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domingo, 30 de maio de 2021

Governo do RN finaliza restauração e ampliação da Escola de Dança do TAM - "VALE A PENA LEMBRAR!" - ...UMA CONQUISTA ! VALEU GOVERNADORA!- CPC-RN

Os salões do prédio histórico de arquitetura neoclássica que abriga a Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM) já estão prontos para receber pliés e outros passos, beneficiando os cerca de 500 alunos e alunas atendidos anualmente pela instituição. Referência para as artes do corpo no Rio Grande do Norte, a escola teve o seu prédio ampliado e restaurado pelo Governo do RN, com recursos viabilizados pelo Governo Cidadão junto ao Banco Mundial.

A governadora Fátima Bezerra recebeu o prédio da empresa executora, PS Engenharia, nesta quarta-feira, 19, ao lado do vice-governador Antenor Roberto, do secretário de Gestão de Projetos e Metas, Fernando Mineiro, também coordenador do Projeto Governo Cidadão, da secretária estadual de Turismo, Ana Maria Costa, e do diretor da Fundação José Augusto (FJA), Crispiniano Neto. A unidade mantida pelo Governo do Estado, por meio da Fundação, recebeu recursos da ordem de R$ 1,9 milhão, viabilizados pelo Governo Cidadão por meio do acordo de empréstimo com o Banco Mundial.
“Estamos enfrentando uma crise sanitária sem precedentes a qual estamos combatendo todos os dias. Mas também estamos tocando obras e ações ligadas ao fomento cultural para que os potiguares possam ter de volta o acesso pleno à cultura, o que foi inviabilizado pela falta de investimento de décadas", disse a governadora, que reconheceu, ainda, o papel estratégico do Governo Cidadão na concretização das obras desta gestão.
Fernando Mineiro completou: “A atual gestão do governo estadual recebeu esta obra, em dezembro de 2018, com apenas 11% de execução. Mas seguindo a orientação da governadora, a equipe técnica do Governo Cidadão acompanhou de perto a execução do serviço para que chegássemos a esta entrega. Essa é mais uma obra que me dá grande prazer em ver concluída por se tratar de um prédio histórico e é um importante equipamento cultural de nosso estado”.
Há mais de duas décadas sem receber sequer uma manutenção, o local passou por uma restauração integral e complexa. Como o imóvel é tombado, foi necessário um serviço de restauro qualificado prestado por um reduzido número de empresas. Tanto é que a licitação teve que ser realizada duas vezes para que a PS Engenharia LTDA fosse habilitada para tal.
REGULARIZAÇÃO DA OBRA
Iniciada na gestão do governo anterior e abandonada pela empresa executora em 2019, a obra passou por um detalhado processo administrativo de apuração de responsabilidades. Após um longo processo de tratativas entre o Governo do Estado, PS Engenharia e o Ministério Público do RN, junto ao Tribunal de Contas do Estado, ente fiscalizador da aplicação dos recursos do Banco Mundial, foi assinado um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG). Em setembro de 2020, então, houve o retorno das obras da escola.
FOMENTO CULTURAL
Crispiniano Neto lembrou que “assim como a escola de dança do TAM, os principais equipamentos culturais do Rio Grande do Norte estão sendo reconstruídos, ação que em breve fortalecerá não somente a arte e a cultura, mas também o turismo do estado”.
Wanie Rose, diretora da EDTAM, detalha os benefícios que a reforma trará para a formação de profissionais da dança. O antigo piso desnivelado das salas, que sujeitava alunos a acidentes como torções no pé, foi substituído por um do tipo flutuante, comum às grandes escolas de dança, que garante um revestimento linear, absorve impactos e, consequentemente, é mais seguro, além de promover o isolamento acústico. Às três salas de dança, mais uma foi somada, totalizando quatro. Um elevador, rampas de acessibilidade, praça de alimentação e biblioteca também foram incluídos no prédio.
“Mesmo com as limitações anteriores, o nosso espaço já era elogiado por bailarinos que recebíamos de outros estados. Ao longo dos anos, conseguimos que mais de dez de nossos alunos e alunas fossem selecionados para o estudar no Bolshoi, considerada a melhor escola de dança do mundo. Com todas essas melhorias que recebemos hoje, teremos resultados muito melhores”, conta, animada. Wanie Rose ainda prestou uma homenagem ao bailarino, coreógrafo e professor de Artes da UFRN, Edson César Ferreira Claro, já falecido, fundador da Escola de Dança do TAM e um dos grandes nomes da dança do Brasil. Ex-aluna que tornou-se professora da escola, Gislane Cruz, morta há dois anos em um acidente de carro, também foi homenageada.
A expectativa é que agora a Escola de Dança do TAM possa voltar a receber em média 500 alunos e alunas anuais, número que havia sido reduzido à metade desde que a escola precisou deixar sua sede para abrigar-se provisoriamente no Memorial Câmara Cascudo.
EDTAM
A escola de dança que é referência no RN funciona em um sobrado de dois andares, no bairro histórico da Ribeira, na capital, que foi sede do governo no século XIX, além de um bar, ponto de encontro dos soldados americanos que em Natal viveram durante a Segunda Guerra. Desde 1986, mais de 10 mil alunos e alunas já tiveram acesso à formação e cultura através do ensino da dança no local, grande parte deles e delas, carentes e vindos de todo o estado.
O evento de entrega do prédio contou com uma pequena apresentação de dança das bailarinas Laura Eduarda e Margoht Lima, acompanhadas pelo músico da Orquestra Sinfônica do RN, Leixon Rodrigues. A poesia "Operário em Construção", de Vinicius de Moraes, foi declamada pelo professor, escritor e ator Aécio Cândido, diretor Administrativo da FJA, homenageando as pessoas envolvidas na obra.
Também participaram do evento o diretor da FJA, Fábio Lima, e o secretário-adjunto da Infraestrutura, Haroldo Azevedo Filho, além de representantes das secretarias e órgãos envolvidos.

