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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

História nossa gente: Patrice Lumumba


Foi o primeiro chefe de governo da República Democrática do Congo. Buscou a descolonização de seu país das mãos da Bélgica, destruir totalmente o poder colonialista europeu presente na África, erradicar o ultraje e o espólio que durante séculos sofreu o continente. Em 1958, se orientou decididamente para a luta pela descolonização do Congo por conta das escassas possibilidades de ação social que permitiam as autoridades coloniais belgas e, assim, fundou o Movimento Nacional Congolês, partidário de criar um Estado independente e laico, cujas estruturas políticas unitárias ajudaram a superar as diferenças tribais, criando um sentimento nacional.

A CENA não podia ser mais chique. Em 2010, Lord Lea de Crondall tomava chá com a baronesa Park de Monmouth e comentou um trecho de um livro que discutia o envolvimento do serviço secreto britânico no assassinato do primeiro-ministro congolês Patrice Lumumba, em 1961. O mistério completaria meio século. Lumumba tinha 35 anos e parecia um Fidel Castro (versão 1.0) africano. Vencera uma eleição e mal completara três meses como primeiro-ministro quando foi deposto e preso. Fugiu e foi capturado. Seu assassinato foi um crime que superou, de longe, a execução do Che Guevara. Primeiro, porque estava no seu país. Ademais, porque foi filmado apanhando, até mesmo quando soldados tentavam fazê-lo comer um documento que assinara. A imagem de sua altaneira resignação, com as mãos amarradas, está no YouTube (http://youtu.be/HtzfCMHX1Yg). Tropas da ONU que policiavam o Congo poderiam tê-lo libertado. Lumumba foi martirizado durante duas semanas. Apanhou de soldados, generais e até mesmo do presidente de uma província rebelada. Finalmente, no dia 17 de janeiro de 1961, militares congoleses e mercenários europeus encostaram-no numa arvore e fuzilaram-no.

A execução foi uma espécie de Assassinato no Expresso Oriente da Guerra Fria. Os americanos tentaram envenená-lo, os belgas tratavam-no pelo codinome de Satan e planejaram seu assassinato. O primeiro-ministro inglês discutira sua “eliminação” com o presidente americano Eisenhower, mas o dedo de Londres só apareceu durante o chá dos lordes.

Faltava uma peça: quem armou a cena final?
“Fomos nós. Eu organizei a coisa”, disse a octogenária baronesa de Monmouth. Aos 39 anos ela era
Daphne Park e chefiava a estação da inteligência inglesa no Congo. Para quem se habituou com a cenografia de James Bond, Park encarnava o anticlímax. Com jeitão de missionária gorda, dirigia um Citroën velho. 

Até chegar à Câmara dos Lordes, passaria por Moscou, Zâmbia e Hanói. Nunca falou de sua carreira, ria do Bond de Ian Fleming e não gostava das tramas de John Le Carré. Daphne morreu aos 88 anos, poucos meses depois de seu breve comentário com Lord Crondall. Ele narrou a conversa numa carta recente ao London Review of Books.
Recompondo-se os fatos de janeiro de 1961, é possível que Daphne tenha organizado e instruído a ida de um ex-assessor de Lumumba à prisão onde ele estava, transferindo-o para a capital de uma província rebelada, onde seu fim estaria selado. Semanas antes, ela salvara a vida desse novo colaborador escondendo-o na porta-malas de seu carro.

Passados mais de 5o anos do assassinato de Lumumba, ficou o saldo. De 1961 a 1997, o Congo foi governado por Joseph Mobutu, um policial transformado em coronel, queridinho da Central Intelligence Agency americana. O embaixador inglês achava-o incapaz de se tornar ditador. Foi um arquétipo dos cleptocratas africanos, intitulando-se Messias, Supremo Combatente e O Grande Leopardo. Juntou algo como US$ 5 bilhões, mais um castelo na França. Desde então o Congo viveu meio século de guerras civis (numa das quais se meteu Che Guevara) e nelas morreram milhões de pessoas. País de imensos recursos
naturais, o Congo é um dos mais pobres e corruptos do mundo.

"O pensamento de Patrice Lumumba constituiu um perigo para as potências ocidentais exploradoras dos povos africanos. Meio século depois, as autoridades estadunidenses reconheceram sua implicação na derrubada e assassinato do líder congolês".

Um afro abraço.
Claudia Vitalino

Fonte:https://pt.wikipedia.org/
C/ http://unegroriodejaneiro.blogspot.com.br/

Filmes candidatos ao Oscar 2018 devem ser inscritos até amanhã

cinemarasileiro
Cineastas podem se inscrever, até às 18h de quinta-feira (31), para participar da escolha do longa-metragem brasileiro que disputará uma das vagas entre os indicados ao Prêmio de Melhores Filme em Língua Estrangeira do Oscar 2018.
De acordo com o Ministério da Cultura, interessados em registrar sua produção no processo seletivo devem acessar osistema desenvolvido pela pasta, onde será feita a armazenagem do longa-metragem, que deverá conter até 20 GB.
Com o sistema, o processo ganha em agilidade e sustentabilidade, já que será a primeira vez que a inscrição para o prestigiado prêmio será totalmente eletrônica. “O novo método serve como uma alternativa mais sustentável e célere, ao dispensar a tramitação de papéis e mídias via Correios”, informou o ministério, em nota.
Não haverá limite de quantos filmes podem ser inscritos por produtora ou distribuidora. Porém, só podem concorrer os filmes lançados e exibidos inicialmente no Brasil, em sala de cinema comercial, por no mínimo sete dias consecutivos, entre 1º de outubro de 2016 e 30 de setembro de 2017.
O anúncio do resultado da seleção será feito pela Comissão Especial de Seleção do Oscar 2018 no dia 15 de setembro.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Cultura

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Documentário revisita trajetória da "inconclusa" anistia brasileira

Memórias Reveladas/Arquivo Nacional
Vitor Nuzzi - Rede Brasil Atual

Filme será lançado nesta segunda, quando se completam 38 anos da lei, e discute importância de sua revisão

Em Olhares Anistia, o diretor do documentário, o cineasta e historiador pernambucano Cleonildo Cruz, diz que busca "decodificar e revisitar a luta pela anistia" no Brasil. Enquanto narra o processo político que resultou na Lei 6.683, de 28 de agosto de 1979, o autor quer estimular o debate sobre a necessidade de revisão da norma, algo que o Supremo Tribunal Federal (STF) não permitiu, em 2010, mas que segue na pauta da Corte. O filme, afirma Cleonildo, termina "expondo a multiplicidade de opiniões" sobre o tema e o caminho para buscar uma justiça de transição "que ainda hoje torna a anistia inconclusa".
 
