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domingo, 1 de abril de 2018

Sem mulheres diversas no poder não há democracia

Arena repleta na tarde de sábado na Faculdade de Engenharia da UFJF 
Fotos: Isadora Mendes e Juliana Mastrascusa/ Cuca da UNE
Principal debate do 8º EME debateu desafios para uma política feminina e feminista em tempos de retrocessos
O principal debate do 8º EME da UNE aconteceu nesta tarde de sábado (31) na UFJF em uma roda viva que reuniu gerações de feministas e falou sobre a resistência feminista frente ao golpe e ao avanço neoliberal conservador.
A pré-candidata a presidência da República, deputada estadual licenciada e ex- diretora da UNE Manuela D’ávila (PCdoB) foi categórica em afirmar que não existirá desenvolvimento nacional se as mulheres não forem protagonistas da construção dele.
Para mim gênero não é uma pauta identitária. Para mim debater mulher é debater o desenvolvimento do Brasil. Como vamos debater indústria se a cada mil brasileiros que entram na graduação só um é uma mulher numa área de tecnologia dura, nas engenharias, na informática. Como é que vai desenvolver a indústria se 52% do povo somos nós mulheres dentro daquilo que há necessidade para que sejamos uma nação desenvolvida?”, questionou.
Manuela D’avila pré-candidata a presidência da República pelo PCdoB

Ela defendeu que é necessário estar ciente que as desigualdades que existem entre negros e brancos, entre mulheres e homens e a força de opressão a população LGBT com o um todo, são centrais para estruturar a desigualdade econômica que são a base da desigualdade brasileira.
O grande grito que nós temos a obrigação dar é que queremos construir um caminho que seja radicalmente democrático e não existe democracia enquanto nós somos invisibilizadas. Não existe democracia enquanto a única candidata mulher de esquerda sou eu, se fomos sobretudo nós mulheres de esquerda que resistimos ao golpe e ao desmonte de Estado isso para mim diz muito. Porque isso demostra que na hora H a democracia não nos envolve diretamente”, reforçou.

REVOLUÇÃO FEMINISTA E PRETA

A vereadora de Niterói, Talíria Petrone (PSOL) afirmou que revolução precisa ser feminista, mas precisa ser preta também e que isso é fundamental.
Que representatividade queremos quando falamos em mulheres no poder? Queremos ocupar o poder para quê? É para subverter, é para romper. É para imprimir um programa de feminismo radical, isso é necessário. A conjuntura está assustadora. O Brasil amarga índices de ser o país que mais assassina transexuais no mundo, o Brasil mata 30 mil jovens por ano e a cada 100 jovens, 71 são negros, isso é real e temos que encerrar agora esse genocídio do povo negro. São filhos de mulheres negras como muitas de nós, isso precisa acabar”.
Vereadora Talíria Petrone (Psol-Niterói)

Talíria defendeu também que é preciso 
regulamentar o modelo de segurança pública, legalizar e regulamentar as drogas defender o povo preto. “Isso significa analisar a conjuntura de golpe, mas sem esquecer a realidade brasileira e sem colocar a questão racial como penduricalho como na esquerda. E eu falo nós porque temos que dar a cara ao feminismo que queremos construir”.
companheira de partido da vereadora carioca assassinada ressaltou também que o assassinato da Marielle foi um ataque ao resto de democracia que existia no Brasil, uma democracia que nunca se consolidou para o povo que vive na favela, uma democracia que nunca existiu mesmo nos anos anteriores, como na Maré, por exemplo, ocupada pelo Exército há muito tempo.

CONSERVADORISMO

A deputada federal, Margarida Salomão (PT-MG) denunciou a aliança entre os ultraliberais e os conservadores atual.
Foi aprovado recentemente a Base Nacional Curricular Comum que reintroduz o ensino religioso e elimina a possibilidade de ter nos currículos escolares a discussão de gênero. Ao mesmo tempo se abriu campo para que conteúdos curriculares sejam vendidos para empresas privadas que virão, por exemplo, a dar aula de inglês na escola pública. Essa aliança espúria agride as mulheres e todas as pessoas que tem uma visão de família como a Marielle que era casada com outra mulher”, destacou.
Margarida também destacou a grande ofensiva neoliberal no mundo todo que ao desmontar o Estado de bem estar social – extinguindo políticas de proteção social- exige que as mulheres voltem para a casa para cuidar dos filhos de dos velhos.
Deputada Federal Margarida Salomão (PT-MG)