Fonte: http://cultura.rn.gov.br

Pronatec Prisional: aberta as inscrições para contratação de educadores - FONTE: SEEC/ASSECOM - " ÚLTIMO DIA DE INSCRIÇÕES SERÁ AMANHÃ (31) CPC-RN"

Aberta as inscrições para o processo de seleção simplificada dos profissionais que atuarão no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec Prisional. Serão selecionados educadores para funções docentes de professor bolsista, supervisor pedagógico e técnico que atuarão em unidades prisionais e ministrarão aulas de Formação Inicial Continuada (FIC). Todo o processo será organizado pelo Governo do RN, por meio da Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer (SEEC).

As inscrições serão recebidas até o dia 31 de maio por meio do Sistema Integrado de Gestão da Educação (SIGEduc), disponível em https://sigeduc.rn.gov.br. Ao acessar o sistema, o internauta deve ir à página inicial, clicar na aba Outros e, em seguida, selecionar o ícone Concurso. No ato de inscrição cada candidato poderá escolher uma única opção de cargo e unidade prisional para o qual concorrerá. Será exigido o envio de documentos que comprovem a experiência profissional mínima e formação compatível com os requisitos do cargo pleiteado.

Os aprovados constituirão um cadastro de reserva e serão convocados conforme a necessidade da SEEC. Todo o processo será realizado em uma única etapa, a análise curricular de caráter eliminatório e classificatório. O resultado preliminar será divulgado no dia 8 de junho e o final está previsto para o dia 15.

“A educação deve chegar em todos os lugares onde ela seja uma agente de transformação, seja em espaços escolares ou não escolares. O Governo do RN cumpre mais um importante papel social ao abrir turmas de capacitação profissional nas unidades prisionais do Estado. Trata-se de uma importante oportunidade para que essa força de trabalho seja reinserida no mercado”, frisa Getúlio Marques, titular da Educação, da Cultura, do Esporte e do Lazer do RN.