O documentário será lançado nesta segunda-feira (28), quando se completam 38 anos da lei, em Recife, seguido de debate com o ex-preso Gilney Viana, o ex-exilado Anacleto Julião e o advogado Fernando Coelho, presidente da Comissão Estadual da Memória e da Verdade Dom Helder Câmara. Tem previsão de exibição na última semana de setembro em Minas Gerais e em novembro no Rio Grande do Sul. Em dezembro, será exibido no Museu da Memória e dos Direitos Humanos de Santiago, Chile. Cleonildo também é autor de filme sobre a Operação Condor, sobre a união entre ditaduras sul-americanas nos anos 1970 para perseguir militantes de esquerda.
 
Aprovada sob protestos pelo Congresso em 22 de agosto e sancionada uma semana depois, a lei teve a peculiaridade de ser discutida e votada ainda durante a ditadura. Em 1979, assumia aquele que seria o último dos generais-presidentes, João Figueiredo. Seria a anistia "possível", em meio a ofensivas da linha dura contra o tímido processo de abertura política, com atentados a bomba em bancas de jornal e os que aconteceram na seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que matou a secretária Lyda Monteiro, em 1980, e no Riocentro, em 1981, que terminou com a morte de um militar envolvido na frustrada operação.
 
Militares como o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado como chefe do Doi-Codi paulista e torturador, são ouvidos no documentário. "Não poderia me furtar de ouvir os militares. Pretendo revelar as perspectivas de ambos os lados, extrair de cada fato o contraditório", diz Cleonildo, que falou com Ustra durante um encontro de militares em Brasília. 
 
A Lei de Anistia segue sendo usada como argumento jurídico para barrar pedidos de punição de agentes do Estado envolvidos com tortura, morte e desaparecimento de militantes políticos durante a ditadura civil-militar (1964-1985). Ainda hoje, o país resiste a investigar crimes cometidos durante aquele período.
 
Ustra repete uma palavra: esquecimento, esquecer. O passado deve ficar para trás. 
 
Esquecer como?, pergunta-se Criméia Schmidt de Almeida, militante e sobrevivente da Guerrilha do Araguaia. "Ele foi responsável pela tortura de toda a minha família."
 
Para o jurista Fábio Konder Comparato, a anistia brasileira foi um "atestado de impunidade para todos os militares e agentes policiais que partiram da repressão".
 
Além de Crimeia, Comparato e Ustra, o documentário traz depoimentos da ex-presidenta Dilma Rousseff, do ex-deputado e preso político Adriano Diogo, o também ex-preso Theodomiro dos Santos, o  jurista Ives Gandra da Silva Martins e os procuradores da República Eugênia Gonzaga e Marlon Weichert, entre outros. Com duração de 70 minutos, o filme começa com imagens do julgamento do STF em 2010.
 
Com produção da Tempus Comunicação, o roteiro é assinado pela jornalista Micheline Américo, que ressalta o conteúdo polêmico do trabalho na atual conjuntura "polarizada" da política. Assim, acredita, as reações do público "podem variar da náusea à empatia".


Cinco dos 11 juízes que compunham o Supremo naquele 29 de abril saíram: Eros Grau (relator), Ellen Gracie, Cezar Peluso, Ayres Britto e Joaquim Barbosa, que não votou por estar de licença médica. Dias Toffoli declarou-se impedido, porque era advogado-geral da União. Muitos ainda esperam que a Corte reveja a sua decisão – sete votos contra a revisão da anistia e dois favoráveis (Ayres Britto e Ricardo Lewandowski). A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 153 segue à espera, em mais um capítulo incompleto da história recente brasileira.

Carta Maior

Projeto dá visibilidade a mulheres negras e indígenas na área tecnológica

Divulgação/Olabi MakerSpace
Projeto possibilita o mapeamento e a participação de mulheres negras e indígenas na área de tecnologia

Empoderar e dar visibilidade às mulheres negras e indígenas nas áreas tecnológicas. Este é o objetivo da Pretalab, uma iniciativa que utiliza a tecnologia como ferramenta de transformação social, buscando mudar o que está culturalmente associado às mulheres negras e indígenas, no Rio de Janeiro. De acordo com Silvana Bahia, comunicadora social e diretora de projetos do Olabi, depois de perceber a baixa representação de mulheres negras e indígenas na tecnologia, as fundadoras da organização social sentiram a necessidade de alterar essa realidade. Isso porque, das 19 mulheres citadas na história científica no Brasil, nenhuma é negra; apenas 10 mulheres negras se formaram na Escola Politécnica da USP em 120 anos; e 4% é o percentual de negras entre as fundadoras de startups de tecnologia comandadas por mulheres nos EUA. O projeto PretaLab possibilita o mapeamento e a participação de mulheres negras e indígenas na área de tecnologia, fazendo uma rede de colaboração, além de oferta de oficinas como o WordPretas, em parceria com "minasqueprogramam".

Como surgiu a Pretalab?

