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quinta-feira, 31 de maio de 2018

Nacão Hip Hop Brasil realiza Encontro Nacional em Belo Horizonte

 

Começa nesta quinta-feira (31) o 5º Encontro Nacional da Nação Hip Hop Brasil em Belo Horizonte. O evento acontece de dois em dois anos com o objetivo de debater as experiências dos integrantes do movimento neste país tão diverso.

O 5º Encontro vai até o sábado (2) e acontece em Belo Horizonte. A Nação Hip Hop Brasil visa “uma grande integração cultural, discutir experiências e vivencias que venham a fortalecer o movimento hip-hop e a rede Nação”, afirma texto de apresentação do evento.

Durante os três dias do encontro, Belo Horizonte se torna a capital nacional do hip-hop do país. Estão programadas oficinas culturais, debates, palestras, pocket shows, exposição literária e muito mais. A perspectiva é de reunir lideranças e representantes dos 14 Estados da federação onde existem núcleos de atuação do Hip Hop organizado.

Segundo os organizadores "O Encontro da Nação Hip Hop Brasil é um espaço de acolhimento, discussão e reflexão dos andamentos e demandas da nossa rede regional e nacional. Todas as ações acontecem em sinergia com a práxis da cultura Hip Hop e do movimento cultural de maior expressão das periferias brasileiras, quiçá globais, na perspectiva da estética política, cultural e social". 


Os encontros nacionais acontecem em biênios, e reúne membros da Nação Hip Hop Brasil, maior organização de Hip Hop brasileiro, vindos dos mais diversos estados de atuação, para juntos planejarem ações locais e nacionais para o próximo biênio. Além de reforçar os laços de amizade, cooperação e trocas de experiências, bem como definir de forma participativa e democrática a condução da entidade no próximo período. 

O Encontro serve ainda para que a rede busque sinergia e unidade de ação em suas bandeiras de atuação artística e social. O encontro terá os seguintes eixos temáticos: Genocídio da Juventude Negra e Periférica; Sustentabilidade e Meio Ambiente; Comunicação e Novas Mídias; Geração de Renda e Empreendedorismo; Cultura e Entretenimento; Desenvolvimento Social e Cidadania e o 1˚ Seminário da Cultura de Periferia. Os eixos definidos guardam sintonia com os 17 pontos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas. 


Confira a programação do encontro:

Dia 31 de Maio | 18h00 às 21h00 | 1º Dia de Atividade

Abertura Oficial com Credenciamento dos Participantes, no Ato do Credenciamento os participantes irão receber a programação e roteiro de todo o encontro para se organizar quanto a sua participação e logística de infraestrutura.

18:00h Boa Vinda das Delegações

Chamada oficial dos Estados Presentes no Encontro

19:30h às 21:30h Ato Institucional

Mesa com Celebridades Nacionais e Estaduais!

# Leitura do Manifesto “O grito da periferia” e eixos de atuação do 2018/2020 em MG;


Dia 01/Junho | 09:00h às 21:00h | 2º Dia de Atividade

09:00h às 12:00h Debates Temáticos

“O Hip Hop e o Espaço de Poder | Hip Hop Ação Política e Institucional”

“O Hip Hop Salva? | Hip Hop pela Transformação Social”

14:00h às 16:30h Roteiro de Oficinas/Workshop

# Ocupa/Rua + # Comunicação e Mídia + # Organização de evento

17:00h às 19:00h Intervenções Livres
Mini Ramp, Basquete de Rua, Batalha Show de B.Boys e MC’s, Pocket Shows, Live Paint.

Aperfeiçoamento Artístico / reciclagem profissional
Danças Urbanas + Rimas Protesto + Arte e Design urbanos + Produção de Beats/ Studios

18:00h às 21:00h “Palco Uma Só Nação” 

Dia 02/Junho | 09h às 17h | 3º Dia de Atividade

09:00h às 12:00h Debates Temáticos

“1˚ Seminário da Cultura de Periferia”

“Hip Hop, gênero e resistência negra”

“Que Hip Hop queremos?” caminhos e ações, 2018/2020.

14:00h às 16:30h Roteiro de Oficinas/Workshop

# Geração de Renda e empreendedorismo + # Formas de enfrentamento ao genocídio + Hip Hop, Gênero e Resistência Negra

17:00h às 18:00h Intervenções Livres
Mini Ramp, Basquete de Rua, Batalha Show de B.Boys e MC’s, Pocket Shows, Live Paint.