O gestor da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (SEAP) aponta que o ensino pode mudar realidades. "Os professores exercem um papel nobre ao contribuir com a educação para as pessoas privadas de liberdade. Educar um adulto depois que ele se tornou delinquente, e contribuir para que através do estudo ele seja transformado, e não retorne aos caminhos da criminalidade, é uma missão desafiadora", pontua Pedro Florêncio Filho, titular da SEAP.

Serão ofertados os cursos de confeccionador de bolsas em tecido, eletricista instalador predial de baixa tensão, instalador hidráulico residencial, aplicador de revestimento cerâmico, pedreiro de argamassa, preparador de doces e conservas, encanador instalador predial, pedreiro de alvenaria, assistente administrativo e pedreiro.

Os educadores atuarão nas seguintes unidades: Associação de Proteção e Assistência ao Condenados (Macau), Cadeia pública de Caraúbas, Cadeia Pública de Ceará-Mirim, Cadeia Pública de Natal, Centro de Detenção provisório de Apodi, Complexo Penal Agrícola Dr. Mário Negócio (Mossoró), Complexo Penal Dr. João Chaves (Natal), Complexo Penal Regional de Pau dos Ferros, Penitenciária Estadual de Parnamirim, Penitenciária do Seridó (Caicó), Penitenciária Estadual Dr. Francisco Nogueira Fernandes – Alcaçuz (Nísia Floresta), Penitenciária Federal de Mossoró e a Cadeia Pública de Nova Cruz. O edital também atenderá o Centro de Estadual de Educação Profissional Jessé Pinto Freire.

O cadastro de reserva terá validade pelo tempo que durar o programa, observando as necessidades e demandas do Pronatec Prisional, e será financiado com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A íntegra do edital está disponível em http://bit.ly/editalPronatecSEECRN.

200 da Independência | As várias Independências do Brasil - Por BIBLIOTECA NACIONAL

Se o 7 de setembro representa, ainda que com ressalvas, o dia em que o Brasil se tornou um país independente, há que se considerar que a independência de toda a América portuguesa foi feita aos poucos. Bem depois do que se convencionou chamar de Grito do Ipiranga, um bom pedaço do território mantinha-se fiel ao Reino Unido português. A ausência de uma identidade nacional, representada pelas diferenças regionais e pelo distanciamento entre as províncias, ajudam a entender este processo. Nas chamadas províncias do Norte, a forte ligação com Portugal, fosse em questões de comunicação, laços econômicos ou políticos, se chocava com o movimento independentista liderado por d. Pedro I. Localizados no extremo norte, o Maranhão e Piauí, por exemplo, viviam isolados da longínqua capital, o Rio de Janeiro. Lisboa, ao contrário, era logo ali. Pelo mar, ficava bem mais perto que o sul.

O Maranhão foi uma das últimas províncias incorporadas ao Império do Brasil, entre julho e agosto de 1823. E não sem resistência. Os cidadãos radicados no Maranhão tinham motivos para resistir à incorporação de sua província pelas demais, já convertidas à Independência. 

No Piauí, o processo de adesão a Independência se deu após duros embates no campo de batalha, entre tropas portuguesas e o exército libertador, uma força popular que se tornou decisiva para a consolidação do império brasileiro, que apesar dos reveses iniciais foi imprescindível no cerco as forças do Major Cunha Fidié no Maranhão.

Nos primeiros meses de 1823, tropas organizadas a partir do Ceará e do Piauí invadiram o Maranhão com o objetivo de “libertá-lo” do domínio português. Tinha início as guerras de Independência na província. Somente em 28 de julho de 1823, dois dias após a chegada do Primeiro Almirante da Armada Nacional, Lord Cochrane, a província aderiu oficialmente ao novo Império. 

Nota: para a produção do convite digital foi usado o acervo cartográfico da Biblioteca Nacional e acessível digitalmente através da BNDigital. Trata-se do Mappa geographico da capitania do Piauhy, e parte das do Maranhão, e do Gram Pará [Cartográfico], provavelmente de 1816, desenhado a nanquim e a tinta ferrogálica.