A Pretalab é uma iniciativa do Olabi - organização social com foco na promoção da diversidade na produção de novas tecnologias. Nós nascemos em 2014 com a missão de democratizar o acesso às ferramentas e às máquinas de fabricação digital, partindo da ideia de que a inovação está na mão de quem tem as ideias, e não apenas nos grandes centros de pesquisa. Em 2016, já tínhamos a ideia de criar um hub [centro] para mulheres negras trocarem saberes em tecnologia. Só que não conhecíamos mais do que dez meninas negras no Rio de Janeiro que trabalhassem no campo da inovação e tecnologia, considerando os limites da nossa bolha. Decidimos mudar de estratégia, porque, quando começamos a pesquisar dados sobre gênero e raça nas tecnologias, vimos que esse recorte interseccional não é feito nas pesquisas, geralmente. Hoje, temos muitos dados sobre mulheres nas tecnologias (o que é muito bom), mas é complicado olhar para essa questão sem a interseccionalidade que ela demanda, sobretudo quando falamos de Brasil - o último país a abolir a escravidão. A gente olha para os dados do levantamento feito pelo grupo Poligen da USP que diz que em 120 anos a Escola Politécnica da USP não formou nem 10 mulheres negras, mas quando a gente pensa que esse ano completou 130 anos da abolição, a gente entende por que é impossível a USP formar mais mulheres negras em 120 anos.

Hoje, a Pretalab é uma iniciativa com dois objetivos gerais: levantar dados sobre mulheres negras e indígenas nas tecnologias a partir de um mapeamento colaborativo na rede e uma ação de comunicação: estamos fazendo dez vídeos para a internet com meninas e mulheres que consideramos referência nesses campos para inspirar outras meninas e para que elas possam considerar esse universo para elas também.

Como você avalia a participação de mulheres negras e indígenas na produção de ciência e tecnologia?

Sabemos que somos poucas, mas sabemos que existimos. Porém quando a gente não tem informação ou dados é difícil até dizer que existimos. No final do dia, o que a gente quer é levantar essa pauta e influenciar políticas de acesso e permanência dessas mulheres, no mercado de trabalho ou em instituições de ensino formal. Acreditamos no protagonismo de negras e indígenas nesses campos, porque sabemos que existem muitas de nós produzindo e usando tecnologias para diferentes fins.

Temos uma teoria de que essa ausência está ligada diretamente a dois fatores: falta de acesso e referência. Acesso porque estudar no Brasil é privilégio e aqui classe tem cor. Dentro do guarda-chuva “acesso” também estão questões econômicas e de língua. A maioria desses conteúdos é em inglês e sabemos que poucos são os pobres que falam outro idioma em nosso país. É muito difícil você imaginar algo ou atuar em algum campo que você não vê ninguém parecido contigo. Normalmente, esses lugares techs estão destinados aos filhos e às filhas dos patrões. Para nós, negras e indígenas, ter a profissão de empregada doméstica é um destino quase certo. Minha avó era empregada doméstica, minha mãe é empregada doméstica. Costumo dizer que contrariei as estatísticas quando não me tornei uma.

As mulheres ainda são minoria nessas áreas ainda predominantemente masculinas. Que iniciativas podem contribuir para a inclusão?

A primeira iniciativa é olhar para essa questão e discutir muito, tanto no campo profissional como no campo da educação. Não é possível a sociedade achar normal só ver homens brancos ocupando esses espaços. É só a gente olhar para esses eventos de tecnologia e inovação, normalmente quem discute nas mesas são homens, brancos e de classe média alta. De alguma forma isso hoje está mudando, embora precisemos avançar muito. Mas também acho que, mesmo entre as mulheres brancas, tem que existir uma solidariedade para que as mulheres negras estejam lá também e isso se passa primeiramente por olhar essas questões. Nós, negras, somos a base da pirâmide social, lideramos os piores índices quando o assunto é mercado de trabalho, saúde e educação. Somos as mais desempregadas, as que mais morrem em situação de partos, feminicídio, entre outros índices que são tão tristes e me deixam angustiada. Isso significa que ser mulher é um guarda-chuva mais amplo do que parece e dentro dele existem muitas camadas. Mulheres negras não são todas iguais, precisamos reconhecer a diversidade que existe quando usamos essas categorias.

Qual a importância da apropriação das tecnologias?

Hoje, o mundo é cada vez mais digital. Não voltaremos ao analógico. E se a gente não entender minimamente os processos em que estamos inseridas, isso nos deixa com muita desvantagem. Essas desvantagens são fruto de um processo histórico e precisamos olhar para elas. Não é uma ou duas iniciativas que vão dar conta de resolver o todo, mas podemos influenciar esse olhar e as pessoas para que pensem “fora das caixinhas”. Mesmo quando a gente não se considera alguém das tecnologias é preciso entender que na contemporaneidade estamos o tempo todo lidando com elas, seja na rede social ou na nota fiscal de uma compra na farmácia. Estamos gerando dados e informações sobre nossas vidas a todo tempo, mas a quem servem esses dados?


Além disso, todas as tecnologias que usamos, desde os aplicativos às redes sociais, são desenvolvidas por pessoas que carregam visões de mundo, culturas. Todas as tecnologias são dotadas da visão de mundo e cultura de quem as cria. Então, não existe neutralidade. Se só usamos coisas feitas por homens, brancos e de classe média como poderemos ser entendidas nas nossas completudes? O que pode mudar quando as tecnologias são desenvolvidas por pessoas negras, trans, deficientes? É essa pergunta que norteia boa parte do que fazemos no Olabi, mas ainda estamos numa fase de mais perguntas do que respostas.

Fonte: Carta Maior

Desigualdades raciais e de gênero se mantêm no país, segundo estudo

 

As desigualdades raciais, de gênero e sociais continuam altas no país. A constatação é do relatório do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP/UERJ), divulgado esta segunda-feira (28). Os dados indicam que as mulheres negras estão em desvantagem em relação a outros grupos.