18:00 # Plenária de encerramento e composição da nova direção nacional

18:00h às 21:00h “Palco Uma Só Nação” 


Obs.: Espaços de Convivência | Durante Todo o Encontro na área externa geral do Espaço será utilizada para integração social e cultural dos participantes com atividades de Recreação e Lazer para o público infantil, com atividades de artes circenses, livros, brinquedos e música. No Espaço de Entrada Durante o Evento será realizada uma exposição de Livros e Materiais Literários que abordam a temática Hip Hop e a Literatura Marginal.



Do Portal Vermelho com informação da Nação Hip Hop e da CTB

Se o Sieeesp não assinar, os professores vão parar

A assembleia aprovou proposta negociada com o Sieeesp
e não aceita recuo do sindicato patronal

Numa assembleia histórica realizada no SinproSP, dia 29/05, mais de 3 mil professores aprovaram proposta que prevê a manutenção de todas as cláusulas da Convenção Coletiva por um ano, reajuste de 3% e participação nos lucros ou resultados de 15%.
Esta é a proposta negociada e é a proposta que tem que ser assinada. É inaceitável que o Sieeesp venha a público dizer inverdades, desqualificar o processo de negociação e tomar decisões antes mesmo de ouvir a sua assembleia.
Por este motivo, mais do que nunca é fundamental manter a mobilização, reforçar o estado de greve e ampliar a participação na próxima assembleia no SinproSP, dia 06, às 18h.
Na terça-feira, dia 05, será realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) uma audiência do nosso dissídio coletivo. Por isso, o SinproSP está convocando os professores para se reunirem num ato de protesto contra o Sieeesp na frente do TRT, às 13h.

Fonte: SINPRO SP

EDUARDO VASCONCELOS - CPC/RN SE REUNIU COM REPRESENTANTES DA CASA DO ESTUDANTE DO RN - CERN


 Foto: Da esquerda p/ direita: Djair Gomes (Baía Formosa) (Membro do Conselho Fiscal); ( Eduardo Vasconcelos CPC/RN, Tales Vale (Caicó) - atual presidente da casa - Caicó) e Jeickson Alves  (Caico) (Membro do Conselho Fiscal)
 Momento que a diretoria mostrava para o Eduardo foto histórica da Casa do Estudante
 Foto antiga da Casa do Estudante, antes funcionava o Quartel Geral da Polícia Militar do RN
Foto recente (Eduardo Vasconcelos) - Hoje a casa passa uma "reforma", feita pelo Governo do Estado.

Ontem (30) o presidente do Centro Potiguar de Cultura - CPC/RN, Eduardo Vasconcelos voltou a Casa do Estudante, onde se reuniu com representante da atual diretoria para tomar pé da situação atual da casa e da legalidade da atual diretoria.

Eduardo Vasconcelos - CPC/RN foi bem recebido pelo atual presidente, TALES VALE, que em poucos minutos relatou a atual situação da casa. Confirmou que já está tratando da legalidade da atual diretoria e falou também dos seus projetos frente a casa, como por exemplo uma EXPOSIÇÃO sobre EMANUEL BEZERRA (líder estudantil, morto pela ditadura); Preparação para a Festa dos 75 anos da Casa do Estudante e principalmente restabelecer a legalidade e história de luta da CASA DO ESTUDANTE!

Eduardo Vasconcelos, presidente do CPC/RN prontamente se colocou para ajudar na luta pela casa, como acompanhar o processo junto a MP/RN para legalização urgente da casa e dos eventos. Ficando acertado uma nova reunião.

SÓ LEMBRANDO!

A Casa do Estudante do Rio Grande do Norte - CERN, foi palco de várias mobilizações e atos históricos na defesa da DEMOCRACIA e da LIBERDADE DE EXPRESSÃO, inclusive formando grandes personagens que contribuíram para os avanços sociais e políticos, inclusive em épocas muito difícil e dolorosa, mas a UNIÃO venceu o MEDO e hoje TODOS tem o DEVER de apoiar e UNIR-SE a esta LUTA dos atuais moradores. Só assim estaremos honrando a MEMÓRIA daqueles que morreram por acreditar em uma SOCIEDADE MAIS JUSTA, MAIS HUMANA E SOLIDÁRIA, como o nosso grande líder estudantil Im'memoria, EMANUEL BEZERRA e aos ex-dirigentes: Amaro (ex dirigente do (SENALBA/RN), Getúlio Rego (atual Deputado Estadual), Ivonildo Rêgo (ex reitor da UFRN), Jorge de Almeida Rêgo - ex presidente) e tantos e tantos outros que deram suas contribuições.


