A homossexualidade é um tema em plena atualidade – e certamente um filme que o tenha em primeiro plano atrairá muito público. É o que acontece com a obra Elisa y Marcela, uma produção da Netflix com direção da cineasta espanhola Isabel Coixet, de Barcelona. Sem dúvida, é uma tática da empresa, que escolhe bem o que vai produzir, como foi o caso de Roma, dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón.
Por Celso Marconi*
- Cena do filme <i>Elisa y Marcela</i>, dirigido pela cineasta Isabela Coixet e lançado pela Netflix
- Eles estão jogando tudo no processo streaming para exibição de filmes, pois sabem que esse é o sistema que vencerá. É muito importante notar: as salas de cinema em todos os padrões já são objeto do passado. Nem mesmo o DVD, que poderia ser utilizado pelos espectadores em casa, não está mais sobrevivendo.
Elisa y Marcela não é uma produção vazia e sem drama. O filme não cansa o espectador e nem o constrange, pois toda estória é desenvolvida com um clima gentil de se ver, até mesmo nas cenas de sexo que acontecem entre as duas personagens jovens.
O filme, mesmo sendo feito para o streaming, foi exibido este ano na Berlinalle em Berlim. Coixet é uma diretora de 60 anos de idade, que nasceu em Sant Adrià de Besos, Barcelona, e tem uma larga produção cinematográfica, com bastante repercussão nos principais mercados exibidores, inclusive no Brasil.
Temos que destacar o trabalho cenográfico, tanto na parte espanhola quanto em Portugal. Não se pode deixar de perceber como o alto funcionário de Portugal e inclusive o governador da província se esmeram em tomar decisões que pudessem contrariar os funcionários espanhóis.
As jovens atrizes que vivem as duas personagens se mostram em perfeito clima de naturalidade, como se realmente fossem as duas jovens Elisa Sánchez Loriga e Marcela Gracia Ibeas. Como jornalista e especialista em História Contemporânea, a cineasta Isabela Coixet consegue realmente transformar essa estória em algo muito palatável, sem perder a dinâmica histórica.
* Celso Marconi, 89 anos, é crítico de cinema, referência para os estudantes do Recife na ditadura e para o cinema Super-8
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