Carla Lima é a primeira da família a concluir o ensino superior. Ela, assim como muitas mulheres negras, considera que ainda tem que trabalhar a mais para provar a competência e se manter na profissão que escolheu."Esse acúmulo de trabalho, essa [necessidade] de mostrar eficiência, e dizer: 'eu cheguei lá por mérito', isso é muito dolorido", afirma a advogada. "Tem o quanto abandonamos de nossa vida pessoal, social e afetiva", destacou, sugerindo que nem todas as pessoas tem oportunidades iguais.


O relatório elaborado pelo Grupo de Estudos Disciplinar da Ação Afirmativa (GEMAA), do IESP, mostra que, apesar do desenvolvimento econômico dos últimos anos, as desigualdades não diminuíram e dificultam a vida dos brasileiros. O documento analisou os números de 2011 a 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a pesquisa, pessoas pretas e pardas (chamadas negras pelo próprio IBGE), quando somadas, são maioria entre os brasileiros, 55% da população. No entanto, em relação aos rendimentos desse grupo, à escolaridade e às classes sociais, estão em desvantagem quando comparadas às pessoas brancas, no topo dos indicadores.

As mulheres negras, em geral, estão sempre nos mais baixos patamares. O rendimento delas era o menor da pesquisa, R$ 800, enquanto as mulheres brancas obtinham, por mês, R$ 1.496. Já homens brancos alcançaram quase o dobro do rendimento médio das pretas e pardas, R$ 1.559.

No quesito educação, as desigualdades permanecem, mostrando que o caso da advogada Carla Lima é exceção. O estudo do GEMAA afirma que entre as raças, não há mobilidade social. Ou seja, é muito difícil para uma pessoa negra ascender socialmente e melhorar de vida ou se manter lá.

"Pretos e pardos que nascem, ou melhor, que estão no alto, que têm os melhores empregos, têm mais dificuldade de manter esse status social, tendem a cair mais do que os brancos que nascem nessa condição", explicou o cientista político João Feres Júnior, que é coordenador do GEMAA e do levantamento com base na PNAD. Ele também afirmou que os negros que nascem pobres têm mais dificuldade de subir para as ocupações mais altas ou médias do que os brancos que nascem pobres.

A pesquisa alerta que, em tempos de crise, a tendência é que as desigualdades se aprofundem, como é o caso do desemprego. A falta de trabalho já atinge de maneira mais severa a população preta, depois a parda e, por fim, a branca. "A tendência histórica em sociedades marcadas pela desigualdade, como a nossa, é de as elites perderem menos em tempos de crise e ganharem mais em tempos de bonança", conclui o documento, defendendo a manutenção de políticas públicas específicas para negros. 


Fonte: Agência Brasil 

Taxa de feminicídios no Brasil é a quinta maior do mundo

Apenas na última semana do mês de agosto, foram registrados pelo menos cinco casos de mulheres assassinadas por seus companheiros ou ex-companheiros na cidade de São Paulo. O dado é alarmante, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e reflete a realidade do Brasil, país com a quinta maior taxa de feminicídio do mundo.
O número de assassinatos é de 4,8 para cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 mulheres morreram no Brasil pela condição de gênero. As mulheres negras são o grupo mais vulnerável. Entre 2003 e 2013, houve aumento de 54% no registro de mortes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período. Muitas vezes, são os próprios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%) os que cometem os assassinatos.
Com a Lei 13.140, aprovada em 2015, o feminicídio passou a constar no Código Penal como circunstância qualificadora do crime de homicídio. A regra também incluiu os assassinatos motivados pela condição de gênero da vítima no rol dos crimes hediondos, o que aumenta a pena de um terço (1/3) até a metade da imputada ao autor do crime. Para definir a motivação, considera-se que o crime deve envolver violência doméstica e familiar, e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Lei do feminicídio é uma conquista
Na avaliação da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (GEVID) do Ministério Público do Estado de São Paulo, Silvia Chakian, a lei do feminicídio foi uma conquista e é um instrumento importante para dar visibilidade ao fenômeno social que é o assassinato de mulheres por circunstâncias de gênero. Antes desse reconhecimento, não havia sequer a coleta de dados que apontassem o número de mortes nesse contexto.
Silvia Chakian afirma que a lei é um ponto de partida, mas que sozinha será capaz de acabar com crimes de feminicídio. “Como um problema bem complexo de causas sociais que estão relacionadas a aspectos da nossa sociedade – ainda tão patriarcal, machista e conservadora – não existe uma fórmula mágica, é necessário um conjunto integrado de ações”.
Políticas de combate à violência contra a mulher
A implementação integral da Lei Maria da Penha é o primeiro ponto desse conjunto de medidas que podem ser tomadas pelo Estado para resolver o questão. Reconhecida mundialmente como uma das melhores legislações neste sentido, ainda é necessário intensificar a implementação da lei, segundo a promotora. Os principais desafios são: ações de prevenção e concretização de uma rede de apoio às mulheres vítimas de violência.
“A gente não vai avançar na desconstrução de uma cultura de discriminação contra a mulher, que está arraigada na sociedade, nas instituições e em nós mesmas, sem trabalhar a dimensão da educação”, argumenta Silvia Chakian. De acordo com a promotora, a rede de atendimento, de atenção e de proteção às mulheres que vivenciam situações de violência pode ser definidora do rompimento desse ciclo, porque forneceria apoio multidisciplinar, incluindo suporte psicológico e financeiro.
“Onde não há delegacia especializada, centro de referência, casa abrigo e outras instituições de apoio, essa mulher vai sofrer calada, dentro de casa, sem conseguir buscar ajuda”, afirma. O argumento da promotora é que o assassinato é, em geral, uma continuidade de violências perpetradas antes, e que a existência de mecanismos de auxílio pode interromper o ciclo de violações, antes que a morte aconteça. “Os feminicídios são tragédias anunciadas, por isso, essas são evitáveis”, alerta Chakian.
Outras formas de combater esse problema é melhorar as condutas dos profissionais envolvidos nos processos de investigação e julgamento de crimes de feminicídio. Nesse sentido, em 2016 o governo brasileiro, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) e a ONU Mulheres publicaram as Diretrizes Nacionais para Investigar, Processar e Julgar com Perspectiva de Gênero as Mortes Violentas de Mulheres – Feminicídios.
O documento detalha, por exemplo, quando e como a perspectiva de gênero deve ser aplicada na investigação, processo e julgamento de mortes violentas de mulheres, além de formas de abordagem das vítimas e informações sobre os direitos delas.
Fonte: Nocaute

