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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A FOTOGRAFIA ETNOGRÁFICA DE PIERRE FATUMBI VERGER

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O século XX veio consolidar a fotografia não apenas como uma das artes mais fundamentais do imaginário humano, capaz de eternizar e congelar o que chamamos de tempo e o que os poetas chamam de paisagens interiores. Este período também veio mostrar que técnicas poderiam ser empregadas para a documentação histórica, para o registro. E alguns espíritos indomáveis - uniram às significâncias artísticas da linguagem fotográfica para documentar sua época - um povo, e unir ocultamente nações – entre eles – um dos maiores fotógrafos de todos os tempos, o mestre francês - ou do mundo - Pierre Edouard Léopold Verger.
Pierre nasceu em 1902. De uma família de classe social elevada. Seu pai era dono de uma gráfica – que Verger herdou tempos depois – entretanto, com trinta anos de idade, o então jovem de destino elementar estava completamente sozinho no mundo. Entre desgraças familiares e a solidão, optou por tornar a fotografia um ofício capaz de fazê-lo mergulhar no mundo e suas aglomerações raciais.
Pierre Boucher - grande fotógrafo francês e amigo de Verger - o iniciava na fotografia e este começava a trabalhar na Aliança Foto, fundada por Boucher. Verger estava dando seus primeiros passos viajando entre alguns países, ajudando a montar sua visão etnográfica e sua relação com a realidade social destes povos.
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Tornou-se andarilho, percorria quilômetros à pé fotografando e registrando suas andanças com uma Rolleiflex. Fazendo estudos e longas peregrinações. Vagava entre ilhas. Entre comunidades distantes e retratando seus cotidianos. Nestes descaminhos, Verger conhece Marc Chadourne, repórter da revista francesa Paris-Soir, esse o convida a trabalhar como repórter-fotográfico. O jovem perdido até então em seus enigmáticos rumos acaba aceitando a incumbência de registrar as comunidades negras americanas e conflitos no Japão e China.
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Também neste período de 1934, Pierre começa a trabalhar para o Musée de l’Ethnographie, onde contribuiu entre outros com Helène Gordon e Alfred Métraux, este último, importante antropólogo suíço da primeira metade do século XX e grande amigo de Pierre Verger. Outro grande trabalho neste tempo foi as ilustrações para um dos últimos livros do francês erradicado em Londres, André Savignon. Trabalho este bastante elogiado que abriria algumas portas ao solitário viajante.
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Em 1935, Verger chegou a ser preso em Sevilha acusado de espionagem. Não obstante, acaba sendo solto e começa a ilustrar alguns livros do editor Paul Hartmann - entre estes trabalhos - um deles marcaria profundamente Pierre, o livro Dieux d’Afrique. Este trabalho seria publicado apenas em 1954, mas bem antes - em meados da década de 30 - Verger começaria suas primeiras incursões pela África.
O contato com a cultura, a história dos povos africanos, foi fundamental para a construção da carreira e do olhar demasiado de Verger. O fotógrafo passa por diversos países, como Mali, Mauritânia, atravessa o Saara, Burkina Fasso e conhece os rituais, suas etnias e suas manifestações populares, guerreiros, tribos e religião, além das condições políticas da sociedade.
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Depois deste intenso momento e da volta a Paris e posteriormente, Londres, Verger seguia agora absolutamente autônomo, recusando contratos em nome da arte fotográfica em suas últimas consequências. Vai às Antilhas Francesas e depois a República Dominicana, onde é proibido de fotografar pela ditadura local. Verger ainda passou por Cuba e México. Estas importantes experiências viraram uma renomada exposição organizada pela Arts et Metiers Graphiques. A exibição foi batizada de “Exposição Universal”.
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Também neste ínterim - mais precisamente em 1935 - o romancista brasileiro Jorge Amado lança uma de suas obras primas. Jubiabá. Trazendo para a universalidade às peculiaridades brasileiras e a visão política do autor na pele do herói Antônio Balduíno. Não imaginava - o importante autor brasileiro - que a obra seria decisiva para os rumos de Verger. Fascinado e instigado a conhecer a cidade de Salvador, o mestre acabou desembarcando no Brasil tempos depois.
