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segunda-feira, 13 de junho de 2022

Mulher de Dom Phillips diz que corpos do jornalista e do indigenista Bruno Pereira foram encontrados

 Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

A mulher do jornalista britânico Dom Philips, Alessandra Sampaio, disse nesta segunda-feira (13) que o corpo dele e do indigenista Bruno Pereira foram encontrados. Eles estão desaparecidos há mais de uma semana na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas.

Segundo Alessandra, a PF lhe confirmou a localização de dois corpos, mas disse que eles ainda precisavam ser periciados para que a identificação pudesse ser feita. Ainda de acordo com Alessandra, a Embaixada Britânica, que já havia comunicado aos irmãos de Dom Phillips a localização dos corpos do jornalista e do indigenista, ratificou a informação da PF.

Bruno e Dom tinham sido vistos pela última vez no dia 5 ao chegarem a uma localidade chamada comunidade São Rafael. De lá, eles partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao destino (veja no infográfico abaixo).

No domingo (12), as equipes de busca encontraram uma mochila, um notebook e um par de sandálias na área onde são feitas as buscas pelo jornalista inglês e pelo indigenista no interior do Amazonas.

Segundo as autoridades, o material estava próximo da casa de Amarildo Costa de Oliveira, suspeito de envolvimento no crime.

Quem são Bruno Pereira e Dom Phillips

Além de indigenista, pessoa que reconhecidamente apoia a causa indígena, Bruno Pereira é servidor federal licenciado da Funai. Ele também dava suporte a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari,(Univaja) em projetos e ações pontuais.

Segundo a nota da Univaja, Bruno era "experiente e profundo conhecedor da região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos".

Phillips morava em Salvador e fazia reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para veículos como Washington Post, New York Times e Financial Times, além do Guardian. Ele também estava trabalhando em um livro sobre meio ambiente com apoio da Fundação Alicia Patterson.

Phillips e Bruno faziam expedições juntos na região desde 2018, de acordo com o The Guardian.

Buscas

Equipes da Marinha, Exército e Força Nacional foram enviadas à Atalaia do Norte para auxiliarem nas buscas. O Governo do Amazonas também enviou uma força-tarefa da Secretaria e Segurança Pública do Estado composta por policis civis e militares, além de mergulhadores do Corpo de Bombeiros.

As buscas contam, ainda, com o apoio de voluntários e comunitários e indígenas da região. As forças de segurança usaram embarcações e aeronaves nas buscas.

As famílias do indigenista e do jornalista fizeram apelos pela celeridade nas buscas. A família falou sobre a angústia na espera de notícias e disse que tinha esperança que os dois tinham sofrido um acidente.

Fonte: G1 Amazonas

Programação cultural será destaque na Feira Nordestina da Agricultura Familiar

 

ASSECOM/RN

Artistas potiguares e nacionais mostrarão suas obras em dois palcos

 I Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária – FENAFES será realizada no Centro de Convenções de Natal (RN), de 15 a 19 de junho de 2022. A programação é bem diversificada e oferece exposição (venda e degustação) de produtos da agricultura familiar e economia solidária, atividades formativas como seminários, encontros, rodas de conversa, e também shows, apresentações de teatro e poesia. De quarta-feira até sábado (a feira vai até domingo), um total de 26 atrações estão programadas. As apresentações têm início a partir das 16h. A entrada e o estacionamento são gratuitos.

Artistas potiguares e nacionais mostrarão suas obras em dois palcos especialmente montados para o evento. No pavilhão Nísia Floresta funcionará o Coreto e, na área externa (doca), será montado o palco principal. Estão confirmados nomes como a cantora paulista Mariana Aydar, o sanfoneiro sergipano Mestrinho e a cantora pernambucana Lia de Itamaracá.

Entre as atrações locais estarão o compositor e instrumentista Carlos Zens, os grupos Fuxico de Feira e Meirões do Forró, as cantoras Deusa do Forró e Cida Lobo, a companhia teatral Casa de Zoé com o espetáculo “Meu Seridó” e os poetas populares Amâncio Sobrinho e Antônio Francisco.

