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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A democracia nas escolas do Maranhão -Por Fabiola Loguercio*

Na última semana as escolas públicas estaduais maranhenses, passaram pelo processo de consulta/eleição de gestores, pela segunda vez. Uma grande conquista histórica dos estudantes, professores, funcionários… Ora se a escola é nossa, nada mais justo que participemos dos processos de decisão sobre ela.
Esse processo democrático de participação se consolida como uma política de estado, de um governo que tem responsabilidade com a democracia e um olhar prioritário voltado para a educação, resultado disso é um poder decentralizado e nas mãos da comunidade escolar.
Recentemente, em 2015, foi a primeira vez na história do Maranhão em que ocorreu esse processo, e tem um significado simbólico para os maranhenses, mudando uma cultura e rompendo com um ciclo de indicações político-partidárias, no qual prevalecia o favoritismo como critério de escolha, sustentando poderosos que contribuíam na alienação e na continuidade de uma oligarquia durante 50 anos.
Uma escola livre, sem ditador só pode existir com gestões democráticas e participativas, que ultrapassem os muros da escola, ao mesmo tempo em que emancipa, dá aos gestores um poder garantido pela sua própria comunidade escolar que passa a participar das tomadas de decisão, se entendendo assim como parte ativa da escola. Construindo uma educação com mais igualdade, justiça social, democrática, participativa, libertadora e de qualidade!
Enquanto no Brasil, a cada dia temos perdido um pouco da nossa democracia, os maranhenses que viveram durante 50 anos, sem a presença do estado, ainda têm hoje um Maranhão que precisa de grandes transformações, mas que ao mesmo tempo, tem dado passos largos na construção de um lugar socialmente mais justo para seu povo.
*Fabiola Loguercio, diretora de comunicação da UBES e diretora de educação da UNALGBT