Inscrição de filmes candidatos ao Prêmio Goya vai até sábado (2)

chamgoya
O prazo para inscrição de filmes brasileiros para a seleção do representante nacional no Prêmio Goya foi prorrogado até o próximo sábado (2). A premiação é promovida pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha.
A Agência Nacional do Cinema (Ancine) vai indicar uma produção de longa-metragem para concorrer à categoria de Melhor Filme Ibero-americano na 31ª edição do evento.
Para serem considerados aptos a participar, os filmes devem ter estreado nas salas de cinema do País entre 1º de novembro de 2016 e 31 de outubro de 2017 e terem permanecido em cartaz por pelo menos sete dias consecutivos.
As fichas de inscrição e link de acesso ao filme (com senha) devem ser encaminhados por e-mail ao endereço: premio.goya@ancine.gov.br. A confirmação da candidatura também será feita por correio eletrônico.
Desde 1987, a Academia das Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha promove o Prêmio Goya, o mais importante do país, concedido aos destaques de cada ano.
Fonte: Portal Brasil, com informações da Ancine

Uma miragem real de livros no sertão da Bahia

geraldo
Por Vitor Nuzzi para Rede Brasil Atual
Assim, com os primeiros 12 mil títulos, que não cabiam em casa, começou a ser formada, 15 anos atrás, a biblioteca de Geraldo Moreira Prado, o Alagoinhas, que saiu pequeno de São José do Paiaiá e voltou para formar aquela que seria considerada a maior biblioteca em comunidade rural do mundo: hoje, são 120 mil volumes em um lugarejo de 600 pessoas.
Geraldo ia “dando aula e comprando livro”, conta. Mas a história começa lá atrás. Ele deixou o Paiaiá no início de 1960. “Eu não tinha plano, tinha vontade.” Só tinha feito o primário, em escola rural, uma caminhada diária de três quilômetros. Em São Paulo, arrumou vaga de faxineiro, na Rua Santa Ifigênia, região central, depois foi office-boy em companhia de seguros, passou a vender apólices de automóveis, chegou a uma metalúrgica em Osasco, na região metropolitana. Pensou em fazer Medicina, cursou Letras, mas não entendeu nem o chinês do curso e nem o inglês usado para dar aulas. Acertou-se, enfim, com a História.
Geraldo teve aula com gente como Sérgio Buarque de Holanda, Eduardo d´Oliveira França. Morando no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), foi um dos inúmeros estudantes retirados de lá à força pelo Exército, dias depois do AI-5, em 1968. O apelido veio daquele tempo. “Ali na (rua) Maria Antônia tinha dois botecos, o universitário e o do Zé, que tem até hoje. Depois da aula, a gente ficava tomando cerveja”, lembra. Um jovem recém-chegado, “discípulo de Glauber Rocha”, perguntou se ele era nordestino. Depois da resposta óbvia, emendou: “Paiaiá não existe, existe Alagoinhas, que é a terra do meu pai”. E assim ficou. O “apelidador” era o futuro sociólogo Gilberto Felisberto Vasconcelos.
“Passei a vida juntando livro”, diz Geraldo, de 77 anos. Os do Crusp não sobreviveram, porque a polícia levou. “Naquela época, você sabe como era, né?”, comenta o professor, que militou no movimento estudantil e mais de uma vez foi preso. Em 1972, detido por mais de uma semana pela Operação Bandeirante (Oban), topou com Carlos Alberto Brilhante Ustra e Romeu Tuma na saída, em um domingo. “Estavam conversando no portão, o Tuma tirou uma nota que não me lembro de quanto era e me deu (para a condução). Peguei a nota, joguei no chão e disse que não pegava em dinheiro de torturador.” Resultado: mais dois dias de prisão.
Em 1976, ele foi para o Rio: “Aí comecei a juntar mesmo. Dando aula e comprando livro”. A professora emérita da USP Walnice Nogueira Galvão escreveu um texto em que lembra da trajetória de Geraldo, que também frequentou aulas de Antonio Candido, que morreu em maio. Quando a biblioteca já era realidade, ela decidiu contar ao mestre sobre o ex-aluno, que se encantou: “Essa obra é o coroamento de uma vida”. Walnice e Antonio Candido estão entre os muitos doadores de livros para a Biblioteca do Paiaiá. Em 2004, Geraldo comprou uma casa por R$ 2 mil, depois comprou a vizinha, depois fez uma reforma para ampliar. E assim criou, como diz, o Paiaiá Empire State.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) doou, a Pontifícia Universidade Católica (PUC), a Fundação Oswaldo Cruz, o Ibase, ONGs diversas, muita gente doou. A biblioteca leva o nome de Maria das Neves, tia de Geraldo, “primeira alfabetizadora da região”. Ele conta que, fazendo estudos autodidatas em biblioteconomia, descobriu um autor indiano que diz que “a biblioteca é um órgão vivo”, tem de crescer. “Gostei disso, e fui alimentando.”
Foi em uma conversa com José Arivaldo, seu sobrinho, que nasceu a ideia da biblioteca. Vadinho, como é conhecido, formou-se em Letras e agora estuda Biblioteconomia na Federal de Sergipe, conta o geógrafo e jornalista Mouzar Benedito, amigo de Geraldo e admirador da empreitada do Paiaiá, que desde 2014 passou a incluir um encontro sobre livros, leitura e inclusão social. O deste ano, o terceiro, foi realizado de 3 a 5 de agosto, com ampla programação. “Realizado à revelia de um contexto nacional anticultura, anti tudo que preste, houve muitas palestras, debates, lançamentos de livros, rodas de conversa, minicursos e muitas atividades específicas para crianças”, diz Mouzar, que foi lá como representante da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci) e falou sobre personagens do imaginário brasileiro na literatura.
Estimular o interesse pelos livros