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O final da década de trinta foi marcante também para o mestre. Iniciando uma jornada asiática, percorrendo os conflitos no Japão, China - onde foi impedido novamente de fotografar - e Filipinas. Alguns destes documentos foram publicados pela LIFE Magazine. Verger ainda passou por Indochina e o atual Vietnã. Um grande mosaico cultural, filosófico, ritualístico é montado na obra do grande retratista. O contato com tribos distantes, algumas até então desconhecidas, de gestos, cores e dialetos peculiares é uma grande descoberta rica e documental para a arte de Verger.
Pierre esteve algumas outras vezes no Brasil - antes de finalmente se instalar definitivamente em 1946. Com uma relação problemática com o DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda do Regime Vargas - o fotógrafo viaja para a Argentina e também para o Peru, neste, vive um tempo na terra de uma das suas maiores referências fotográficas, o mestre e pioneiro Martín Chambi. Léopold Verger Desembarca no Rio de Janeiro e faz contato com a revista "O Cruzeiro" que lhe mandaria a cidade de Salvador na Bahia.
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Profundamente embevecido pela cultura africana, Pierre visita várias cidades brasileiras que têm relação próxima com esta cultura. Também através do amigo Alfred Métraux, ainda percorre a Guiana e o Haiti, onde tem contato com cerimônias religiosos, os rituais vodus e diversos cultos afros. De volta à Bahia, torna-se, Pierre Fatumbi Verger, depois de fazer sua incipiência no candomblé nagô na casa "Opô Afonjá" em Salvador.
Em 1998, sob a direção de Lula Buarque De Holanda e narração do musico Gilberto Gil, o documentário “Pierre Fatumbi Verger: O Mensageiro entre dois mundos” mostra esta relação intensa e apaixonada entre o artista e o Brasil e também sua admiração recíproca à cultura africana. Suas imagens são verdadeiros documentos antropológicos, históricos, alguns, únicos e preciosos na escrituração da imagem em ambientes até então, impenetráveis.
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Verger ainda lançou alguns notáveis trabalhos. "Notas sobre o culto aos orixás e voduns" (1957), resultado de pesquisas realizadas no início da década de 50, sobre cultos afros."Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o Golfo do Benin e a Baía de Todos os Santos, dos séculos XVII a XIX" lançado em 1968, é talvez sua obra mais extensa e ousada.
Neste magnífico trabalho de pesquisa, Verger realiza um poderoso estudo de campo sobre o comércio de escravos na República do Benim na África e Brasil, mais específicamente a Bahia. O projeto acabou se tornando referência crucial para as posteriores pesquisas sobre o tráfico de escravos.
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“Retratos da Bahia” em 1980 e "Orixás, Deuses iorubas na África e no Novo Mundo" (1981) versam pela análise ao culto e a cultura africana tradicional. “Ewé - O Uso das Plantas na Sociedade Ioruba” lançado em 1995, foi prefaciado pelo escritor Jorge Amado e seria sua última obra.
Verger ainda concebe - em 1988 - a Fundaçao Pierre Verger, e foi seu presidente até sua morte. A instituição é uma das mais importantes - para a manutenção da cultura africana no Brasil - além de possibilitar o contato com toda a obra de Verger, além de oficinas, encontros e intercâmbios entre artistas, estudantes e a sociedade geral. Um grande centro cultural com sede na antiga casa de Pierre na cidade baiana.
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Toda a obra deste magistral artista é capaz de erguer um grande painel de múltiplas tradições. Capaz de se fazer compreender em diversas línguas - algumas delas - incompreensíveis ou até abstrusas, mas fáceis de sentir suas nuances quando encontra um espírito complexo e porque não, onipresente.
“Fatumbi” foi sem dúvida, um mensageiro entre mundos. Aquele que desvendou o âmago de diversas culturas e os revelou em imagens inexauríveis, como a própria cultura, como a arte, como a sua arte. Um patrimônio de todas as gerações.
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A eternidade agradece.
Fonte: http://lounge.obviousmag.org/
PUBLICADO EM FOTOGRAFIA POR 

