Avolumam-se as evidências de que o governo Jair Bolsonaro deturpou de modo deliberado o enfrentamento da pandemia. Não bastassem seguidas as manifestações minimizando riscos da infecção e a sabotagem da vacinação, o presidente deixou várias digitais na promoção de uma terapia inexistente contra o ataque viral.
Bolsonaro seguiu perversamente Donald Trump ao adotar como prioridade a cloroquina do famigerado tratamento precoce.
O republicano abandonou a panaceia antes de seu fiasco eleitoral, mas o imitador sul-americano a manteve, impávido, mesmo com estudo após estudo a negar-lhe eficácia.
Acossados por investigações e questionamentos da Procuradoria-Geral da República e do Tribunal de Contas da União, o presidente e um tragicômico ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, agora se apressam a recontar a história: o governo só teria respeitado a autonomia de médicos.
Não há carência de imagens do mandatário e do general posando com caixinhas do remédio, porém. Tampouco faltam registros oficiais da mobilização de ministérios, Forças Armadas e outros órgãos da máquina federal na prática de charlatanismo, como mostrou reportagem publicada pela Folha.
Cinco
pastas se viram convocadas para a operação diversionista: Saúde, Defesa,
Economia, Relações Exteriores e Ciência e Tecnologia.
Os jornalões são
unânimes no repúdio ao genocídio |
Quase 6 milhões de com
primidos da droga inócua foram enviados ao Nordeste e ao Norte, seguidos de admoestações a autoridades amazonenses por não os usarem no trágico surto em Manaus, onde o que faltava era oxigênio.
O Exército se pôs a fabricar 3,2 milhões de drágeas, e a Aeronáutica, a transportá-las, a pedido da Defesa; isenções de impostos foram baixadas pela Economia; a Saúde lançou guias e aplicativos prescrevendo a cloroquina; o Itamaraty obteve 2 milhões de doses dos EUA; o Ministério da Ciência e Tecnologia patrocinou estudos.
Todo esse empenho governamental para viabilizar a ficção ignorante de Bolsonaro contrasta com o desvio da obrigação de financiar, propagar e coordenar prioridades efetivas como distanciamento social, testagem em massa, rastreamento de contaminados, aquisição de vacinas e vigilância genômica (com sequenciamento dos vírus em circulação).
Em vez disso temos vacinação atrasada, aglomerações em alta, milhões de testes a perder a validade, rastreamento pífio e falta de insumos para geneticistas monitorarem as variedades do vírus.
É desastre que não se explica somente por incompetência, mesmo uma de dimensões incomuns.(editorial desta 3ª feira, 9, da Folha de S. Paulo),
TOQUE DO EDITOR – Os crimes de responsabilidade brotam como cogumelos, mas nossas medíocres e pusilânimes autoridades continuam se omitindo do dever de impicharem, afastarem e prenderem o genocida.
Trata-se de um serial killer que rivaliza com Adolf Hitler, Josef Stalin, Átila, Gengis Khan e outros que tais.
Em
termos brasileiros, o palhaço assassino é o melhor argumento possível e
imaginável para os que defendem a introdução da pena de morte (a qual, claro,
só se aplicaria aos Bolsonaros futuros, pois não se pode implantá-la com efeito
retroativo).
Fonte: https://naufrago-da-utopia.blogspot.com
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