Geraldo lamenta que no Brasil não haja prática de leitura (“Eles acham que a internet resolve tudo”) e que o país conte com tão poucas bibliotecas em comparação com os vizinhos da América Latina. Por isso, anima-se com seu projeto, que ajudou a estimular o interesse por livros. “Isso, para mim, foi a coisa mais satisfatória. Contribuí para crescer um pouco mais”, diz, lembrando que só leitura não basta – por isso, o projeto inclui capacitação de professores. Segundo ele, aos poucos a comunidade começou a se aproximar da biblioteca. “Pela primeira vez, teve uma participação muita ativa, a o ponto de oferecer as casas para hospedar as pessoas (no encontro deste ano).”

Teve também muita criança, conta Mouzar. “Só num dia que tive a pachorra de calcular, com base nos ônibus vindos de Nova Soure e cidades vizinhas, chegaram mais de 400 crianças. Eu olhava nos rostos delas e achava que tinham a sensação de descobertas, seja enquanto participavam das atividades do evento ou enquanto remexiam livremente nas estantes da biblioteca. Imagino que pelo menos algumas delas estejam ‘contaminadas’ pela literatura”, narra. “Voltei de lá com uma alegria imensa, com a sensação de que a inércia que os vampiros do poder tentam nos fazer aceitar não é tão aceita assim.”
Depois que se aposentou, o paiaiaense, que mora no Rio, vai de duas a quatro vezes por ano para a sua região. Segundo o IBGE, Nova Soure contava 26 mil habitantes no ano passado. Na economia, predomina a pequena produção de animais (cavalo, gado, ovelha,) e produtos como feijão, milhão, mandioca. “É quase subsistência”, diz Geraldo.
Quem toma conta da biblioteca, entre outros, é o sobrinho Vadinho. “É tudo na base do trabalho voluntário, porque não tem recursos.” A biblioteca já atraiu muita gente de fora – argentinos, norte-americanos, até dinamarqueses – Geraldo é casado com uma. E ele continua gostando muito de ler, até onde a vista permitir.
Fonte: Rede Brasil Atual

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Seminário em Porto Alegre celebra 150 anos da obra O Capital de Marx

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Foram convidados renomados professores e estudiosos para ministrarem importantes temas. Entre eles, estarão presentes os economistas Márcio Pochmann, Luiz Gonzaga Belluzzo, Aloísio Barroso e a filosofa Madalena Guasco.
Para participar é necessário se inscrever na internet ou junto às entidades organizadoras e co-promotoras do evento, no DCE/UFRGS (Av. João Pessoa 41), na Livraria Bouquiniste (Rua André Puente 357). Para os estudantes a inscrição é gratuita e para o público em geral custará R$ 20 reais, podendo participar das 4 noites. As inscrições são limitadas, caso reste vagas, poderá se inscrever no próprio local das palestras.
O seminário foi organizado pela Fundação Maurício Grabois, Instituto Histórico Geográfico do RGS, Sindicato dos Economistas/RS, Sociedade de Economia/RS, Departamento de Economia e Relações Internacionais da Faculdade de Ciências Econômicas/UFRGS, Diretório Central de Estudantes/UFRGS e Diretório Acadêmico dos Estudantes de Ciências Econômicas/UFRGS e contará, ainda, com a co-promoção de quase duas dezenas de entidades sindicais, estudantis e populares.
Programação do Seminário “Os 150 anos do CAPITAL”
Horário: 18h30 às 21h30

Mesas e palestrantes:
18.09.17 (2ªf)
Mesa de Abertura: Instituições Organizadoras

Mesa Inaugural: O Capital e a Concentração da Riqueza e do Poder
Economista Márcio Pochmann (UNICAMP)
Cientista Social e Político José Vieira Loguércio (FMG/RS)
Historiador Paulo Visentini (UFRGS)

21.09.17 (5ªf)
Mesa 2: OS 150 ANOS dE “o CAPITAL” e sua iNFLUÊncia no Brasil e no mundo

Economista Eduardo Costa Pinto (UFRJ)
Economista Pedro Fonseca (UFRGS);
Historiador Diorge Konrad (UFSM)

25.09.17 (2ªf)
Mesa 3: Estrutura, Método e Teoria do CAPITAL

Economista Luiz Gonzaga Belluzzo (UNICAMP)
Filósofa Madalena Guasco (PUCSP);
Economista Gláucia Campregher (UFRGS)

28.09.17 (5ªf)
Mesa 4: As Crises Capitalistas e a atualidade do CAPITAL
Economista Leda Maria Paulani (USP)
Economista Aloísio Barroso (FMG)
Economista Marcelo Milan (UFRGS)

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Fonte: Brasil Cultura

Elza Soares: “A mulher só pode gemer se for de prazer”