O evento está sendo realizado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte, através da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (Sedraf), Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RN), Fundação José Augusto (FJA), e pela Unicafes-RN (União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária). Foram investidos R$ 640 mil na promoção da I Fenafes, com recursos garantidos pelo empréstimo junto ao Banco Mundial, com apoio da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (SAPE).

A Secretaria de Estado do Tabalho, da Habitação e Assistência Social (Sethas) e a Agência de Fomento do Rio Grande do Nrte (AGN) também participam do evento. O evento é uma iniciativa da Câmara Temática da Agricultura Familiar do Consórcio Nordeste, coordenada pela governadora Fátima Bezerra e coordenada pelo secreta´rio Alexandre Lima (Sedraf)

Espera-se que a FENAFES conte com a participação de mais de 150 cooperativas e associações, envolvendo mais de 500 expositores com um público visitante total de mais de 10 mil pessoas durante todo o evento.

INSCRIÇÕES

Os pavilhões de exposição, degustação e venda dos produtos da agricultura familiar e economia solidária estarão abertos ao público das 16h às 22h. A programação formativa começa ainda pela manhã. O acesso é gratuito ao evento em si e para todas as atividades abertas ao público em geral (visto que algumas são restritas para grupos específicos), sendo que é necessário se inscrever para garantir vagas e gerar certificado de participação. O formulário para inscrição está disponível no link https://doity.com.br/fenafes.

A feira também será um espaço estratégico para reafirmação da nossa identidade cultural, saberes e sabores que marcam e caracterizam o povo nordestino, onde contará com a cozinha “Sabores da Terra” e Festival Gastronômico.

PROGRAMA DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS

O objetivo central da FENAFES é de fortalecer iniciativas de integração de políticas públicas articuladas em torno do Programa de Alimentos Saudáveis do Nordeste – PAS/NE; criar um espaço de intercâmbio das experiências sobre políticas públicas de apoio à agricultura familiar já em curso na região, envolvendo governos e movimentos sociais; fortalecer o cooperativismo solidário e o processo de comercialização, através de encontro de negócios, para o mercado institucional e privado.

As atividades de formação, palestras, oficinas e cursos versarão sobre as temáticas centrais: acesso à terra; sistemas agroalimentares e produção de alimentos saudáveis; agroecologia; assistência técnica e extensão rural e acesso ao crédito; mudanças climáticas; acesso aos mercados e cooperativismo solidário, protagonismo feminino. 

Fonte: FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO - FJA

Exposição exibe história dos festejos juninos

 

Carlos Costa - FJA

Uma exposição especial apresenta a trajetória das festividades juninas nesta quarta-feira (15) a partir das 8h30 na sede da Fundação José Augusto – FJA (Rua Jundiaí, 641, Tirol ).  A mostra “A História dos Festejos Juninos” apresenta 19 banners que contêm costumes, culinária e música que retratam uma das mais antigas manifestações do povo nordestino.

A exposição itinerante é uma realização das Casas de Cultura Popular, mantidas pela FJA, que será levada para as casas de culturas, localizadas no interior do RN.  Nos banners está narrada a origem, a história da gastronomias os santos padroeiros, quadrilhas, balões juninos, fogueiras, pau de sebo, as simpatias de casamento, entre outros costumes da festividade.

Haverá uma degustação de comidas típicas juninas, além de uma apresentação musical do sanfoneiro Reynaldo Jr e do espetáculo “Gonzagando” da Companhia de Dança do Teatro Alberto Maranhão (CDTAM).

A exposição itinerante está sendo realizada simultaneamente nas casas de cultura de Santa Cruz, Goianinha, Nova Cruz e Florânia.  A partir de segunda-feira (20), amostra será levada para as Casas de Cultura de Umarizal, Paus dos Ferros, Alexandria e Janduís.  No dia 28 a exposição estará aberta nas casas de cultura de Parelhas, Jardim do Seridó e Currais Novos, João Câmara, Lajes, Assu e Grossos.

