Seminário ocorre de 12 a 14/09 no MPT em Campinas (SP) e será transmitido pelo Youtube. Número de afastamentos do trabalho por adoecimento mental, que pode levar ao suicídio, cresceu 50% nos últimos anos.
A CUT,
entidades filiadas e demais centrais sindicais participam na próxima semana, a
partir do dia 12, do 2° Seminário Sofrimento Mental e Suicídio: Estratégias de
Enfrentamento no Trabalho, promovido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT)
em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O propósito é
debater o crítico cenário de aumento de casos de adoecimento mental por conta
das transformações no mundo trabalho.
O
seminário é realizado no contexto do Setembro Amarelo, mês em que o suicídio é
trazido ao centro das atenções em campanhas de conscientização sobre o tema.
De
acordo com dados levantados pelo Departamento de Informática do Sistema Único
de Saúde (DataSUS), nos últimos 20 anos, dobrou o número de casos de suicídio
no Brasil, passando de sete mil em 2000 para 14 mil em 2020.
De
acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), cerca de 96,8% dos
casos se relacionam a transtornos mentais como a depressão, seguida do
transtorno bipolar e do abuso de substâncias.
A
depressão, junto com ansiedade e outros transtornos mentais são responsáveis
por muitos dos casos de afastamento do trabalho. Em cinco anos o número aumento
mais de 50%. Passou de 170 mil em 2015 para mais 289 mil em 2020.
A
conclusão, de acordo com os dados, é de que a classe trabalhadora está cada vez
mais vulnerável ao adoecimento mental causado não somente pela exploração
obsessiva do capital sobre o ser humano, com métodos de cobranças abusivas,
metas, pressão e assédio moral, como pela retirada sistemática de direitos
desde o golpe de 2016, contra a presidenta Dilma Rousseff , que deu início a
uma era onde o trabalhador é, de fato, o lado mais fraco da corda.
“As
reformas Trabalhista, da Previdência, a precarização do trabalho com a
terceirização irrestrita, o alto índice de desemprego, reflexos do golpe, tudo
ainda se agravou com os impactos da pandemia de Covid-19 e tem levado os
trabalhadores ao sofrimento, com a tristeza, falta de perspectiva de futuro,
causando distúrbios de ansiedade, depressão e até mesmo, o pensamento suicida”,
diz a secretária de Saúde do Trabalhador da CUT, Madalena Margarida Silva, ao
justificar a necessidade de se debater o tema e pensar em como amenizar esse
sofrimento.
Luta
contra o adoecimento mental
A
inciativa do seminário no MPT e da Unicamp está em consonância com a constante
luta da CUT e centrais sindicais contra os abusos cometidos pelas empresas que
levam ao sofrimento mental e ao suicídio relacionado ao trabalho.
“Nós
vamos nos aprofundar sobre o tema ‘transtorno mental e suicídio relacionado ao
trabalho’ neste seminário. A expectativa é de que a partir do debate, possamos
construir caminhos que possibilitem o enfretamento dos problemas na sua origem,
ou seja, no local de trabalho contribuindo e propondo mudanças nas relações que
estão adoecendo e matando a classe trabalhadora”, diz a dirigente da CUT.
Neste
sentido, o Fórum Nacional das Centrais Sindicais tem buscado fortalecer as
ações conjuntas na defesa e pela promoção da saúde dos trabalhadores desde o
local de trabalho independente do vínculo de trabalho.
“Não
podemos aceitar que a classe trabalhadora adoeça e morra expostos a riscos e
agravos a sua saúde mental, pois sabemos que isso pode ser evitado [...]
buscamos condições de trabalho cada vez mais dignas e seguras, tendo o local de
trabalho como lugar de possibilidades de realizações e de bem-estar”, diz
trecho de nota do Fórum sobre o objetivo do seminário.
O evento
O
2° Seminário ‘Sofrimento Mental e Suicídio: Estratégias de Enfrentamento no
Trabalho será híbrido’, parte no auditório da sede do MPT em Campinas, parte
transmitido ao vivo pelo canal do MPT Campinas no YouTube, nos dias 12, 13 e 14
de setembro.
Veja aqui a programação do Seminário
“A
segunda edição do seminário tem como objetivo trazer experiências nacionais e
internacionais de enfrentamento do problema, que poderão ser agregadas para o
desenvolvimento do projeto”, afirma a professora Márcia Bandini, da Unicamp.
“A
partir desse evento com integrantes dos serviços de saúde do trabalhador,
órgãos públicos, acadêmicos, representantes de categorias laborais e
representantes da sociedade civil, esperamos consolidar as estratégias de
atuação e, a partir delas, trazer avanços sociais no combate ao sofrimento
mental no trabalho”, observa o procurador Mario Antônio Gomes.
O
evento terá a participação de representantes de universidades, CERESTs,
Fiocruz, Fundacentro e outras entidades representativas dos trabalhadores,
empregadores e sociedade civil. Dentre os nomes participantes, estão a ministra
Delaíde Alves Miranda Arantes, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a
especialista em estudos sobre suicídio Fernanda Marquetti, além de
especialistas internacionais.
Entre
os temas a serem abordados estão os desafios para o reconhecimento da relação
entre transtornos mentais e trabalho, além das experiências dos órgãos de
vigilância epidemiológica, a discussão sobre a importância da ratificação da
Convenção da OIT nº 190 pelo Brasil e uma ampla análise sobre o suicídio no
trabalho.
A
iniciativa surgiu em 2014, a partir de uma parceria da Associação Brasileira de
Psiquiatria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). O dia 10 no mês de
setembro é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a
iniciativa acontece durante todo o ano.
Atualmente,
o Setembro Amarelo é a maior campanha para combater estigmas sobre o
preconceito em todo o mundo. Em 2022, o lema é “A vida é a melhor escolha!”
Diversas ações já estão sendo desenvolvidas.
Suicídio
pelo mundo
De
acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
em 2019, foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem
contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de um
milhão de casos.
No
Brasil, os registros são de cerca de 14 mil casos por ano, ou seja, em média 38
pessoas cometem suicídio por dia. Embora os números estejam diminuindo em
todo o mundo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com
índices que não param de aumentar, segundo a OMS.
Sabe-se
que praticamente 100% de todos os casos de suicídio estavam relacionados às
doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente.
Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes
tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.
Fonte: Setembro Amarelo® e
Unicamp
Fonte: CUT NACIONAL
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