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“Já nasci marcada pra ser essa mulher guerreira e falar desses problemas tão sérios. Falar da mulher, brigar pela mulher. Hoje em dia a gente continua brigando depois de tantos anos. Eu acho que já tinha tempo de acabar isso tudo”.
Por Magali Moser
Aos 80 anos, Elza faz da carreira um manifesto contra violências de todo o tipo Aos 80 anos, Elza faz da carreira um manifesto contra violências de todo o tipo Os primeiros fãs chegaram por volta de três horas antes do horário marcado para o início do show no hall do Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no domingo, 20 de agosto. Talvez, eles representem a diversidade de perfis e faixas etárias dos admiradores da obra de Elza Soares. Bebeth, como se identificou para mim com forte sotaque sul-rio-grandense uma simpática senhora de 64 anos, professora aposentada de Engenharia Elétrica da UFSC, trazia em mãos um suplemento especial com uma reportagem sobre Elza Soares e estava em busca de um autógrafo. E o fotógrafo Bruno, que conheceu a cantora aos 11 anos, quando Elza participou da cerimônia de abertura dos Jogos Panamericanos Rio 2007. Dali em diante, virara seu fã. Ele saiu de Balneário Camboriú exclusivamente para o show e carregava três CD’s da cantora brasileira do milênio, de quem esperava ao menos o registro em uma selfie. O burburinho era de que Elza chegaria às 18h pela rampa lateral, oposta ao acesso principal. Sabendo disso, deslocaram-se para lá, agoniados para a verem de perto. Cercaram Padilha, o segurança, que não perdeu a paciência com a ansiedade e a quantidade de perguntas.
Lá, embaixo aguardavam mais três fãs de Elza. Duas delas exibiam estilo de corte de cabelo Black Power, semelhante ao da cantora, numa nítida demonstração de filiação e muita admiração. As garotas, estudantes da UFSC, não pareciam ter mais de 20 anos e surpreenderam a fã sexagenária que acompanhava a espera: “Convidei meu filho de 30 anos para vir ao show e ele não quis. Eu pensei que Elza atraísse só gente da minha geração. Ela vai ficar feliz em saber que tem jovens aqui também”, celebrava Bebeth durante a espera. Minutos depois, por volta das 18h40min, um carro preto encostou próximo à rampa. Saíram dele quatro homens. Por fim, Elza apareceu. Quando ela desceu do automóvel, não chovia. O termômetro marcava 19ºC mas soprava um vento com força, deixando a sensação de uma temperatura ainda mais baixa.
Uma das fãs com Black Power começou a chorar de forma compulsiva, parecendo não acreditar estar diante de sua inspiradora. O produtor de Elza pediu para que aguardassem. Primeiro, recolheu os papéis e CD’s trazidos pelos fãs para serem autografados a fim de levá-los até a cantora e fazer a intermediação. Sem papel àquele momento, a moça que se emocionou com a chegada de Elza fez o ato de alteridade ao entregar-lhe o próprio documento de Registro Geral (RG) para ser autografado. Naquele momento, a jovem mistura a própria identidade, pois o desejo pela marca da ídola no documento pessoal parece constituir um ato de assumir uma influência, efeito gerado pela cantora sobre seus fãs. Como a chegada dos músicos sofreu um atraso e Elza ainda precisava testar o som, a promessa era de que ela receberia fãs e imprensa ao final, no camarim. E foi assim que ocorreu, quando a cantora distribuiu beijos de batom no lugar de autógrafos.
Antes da cantora entrar no palco, a plateia entoou o coro uníssono: Fora Temer! Fora Temer! As palavras de ordem foram ouvidas também durante o show, quando Elza comentou: “A voz do povo é a voz de Deus”. O espetáculo abriu com a música que dá título ao álbum A mulher do Fim do Mundo, disco lançado em 2015, 34º de sua carreira e o primeiro só com músicas inéditas. Foi em torno de uma hora e meia de apresentação. Em vários momentos, especialmente entre uma música e outra, vozes da plateia gritavam “divaaaa”, “maravilhosaaa”, “eu te amooo”, e a cantora retribuía com “obrigadaaa” ou então “eu te amo também”, numa interação direta com o público. Sem citar nomes da esfera política uma única vez, Elza Soares também fez do show um momento de reflexão sobre o futuro do Brasil. Repetiu por várias vezes a frase: “Acorda, Brasil dorminhoco”. E parece, de fato, “ensinar” a plateia a soltar o grito preso na garganta, lutar e resistir contra as injustiças sociais, intolerâncias e preconceitos.
Aos 80 anos, Elza demonstra força e energia ilimitadas. A disposição não finda para fazer da carreira um manifesto contra violências de todo o tipo. “A mulher só pode gemer se for de prazer”, disse após a canção “A mulher da Vila Matilde”, que denuncia a violência doméstica. Recebeu o Portal Catarinas e jornalistas para uma conversa breve e com raciocínio rápido de quem pensa sobre tudo o que faz ou como se soubesse das perguntas de antemão. Mas, como ela própria disse ao final “eu já disse tudo o que tinha para dizer”. Nós sabemos que sim, Elza. Mas, no atual contexto, é preciso repetir.
Catarinas – Você é um ícone pra muitas gerações. Por que você acha que as novas gerações ainda se conectam tanto contigo?
Elza Soares – Porque eles entendem o que eu falo. Precisava de alguém que falasse a mesma linguagem. E eu acho que a minha linguagem vai direitinho onde eles querem.
O que é cantar pra ti?
Cantar pra mim é o combustível da alma. É como se fosse a medicina da dor. Eu me sinto muito bem cantando.
O que você tem escutado?
Eu continuo ouvindo Chet Baker que é a minha paixão. Às vezes escuto Ella Fitzgerald, porque há alguns anos atrás eu fiz um trabalho pra ela. Ficamos amigas. Eu … escuto música brasileira, mas tem que estar escolhendo, escolhendo, escolhendo, escolhendo. Tem muita gente boa por aí, lógico, muita gente nova por aí, mas precisa botar na praça.
Você não titubeia quando o assunto é misturar ritmos. Tinha distorção, tinha punk, tinha rap…
Tem tudo. Eu acho que o que você quer cantar, tem que cantar. Você não tem que ser marmelada o tempo todo. Seja goiabada um bocadinho.
Por que fazer da música um ato político?
Não é tão político assim, não. Eu gostaria que fosse mais. Mas como a gente … no Brasil um momento tão fechado… tão…. tão… Você não sabe pra onde a gente vai. Então, tem que tomar muito cuidado com política. Falar pouco, ou não falar nada. E cantar, que aí ninguém pode me proibir de cantar… Não mexo com ninguém. A voz do povo é que é maravilhosa. Acorda o Brasil que tá dorminhoco, né?
Qual é a sua avaliação sobre o momento político por que o Brasil passa?
Péssimo. A gente tá num momento péssimo, a gente não sabe pra onde vai.
E qual é o papel da música diante disso?
É o que eu fiz hoje no palco.
Quando é que você se descobriu feminista?
Logo que eu comecei a cantar. Eu acho que eu já nasci com este dom, com esta… nem sei o que é. Mas, já nasci marcada pra ser essa mulher guerreira e falar desses problemas tão sérios. Falar da mulher, brigar pela mulher. Hoje em dia a gente continua brigando depois de tantos anos. Eu acho que já tinha tempo de acabar isso tudo.
E com relação à mulher negra?
Tá aí (o racismo). Qualquer lugar que você passar o espanador, ele tá presente. É uma poeira suja. E a gente tem que combater. Tem que falar sempre, até cansar.
E qual é o seu próximo projeto?
Tenho um que tá na praça, que é “Na pele”, com a Piti, não sei se você já viu. É muito bonito. É um single. Eu convidei a Piti pra gravar comigo, ela fez a música pra eu cantar. Aí eu convidei que ela viesse cantar comigo a música Na Pele. Ficou muito bonito. E o próximo é “A mulher do fim do mundo” como um programa. A gente tem que pensar muito, porque agora fazer outro projeto em cima da mulher do fim do mundo vai ser bem pensado. A mulher do fim do mundo dá muito caldo ainda. Nós ainda temos muito caminho pra correr.
Fonte: Catarinas