“A História dos Festejos Juninos”

Data: 15/06

Horário: 8h30

Local: sede da Fundação José Augusto – FJA (Rua Jundiaí, 641, Tirol

Entrada Franca

Monteiro Lobato: rasgado, queimado, cancelado e imprescindível

Escritor, já muito atacado no passado sob pretexto de veicular ideias evolucionistas e socialistas, tem mais recentemente sido acusado de racismo. Mas simplesmente banir seus textos das salas de aula e espaços de discussão é renunciar a debater uma obra prenhe de criatividade, inventividade e criticidade.

E Lobato continua “causando”…

Com mais de 70 anos já transcorridos desde a morte de seu criador, os personagens infantis de Monteiro Lobato circulam por leituras polêmicas e atuais dentro e fora da escola. Considerado um divisor de águas na produção literária para crianças, Lobato legou à posteridade textos que, em diferentes situações, suscitaram seu intenso reconhecimento tanto por parte do público leitor, quanto da crítica especializada. Da mesma forma, porém, a polêmica se tornou elemento indissociável desse reconhecimento, o que chega, junto com a ininterrupta edição de seus textos infantis, aos leitores de hoje.

Sobre seus livros para crianças, há pouco mais de uma década, em capítulo intitulado “Monteiro Lobato, um clássico para crianças”, respondíamos à questão: O que há de tão atrativo no Sítio do Picapau Amarelo? Ou, em outras palavras, por que Pedrinho, Narizinho e Emília, principalmente Emília, continuam tão presentes no imaginário infantil brasileiro? Ainda de outro modo: como Lobato fez esta mágica que, embora muitas vezes explicada nos mínimos detalhes pelos mais “maduros”, continua encantando os “menos experientes”? Indagações como essas não têm faltado aos pesquisadores e demais leitores especializados ao longo dos anos. Perguntas impossíveis de serem respondidas em um só texto ou mesmo em muitos outros trabalhos que vêm tentando, no mínimo, tangenciar as mil e uma questões instauradas pela obra de Lobato.

Um escritor publicista

A partir dos anos 1980, foram consolidados estudos sistemáticos sobre a literatura infantil e juvenil brasileira. Nesse contexto, a figura de Lobato se mostra central, trazendo como foco desses trabalhos a discussão de aspectos temáticos relevantes, como aponta Marisa Lajolo em artigo de 1988, “A figura do negro em Monteiro Lobato”, ao abordar Histórias de Tia Nastácia:

As contradições vão se acirrando ao longo do texto lobatiano, que, ao contrário de seus pares, não se limita a reproduzir, em forma de antologia asséptica, as histórias que Tia Nastácia conta. Lobato reproduz a história encenando a situação de narração e recepção, pondo, pois, em confronto o mundo da cultura negra do qual, no caso, Tia Nastácia é legítima porta-voz, e o mundo da modernidade branca, à qual dão voz tanto as crianças como a própria Dona Benta, também ela ouvinte de Tia Nastácia e também ela insatisfeita com as histórias que ouve (…).

Um artigo como esse mostra, ao leitor de hoje, que os estudos sistemáticos sobre a obra de Monteiro Lobato têm sido realizados de forma séria, sem ceder a simples opiniões ou questão de gosto. Por isso mesmo, muitos temas que ocupam o centro de polêmicas em diferentes ambientes sociais ou veículos de comunicação nunca foram desconhecidos daqueles que estudam a obra do escritor.

Assim, em texto mais recente, intitulado “Provocações à longeva Botocúndia: Monteiro Lobato e Urupês”, de 2018, publicado em número da revista Leitura em revista em que se comemorava uma efeméride literária – 70 anos sem Lobato, destacávamos a verve crítica lobatiana. Lembramos, então, que isso foi  um dos aspectos que chamou a atenção de José Guilherme Merquior ao atribuir a Lobato a identidade de “publicista” – “um escritor que discute problemas de interesse público, de interesse coletivo”. Acrescenta o autor, ainda, que é esse o perfil que poderíamos relacionar a certo tipo de jornalismo engajado que “não só discute temas de evidente interesse coletivo como o faz dentro de uma linguagem que sistematicamente aspira a uma comunicação com o grande público”.