Fonte: UNE

O que é Páscoa


Páscoa é uma importante celebração da igreja cristã em homenagem a ressurreição de Jesus Cristo.
De acordo com o calendário cristão, a Páscoa consiste no encerramento da chamada Semana Santa. As comemorações referentes à Páscoa começam na “Sexta Feira Santa”, onde é celebrada a crucificação de Jesus, terminando no “Domingo de Páscoa”, que celebra a sua ressurreição e o primeiro aparecimento aos seus discípulos.
A Semana Santa é a última semana da Quaresma, período em que os fiéis cristãos devem permanecer por 40 dias em constante jejum e penitências.
O dia da Páscoa foi estabelecido por decreto do Primeiro Concílio de Niceia (ano de 325 d.C), devendo ser celebrado sempre ao domingo após a primeira lua cheia do equinócio da primavera (no Hemisfério Norte) e outono (no Hemisfério Sul).
A Páscoa é classificada como uma festa móvel, assim como todas as demais festividades que estão relacionadas a esta data, como o Carnaval, por exemplo.
A comemoração da Páscoa, no entanto, costuma ser entre os dias 22 de março a 25 de abril.
A Páscoa é comemorada em vários países, principalmente aqueles com fortes influências do cristianismo. Os espanhóis chamam a data de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.
Etimologicamente, o termo Páscoa se originou a partir do latim Pascha, que por sua vez, deriva do hebraico Pessach Pesach, que significa “a passagem”.

Páscoa judaica

Para os judeus, a Páscoa (Pessach ou Pesach) é uma antiga festa realizada para celebrar a libertação do povo hebreu do cativeiro no Egito, aproximadamente em 1280 a.C.
As festividades começavam na tarde do dia 14 do mês lunar de Nisan. Era servida uma refeição semelhante a que os hebreus fizeram ao sair apressadamente do Egito (o Sêder de Pessach).

Símbolos da Páscoa

A Páscoa é recheada de símbolos representativos, assim como quase todas as celebrações religiosas. A maioria destes símbolos, no entanto, foram sincretizados pela igreja a partir de costumes e rituais pagãos ou de outras religiões.
coelho da Páscoa, por exemplo, se tornou um dos principais símbolos desta festividade em referência as comemorações feitas pelos povos antigos durante o começo da primavera. Acreditava-se que o coelho era a representatividade da fertilidade e do ressurgimento da vida.
O ovo também é um símbolo da Páscoa, pois representa o começo da vida. Vários povos costumavam presentear os amigos com ovos, desejando-lhes a passagem para uma vida feliz. A partir deste costume, surgiram os primeiros Ovos de Páscoa.
Brasil Cuktura

Soldados do Araguaia contam sobre traumas e marginalização em filme


Militares de baixa patente denunciam horrores causados pelo Exército durante e depois da guerrilha: além de terem sido humilhados e torturados, hoje são ignorados pela corporação.
Por Xandra Stefanel
“Minha cabeça estourou três vezes com bomba. Saiu sangue do nariz, saiu sangue da boca, do ouvido, me deu mancha de sangue nos olhos (…) Enchiam a boca de açúcar com água, a gente amarrado nos pés e mãos e eles chegavam e jogavam aquele açúcar no corpo da gente pelado. Dali a pouco, era tanto marimbondo, tanta mosca, tanto mosquito, tanta formiga roendo… Você gritava, chorava e tudo, mas, como, amarrado nos pés e mãos? Perna aberta, braço aberto e aqueles bichos mordendo a gente de todo jeito…”
Em um filme que trata sobre o período da ditadura brasileira, este relato pode ser confundido como o de um civil capturado e torturado pelo regime. Mas não. A declaração é de alguém que fez parte da máquina repressora e dela também foi vítima. Episódios como este vivido pelo soldado Guido, enviado para uma missão no sul do Pará pelo Exército Brasileiro no começo da década de 1970, fazem parte do documentário Soldados do Araguaia, de Belisario Franca, que estreou nos cinemas na quinta-feira (22).
O longa-metragem de pouco mais de uma hora é uma viagem pelas profundezas do terrorismo de Estado perpetrado contra civis e militares no Pará entre 1972 e 1975. Com roteiro de Franca e Ismael Machado, o filme conta a história de soldados de baixa patente enviados para o interior da selva amazônica com a missão de exterminar a guerrilha do Araguaia, de resistência à ditadura.
As Forças Armadas recrutaram 60 jovens da região sem informá-los nada sobre a missão que seriam obrigados a cumprir e, segundo os oito depoentes do documentário, o que eles viveram foi pior do que o inferno. Quarenta anos depois do fim da guerra, eles descrevem pela primeira vez a sua versão dos fatos em frente às câmeras e o resultado é extremamente desconcertante mas, acima de tudo, poderoso e esclarecedor.