Apropriação cultural e o racismo nosso de cada dia! – Por Marcos Paulo Silva*

Aprofundar no debate sobre apropriação cultural é antes de tudo se colocar na disposição de contribuir para a superação da forma superficial e desonesta com que o tema vem sendo tratado por algumas pessoas recentemente. Apropriação cultural tem a ver com a indústria lucrando com a cultura preta enquanto pretas e pretos continuam morrendo vítimas do racismo, reforçando o que custamos a entender: “Aqui e em outras partes do ocidente a cultura negra é popular, mas as pessoas negras não”.
Tratar dessa questão exige um cuidado especial porque os debates que ganham notoriedade nas mídias e redes sociais partem da perspectiva de uma parcela historicamente privilegiada na lógica de dominação capitalista ocidental colonial/moderna, mestres em reduzir todo o debate à ideia de que não existe de fato um processo sistemático de apropriação cultural, seja porque “cultura não é propriedade”, seja porque “o meu dinheiro pode pagar”.
É verdade que o capitalismo se apropria e mercantiliza todas as culturas, mas isso não quer dizer que não exista apropriação cultural. Aliás, entendemos a apropriação cultural justamente como esse processo através do qual uma cultura dominante toma pra si elementos de uma “cultura dominada”, esvaziando-os de seu significado e sua construção histórica e substituindo-os pelos valores do capital.
“Apropriação cultural tem a ver com dominação, hegemonia cultural, poder, etnocentrismo e capitalismo.” Por trás do chamado multiculturalismo da sociedade moderna, há uma relação de disputa constante entre uma cultura hegemônica que dita padrões de comportamento, e outras culturas minoritárias que brigam para não serem eliminadas dessa relação. Se existissem nessas relações o mínimo de equidade, poderíamos falar em troca ou intercâmbio, mas o que há de verdade é a imposição sistêmica de um jeito branco de ser humano.
Dito isso, falar de apropriação cultural é mais do que falar de uma relação de “consumo no capitalismo tardio”, é antes de tudo descobrir que ao se apropriar dos elementos da cultura negra, por exemplo, classes dominantes não o fazem por desejar para si a cultura em questão, mas como resposta dialética aos movimentos de resistência à hegemonia cultural, ou seja, o capital só se apropria dos elementos da cultura negra porque há uma resistência dessa cultura , e só o faz como forma de retirar dela o seu significado e seu valor históricos, garantindo que a indústria cultural, seu aliado estratégico, determine o valor, o significado e um lugar de subalternidade desses elementos entre nós.
Vejamos o que afirma a blogueira Jô Camilo em seu texto “Apropriação cultural sob uma análise marxista”, de 2015:
“O RAP e o Funk continuam sendo vendidos majoritariamente para a juventude negra e periférica, e continuam sendo considerados “música de bandido” ou “música ruim”, mas agora têm suas letras controladas rigorosamente por um mercado cultural comandado por brancos. A capoeira continua sendo vista como “malandragem” e os dreads continuam sendo considerados “sujos”, mas agora não identificam mais a cultura negra, mas são “patrimônio de todos” em um lugar onde supostamente não existem diferenças raciais por conta da miscigenação. Mantêm-se os juízos negativos racistas, retira-se o caráter de resistência. Eis o verdadeiro sucesso da apropriação cultural dos símbolos negros.”
Portanto com tranquilidade dizemos que apropriação cultural existe, e não está no turbante da menina branca nem nos dreads do menino branco, mas no lugar que esses elementos ocupam na nossa sociedade e na forma como são vistos quando utilizados por pessoas brancas e pretas. É importante salientar que apropriação cultural é um mecanismo de manutenção do capitalismo e está diretamente relacionada à estrutura de dominação de raça e classe e é nesse plano de fundo da luta geral contra a dominação que precisamos compreender esse debate, não no sentido individual, mas como resultado do avanço do capitalismo e, consequentemente, do racismo sobre as culturas de todo o mundo. Dentro dessa perspectiva, a blogueira Jo Camilo lembra também que “é importante trabalhadores brancos se conscientizarem do que significam esses símbolos, de sua história e de sua força organizativa e política para nós, seus companheiros negros, e que essa consciência trazida pela nossa luta, e não a indústria capitalista, determine a forma como cada indivíduo se relaciona com tais símbolos.”
Ademais, sabemos que essa “moda de ser preto” tem revelado o embranquecimento dos símbolos da cultura e da resistência negra de tal forma que a vontade é “tombar tudo” mesmo, mas também não adianta tirar o turbante da cabeça do coleguinha branco sem compreender que na nossa sociedade pós-colonial ainda é o mercado (com toda a sua branquitude) que controla a produção e a circulação da cultura de acordo com a manutenção de seus interesses.
Para continuar o debate:
Djamila Ribeiro: Apropriação cultural é um problema do sistema, não de indivíduos (aqui)
Gabriel Nascimento: Apropriação Cultural, Folclorização Cultural E Oportunismo (aqui) 
Jo Camilo: Apropriação cultural sob uma análise marxista (aqui) 
Suzane Jardim: Má que diabos é apropriação cultural? (aqui)
* Marcos Paulo Silva​ é estudante ingressante na USP, coordenador da Frente Estadual de Jovens Negras e Negros da UJS-SP e do Coletivo Leci Brandão e atuou no Núcleo de Consciência Negra Teresa de Benguela, da PUC Campinas.

Clementina de Jesus


Biografia:  Sambista fluminense, dona de uma voz inconfundível, potente e ancestral, Clementina de Jesus foi a síntese do Brasil, expressão de um país de forte herança africana e de singular formação religiosa. Conhecida como Rainha Quelé, carregava consigo os banzos de seus ancestrais, transformados em cantos, encantos e segredos nos jongos, no partido-alto e nas curimbas que cantava. Diferentemente das conhecidas e famosas “divas do rádio” que brilharam na primeira metade do século XX, a cantora negra tinha um timbre de voz grave, mas com grande extensão e um repertório de músicas afro-brasileiras tradicionais.

Nascida na cidade de Valença (RJ), região do Vale do Paraíba, tradicional reduto de jongueiros, Clementina era filha da parteira Amélia de Jesus dos Santos e de Paulo Batista dos Santos, capoeira e violeiro da região. Uma de suas avós chamava-se Teresa Mina. A pequena Clementina viveu a infância na cidade natal, ouvindo sua mãe cantar enquanto lavava as roupas a beira do rio. Assim foi guardando na memória tesouros que mais tarde gravaria em discos. Aos sete anos veio com a família para a cidade do Rio de Janeiro, bairro de Oswaldo Cruz, onde mais tarde surgiria a tradicional Escola de Samba Portela. Lá frequentou em regime semi-interno o Orfanato Santo Antonio e “Cresceu assim num misticismo estranho: vendo a mãe rezar em jejê nagô e cantar num dialeto provavelmente iorubano, e ao mesmo tempo apegada a crença católica.” (Hermínio Bello de Carvalho).