Série "200 da Independência"

Quinta-feira, 17 de junho de 2021, 17:00

As várias Independências do Brasil

Por Johny Santana de Araújo (UFPI)  e Marcelo Cheche Galves (UEMA)

Comentários de Roni César Andrade de Araújo (UFMA e PNAP-FBN)

Johny Santana de Araújo possui graduação em História Bacharelado pela Universidade Federal do Maranhão (2001), graduação em História Licenciatura Plena pela Universidade Federal do Maranhão (2003), Mestrado em História do Brasil pela Universidade Federal do Piauí (2005), Doutorado em História Social pela Universidade Federal Fluminense (2009), Pós doutorado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É Professor do Departamento de História da Universidade Federal do Piauí, é Membro do Programa de Pós-graduação em História do Brasil e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, ambos da mesma Universidade. Desenvolve pesquisas com ênfase em História do Brasil. Atuando principalmente nos seguintes temas: Formação do Estado Nação, História Militar, Forças Armadas do século XIX ao XXI, História Política e História das Relações Internacionais, Relações Sociais, Politicas e Econômicas no Piauí do século XIX, Escravidão no Brasil do século XIX, Imprensa no Brasil do século XIX. É líder do Grupo de Pesquisa: Núcleo de História, Memoria, Sociedade e Politica e do Núcleo de Estudo e Pesquisa em História do Piauí Oitocentista, ambos cadastrados junto ao CNPq. É tutor do Programa de Educação Tutorial/PET, do Curso de Licenciatura em História/UFPI.

Marcelo Cheche Galves é doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e professor do Departamento de História e Geografia e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual do Maranhão. Coordenador do Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista (NEMO) e do projeto Imprensa e propriedade: “Portugueses” na província do Maranhão após a Independência, financiado pelo CNPq, é autor, entre outros livros, de “Ao público sincero e imparcial”: Imprensa e independência na província do Maranhão (1821-1826) - Café & Lápis / Editora UEMA, 2015. A articulação entre imprensa e independências também foi objeto de vários capítulos e artigos acadêmicos publicados. E-mail: marcelochecheppg@gmail.com

Roni César Andrade de Araújo é graduado em História pela Universidade Estadual do Maranhão (2004), especialista em História do Maranhão pela Universidade Estadual do Maranhão (2005), mestre em História pela Universidade Federal da Paraíba (2008). É Professor Adjunto 3, do Curso de Licenciatura em Ciências Humanas da Universidade Federal do Maranhão, Campus Grajaú. Doutor em História pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2018). Atua, principalmente, nas áreas de História do Brasil e Maranhão Oitocentista, de História Política e de História e Imprensa. É pesquisador do Núcleo de Estudos do Maranhão Oitocentista – NEMO, e em 2020 foi contemplado no edital do Programa Nacional de Apoio à Pesquisa da Fundação Biblioteca Nacional (PNAP-FBN), cujo tema da pesquisa está nesse link: https://www.bn.gov.br/es/node/7057

Nas imagens, capa da primeira edição do jornal O Conciliador do Maranhão. O jornal circulou entre abril de 1821 e julho de 1823 e capitalizou parte das resistências ao projeto de incorporação da província ao Império do Brasil. Disponível em http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=749524&pesq=&pagfis=1

Acesse o canal do Youtube da FBN para acompanhar esse e outros eventos:

www.youtube.com/c/FundacaoBibliotecaNacional

Como foi de fato a visita de Jair Bolsonaro à terra dos Yanomami? - por Martha Raquel

Chefes Yanomami aguardando a chegada de Bolsonaro no Pelotão de Fronteira de Maturacá - Valdemar Lins Yanomami

As fotos de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, divulgadas pelo Planalto mostram um grupo de indígenas felizes com a presença do presidente e um ambiente de comemoração com a inauguração da Ponte Rodrigo e Cibele, de 18 metros de comprimento por sete de largura. A ponte de madeira é um acesso da BR-307 que cruza a Terra Indígena Yanomami (TIY) e liga o município à comunidades indígenas em Maturacá. 