O MOVIMENTO INDÍGENA



 Fotos: Mario Vilela/Funai
HISTÓRIA DO MOVIMENTO INDÍGENA
A luta pela garantia dos direitos de povos indígenas se confunde com a própria história americana, trazendo à tona questões socioambientais e humanitárias que ainda precisam ser discutidas. O marco do movimento indígena data de 1940, no Mexico, momento em que foi realizado o primeiro Congresso Indigenista Americano (Convenção de Patzcuaro), com o objetivo de criar e discutir políticas que pudessem zelar pelos índios na América.
Porém, no Brasil, começaria a se manifestar de maneira mais organizada apenas na década de 70, tendo em vista a necessidade  de proteção de terras em relação a políticas expansionistas da ditadura militar. Logo após esse período, em 1983, o primeiro deputado índio é eleito no país, reforçando a ideia de que, para evoluir em sua luta, os povos indígenas precisariam ser representados por quem a conhecia e vivenciava de fato.
Nos anos seguintes, os índios fizeram-se presentes no Congresso Nacional e na política de forma geral, organizando protestos e criando grupos autônomos de reivindicações. Algum tempo se passou até que, em 2002, fosse criada a APIB, articulação dos povos indígenas do Brasil, como uma maneira de unir as necessidades dos povos em geral em uma única voz.
O QUE BUSCA O MOVIMENTO INDÍGENA
Os indígenas possuem como objetivo central de sua movimentação política a conservação e delimitação de áreas indígenas, ou seja, terra. Porém, esse conceito é muito mais amplo do que o conceito literal. Dentro do conceito “terra”, estão inseridas reivindicações como educação, saúde diferenciada, respeito e reconhecimento à cultura, projetos socioeconômicos destinados aos diversos povos, áreas de preservação e fiscalização ao cumprimento de leis e demarcações.
A luta do movimento indígena no Brasil abrange muito mais do que apenas o território físico. Uma de suas grandes exigências é a possibilidade de manter sua cultura, seu modo de vida.
O QUE DIZ A LEI SOBRE OS INDÍGENAS
Em 1973, foi promulgada a lei 6.001, que ficou conhecida como “Estatuto do Índio”. Na época de sua formulação, a cultura indígena era vista como “transitória” e o índio como “relativamente incapaz”. Seguindo essa visão, os povos indígenas eram considerados tutela do Estado até que sua integração com a sociedade brasileira fosse realizada. A responsabilidade seria do Serviço de Proteção ao Indio, órgão que deu espaço para atual Fundação Nacional do Índio – FUNAI.
Após a constituinte de 1988 – processo no qual os índios fizeram-se presentes – passa a ser assegurado o direito à sua própria cultura, direito processual e direito às terras tradicionalmente ocupadas, impondo a União o dever de zelar pelo cumprimento dos seus direitos:
Art. 231, CF. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Em 2002, no Novo Código Civil, o índio deixa de ser considerado relativamente incapaz e sua capacidade deve ser regulada por legislação especial:
Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.
POLÊMICAS
Grandes confrontos, normalmente armados, rodeiam a história dos indígenas no Brasil. Normalmente, esses enfrentamentos ocorrem entre os povos nativos e empresários do agronegócio ou produtores rurais. Esses costumam ser confrontos violentos. São evidentemente “lutas” por território, muitas vezes desencadeadas por uma carência de políticas destinadas à efetiva demarcação e fiscalização das terras em questão.
O movimento indígena também já promoveu inúmeras ocupações a prédios públicos ou a sedes de organizações ligadas ao governo, como a FUNAI. O movimento tornou-se muito ativo na política brasileira, participando na elaboração de projetos de lei, criação de ONG’s representativas e se fazendo presente em dias de votações importantes no Congresso Nacional.
ANA C. SALVATTI FAHS
Acadêmica do curso de Ciências Políticas, aprovada e certificada nos cursos Moral Foundations of Politics/Yale University e Intercultural Communication and Conflict Resolution/University California, Irvine – plataforma Coursera.