Até os quinze anos, Clementina participou do grupo de Folia de Reis de seu João Cartolinha, renomado mestre da região. Foi João quem levou a moça para o Bloco As Moreninhas das 
Campinas, embrião da Escola de Samba Portela, onde ocorriam de rodas de samba e onde Clementina conheceu grandes bambas como Paulo da Portela, Claudionor e Ismael Silva. Nesse tempo, a voz de Clementina já chamava a atenção e ela foi convidada por Heitor dos Prazeres para ensaiar suas pastoras, o que fez durante muitos anos. Casou-se com Albino Pé Grande e foi morar no Morro da Mangueira, de onde não saiu mais. Ao longo destes anos Clementina trabalhou como lavadeira e empregada doméstica. Sua atividade de cantora ela exercia sem intenção de fazer-se profissional, cantava porque preciso era cantar, por prazer, por alegria. 

A carreira profissional de Clementina de Jesus como cantora começou aos 63 anos, depois que o produtor e compositor Herminio Bello de Carvalho a encontrou na festa da Penha em 1963, quando ela cantava na Taberna da Glória. Hermínio ficou fascinado pela sambista e quando a reencontrou, na inauguração do restaurante Zicartola, passou a ensaia-la em sua casa, preparando-a para o espetáculo Rosa de Ouro, show que a consagraria. Participavam do show, além de Clementina de Jesus e da cantora Aracy Côrtes, diversos sambistas das Escolas de Samba cariocas, entre os quais os ainda desconhecidos Paulinho da Viola e Elton Medeiros. A crítica foi unânime em exaltar Clementina e seu desempenho, tanto no show quanto nos dois LPs gravados ao vivo, as primeiras gravações da cantora. Nos anos seguintes Clementina participou dos discos Mudando de conversa, Fala Mangueira! e Gente da antiga, este último um disco antológico da música brasileira, ao lado de João da Baiana e Pixinguinha. No continente africano, participou do encontro das artes negras de Dakar em 1966, ao lado de outros bambas como Martinho da Vila e artistas como Rubem Valentin. Clementina foi o maior sucesso do festival e grande destaque. Ao final do show da cantora as pessoas invadiam o palco para abraçá-la, contou Sérgio Cabral. Também no mesmo ano ela representou a música brasileira no festival de cinema de Cannes, na França.

Naquele mesmo ano de 1966, Clementina gravou seu primeiro disco solo, intitulado Clementina de Jesus, com repertório de jongo, curima, sambas e partido-alto. A capacidade
de Clementina de transmitir poderosa emoção através do canto chamou a atenção dos críticos, que, de novo, renderam-se aos encantos de sua voz. Também Milton Nascimento, fascinado pelo banzo de Clementina, convidou a cantora para participar de seu disco chamado Milagre dos Peixes gravando a excepcional faixa Escravos de Jó.

Ao todo a cantora gravou 13 LPs entre álbuns solos e participações em álbuns coletivos, com destaque para o disco O Canto dos Escravos, composto de vissungos de escravos da região de Diamantina, recolhidos por Aires da Mata Machado. Unanimidade entre a crítica, Clementina foi louvada como elo entre África e Brasil, tendo sido reverenciada por grandes nomes da música brasileira, como Elis Regina, João Nogueira, Clara Nunes, Caetano Veloso, Maria Bethânia e João Bosco. Todos a tratavam com muito carinho, inclusive alguns a chamavam carinhosamente de mãe Clementina. O sambista Candeia compôs um samba em homenagem à Rainha Quelé chamado “Partido Clementina de Jesus”, que a cantora gravou ao lado de Clara Nunes em 1977 no LP “As Forças da Natureza”.


"Em 1983 houve uma grande homenagem à cantora no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com participação de grandes sambistas como Paulinho da Viola, Beth Carvalho e João Nogueira. Clementina faleceu vítima de derrame em Inhaúma, Rio de Janeiro, no ano de 1987, aos oitenta e seis anos".

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
fonte:https://pt.wikipedia.org/cultura.estadao.com.br/www.museuafrobrasil.org.br

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Executiva dá pontapé inicial para 65º CONEG da UNE de 17 a 19 de março, em SP

Estudantes se reuniram para debater a conjuntura política e calendário de lutas
A Executiva Nacional da União Nacional dos Estudantes se reuniu nesta terça-feira (07/02) na sede das entidades estudantis em São Paulo para dar seguimento ao calendário do movimento estudantil e dar pontapé inicial para 65º Conselho Nacional de Entidades de Base.
Aprovado para ser realizado de 17 a 19 de março, em São Paulo, o encontro da base do movimento estudantil é um importante processo de democracia que constrói a UNE. O fórum reúne representantes de Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs), Uniões Estaduais dos Estudantes (UEEs), federações e executivas de cursos de todo o Brasil.
A UNE aprovou uma convocatória em que comenta os retrocessos que se aprofundam de forma acelerada no Brasil “as políticas sociais estão agonizando e os direitos do povo estão cada dia mais sendo rifados”, diz trecho. .