Por Martha Raquel, do Brasil de Fato

A primeira visita de Jair Bolsonaro a uma Terra Indígena foi marcada por preparo prévio de seus assessores, falta de diálogo com a comunidade, lideranças trazidas de outros estados e clima teatral. 

Cenário para fotos foi articulado por assessores da presidência dias antes, denunciam indígenas / Marcos Corrêa/PR

Tamanha era a desinformação e o desinteresse pela diversidade da etnicidade dos povos originários brasileiros, que Jair Bolsonaro inventou um novo povo que nunca existiu no Brasil e nem em nenhum outro lugar do mundo, o “Povo Balaio”. 

Opinião: Artigo | Bolsonaro e o roubo das terras indígenas

A ponte inaugurada fica na TI Balaio, morada de indígenas de diversas etnias, mas Bolsonaro não se atentou as especificidades da região multiétnica e resumiu tudo como se todos os indígenas da localidade integrassem o “Povo Balaio”, uma atitude considerada desrespeitosa pelas lideranças. 

Com o teatro armado, o constrangimento era grande. Mesmo o Brasil já tendo registrado quase 55 mil casos de contaminação por coronavírus em indígenas, resultando em 1.092 mortes e 163 povos atingidos, Jair Bolsonaro chegou ao local e ficou boa parte do tempo sem máscara. Nos últimos dias o presidente esteve em várias cidades, estados, em aglomerações e manifestações. 

Estava presente, ao lado de Bolsonaro e aplaudindo a situação, Álvaro Tukano, indígena que deixou a Terra do Balaio para viver em Brasília (DF), além de apoiar a mineração do Alto do Rio Negro. Como ele, outros líderes autoproclamados se enfileiravam ao lado do presidente. 

Da esquerda para a direita, Álvaro Tukano, Jair Bolsonaro sem máscara, e duas crianças indígenas da TI Balaio / Marcos Corrêa/PR

A inauguração gerou receio e medo na região, já que os indígenas temem que a ponte possa facilitar a chegada de garimpeiros ilegais e mineradoras na TI.

A agenda do presidente foi mantida em sigilo e apenas poucas horas antes da visita, um carro de som passou pelas ruas convocando a população para a cerimônia. 

::Contrabando e R$ 14 milhões “suspeitos”: o que Salles precisará explicar à Justiça::

O prefeito não foi envolvido no evento, nem o Bispo da diocese local. O presidente também não esteve na Câmara Municipal, nem visitou a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), protocolos seguidos por presidentes anteriores que estiveram na região, como Lula e Fernando Henrique Cardoso.  

Encontro fora da comunidade 

Indígenas Yanomami e Jair Bolsonaro na TIY, no última quinta-feira 25 de maio de 2021 / Valdemar Lins Yanomami

A segunda agenda de Bolsonaro aconteceu no 5º Pelotão de Fronteira do Exército que fica dentro da Terra Indígena Yanomami, região da Comunidade Maturacá, mas não próximo às casas dos povos originários. 

Convidados, os indígenas se dirigiram até o pelotão. Com máscaras de proteção e lanças nas mãos, leram uma carta de reivindicações para o presidente. Dois caciques falaram, mas com tempo contato: dez minutos. As lideranças não haviam sido avisadas e nem incluídas na agenda do presidente. A carta foi entregue ao presidente após a leitura.

Saiba mais: Ele Não! Em carta, indígenas repudiam visita anunciada de Bolsonaro a Terra Yanomami

As fotos de Valdemar Lins Yanomami mostram a organização dos indígenas, a posição diante do presidente e o recado de resistência. 

Indígenas Yanomami esperando a chegada de Jair Bolsonaro na TIY, no última quinta-feira 25 de maio de 2021 / Valdemar Lins Yanomami.

Em seguida, Jair Bolsonaro disse que respeita a decisão dos indígenas contra o garimpo na região, mas frisou que trabalha para aprovar a mineração em terras indígenas porque, segundo ele, essa é uma demanda “dos índios”.

