Por José
Roberto Torero* Diário, ontem teve um jantar chique em
São Paulo com uns ricaços.
Diário, ontem teve
um jantar chique em São Paulo com uns ricaços. A gente não chamou o veio da
Havan, que aquele terno verde ia estragar a foto. E também não convidamos
nenhuma mulher, nem as nove bilionárias brasileiras, senão a gente não podia
contar piada suja.
Tavam lá o Tutinha, da Jovem Pan (empresa que tem
um jornalismo muito isento que me apoia até debaixo d’água); tava lá o Cláudio
Lottemberg, do Hospital Albert Einstein (que andou criticando o meu governo mas
na hora agá foi lá); o João Carlos Saad, da Band; o dono daquela rede de
esfihas vagabundas; o Flavinho Riachuelo; o Paulo Skaf, dono da Fiesp; uns
caras de bancos, tipo o Carlos Trabuco, do Bradesco; o David Safa, do Safra; o
André Esteves, do GTB…, BGT…, FDP…, sei lá, daquele banco que tem três letras,
e mais uns outros.
A gente não chamou o veio da Havan, que aquele
terno verde ia estragar a foto. E também não convidamos nenhuma mulher, nem as
nove bilionárias brasileiras, senão a gente não podia contar piada suja.
Levei uma comitiva de peso: o Paulo Guedes (que eu
chamo de Paulo Lexotan, porque ele acalma milionário); o Tarcísio de Freitas,
da Inflaestrutura; o Marcelo Queiroga, do ministério da Covid; o Fábio Faria,
do SBT, quer dizer, do ministério da Comunicação; e o general Heleno, que esse
não perde uma boquinha livre.
Foi um jantar bem divertido. No meu discurso eu
critiquei o Doria, prometi que não ia ter loquidaum nacional, xinguei o PT
(nessa hora um dos empresários levantou uma taça de champanhe e gritou:
“estamos com o senhor, chega de vagabundo!”), e falei que o Brasil está ótimo
para negócios, era só ver o leilão dos 22 aeroportos (que rendeu R$ 3,3
bilhões, o que dá quase para comprar uma votação do Centrão).
Quando a gente estava no jardim, tomando um ar (lá
não tem falta de oxigênio, kkk!), o pessoal me perguntou se o negócio de
comprar vacina por fora vai sair e eu respondi que é claro. Rico adora furar
uma fila, talkei?
De entrada tivemos dedos negros cobertos ao com
foiegras e o prato principal foi pobre com laranja.
Enfim, Diário, foi uma grande noite, com boa comida
e gente de bem. Ou de bens, kkk!
#diariodobolso
José Roberto Torero é autor de livros, como “O
Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para
cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi
colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
PS: Diário, como é mesmo aquele ditado alemão? Acho
que é alguma coisa do tipo: “Se tem dez empresários numa mesa, um Bolsonaro
senta e ninguém se levanta, a mesa tem onze bolsonaros”. Lindo, né? Vou mandar
enquadrar.
Fonte: Jornalistas Livres
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