Os estudantes também planejaram um calendário de lutas para o próximo período: 08 de Março: Dia Internacional das Mulheres; 15 de Março: Dia Nacional de Greve na Educação e 28 de Março: Dia Nacional de Luta estudantis em memória a Edson Luís.
Foram aprovadas ainda duas moções uma em Solidariedade ao Mandato Integral do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) e outra em defesa dos espaços estudantis e das creches na USP.

ANÁLISE DE CONJUNTURA

Unidade genuína, e foco em um plano de país que dê prioridade às mudanças estruturais. Este foi o tom da fala que se repetiu durante a reunião.
“ Aquele projeto de avanços nos direitos, mas sem dizer que é fruto das lutas sociais não conscientiza a população e de 10 em 10 anos vamos vivendo um novo golpe porque a população ainda não está empoderada ao nosso lado. Portanto a nossa unidade precisa ser ampla e acho que o movimento estudantil é muito privilegiado para construir essa unidade”, afirmou a presidenta da UNE, Carina Vitral.
E continuou: “é nossa a responsabilidade de levar essa unidade e contagiar os estudantes nessa unidade para derrotar o governo Temer, porque tenho certeza que tem uma coisa geracional, nós somos filhos e filhas da mudança do país, nós acreditamos que lutar vale a pena e tenho certeza que somos mais capazes de ir para a rua de forma unitária e construir um novo Brasil”.
O debate para refletir sobre os desafios atuais trouxe ainda o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) João Paulo que destacou a ocupação nas redes pela esquerda no último período como um instrumento de peso para equilibrar o ‘jogo’. Ele afirmou também a necessidade de trazer a classe trabalhadora para luta e defendeu um salto de qualidade na proposta do que queremos. “Avançar nas diretas e no que mais?”, questionou.
Já Bruno Magalhães do movimento de moradia, Nós da Sul, falou em não relativizar a corrupção. E também defendeu a unidade. “ Agora temos que olhar para o futuro, para fazer unidade precisamos de uma política para trazer os trabalhadores, esses que ganharam muito com o governo Lula e Dilma e perderam muito também”. Ele defendeu ainda fortalecer os movimentos sociais de forma independente. “ Temos que pensar que o avanço do conservadorismo na sociedade, é fruto de uma lacuna que foi colocada. Temos que pensar na nossa organização através das lutas intransigentes como a reforma da previdência”.
O presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Adilson Araújo, falou sobre não reproduzir os mesmos erros do passado e lutar pelas reformas de base.
“ Ao não atribuir centralidade as reformas estruturantes nós nos negligenciamos”.

E afirmou: “O que antecede o debate de quem será o candidato da esquerda em 2018 é qual é o projeto? Precisamos dar centralidade ao debate político acerca do projeto”.
Fonte: UNE