Amante de boas brigas

A exposição decorrente desta atividade, na qual Lobato via oportunidade para divulgar seus livros, levaria a uma visibilidade cotidiana ou mesmo à imagem pública de alguém que se colocava disponível ao debate, à discussão, à divergência. A partir dos jornais de sua época, Lobato lançaria questionamentos e reflexões contundentes, provocativas, na expectativa de influenciar ações em seu contexto social. Como aponta Sueli Cassal, o envolvimento de Lobato com grandes causas era movido por um desejo utópico de uma nação desenvolvida, muita próxima da situação econômica dos Estados Unidos, o que seria possível mediante a valorização do conhecimento científico.

“Não deixaria por menos uma boa briga”, poderia ser uma expressão para definir Lobato. “Boas brigas” foram as campanhas por necessidades básicas dos brasileiros, como a do saneamento, de 1918, em que acompanhou médicos sanitaristas, colocando-se a serviço da denúncia em uma séria de matérias sobre moléstias (verminoses, na maioria) que atingiam a população paulista de modo vergonhoso. Seu empenho como adido comercial nos anos 1930, para dar ferro ao Brasil, isto é, para incentivar a produção nacional, bem como sua ação tanto como publicista quanto empresário para desenvolver a exploração do petróleo, se refletiam em artigos e livros. A obra infantil não deixaria, evidentemente, de refletir essas experiências, algumas posteriores, outras concomitantes a atividades de editor, empresário, publicista.

O leitor infantil surge, então, como um destinatário de suas expectativas – aliás, como em todo texto, na obra infantil é evidente que se projeta uma ideia de leitor. Um suposto leitor neutro, raso, manipulável não estava na mira dos livros de Lobato. Ao não subestimar seu destinatário criança, o escritor convidava esse leitor infantil a pensar o mundo ao seu redor por meio de um trabalho inventivo e consciente com o texto literário. Os rompantes de contrariedade de diferentes grupos em diferentes momentos iriam atestar, ainda que de modo inusitado, a relevância daquele labor literário ao longo do tempo e das gerações.

Darwinismo e socialismo

Nos anos 1950, uma obra, em particular, se tornaria paradigmática desse tipo de abordagem polêmica e acusatória, realizando uma interpretação bibliográfica de Lobato cujo título encerra, por si só, um entendimento notoriamente avesso para com as lutas por ele travadas no campo econômico: A literatura infantil de Monteiro Lobato ou Comunismo para Crianças, do Padre Sales Brasil.

O autor projeta sobre a obra infantil temas que, de longe, estariam no centro da proposta lobatiana de formação de leitores, como é o caso da ausência de conteúdos religiosos propensos a reafirmar a identidade católica brasileira. Mais do que as ausências, o autor do estudo busca pistas em livros como A chave do tamanho, de 1942, sobre ideologias danosas à moral das crianças. É dessa forma que entende a miniaturização dos personagens como a extinção de classes sociais, isto é, em A chave do tamanho haveria uma propaganda dos benefícios de uma sociedade comunista: “é o seguinte: quando todos os homens chegarem ao mesmo tamanho (nivelamento das classes sociais), então não haverá sobre a terra nem injustiça nem certos preconceitos”.

Capa de A literatura infantil de Monteiro Lobato, obra crítica dos anos 1950

Ao lembrarmos do texto do padre Sales Brasil, percebemos que a fantasia, a inteligência e a criticidade são ignoradas como excepcionais qualidades da obra de Lobato e rebaixadas segundo uma inegável visão obscurantista.  Em outro trecho, outra denúncia: “Trata-se, evidentemente, da luta pela vida, segundo Darwin, aplicada ao campo sociológico pela teoria da seleção natural, de Spencer, ambas aproveitadas pela filosofia marxista-leninista e feitas balinhas de doce na literatura infantil de Monteiro Lobato”.