Leia tambémEm live de Bolsonaro, chefe da Funai diz querer legalizar garimpo em área indígena

“Tem outros irmãos índios, em outros locais, dentro e fora da Amazônia, que desejam minerar terra, que desejam cultivar terra, e nós vamos respeitar esse direito deles”, disse. 

Ignorando a realidade brasileira do garimpo ilegal e as tentativas de regulamentação por parte dos governos federal e estaduais, Jair Bolsonaro disse que “jamais aprovaríamos uma lei para ser obrigados que a terra fosse explorada por quem quer que seja. Isso não acontecerá. O projeto que está lá, é a etnia que quiser explorar, explora, quem não desejar não será explorado”. 

A região do Pico da Neblina não sofre hoje com o garimpo, mas a demanda dos indígenas tem caráter de prevenção, uma vez que a realidade em outras áreas da Terra Indígena Yanomami é bem diferente. Em Roraima, por exemplo, a Comunidade Palimiu vêm sendo atacada sistematicamente por garimpeiros armados com metralhadoras e bombas. 

Palanque para 2022

A Foirn representa 92 associações de base nos municípios de Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira, no Noroeste Amazônico, região também conhecida como Cabeça do Cachorro, e divulgou na noite de ontem uma nota sobre a visita de Bolsonaro; 

“Nós, 23 povos indígenas do Rio Negro,  deixamos pública a nossa profunda insatisfação com a conduta do presidente da República, Jair Bolsonaro, em sua visita ao município de São Gabriel da Cachoeira”, diz o documento. 

::Militares já ocupam quase 60% das coordenações regionais da Funai na Amazônia Legal::

“Mesmo a Foirn sendo a instituição que há mais de três décadas trabalha em prol de políticas públicas para os povos da região, não fomos incluídos na agenda e sequer convidados para qualquer diálogo com o presidente da República a respeito destes planos de gestão e outros temas de nosso interesse”, ressaltam. 

“O líder máximo do Brasil, contudo, preferiu uma agenda feita ‘às escondidas’, na qual ele e seus assessores se deram ao trabalho de ‘preparar palanque’ para fotos e vídeos de sua campanha eleitoral para 2022”, denunciam. 

“Ao invés de convidar as lideranças e instituições reconhecidas e comprometidas com o coletivo, privilegiou uma agenda com líderes autoproclamados, como ocorreu na Terra Indígena do Balaio, para mais uma vez produzir fake news e narrativas grotescas sobre nosso povo e nossa cultura”.No documento, a Federação ressalta a irresponsabilidade de Bolsonaro. 

“Em sua live semanal, gravada na última quinta-feira (27) no Pelotão de Fronteira de Maturacá, o presidente comparou a medicina tradicional indígena com o kit Covid, tentando ridicularizar a CPI do Senado, que investiga as denúncias de prescrição de remédios sem eficácia, como a cloroquina. Mais uma vez, Bolsonaro demonstra apreço em confundir a opinião pública para se livrar de acusações graves em relação à condução da gestão da pandemia de Covid-19, que já matou mais de 450 mil brasileiros”. 

“O desprezo por nosso povo indígena é tanto que o presidente sequer se deu o trabalho de conhecer nossa diversidade, criando ao seu bel-prazer uma nova etnia, a do povo Balaio, que não existe no Brasil e em nenhum lugar do mundo. Seu ato de simplificar e generalizar não condiz com sua posição de presidente da República”. 

Marivelton Barroso, do povo Baré, presidente da Foirn, pontua que o comportamento do presidente despreza o povo brasileiro.

“Bolsonaro mais uma vez ignora os problemas e humilha o povo brasileiro. O presidente não encontrou com as instituições que mais ajudaram a combater a pandemia de Covid-19 aqui na região e sequer fez menção ao combate ao garimpo ilegal, narcotráfico e outros assuntos graves que assolam as terras indígenas aqui na região da tríplice fronteira com a Venezuela e Colômbia”.

Veja também: Yanomami repudiam ida de Bolsonaro a sua Terra

Fonte: JORNALISTAS LIVRES