Estudante de baixa renda será maior vítima dos cortes no Fies

O governo Temer segue cortando as mínimas garantias sociais do povo. Nesta segunda-feira (5) o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), anunciou uma redução de 29% nos investimentos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). A medida, válida para os novos contratos criados a partir desse mês, diminuiu o limite de financiamento por curso de R$ 42 mil para R$ 30 mil a cada semestre.
A justificativa do governo para o “ajuste”, semelhante ao argumento usado na reforma da Previdência, é de que os cortes são necessários agora para evitar um descontrole das contas futuras, cortando benefícios, claro, da parcela que mais necessita de políticas sociais. “O programa do jeito que está hoje tem um risco fiscal muito grande. Se o governo não consertar agora vai correr risco do programa ser descontinuado”, declarou o secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida.
O secretário ainda criticou o aumento de bolsas do Fies ofertado durante os governos Lula e Dilma. “Crédito educativo é bom, o problema é que o programa foi mal desenhado”, disse Mansueto.
Para a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, quem mais precisa do programa será a maior vítima. “A ação é mais um ataque do governo Temer aos direitos dos estudantes, por isso estamos organizando diversos atos em defesa dos bolsistas do Fies. O impacto maior será na vida dos mais pobres, sem o financiamento não há possibilidade desse jovem acessar o ensino superior”, alerta.
Carina denuncia que os grandes grupos educacionais lucram com a nova política adotada no MEC. “Os tubarões de ensino [como são chamados os empresários pelo movimento estudantil] já lucraram muito com o Fies e agora mais ainda com programas de parcelamento estudantil privados”, avalia.
Os novos programas de parcelamento estudantil, citados por Carina, foram criados pelos mesmos donos dos grandes grupos educacionais, que custeiam, a título de empréstimo, a mensalidade dos estudantes durante sua vida acadêmica. Sem a regulamentação do setor, os juros e o método de cobrança ficam a critério do contrato estabelecido pelo empresário, gerando jovens recém-formados endividados e reféns do mercado.
Regulado e esvaziado pelo o atual governo, o Fies ainda mantém as garantias mínimas a esses estudantes, como a menor taxa efetiva de juros, de 3,4% ao ano, para todos os cursos, e uma carência de 18 meses para começar a pagar o saldo devedor em até quatro anos.
O global Luciano Hulk é garoto propaganda do financimento privado PEP: Com slogan atraente,  mas cheio de armadilhas no contrato
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O global Luciano Hulk é garoto propaganda do financimento privado PEP: Com slogan atraente,mas cheio de armadilhas no contrato
A UNE realizará em março uma grande Jornada Nacional de Lutas em defesa dos estudantes e contra as medidas adotadas pelo governo Temer.
Por Laís Gouveia, no Portal Vermelho 

NÓS, OS DIFERENTES

As vezes cansa viver em meio a um ciclo vicioso repleto de futilidades, movido por aparências e sustentado pela repetição acrítica de determinadas atitudes.
Com o tempo, você começa a perceber que a maioria das pessoas não enchem a cara porque curtem uma ressaca ou porque gostam de imaginar como conseguiram chegar em casa na noite passada, mas só para serem aceitas socialmente, para aparecer na selfie feita com a galera numa mesa de bar e posteriormente se gabar por ter bebido todas.
Você percebe que a maioria possui o mesmo estilo. As roupas só variam em relação as cores, os sapatos só mudam de tamanho e os cortes de cabelo não possuem diferença alguma. A marca da roupa fala mais alto que o poder aquisitivo e mais vale comprar uma peça de uma empresa mundialmente conhecida e ficar com a carteira vazia pelo resto do mês, do que duas de marca intermediária, mas que cabem no orçamento, cumprem a mesma função e vestem tão bem quanto.
Você percebe que a maioria escuta as mesmas músicas. Sim, aquelas que possuem letras que falam demais e não dizem nada, que são reproduzidas com um solo manjado e um refrão chiclete, que é responsável por fazer a canção ser tocada nos quatro cantos do país por no máximo um mês e depois cair no profundo esquecimento. Em suma, produções comerciais, não artísticas.
Você percebe que a maioria possui um vazio enorme. São raros os casos em que há o verdadeiro amor numa relação, e o pior é que ambos os envolvidos sabem disso, mas recusam-se a querer ver o que está explícito não só aos olhos, mas também ao coração. Pelo medo da solidão, pelo status de estar em um namoro e pela carência, as pessoas mergulham de cabeça em relacionamentos rasos, e estabelecem vínculos afetivos com pessoas que não tem nada a acrescentar-lhes em nenhum sentido.
Você percebe que a maioria se preocupa em demonstrar o que não é. Basta entrar em qualquer rede social: Todos os usuários enchem seus perfis com fotos felizes, em locais atraentes e com legendas que exprimem uma alegria constante. Parece até que não possuem problemas, dificuldades, anseios e medos. Cada um tenta passar a ideia de que tem o melhor emprego do mundo, que possui o(a) parceiro(a) ideal, que reside na casa dos sonhos e que vive numa realidade perfeita.
E em meio de toda essa padronização, estamos nós, os diferentes. As pessoas que não vêem muita lógica ou necessidade nas atitudes acima citadas. Parece que enxergamos o mundo por outro ponto de vista ou que vivemos num estilo de vida à parte. Optamos por viver os momentos ao invés de registrá-los através das câmeras, priorizamos um elogio verdadeiro dito face a face, em detrimento de comentários frios e automatizados numa foto postada na rede social; nos preocupamos em ser, não em ter; queremos um amor que dure a vida toda, e não apenas um verão.
É como se a vida fosse uma grande máquina, na qual as pessoas são equiparadas a peças. Dessa forma, cada peça possui uma função diferente, mas de suma importância para o correto funcionamento de todo o sistema. O problema é que você não consegue se encaixar em local algum. Talvez por possuir a uma remessa diferente, por ser de uma versão mais nova ou mais velha, quem sabe.
É verdade que muitos não nos compreendem, mas isso é apenas consequência, afinal, são repetidores: Vivem em função do que a maioria faz, veste, compra, escuta ou tem. Queremos histórias para contar e não bens para empilhar, queremos ouvir poesias e reflexões e não qualquer barulho que é convenientemente chamado de música, queremos encontrar outros diferentes para que só assim, possamos nos sentir iguais.
Enquanto isso não acontece, os dias avançam, tudo se mantém inalterável e ansiamos ainda mais pela busca de nosso destino, já que parecemos viver numa realidade que não é de fato nossa. Resta dar tempo ao tempo, e esperar que o mesmo nos coloque gradativamente no nosso devido lugar. Como diria Benjamin Franklin: "Aquele que tiver paciência terá o que deseja."
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MATHEUS DANTAS