População carcerária aumentou em 40 mil presos em um ano, segundo o Ministério da Justiça; País tem o 4º maior número de detentos no mundo...


“A morosidade da Justiça se traduz em terrível injustiça, principalmente para os necessitados que dependem da prestação jurisdicional em “tempo razoável”. A morosidade beneficia somente os “amigos do rei”. Nossos presídios estão repletos de presos (negros e pobres), cumprindo prisões preventivas, aguardando julgamento”, acrescenta. Pela sua experiência como especialista em atuações diretas em Direito da Igualdade Racial e Homoafetiva, entre outras áreas, ele enfatiza que o Estado tem responsabilidade no fenômeno criminoso: “A criminalidade nasce com a ausência do Estado, mas só se organiza com a anuência dele”, defendeu em sua tese de pós-graduação. Para Anjos Filho, diante desse quadro, só há uma saída para um jovem negro e pobre das periferias das grandes cidades: estudar e trabalhar. “A grande “malandragem” é estudar e trabalhar e não podemos ser mais um no mercado. No nosso caso, nos é exigido sermos os melhores para que o mercado nos permita, sermos comuns”.A comparação do perfil racial da população carcerária com a população brasileira é, porém, pautada por uma diferença metodológica. Enquanto na Pnad a raça é autodeclarada pelos entrevistados, os questionários das prisões são respondidos pelos gestores das unidades.

Os números do Infopen mostram, ainda, que as penitenciárias brasileiras ganharam 40.695 presos no período de um ano. Além disso, cerca de 40% dos detentos são presos provisórios (aguardam julgamento) e o tráfico de drogas é o crime que mais leva à prisão.
Renato De Vitto, diretor-geral do Depen, afirma que o aumento das taxas de encarceramento chegou a um nível preocupante no Brasil. Segundo ele, uma alternativa para reduzir esses números pode estar na integração entre políticas de educação e trabalho e penas alternativas “A taxa de encarceramento no Brasil tem crescido de forma anômala em relação ao que vem ocorrendo nos países que mais prendem no mundo. Se não cuidarmos desse aumento expressivo da população prisional, qualquer arranjo de gestão pode parecer insuficiente”, afirmou.

Com 622 mil pessoas privadas de liberdade (o que significa mais de 300 presos para cada 100 mil habitantes), o Brasil continua sendo o quarto País com maior número absoluto de detentos no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Rússia. Porém, enquanto esses

países têm reduzido suas taxas de encarceramento nos últimos anos, o Brasil segue em trajetória oposta, aumentando sua população prisional em 7% ao ano, em média.

Os dados fazem parte do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, elaborado em parceria da secretaria, Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Ministério da Justiça e o escritório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil. Os dados utilizados são de 2012.

De acordo com o levantamento, em todos os estados brasileiros, exceto o Paraná, os negros, que incluem pretos e pardos, com idade de 12 a 29 anos, correm mais risco de exposição à violência, ou seja, estão mais vulneráveis que os brancos (que incluem brancos e amarelos), na mesma faixa etária.
A alta tributação sempre foi presente na história brasileira. Seja durante a plantação de cana de açúcar, café, ou mesmo na mineração, Portugal sempre cobrou elevadas quantias financeiras do Brasil.

Após a proclamação da independência, em 1822, a taxação começa a ser estruturada de acordo com os interesses dominantes nacionais. A elite agrária, então coordenadora da economia do país, decidiu não tributar as grandes plantações, ou seja, o seu negócio. A cobrança de impostos se limitou à arrecadação das movimentações financeiras no comércio exterior.

-Até 13 de Maio de 1888, ainda durante o regime escravista, pretas e pretos viviam sob a condição de não serem tributados, mas sim objetos de tributação. “A consolidação da Lei Teixeira de Freitas, que era a legislação civil em vigor depois das ordenações do rei, considerava os negros como ‘semoventes’, ou seja, como gado. Tinha um registro específico, no cartório, ‘o sujeito tem tantos escravos’. Era considerado coisa”, explica Renato Gomes, advogado tributarista.

Para ele, a tributação brasileira ganha novo caráter com o fim da escravidão e o início de um projeto industrial, com Getúlio Vargas e o golpe de estado em 1930. “A partir da industrialização, eu começo a ter uma ideia de geração de riqueza urbana. Vai se tarifar a renda do trabalhador e o imposto sobre vendas e consignações, que é o avô do ISS (Imposto Sobre Serviços). É o início da ideia de taxar as outras fontes de riqueza de modo a permitir uma maior arrecadação para o país”.

