Governador gaúcho foi um dos seus maiores
entusiastas do movimento estudantil e deixou claro o apreço em uma fala
histórica.
No
último dia 22 de Janeiro, Leonel Brizola faria 100 anos. Lembrado por muitos
como um dos maiores democratas brasileiros, liderou a Campanha da Legalidade em
1961, que defendia o direito do vice João Goulart tomar posse como novo
presidente, quando o presidente Jânio Quadros renunciou inesperadamente. A
campanha foi vitoriosa e estudantes tiveram um papel vital nela, empenhando-se
na resistência para garantir que Jango fosse empossado. A UNE chegou a
transferir momentaneamente sua sede para o Rio Grande do Sul, em um ato
simbólico de luta. Quando conseguiu chegar ao poder, Jango foi o primeiro da
história a visitar a sede da UNE, no Rio de Janeiro.
Um pouco
antes do movimento pela legalidade iniciar, Brizola fez um discurso histórico
em uma conferência na sede da UNE, no Rio de Janeiro, em 16 de junho de 1961. Então governador
do Rio Grande do Sul, fez um balanço de sua administração, revelando sua
certeza entre o elo entre educação e desenvolvimento, bem como sua fé na força dos jovens.
Em suas
palavras, ele chegou a dizer que em nenhuma assembleia se sentiria mais
identificado, em nenhum ambiente poderia estabelecer mais vibrante comunicação
do que com a juventude palpitante de idealismo. “Neste auditório está
representada a energia moça, a alma jovem do nosso país”, afirmou.
E
continuou: “os estudantes
estiveram sempre à frente dos movimentos mais generosos que empolgaram o
Brasil, pois são eles os bandeirantes da renovação, os pioneiros e anunciadores
dos novos tempos. Devemos proclamar
esta verdade histórica: com os jovens estão os rumos do porvir.”
Para ele
quem não sentia e pensava como os jovens não estava na vanguarda de seu tempo.
A educação como o único caminho para emancipar o
homem
Brizola
defendeu que desenvolvimento
sem educação era criação de riqueza apenas para alguns
privilegiados. É fazer os ricos mais ricos e poderosos, e os
pobres mais dependentes, de acordo com o
orador. “Desenvolvimento
sem educação, meus jovens Patrícios, é escravizar a criatura humana em vez de
libertá-la. Os benefícios materiais e espirituais do desenvolvimento não podem
ficar apenas nas mãos de alguns. Precisam ser amplamente levados a todos”, exaltou.
Durante
a fala ainda afirmou que era necessário que o
povo participasse dos lucros sociais do desenvolvimento. “Eis por que
reafirmamos que a educação deve ser considerada como uma espécie de
pré-requisito do desenvolvimento, pois que só ela prepara o homem ou para
usufruir os benefícios do progresso ou o arma para reclamar conscientemente
esses benefícios”.
Cenário internacional
Durante
seu discurso ele ainda defendeu um plano de autonomia nacional na relação do
Brasil com os Estados Unidos e argumentou a favor da Revolução Cubana. “Entendo que devemos
acompanhar o ‘caso cubano’ considerando-o um problema tanto da América Latina
quanto do Brasil. E ao estudar o ‘caso cubano’ precisamos não nos iludirmos com
as suas consequências, mas aprender com suas causas. As consequências pouco
interessam, a rigor; as causas, estas, sim, a rigor, nos interessam, e
vitalmente”
Fonte: UNE
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