Pernambucano, acadêmico de jornalismo, blogueiro e eterno aprendiz na complexa escola da vida.
Saiba como escrever na obvious.

As cotas raciais vistas por um universitário negro: James Meredith

James Howard Meredith (Kosciusko, 25 de junho de 1933) é uma figura emblemática do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos na década de 60.
De ascendência afro-americana, Meredith alistou-se na Força Aérea dos Estados Unidos logo após terminar o curso colegial e serviu entre 1951 e 1960. Após a carreira militar, se inscreveu por duas vezes para cursar a Universidade do Mississippi mas teve seu pedido negado em ambas, devido à política racial segregacionista vigente nos estados sulistas, notadamente no Mississipi.

Em 1 de outubro de 1962, ele tornou-se o primeiro estudante negro da Universidade do Mississipi, após ter seu ingresso barrado em 20 de setembro pelo governador do estado e pela Guarda Nacional, desafiando a ordem da justiça federal, que garantia seu ingresso na universidade.

O desafio do governo estadual do Mississipi à justiça federal, causou a ocupação da universidade por agentes federais enviados por Washington para garantir o ingresso de Meredith e zelar por sua segurança física no campus. A medida acabou causando uma verdadeira batalha campal entre estudantes e populares brancos contra os agentes de escolta de Meredith, que apoiados por diretos civis,estudantes,policiais,soldados e agentes
federais feridos, muitos deles a bala...
Este fato foi um dos mais emblemáticos e cruciais momentos da história da luta dos negros americanos por direitos civis iguais ao da população branca, movimento este que durou mais de uma década no país.
Graduado em Direito, Meredith terminou seus estudos na Universidade de Columbia e na Universidade de Ibadan, na Nigéria.

Negros no Brasil...
O sistema de cotas raciais nas universidades públicas brasileiras, implantado como políticas afirmativas para diminuir as diferenças sociais existentes entre brancos e negros, causadas pelo sistema escravagista dos séculos XVIII e XIX, foi adotado como política social de desenvolvimento, porém sua efetivação contraria os preceitos constitucionais. Este modelo de afirmação foi historicamente mal sucedido nos Estados que o adotaram e sua aplicação no Brasil poderá gerar diversos tipos de discriminações, assim como beneficiar uns em prejuízo de outros, utilizando critérios absolutamente injustos e inconstitucionais.

"Porque a abolição não significou a libertação dos negros de todos os preconceitos. O negro continuou marginalizado, sendo negado a ele acesso aos melhores postos de 
trabalho, sendo vítima do preconceito velado que a sociedade reserva aos afrodescendentes – que, até hoje, possuem indicadores sociais inferiores aos brancos".

O raciocínio pró-cotas é o seguinte. Dada essa injustiça histórica, nada mais válido e justo do que haver uma reparação de tal situação, pois existe uma dívida com o negro desde a escravidão, e uma necessidade urgente de que ela seja paga. O Estado deve ser o responsável para que se solucione estas distorções, e por isso a aplicação do sistema de cotas não é só justa, mas inevitável. Só pessoas racistas, preconceituosas e torpes não veriam justiça nas cotas. Como não dar razão ao ministro do STF, Joaquim Barbosa, quando ele diz que “basta ver o caráter marginal daqueles que se opõem ferozmente a essas políticas”?