AMES - NOVA CRUZ/RN, 28 DE AGOSTO, 23 ANOS DE LUTAS E CONQUISTAS, MAS HOJE QUASE NADA PRA COMEMORAR!!!

No dia 28 de agosto de 1994 na Escola Municipal PEREIRA MATOS - Nova Cruz-RN, nas a AMES - Associação Municipal de Estudantes, entidade sem fins lucrativos e em defesa dos estudantes, da educação, do movimento estudantil, da cultura, da liberdade de expressão e a todo tipo de discriminação.

No decorrer desses 23 anos foram vários presidentes que aqui passaram. Primeiro seu fundador e idealizador, Eduardo Vasconcelos, ex dirigente da da UMES-NATAL (1987) e da APES (1990/1) e os demais ex presidentes, entre eles na sequência: Antonio Virgílio dos Santos; Edson Neves de Lima; Maria do Socorro Mendonça; Wilton Teixeira da Silva; Aldo Roberto dos Santos; Fernando Luiz dos de Souza (2 mandatos); Ricardo Emergino e Elaine Faustino.

Foram muitas conquistas, entre elas destacamos a Lei do Grêmio Estudantil nas Escolas Municipais, Estaduais e Particulares; a MEIA ENTRADA; RECOMENDAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA O CUMPRIMENTO DA MEIA ENTRADA; MEIA PASSAGEM INTERMUNICIPAL; ELEIÇÕES DIRETAS PARA DIRETORES DE ESCOLAS; Participações em 3 Congressos da UBES (União Nacional dos Estudantes - (1994 a 2008); Participações nos Conselho Municipais de Educação; da Assistência Social e da Saúde, VOTO AOS 16 ANOS, Núcleo da UERN, Campus do IFRN Vestibular dos Cursos a Distância da UFRN (que fazia 4 anos que não tinha vestibular, entre outras.

Além da criação em 2011 da Comissão em Defesa dos Campus da UERN e UFRN, Já!

Mas hoje não temos quase nada para comemorar, pois as conquistas adquerida nos governos Lula e Dilma estão sendo ameaçados pelo atual governo, como o FIES, PROUNI, entre outros.

É preciso uma nova reflexão da estudantada/juventude para avaliar a atual conjuntura e partir para a luta de forma eficaz e consciente, PORTANTO NEM UM DIREITO A MENOS!

A AMES SOMOS NÓS, NOSSA FORÇA E NOSSA VOZ!

domingo, 27 de agosto de 2017

O Brasil racista no novo álbum de Chico Buarque

As Caravanas, Chico Buarque
É um dia de real grandeza, tudo azul
Um mar turqueza à la Istambul enchendo os olhos
Um sol de torrar os miolos
Quando pinta em Copacabana
A caravana do Arará — do Caxangá, da Chatuba
A caravana do Irajá, o combio da Penha
Não há barreira que retenha esses estranhos
Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho
A caminho do Jardim de Alá — é o bicho, é o buchicho é a charanga
Diz que malocam seus facões e adagas
Em sungas estufadas e calções disformes
Diz que eles têm picas enormes
E seus sacos são granadas
Lá das quebradas da Maré
Com negros torsos nus deixam em polvorosa
A gente ordeira e virtuosa que apela
Pra polícia despachar de volta
O populacho pra favela
Ou pra Benguela, ou pra Guiné
Sol, a culpa deve ser do sol
Que bate na moleira, o sol
Que estoura as veias, o suor
Que embaça os olhos e a razão
E essa zoeira dentro da prisão
Crioulos empilhados no porão
De caravelas no alto mar
Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria
Filha do medo, a raiva é mãe da covardia
Ou doido sou eu que escuto vozes
Não há gente tão insana
Nem caravana do Arará
Fonte: http://jornalggn.com.br (Luiz Nassif)