Aos olhos de hoje, a obra do padre Sales Brasil pode parecer um brandir de armas desnecessário, exagerado, até mesmo risível para muitos. Entretanto, a fórmula do “cancelamento” dos anos 1950 mostra-se ainda presente nas primeiras décadas do século 21, agora reportando-se à questão do racismo, que é pauta fundamental e premente, mas que tem sido associada a Lobato, na maioria das vezes, de forma ligeira, rasa, equivocada.

No centro dos debates, tivemos o conto “Negrinha” e a obra Caçadas de Pedrinho, a partir de 2010, como objeto de representação junto ao Conselho Nacional de Educação (CNE) e, também, à Controladoria Geral da União (CGU). O questionamento se debruçava sobre expressões que atentariam contra um item do edital do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), qual seja, a presença de estereótipos ou discriminação nas obras adquiridas pelo programa.

Entre propostas de inserção de notas de rodapé ou mesmo refacção das narrativas, a intensidade dos debates atestou a complexidade do tema, convidando aqueles dedicados aos estudos sobre a obra lobatiana a se manifestarem. Como comentou Marisa Lajolo – em manifestação pública por meio de um artigo intitulado “Quem paga a música escolhe a dança?”, de 2010 – vivenciar debates sobre a literatura e a formação dos leitores na escola equivalia a um reconhecimento público sobre o assunto, bem como da própria obra: “Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, está em pauta e é bom que esteja, pois é um livro maravilhoso”.

Acusações de racismo e debate

O debate, porém, nem sempre tem se dado em campos mais profícuos de ideias, conceitos e ideologias. Ao avocar os escritos lobatianos em artigo publicado na Folha de S. Paulo, em janeiro de 2021, Marcelo Coelho defendeu que “Pode ser chato saber disso, mas Monteiro Lobato era de um racismo delirante”, reeditando aspectos que há muito deveriam ter sido superados frente à qualidade dos debates em torno da obra lobatiana em curso já há mais de uma década, como a busca de “provas” descontextualizadas do pressuposto racismo de Lobato, não apenas em sua obra mas no interior de sua correspondência pessoal.

Felizmente, a réplica não tardou, pois outra pesquisadora de Lobato, Ana Lúcia Brandão, veio a público em defesa do escritor, no mesmo jornal e em data muito próxima, com o artigo “ ‘Racismo delirante’ é tratamento grotesco, Monteiro Lobato merece respeito”. Entre muitos apontamentos, lembra seus leitores de que “Levar ao pé da letra palavras ou frases de uma mensagem pessoal entre amigos, para classificar um deles como “racista” revela uma enorme incompreensão do que significa a crítica literária”.

De alma lavada, o leitor lobatiano pode seguir de braços dados com Lobato. Entretanto, não se trata de vencer uma discussão ou ganhar o pódio da verdade. Como obra literária, os escritos de Lobato comportam questionamentos, dúvidas, discordâncias. Em evento acadêmico recente, em que discutíamos a obra do escritor, chamou nossa atenção uma fala de um aluno de graduação, cujo apontamento sustentava-se por meio da ideia de que Monteiro Lobato não o representava como cidadão, sujeito, pessoa imbuída e reconhecida como portadora de direitos fundamentais.

Caçadas de Pedrinho, de 1939, uma das obras no centro do debate sobre racismo

É importante esclarecer que nenhuma das ponderações desse estudante pode ser considerada irrelevante para a discussão, assim como é possível compreender o tom de agressividade de suas primeiras manifestações, face ao momento em que se dá o eternamente adiado debate sobre o racismo no Brasil. Nem ainda poderíamos discordar de que não só de Lobato se formam leitores!

O que parece um “problema” ou algo a se lamentar, porém, é o fechamento do interlocutor a textos cujas ideias continuam a contribuir para a formação inequívoca de leitores críticos mais autônomos e audaciosos em suas incursões pelo mundo da literatura. A conversa que travamos com aquele aluno, portanto, não mirava uma desqualificação de seu discurso ou certo menosprezo da intelectualidade por um suposto modismo ideológico. Ao contrário do que se poderia supor, as questões às quais nosso interlocutor se apegava com pertinência e propriedade, são essas mesmas questões que convidam à leitura da obra lobatiana, reitere-se.