“A gente ficou vendo fantasma”

O clima tenso começa já nos primeiros minutos do filme, com sons de floresta, passos, insetos e a aproximação de um helicóptero. O que vem em seguida faz o estômago revirar. Jovens, em sua maioria campesinos, os soldados foram mandados para a guerrilha com apenas duas semanas de um treinamento que incluía tortura. “Aquilo tudo que eles (o Exército) faziam era pra nós não sofrermos dor, pena da pessoa que está apanhando. Então, eles faziam aquilo na gente que era pra saber, quando chegasse lá, a aplicar tortura também”, declara o soldado Fonseca.

Todos os episódios de tortura e humilhação vividos por esses militares de baixa patente começaram a vir à tona quando alguns soldados decidiram procurar ajuda no projeto Clínica do Testemunho, criado em 2012 pelo Ministério da Justiça com o objetivo de reparar os danos psicológicos causados à vítimas da violência causada pelo Estado.
“’Como assim militares se inscrevendo? Do que se trata?’ A gente não conhecia essa história, a gente não conhecia o que eles tinham sofrido dentro das Forças Armadas. Houve também nossas desconfianças e resistências enquanto equipe. O senso comum, digamos assim, e também os relatos tão duros com os quais a gente trabalha há tanto tempo falam do militar nesse lugar de torturador, de repressor. ‘O que que esses militares estão querendo? Expurgar algum tipo de culpa? O que está fazendo eles buscarem [ajuda]?’ Então, a gente decidiu ouvir”, afirma Cristiane Cardoso, psicóloga clínica-institucional do projeto.
Segundo a equipe da Clínica do Testemunho, as consequências psicológicas dos traumas vividos por esses soldados são enormes e continuam presentes no dia a dia dessas pessoas. Medo constante, crises de pânico, psicose, alcoolismo, pensamentos suicidas são algumas das manifestações de estresse pós-traumático apresentadas nas sessões.
“’Pega esse saco aqui!’ Você pegava como se fosse um saco de côco da praia. Você pegava e estava escorrendo sangue, era cabeça de gente, cabeça de mulher, cabeça de homem. ‘Pega esse saco aí!’ Pegava o saco cheio de mão. Você se melava todo de sangue e aquilo ficava fedido no corpo, mesmo que você tomasse banho. Você estava dormindo e parecia que aquele saco de cabeça estava perto da gente. Parece que aquele saco de mão caía em cima da gente. Meu deus do céu! Então, a gente ficou vendo fantasma”, conta o soldado Guido.
“Eu pensei em dar um tiro na cabeça”

Além dos efeitos psicológicos, esses homens já beirando os 70 anos contam como foram descartados pela corporação. Ao final da guerrilha, receberam um “muito obrigada” pelos serviços prestados e saíram em fila indiana marchando por quilômetros à pé. Não receberam a baixa militar nem comprovante de que fizeram parte do Exército. Muitos lutam até hoje pelos seus direitos e vivem situações financeiras bastante precárias.

“Eu que fui treinado para ser um herói, para defender a pátria em nome do Exército Brasileiro, hoje em dia sou rejeitado pelo Exército, por aqueles que foram meus amigos e hoje em dia tudo me negaram e viraram as costas pra mim. Então, não interessa mais viver. Eu pensei em dar um tiro na cabeça porque o mesmo revólver que eu usava na guerrilha, eu tinha ainda”, declara o soldado Góes.
O roteiro do longa-metragem acerta em cheio ao construir a narrativa de forma linear: o recrutamento inesperado junto das comunidades ribeirinhas e rurais, a tortura durante o curto treinamento, os horrores que viram e que foram obrigados a cometer, o descarte dos soldados sem qualquer direito, a reivindicação pelo reconhecimento do Exército e a luta para que este episódio seja passado à limpo. Com uma fotografia monocromática, a produção traz entrevistas permeadas por imagens de arquivo, de florestas, treinamentos militares e do cotidiano ribeirinho.
Ao final do filme, resta a certeza de que é preciso continuar trazendo à tona todo tipo de violência perpetrada pelo Estado para cobrar pela reparação dos danos causados durante a ditadura militar e cessar este ciclo de brutalidade. Quem sabe assim, no futuro, as instituições militares e policiais não se tornem mais humanas, sem as práticas repressoras tão amplamente utilizadas ainda nos dias de hoje.
Soldados do Araguaia, que participou da 41ª Mostra Internacional de Cinema, dá sequência à Trilogia do Silenciamento, um projeto de Belisario Franca que pretende recuperar histórias e personagens brasileiros que vivem à margem da historiografia nacional. O primeiro filme, Menino 23, foi lançado em 2016 e resgata a descoberta de um projeto de limpeza social amparado por teorias nazistas em uma fazenda em São Paulo.

Assista ao trailer: 

Brasil Cultura