A taxação no meio urbano sobre o consumo e a renda do trabalhador exigiu a construção de um sistema tributário articulado. Se antes havia uma série de leis que tentavam remediar e remendar a legislação brasileira, é no ano de 1965 que se constrói a emenda 18, o primeiro 

código tributário do país, projeto de autoria de Rubens Gomes de Souza. É nesse momento da história que se opta por cobrar de maneira mais significativa o consumo e a riqueza adquirida.
Por outro lado, a população que forma o grupo 10% mais pobre, com renda média de R$ 130 por pessoa na família, continua majoritariamente negra. O percentual aumentou nos 
últimos 10 anos. Em 2004, 73,2% dos mais pobres eram negros, patamar que aumentou para 76% em 2014. Esse número indica que três em cada quatro pessoas é negra entre os 10% mais pobres do país.
Segundo o IBGE, os negros (pretos e pardos) eram a maioria da população brasileira em 2014, representando 53,6% da população, enquanto as que se declaravam brancas eram 45,5%. Em 2004, o cenário era diferente, pouco mais da metade se declarava branca (51,2%), enquanto a proporção de pretos ou pardos era 48,2.

Se considerada a população total de negros no Brasil, 38,5% deles estavam entre os 30% mais pobres da população em 2014, valor inferior aos 41,6% registrados em 2004. Houve um aumento da proporção de brancos que se encaixam nessa faixa de renda: de 19,1% em 2004 para 19,8%.Os brancos eram 26,5% dos mais pobres em 2004 e sua participação nessa fatia da população caiu para 22,8% em 2014.

Já os negros que estão entre os 30% mais ricos são 20,1% do total da população desta cor no Brasil. Para os brancos, esse percentual é de 41,9% e praticamente não se alterou em relação a 2004, quando era de 41,9%.Em 2004, 17,2% dos negros estavam entre os 30% mais ricos dos brasileiros.
Desigualdade de renda - Para avaliar a desigualdade de renda, o IBGE calculou o Índice de Palma no Brasil, indicador que avalia quanto a mais os 10% mais ricos se apropriam do total.

Os números do IBGE mostram que, em 2014, os 40% mais pobres do Brasil recebiam 13,3% do total da massa de renda do país, percentual se manteve praticamente estável entre 2011 e 2014, depois de ter crescido de 2004 (10,6%) a 2011 (13,1%). A população que fica na faixa intermediária, entre os 40% mais pobres e os 10% mais ricos, elevou sua participação de 43,9% do total da renda para 45,6%. Já os 10% mais ricos detinham 45,5% do total dos rendimentos em 2004 e perderam participação, chegando a 41% em 2014.

Se liga: A tributação pode ser feita em três momentos de geração de riqueza: adquirida, poupada e consumida. O Brasil escolheu tarifar de maneira significativa o consumo, o que para Renato significa a possibilidade de cobrar todas pessoas, inclusive aquelas que não têm renda. “As pessoas precisam comer e viver. Mesmo que embaixo da ponte, vive e adquire bens. Perceba que a riqueza enquanto consumida tem uma abrangência e uma capilaridade maior do que os outros momentos da aquisição”.

Silvio Almeida, professor do Mackenzie e advogado tributarista, aponta que, no consumo, não há, como nas outras esferas de arrecadação, uma colaboração progressiva. Todos, independente da renda, vão pagar os mesmos impostos. “Pobre come pão e rico também; ambos pagam o mesmo tributo incidente sobre o preço do pão. A diferença é o quanto dispõem para gastar com suas demais necessidades”.

Dados referentes a 2015 e divulgados pela Receita Federal mostram como o consumo de bens e serviços sustentou quase metade (49,68%) do montante arrecadado pela União, estados e municípios. Em 2015, 32,66% do Produto Interno Bruto (PIB) do país veio da carga tributária e metade deste valor (16,22%) foi proveniente da cobrança sobre o consumo. Comparação internacional feita em 2014, a partir dos dados da Receita Federal, colocou o Brasil em 2° lugar na lista dos 30 países que mais tributam o consumo. Apenas a Hungria ficou a frente do Brasil.

Outro aspecto cruel dessa equação é o contexto social em que estamos inseridos: a sociedade de consumo, construída e alimentada de maneira diária pelo marketing e pela publicidade. “A ideia de cidadania foi substituída pela ideia de consumidor. O consumidor tem direitos, né? O consumidor, porém, só é o sujeito consumindo”, explica Renato Gomes.

Salário do trabalhador: A tributação também é severa sobre a renda dos trabalhadores. Além de pagar ao consumir, o proletariado também é tarifado na renda com uma série de encargos. “Quando se recebe um salário cujo valor não está isento do pagamento de imposto de renda, a legislação tributária determina que o empregador desconte diretamente da folha de pagamento o imposto de renda e o repasse à Receita Federal. É o Imposto de Renda retido na fonte”.