É neste ponto que encerramos nosso convite irrestrito à leitura da obra infantil de Lobato. As polêmicas atestam, tanto pelo conjunto de argumentos e exposições, quanto pela presença de seus livros nas mãos de crianças do século 21, a vitalidade de suas narrativas. Presença que deve ser lembrada, sobretudo, agora que a obra do autor se encontra em domínio público e surgem inúmeras edições em papel e digitais de seus textos. O reconhecimento da amplitude e da intensidade de muitos temas, assuntos ou fatos presentes em suas histórias permite a discussão também ampla, aberta e, por que não, profunda desses temas, dos mais aos menos polêmicos. Se há, portanto, uma posição a assumir, ela se configura na busca por preservar a leitura de obras marcadas pela criatividade, inventividade e criticidade.

Cancelar Lobato, portanto, é queimar um ramo literário em que aquela tríade – criatividade, inventividade e criticidade – constitui grande probabilidade de servir a consciências imbuídas de utopias ainda tão caras à sociedade de nosso tempo.

Thiago Alves Valente  fez doutorado em Literatura na Unesp e é professor de Literatura Brasileira do Centro de Letras, Comunicação e Artes (CLCA), Campus de Cornélio Procópio (CCP) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e coordenador do GT Leitura e Literatura Infantil e Juvenil da ANPOLL

Do Jornal da Unesp

Com Portal BRASIL CULTURA

Hoje é Dia de Santo Antônio

O Dia de Santo Antônio é comemorado anualmente em 13 de junho.

Santo Antônio de Lisboa, ou Santo Antônio de Pádua nasceu em Lisboa no dia 15 de agosto, provavelmente entre os anos de 1191 e 1195.

Este é considerado um dos santos mais populares entre os brasileiros e portugueses. No Brasil, Santo Antônio é conhecido por ser o “Santo Casamenteiro”, sendo que o Dia dos Namorados é comemorado no dia 12 de junho no Brasil por ser a véspera do Dia de Santo Antônio.

De acordo com a crendice popular brasileira, neste dia as pessoas que desejam casar ou conseguir um namorado preparam simpatias para Santo Antônio, acompanhadas de orações.

Saiba mais sobre o Dia dos Namorados.

O Dia de Santo Antônio faz parte das celebrações da Festa Junina, assim como o Dia de São João e Dia de São Pedro.

Origem do Dia de Santo Antônio

O Dia de Santo Antônio é comemorado a 13 de junho por ser a data de sua morte. Santo Antônio morreu em Pádua, na Itália, no dia 13 de junho do ano de 1231.

Santo Antônio foi inicialmente um frade agostiniano, tendo mais tarde entrado na ordem Franciscana (1220).

Foi muito conhecido pela sua vida despojada de riquezas, apesar de ter nascido em uma família afluente. O seu trabalho com os pobres foi essencial para que fosse rapidamente reconhecido como santo após sua morte.

A canonização de Santo Antônio aconteceu poucos anos após sua morte, e muitos consideram que terá sido uma das canonizações mais rápidas da história.

Oração de Santo Antônio

Existem muitas orações a Santo Antônio, a maior parte delas ligadas ao fato de Santo Antônio ser conhecido como o “Santo Casamenteiro”.

“Meu grande amigo Santo Antônio,

tu que és o protetor dos namorados,

olha para mim, para a minha vida,

para os meus anseios.

Defende-me dos perigos,

afasta de mim os fracassos,

as desilusões, os desencantos.

Faz que eu seja realista,

confiante, digna(a) e alegre.

Que eu encontre um(a) namorado(a)

que me agrade, seja trabalhador,

virtuoso e responsável.

Que eu saiba caminhar para o futuro

e para a vida a dois

com as disposições de quem recebeu de Deus

uma vocação sagrada e um dever social.

Que meu namoro seja feliz

e meu amor sem medidas.

Que todos os namorados

busquem a mútua compreensão,

a comunhão de vida

e o crescimento na fé.

Assim seja”.

Fonte: Portal BRASIL CULTURA