Fonte: politize.com.br

O DIA EM QUE AYRTON SENNA CORREU EM NATAL (RN)

Largada do piloto nos anos 80. Foto: Instituto Ayrton Senna
Em um fim de semana de 1979 em Natal, o ex piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna correu de kart numa pista onde hoje é o CEASA, no bairro de Lagoa Nova. O piloto tinha apenas 19 anos.
Este acontecimento foi trazido para a cidade por um empresário do ramo de confecções chamado Antônio Gentil, em parceria com uma outra marca de roupas que patrocinava o piloto.
O pesquisador e historiador Rostand Medeiros relembra com muita empolgação esse dia:
“Foram uns amigos da minha família que incentivaram a vinda de Ayrton para Natal. O Luis de Barros (o “Barrinho) era grande amigo do meu pai, e e era um incentivador de kart juntamente com Franklin Nunes, homem que presidia uma associação de kart em Natal.” disse ele o Curiozzzo com exclusividade.
O piloto Ayrton Senna na época, exibindo seu patrocinador no carro. Foto: Instituto Ayrton Senna
“Eu tinha apenas 12 anos e estava lá no dia da corrida. Apesar de muito novo eu me lembro de muita coisa. Meu pai até fechou seu comércio mais cedo pra gente poder ir. Ayrton era muito novo, e a pista era super rudimentar. Eles deram, creio eu, em torno de umas 15 voltas. E eu me lembro em especial dele [Ayrton] como um cara muito simpático com as pessoas à sua volta.” Completou.
Neste mesmo ano, Ayrton Senna conquistou uma série de títulos, são eles:
  • Vice-campeão Mundial – Portugal (Estoril) – Categoria Inter
  • Vice-campeão Sul-americano – Argentina (San Juan) – Categoria Inter
  • Campeão do Campeonato de San Marino – Categoria Inter
  • Vice-campeão Paulista
  • Vice-campeão Brasileiro
  • Campeão das Três Horas de Kart
A destreza de Ayrton Senna impressionou Angelo Parilla, um dos melhores fabricantes internacionais de kart:
“Eu nunca havia visto um piloto como este”. 
Sugerido pelo leitor: Wagner Silva. Fonte: Rostand Medeiros e AyrtonSenna.com.br
Fonte: curiozzzo.com

Corpus Christi


Corpus Christi significa Corpo de Cristo. É uma festa religiosa da Igreja Católica que tem por objetivo celebrar o mistério da eucaristia, o sacramento do corpo e do sangue de Jesus Cristo.
A festa de Corpus Christi acontece sempre 60 dias depois do Domingo de Páscoa ou na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, em alusão à quinta-feira santa quando Jesus instituiu o sacramento da eucaristia.
Durante esta festa são celebradas missas festivas e as ruas são enfeitadas para a passagem da procissão onde é conduzido geralmente pelo Bispo, ou pelo pároco da Igreja, o Santíssimo Sacramento que é acompanhada por multidões de fiéis em cada cidade brasileira.
A tradição de enfeitar as ruas começou pela cidade de Ouro Preto em Minas Gerais. A procissão pelas vias públicas, é uma recomendação do Código de Direito Canônico que determina ao Bispo Diocesano que tome as providências para que ocorra toda a celebração, para testemunhar a adoração e veneração para com a Santíssima Eucaristia.
Origem do Corpus Christi
A festa do Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV no dia 8 de Setembro de 1264.
A procissão de Corpus Christi lembra a caminhada do povo de Deus, peregrino, em busca da Terra Prometida. O Antigo Testamento diz que o povo peregrino foi alimentado com maná, no deserto. Com a instituição da eucaristia o povo é alimentado com o próprio corpo de Cristo.
Brasil Cultura