No Brasil, a taxação é feita sobre a renda, que é resultado do rendimento do trabalhador menos as suas despesas. Ou seja, quando se tributa a renda, não se considera que o trabalhador já teve custos. Por uma questão técnica, o governo antecipa a arrecadação e dá a
possibilidade do cidadão apresentar seus gastos e ser ressarcido. Mesmo assim, existem áreas onde há um limite para a compensação, como na declaração da existência de dependentes da renda ou ainda para educação.
Mesmo que o encargo sobre o Imposto de Renda varie entre 7,5% e 27,5%, a cobrança é avaliada como alta e onerosa. Depois da arrecadação por consumo, é por meio do imposto de renda que o Estado mais concentra recursos. A tributação representou 25,83% de toda a carga tributária, o que significou, em 2015, 8,44% do PIB.

Dados da Receita Federal ajudam a entender a desigualdade social no país, pois é possível constatar que menos de 1% dos contribuintes têm cerca de 25% de toda riqueza declarada em bens e ativos financeiros no Brasil. O número de pessoas com renda superior a 160 salários mínimos caiu de 73.743 mil em 2012 para 71.440 mil em 2013. Essa quantia representa 0,3% dos declarantes de imposto de renda e o valor financeiro de R$ 298 bilhões.

Os grandes salários, como o de jogadores de futebol dos principais clubes do país, costumam seguir uma lógica diferente de tributação, conta Renato Gomes. “Jogador de futebol não recebe os seus rendimentos, que são altíssimos, de mais de 100 mil reais por mês, na carteira de trabalho e como pessoa física. Eles recebem a parte significativa, 90%, 80%, como direito de imagem. Se o sujeito ganha 100 mil reais, só de contribuição previdenciária, o clube teria que pagar 20 mil reais. Então como faz? Vamos colocar 10 mil reais de salário e 90 mil de direito de imagem. O clube vai pagar 20% sobre os 10 mil, porque 90 mil ele está pagando direito de imagem, não na folha salarial”.

Silvio Almeida recorda outro exemplo para certificar a ideia de que os não assalariados convencionais têm benefícios tributários. “A distribuição do lucro pelas empresas pode se dar na forma de pagamento de dividendos ou ainda, como “Juros sobre Capital Próprio” (JSCP), ambas com vantagens imensas para quem é sócio de uma empresa, podendo, muitas vezes, nada pagar de Imposto de Renda sobre o lucro a ele distribuído”.
Outro setor de geração de riqueza muito privilegiado é a acumulação a partir de territórios. A
cobrança, tanto nas áreas urbanas (IPTU) quanto nas rurais (ITR), é baixa e o valor arrecadado é irrisório para o Estado. Apesar da previsão constitucional de maior taxação na medida em que não há utilização do espaço, essa ferramenta tem sido pouco empregada para enfrentar a especulação imobiliária ou fundiária.
A tributação sobre propriedade foi de apenas 4,44% da carga tributária, o que representou 1,45% do PIB em 2015. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2012, o percentual arrecadado pelo Brasil é a metade do acumulado em países como Estados Unidos (12%) e Reino Unido (12%); e 50% a menos que Argentina (9%) e França (9%). 

Entre os cinco impostos que incidem sobre a propriedade em vigor, a menor arrecadação é do Imposto Territorial Rural (ITR), único de responsabilidade da União. Só de Imposto sobre Patrimônio Territorial Urbano (IPTU), o município de São Paulo recebeu, em 2013, R$ 5,45 bilhões, ou seja, mais do que seis vezes do valor arrecadado do ITR em todo o país no mesmo período, R$ 864 milhões, de acordo com o Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi).

Renato explica como a baixa tributação de propriedades no Brasil e o insignificante valor de
arrecadação são questões históricas do país. “O Brasil é um país criado em capitanias hereditárias. Ele nasceu com grandes propriedades. Não é normal, mas a gente entende porque essas grandes propriedades territoriais até hoje não são tarifadas”.

A disparidade tributária do Brasil se estende para o setor financeiro. Este é outro segmento produtor de riquezas pouco taxado no país. Em último lugar, a tributação sobre as transações financeiras representou 1,8% da carga tributária, ou seja, 0,59% do PIB. No caso do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), houve uma queda real de 1,61%, ou seja, recuo para R$ 5,8 bilhões nos primeiro bimestre de 2016.
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.

REBELE-SE CONTRA O RACISMO!

Fonte:Agência Brasil/www.almapreta.com/