Os movimentos pelas ações afirmativas, de maneira incisiva, repetem esses argumentos constantemente e em diversos fóruns, nas universidades, na mídia, etc., e quem discorda é tido como “racista”, contra a inclusão e a favor da opressão, como deixa transparecer uma reportagem da revista Carta Capital chamada “Reações às cotas subestimam o racismo”.

Voltando: Hoje vivendo em Jackson como proprietário de um pequeno negócio de carros usados, ele se define como um simples cidadão que exigiu e recebeu os direitos devidos a qualquer norte-americano, não como um ex-ativista dos direitos civis.

Numa entrevista à rede CNN, por ocasião das comemorações do 40º aniversário do fim da segregação na Universidade do Mississipi, ele afirmou: “Naquela época eu estava envolvido numa guerra. Me considerava numa guerra desde o Dia 1 na universidade. E meu objetivo era colocar o governo federal – o governo John Kennedy, na época – numa posição em que eles teriam que usar a força militar dos Estados Unidos para garantir meus
direitos como cidadão americano”.
James Meredith nunca teve boas relações com a organização dos movimentos civis. Declarou certa vez que “nada poderia ser mais insultuoso que a concepção de direitos civis para os afro-americanos. Isso significa uma perpétua condição de cidadão de segunda-classe para mim e para minha raça”.

Se liga: Origem - O sistema de cotas raciais surgiu nos Estados Unidos da América, no ano de 1961, sob a presidência de John Kennedy, como uma forma de ação afirmativa voltada para combater os danos causados pelas leis segregacionistas que vigoraram entre os anos de 1896 e 1954, as quais impediam que os negros frequentassem a mesma escola que os brancos americanos.

Apenas no final dos anos 70, a Suprema Corte Americana declarou inconstitucionais as cotas para negros e outras minorias. O Juiz Anthony Kennedy em seu voto sobre as ações afirmativas declarou: "Preferências raciais, quando corroboradas pelo Estado, podem ser a mais segregacionista das políticas, com o potencial de destruir a confiança na constituição e na idéia de igualdade"

Gente oferecer proteção jurídica especial às parcelas da sociedade que costumam, ao longo da história, figurar em situação de desvantagem, a exemplo dos trabalhadores, consumidores, população de baixa renda, menores e mulheres, dentre outros, não é considerada atentatória a igualdade, na jurisprudência americana, porém o critério raça é visto de forma cautelosa por àquela corte.

UERJ- A primeira universidade do país a adotar cotas...
Em 2003, o Brasil dava o primeiro passo em direção à democratização do acesso ao ensino universitário. No que tange à reserva de vagas, a instituição pioneira no 
estabelecimento de políticas afirmativas foi a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Segundo definição do Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (Gemaa), do Instituto de Estudo Sociais e Políticos da UERJ, ações afirmativas são políticas que destinam recursos para beneficiar pessoas de grupos discriminados e vitimados pela exclusão socioeconômica no passado, ou no presente. Essas ações incluem medidas que têm por objetivo combater discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero, ou de casta, aumentando, assim, a participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, redes de proteção social, ou no reconhecimento cultural.

No vestibular da UERJ, a reserva de vagas ficou conhecida como “cota” e, em função de um projeto de lei estadual, foi implementada no processo seletivo de 2003. Esta decisão fez com que 45% do total de vagas da UERJ fossem destinadas da seguinte forma: 20 % para candidatos da rede pública; 20% para negros, ou indígenas; e 5 % para candidatos com deficiência, ou filhos de policiais, bombeiros e inspetores de segurança em penitenciárias mortos, ou incapacitados, em função do exercício de suas atividades.A todos os cotistas da UERJ, é preciso comprovar carência financeira, sendo que a renda mensal de cada membro de sua família, descrita no Formulário de Informações Socioeconômicas, não pode
ultrapassar R$ 960,00. A análise da documentação comprobatória da carência socioeconômica e da opção de cota é realizada por comissões técnicas, respectivamente denominadas Comissão de Análise Socioeconômica e Comissão de Análise de Opção de Cota, sendo esta última subdividida por grupos de cota. A Comissão de Análise Socioeconômica confronta a documentação encaminhada com as informações prestadas no Formulário de Informações Socioeconômicas, podendo utilizar, também, outros instrumentos técnicos, com o objetivo de confirmar a veracidade da condição de carência socioeconômica do candidato.