quarta-feira, 30 de maio de 2018

BRASIL, CANGAÇO, HISTÓRIA DO NORDESTE DO BRASIL, NORDESTE LAMPIÃO ENTRE DEUS E O DIABO NA MÚSICA POPULAR

cangaceiros
Racine Santos, diretor de teatro.
Publicado originalmente no jornal TRIBUNA DO NORTE, Natal-RN, Domingo, 07 de Agosto de 1988.
No último dia 28 de julho fez cinquenta anos da morte de Virgulino Ferreira da Silva, o famigerado Lampião. O bandido, o facínora, o malaventurado cangaceiro que durante vinte anos espalhou medo e morte pelos caminhos do sertão. Há cinquenta anos foi degolado aquele que semeou o terror e se fez dono de um reino de fogo, rei de um mundo pardacento, povoado por cascavéis e gaviões, miséria e Injustiça.
Barreira Cangaceiro (2)
Mas, afinal, quem foi esse senhor da vida e da morte? Esse terror do Nordeste? Um Atila, em Espártaco, ou um assassino frio e covarde indigno do mito que hoje o envolve? A verdade é que, cometendo todas as atrocidades que cometeu, ele tornou-se depois de morto uma legenda, uma coisa viva na imaginação popular. Personagem maior no fabuloso romance popular nordestino. Matéria de cinema, ficção, poesia e teatro. Um símbolo do Nordeste, como o mandacaru, o sol e a caatinga. Presente no artesanato, na música, no folclore, e em todas as manifestações artísticas da região. Seu chapéu, “um céu de couro à cabeça com três estrelas fincadas”, no dizer de Carlos Pena Filho, é hoje símbolo de uma cultura.
Curiosamente é que o mesmo povo que dele fugia com medo, inconscientemente o tinha como herói. Não um herói medieval, cheio de virtudes e princípios, mas um herói diferente, com as cores da miséria e da ignorância de um povo que solenemente mastiga areia, pedras e sol enquanto os eternos coronéis se alimentam de seu trabalho mal pago. O medo que o povo conscientemente tinha de Lampião, transformava-se em admiração â nível do inconsciente. Isso a partir de uma identificação: a contida revolta do povo contra a miséria e injustiça, com a insurreição de Lampião contra a polícia, os coronéis e tudo que cheirasse ao poder massacrante. Lampião gritou o grito preso na garganta de muita gente.
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Desenho de Ronald Guimarães – Fonte – http://marvel-nat.forumeiros.com/t186-trama-base-do-forum
A revolta do cangaceiro contra o poder, representado pela polícia, os coronéis, os latifundiários, os políticos, os grandes comerciantes, incorporava o sonho sonhado do povo. Quando ele “botava prá correr” as volantes da polícia, os pobres do Nordeste que sofriam na pele a arbitrariedade policial, exultavam de alegria. Quando seu grupo incendiava uma fazenda, achavam ruins os moradores explorados? Claro que Lampião não tinha a menor consciência do que representava ou significava. Mas ele era a personificação da revolta da gente pobre do campo, do explorado, do faminto, do sem terra, do sem eira nem beira.
Lampião foi uma das mais brutais e primitivas formas de revolta ocorrida no país. Como, por outros caminhos, fora Canudos de Antônio Conselheiro.
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Quadro de Sérgio Azol – Fonte – http://www.lilianpacce.com.br/e-mais/o-cangaco-mais-alegre-e-colorido-por-azol/
Entre o céu e o Inferno
Depois de morto Lampião virou mito, lenda, história. Senhor do sonho e da imaginação popular. Mexeu tanto com a imaginação do povo que o romanceiro popular, cansado de cantar suas bravuras e bravatas pelos sertões a fora, pelo chão dos penitentes, passou a cantá-lo nos mais diversos lugares, oferecendo-lhe os mais diferentes e insólitos cenários. Para o romanceiro popular a morte não matou Lampião. Transportou-o para outros mundos, deixando uma macabra saudade na alma do povo, como mostra o poeta em seus versos:
“A viola tá chorando
tá chorando com razão
soluçando de saudade
gemendo de compaixão
degolaram Virgulino
acabou-se Lampião”
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Fonte – canalcienciascriminais.com.br
Aquele que passou vinte anos saqueando, roubando e matando, pondo em sobressalto as populações sertanejas foi elevado a condição de herói pelo fato de ter incorporado, personificado, a revolta dos pobres do sertão. Embora as forças reacionárias não queiram admitir, Lampião foi um monstro gerado pela injustiça social.
Com sua morte, desaparecendo o perigo real, os poetas do povo, interpretando e liberando a contida admiração que as camadas pobres lhe tinham, as feiras e os alpendres sertanejos se encheram de versos que transformavam o bandido em herói.
