, José Damião de Souza Melo e Ricardo Vieira de Couto, que o fizeram para ser um semanário de apenas quatro páginas, que difundia as principais notícias de Mossoró e do Rio Grande do Norte.
Em 1872 o Brasil passava pelo Segundo Império com economia fragilizada pós-Guerra do Paraguai. Mossoró era uma cidade escravocrata, provinciana e conservadora que mantinha-se em atraso em relação ao mundo civilizado.
José Damião de Souza Melo, um dos fundadores do O Mossoroense, foi um dos precursores dos ideais liberais e abolicionistas na cidade de Mossoró. Segundo Câmara Cascudo: “Homem de inteligência clara, poeta, um dos jornalistas históricos de Mossoró (...). Foi um dos animadores da Religião Reformada em Mossoró. Sua participação no movimento abolicionista foi direta e alta”.
Naquele mesmo ano de fundação o jornal se definia como semanário, político, comercial, noticioso e literário. Em sua primeira edição, possuía formato de 45cm x 31cm, diagramado em três colunas de 7 cm cada, até o número 56, publicado em 8 de novembro de 1873.
O encerramento da primeira fase de O Mossoroense possivelmente ocorreu em março de 1876, depois de publicar cerca de 158 números em edições dominicais, ao que parece, se deu por problemas financeiros que obrigaram Jeremias a vender o prelo principal ao coronel Antônio Soares Macedo.
A segunda fase de O Mossoroense tem início em 1901, quando o jornal ressurge como “Periódico humorístico e Ilustrado” (na foto ilustrativa do post), sob o comando de João da Escóssia, filho de Jeremias da Rocha, com o apoio dos redatores Antônio Gomes e Alfredo Mello.
João da Escóssia levou para as páginas de O Mossoroense, antes preenchidas apenas por textos, gravuras cujas matrizes (xilogravuras) ele próprio talhava em madeira utilizando-se apenas de um simples canivete.
Em 30 de setembro de 1933, sob a direção de Augusto da Escóssia, voltou a circular após mais de um ano parado. A circulação se estendeu até fins de 1934. A reabertura do jornal se deu em setembro de 1946, sob a direção de Lauro da Escóssia, um democrata, correligionário do Partido Republicano e do Partido Popular, que permaneceu por aproximadamente 30 anos. Filho de João da Escóssia e neto de Jeremias da Rocha Nogueira, Lauro levou O Mossoroense à sua terceira fase.
Por causa das posições políticas de Lauro o Mossoroense chegou a fechar por duas vezes, de acordo com Lauro da Escóssia Filho, Depoimento registrado no documentário dos 140 anos de O Mossoroense, intitulado “Resistência” (Pinto et al, 2012).
Com o avanço da idade de Lauro, seu filho, Lauro Filho, decidiu transferir o poder acionário do jornal ao médico Jerônimo Rosado Cantídio. Nessa 4ª fase, Dorian Jorge Freire estava a frente do jornal.
Em 6 de maio de 1984, O Mossoroense, aos 112 anos, sofreu mais um fechamento. A reabertura marcou o início da 5ª fase, e ocorreu em 1985, quando, também médico Laíre Rosado Filho, se tornou o diretor-presidente. O jornal, a partir de 1995, informatizou a diagramação e a redação.
O jornal continuou com a participação da mesma família desde sua fundação, passando pela quinta geração dos Escóssia, tendo como diretor de redação Cid Augusto da Escóssia. E passou também a ter sua versão on-line a partir de 1999.
Em 2015, tinha uma vendagem de aproximadamente 2 mil cópias impressas por dia, com um projeto gráfico no formato berliner, com colunas de opinião e editorias de política, policial, social, cotidiano, assuntos gerais e cidades.
O on-line tinha uma média de 50 mil acessos únicos diários. A intenção era o jornal unir o impresso com o site, com a veiculação de notícias mais breves e menos aprofundadas que as do impresso. O site, que passou por uma reformulação visual no final de 2015, ganhando a divisão entre as editorias cotidiano, regional, polícia, política, esporte, Brasil, mundo, opinião e artigos.
No dia 31 de dezembro de 2015, O Mossoroense encerrou seu ciclo no jornalismo impresso, migrando definitivamente para o meio on-line, onde se mantém até então. E se você quiser conferir as edições antigas do jornal o Museu Municipal de Mossoró mantém acervo com todas as edições.
Nenhum comentário:
Postar um comentário