Programa de apoio aos cotistas.
Com o intuito de fazer com que os cotistas que ingressam na UERJ tenham o melhor aproveitamento possível durante sua trajetória acadêmica, a universidade criou, em 2004, o Programa de Iniciação Acadêmica (Proiniciar). A iniciativa vai ao encontro da filosofia da instituição de que não basta o aluno entrar na universidade, é preciso absorver aquilo que ela oferece e conseguir realizar o curso até o final. O Proiniciar é um programa de apoio ao estudante que tem como maior ferramenta a Bolsa Permanência, paga ao aluno ingresso pelas cotas e que possa comprovar a situação de carência financeira durante todo o curso universitário.

A Bolsa Permanência é de R$ 400, o mesmo valor das demais modalidades de bolsas internas da UERJ, e foi criada para auxiliar o aluno no que diz respeito ao seu transporte e alimentação, que pode ser feita no próprio refeitório da universidade, segundo explica a sub-reitora de Graduação da UERJ Lená Medeiros. “A UERJ sempre partiu do princípio de
que não adiantava apenas que o aluno tivesse a possibilidade de ingressar pelas cotas, e sim que ele permanecesse e superasse as limitações, fazendo o curso como os demais”

Complementando o apoio financeiro, o Proniciar também dá suporte acadêmico, com cursos complementares, abrangendo aulas de reforço escolar de Português, Matemática e Língua Estrangeira, e as chamadas atividades instrumentais, cujo objetivo é o desenvolvimento de conceitos e conteúdos necessários ao bom aproveitamento acadêmico, incluindo oficinas de elaboração de texto, por exemplo. Além disso, conforme ressalta a sub-reitora, há oficinas culturais que visam complementar a formação do aluno, ampliando o seu conhecimento sobre a diversidade cultural da universidade, apresentando atividades criativas e democratizando os espaços e os saberes. “Atualmente, o Proiniciar oferece 43 oficinas, sendo que, das culturais, temos cursos de dança, artes plásticas e música, entre outras”, lista Lená.

Finalizando: Brasil, um país miscigenado, esse argumento deve ser relativizado. Obviamente, o preconceito e a discriminação existem por aqui; sabemos que, em certas ocasiões, postos de trabalho e lugares dentro da sociedade são negados a um sujeito
devido à cor de sua pele. Mas esse fato não torna o Brasil um país racista em sua essência, pois aqui as etnias convivem de maneira razoavelmente próxima, com poucos conflitos de cunho racial, graças à miscigenação que constituiu o povo brasileiro desde a época colonial, o que não ocorre nos EUA (aliás, de onde a ideia das cotas foi copiada), onde cada etnia tem seu lugar, um branco é branco, um negro é negro, sem apelação, e cada um deve se adequar à cultura particular de seus grupos étnicos, formando guetos. As cotas instituem esse tipo de situação no Brasil, fazendo com que um país que não possui marcado em sua cultura esse racialismo radical, passe a desenvolvê-lo, na contramão do que a ciência tem desvendado, estimulando conflitos étnicos em vez de dirimi-los. E nos resta uma pergunta: quem define quem é negro e quem é branco? Quem arbitra? O Estado? Em breve voltarei a essa questão do arbítrio do Estado.

Outro argumento usado é que as cotas servem para a reparação histórica de um passado de escravidão e opressão vivido pelos negros. Só que há uma questão importante a ser lembrada: a escravidão acabou há 124 anos, e os atuais brancos dificilmente eram senhores de engenho, e muito provavelmente jamais tiveram escravos na vida. Por que teriam que pagar por uma situação ocorrida há mais de um século antes de nascerem? E os descendentes dos italianos que vieram para cá imigrados para trabalhar na lavoura, e dificilmente tiveram escravos? Terão que pagar também? E os descendentes dos alemães que vieram para o Sul e também não tiveram escravos em sua esmagadora maioria, terão que pagar? E os descendentes dos japoneses que chegaram aqui no começo do século XX e foram vítimas de um preconceito quase tão intenso quanto os negros, e, sem incentivo de ninguém, apenas com a própria força, através de educação e disciplina, conseguiram ascender socialmente, terão que pagar? Não faz sentido algum esse senso de justiça
retroativa, punindo os homens do presente por atitudes dos homens do passado. Embora se possa argumentar com razão que os atos das gerações anteriores influíram diretamente nos destinos humanos, não é a política de cotas que consertará os reflexos negativos do passado no presente. Não se conserta discriminação com mais discriminação — o que são as cotas em ultima instância –, não se combate privilégio concedendo mais privilégios a determinados grupos, mesmo com argumentos suspeitos de “reparação histórica”.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/www.brasil.gov.br/noticias.universia.com.br.