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Lampião – Fonte – http://www.itribuna.com.br
E a imaginação dos poetas do povo não tem limites. Assim, Lampião, cansado de enfrentar batalhões de polícia e valentões pelos sertões a fora, foi parar na porta do céu. Claro que lá não entrou. Foi expulso por São Pedro e um batalhão de santos armados com paus e pedras. Em “A chegada de Lampião no céu e a discussão com São Pedro”, o poeta Manoel Camilo dos Santos empresta a seus personagens as cores de seu próprio ambiente e cultura, criando um céu deveras prosaico:
“Chegou no céu Lampião
a porta estava fechada
ele subiu a calçada
ali bateu com a mão
ninguém lhe deu atenção
ele tornou a bater
ouviu São Pedro dizer:
demore-se lá quem é
estou tomando café
só depois vou atender”.
Cópia de 13- Recompensa oferecida pelo cangaceiro
O já conhecido anúncio de recompensa por Lampião, pretensamente oferecido pelo governo baiano.
Expulso do céu por um São Pedro humano e pachorrento, Lampião, conduzido pelas mãos e pela pena do poeta José Pacheco, foi parar nas profundas do inferno, atanazando o próprio Satanás. Lá também não ficou. Depois de uma renhida luta com um batalhão de diabos soldados de Lúcifer, onde, feito Sansão contra os filisteus, chegou a usar como arma uma queixada de boi, o cangaceiro deixou o inferno em péssima situação:
“Houve grande prejuízo
no Inferno nesse dia
queimou-se todo o dinheiro
que Satanás possuía
queimou-se o livro de ponto
perdeu-se vinte mil contos
somente em mercadoria”
Reclamava Lúcifer:
“Horror maior não precisa
os anos ruins de safra
agora mais essa pisa
se não houver bom inverno
tão cedo aqui no inferno
não se compra uma camisa”.
Cangaço (17)
Armas de fogo, munições e armas brancas encontradas em grutas que serviram de abrigo aos cangaceiros na Batalha da Serra Grande, em 1926, na zona rural de Serra Talhada.
Lampião vive na imaginação do povo que o transformou nesse estranho herói. Isso no plano da cultura popular. Já no terreno da cultura erudita, a dita cultura de elite, o tema está ainda á espera de um grande escritor, como mereceu Canudos. Segundo Hermilo Borba Filho, o aventuroso amor de Maria Bonita pelo Rei do Cangaço é muito mais rico em situações dramáticas do que a traição sofrida pelo noivo de “Bodas de Sangue”. Mas, enquanto não aparece um Lorca, um Euclides da Cunha ou mesmo um Mario Vargas Llosa, o mito de Lampião voa solto pelas caatingas desafiando os talentos como desafiou o poder. É verdade que sobre ele muitos
escreveram, mas muito pouco disseram. Pois, mais uma vez lançando mão de Carlos Pena Filho…
“… dele mesmo não sabem
e nem nunca saberão,
pois ele nunca viveu,
não era sim, era não,
como essas coisas que existem
dentro da imaginação.
Quem puder que invente outro
Virgulino Lampião”.
SOBRE RACINE SANTOS 
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É um homem de teatro. Autor, produtor, diretor e editor. Tem toda uma vida dedicada ao teatro. Na juventude foi ator, mas um acidente de automóvel o afastou da cena, não do palco.
Nasceu em Natal (RN), em 1948. Boa parte de sua infância passou na pequena cidade de Macaíba (25 Km de Natal), onde teve seus primeiros e marcantes contatos com a cultura do povo, assistindo as brincadeiras de boi-de-reis, pastoril, João-redondo e lendo seus primeiros folhetos de poesia popular. De 1961 a 1965 estudou no Recife, onde conheceu Ariano Suassuna, Hermilo Borba Filho e o artista plástico Abelardo da Hora, pessoas que considera importante para sua formação cultural e maneira de ver o Nordeste e sua gente.
De volta a  sua cidade liga-se ao Teatro de Amadores de Natal, grupo criado e dirigido por Sandoval Wanderley. Em 1976 escreve e dirige sua primeira peça: A Festa do Rei. Onde já se percebe um autor que trabalha a tradição popular assentada em bases eruditas.
Sua preocupação com o teatro da região o leva a fundar em 1992, juntamente com Luís Marinho, Luís Maurício Carvalheira, Altimar Pimentel, Tácito Borralho, Romildo Moreira e outros, a Associação dos Dramaturgos do Nordeste, da qual foi o presidente.
Autor de mais de uma dezena de peças, tem na cultura popular do Nordeste sua grande fonte, não para reproduzi-la, mas como meio de entender sua gente  e falar para ela de maneira direta, clara e viva. 
Além da três peças publicadas neste volume, são de sua autoria, entre outras: A Festa do Rei, A Farsa do Poder, Elvira do Ypiranga, A Ópera do Malazarte, Maria do Ó, Chico Cobra e Lazarino, O Voo do Cavalo do Cão, Bye Bye Natal ( Musical), O Autor do Boi de Prata e a infantil, O Congresso das Borboletas.