Cultura significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membros,. ativistas, poetas, escritores, produtores culturais, grupos culturais, violeiros, pensantes e os que admiram e lutam pela cultura potiguar. Cultura! A Cultura, VIVE e Resiste! "Blog do CPC/RN, notícias variadas na BASE DA CULTURA!
Artista goiano apresenta em SP obras tridimensionais que dialogam com assemblages e o acervo da instituição
O Museu Afro Brasil, da
Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, em parceria com a Associação
Museu Afro Brasil – organização social de cultura, inaugura no próximo dia 23
de junho, às 11h00, a exposição “Sertão Expandido”, do artista plástico
goiano Kboco. Com curadoria de Maria Hirszman, a mostra reúne cerca de dez
trabalhos inéditos entre pinturas, desenhos, assemblages e intervenções em site
specific.
“Não se trata de uma mera filiação à
instalação como forma expressiva, mas de uma intencionalidade clara de fusão
entre as questões pictóricas, com a necessidade de se expandir para além do
espaço bidimensional, incorporando elementos da paisagem e usando a arquitetura
como estopim e suporte para ações transformadoras do espaço social”, afirma
Hirszman.
“Sertão Expandido” encerra um hiato
de cinco anos desde a última exposição do artista, e apresenta o resultado da
transição que o levou de volta ao seu estado de origem, Goiás, onde nasceu em
1978, após morar em cidades como Porto Alegre, Olinda e São Paulo.
A decisão do artista em instalar seu
estúdio no município de Cavalcante, no coração da Chapada dos Veadeiros, nas
palavras do próprio Kboco, “carrega em si a busca pela arte enquanto produção
de conhecimento e não apenas como produção mercadológica. O aprofundamento que
essa mudança gera diz respeito ao sertão enquanto possibilidade de
aperfeiçoamento e expansão da linguagem”.
Entre os destaques da mostra estão as
assemblages - colagens feitas em pedaços de madeira encontradas nas andanças do
artista. “Essas obras são feitas com madeiras que eu recolho ao acaso e que
cruzam meu caminho numa espécie de arqueologia do cotidiano, então eu as ajeito
no meu estúdio já com uma certa diagramação, mas a montagem final da obra
acontece no próprio museu”.
“Sertão Expandido” é resultado do
projeto de fomento à arte pelo Fundo de Cultura de Goiás, e contará com
catálogo e vídeo do processo criativo do artista.
Emanoel Araujo, diretor-curador do
Museu Afro Brasil, comenta: “Kboco é o barroco do grafismo. Tão barroco que às
suas figuras e ao seu emaranhado de grafismos ele ainda acrescenta pequenas
formas de folha de ouro, e tudo isso reluzindo de um requintado lavis e de uma
requintada transparência. Por certo, Kboco se inspira nas volutas de grades de
ferro ou na superposição de um laboratório de tubos de cristal imaginário”.
22 de junho 2017 – Press Trip São Luis – MA – Apresentação do Boi de Santa Fé. Foto: Roberto Castro/ MTur
A temporada oficial vai até 1º de julho, serão mais de mil apresentações culturais na capital maranhense
O São João de São Luís, que teve abertura oficial quinta-feira (14), na capital do Maranhão, é assim mesmo, muito diferente. Lá, além dos tradicionais São João e São Pedro, também se comemora São Marçal; e as quadrilhas dão lugar a um dos espetáculos mais emblemáticos da cultura brasileira: o Bumba Meu Boi que, associado a outras “brincadeiras” como o tambor de crioula e o cacuriá; tornam incomparáveis os festejos juninos ludovicences.
As barraquinhas já estão armadas pela capital maranhense, cujo centro histórico é tombado como patrimônio cultural da humanidade. Comidas típicas, manifestações culturais e o pleno envolvimento das comunidades são marca registrada das festas juninas do Maranhão que no ano passado movimentaram R$ 60 milhões, dos quais R$ 20 milhões em São Luis.
O Bumba Meu Boi é o carro-chefe do São João de São Luís. São mais de 100 grupos subdivididos no que o maranhense denomina de ‘sotaque’, que envolve variações de ritmos, indumentária e instrumentos musicais, segundo a secretaria de Turismo de São Luís. Os “bois” são integrados por pessoas da comunidade que passam o ano trabalhando em trajes ornamentados com incríveis bordados feitos a mão.
Durante a festa não dá para deixar de provar o que há de mais típico na gastronomia maranhense. O arroz de cuxá, o guaraná Jesus e o suco de bacuri estão entre os itens mais procurados nas barracas de palha dos arraiás dos bairros e do centro histórico. Tudo embalado pelos ritmos e danças característicos da cultura local: Tambor de Crioula, Cacuriá, Dança do Coco, Bambaê de Caixa, Dança do Lelê, Dança Portuguesa e Dança do Boiadeiro, entre outros.
“Foi graças ao convite do Ministério do Turismo que eu e os leitores do blog Esse Mundo É Nosso pudemos ver de perto um dos maiores espetáculos que já assisti ao vivo. A princípio, a ideia que eu tinha era de um São João como os demais no Nordeste, com fogueira, quadrilha e forró. E é aí que veio a maior surpresa da festa em São Luís”, conta o blogueiro Rafael Carvalho, que participou da festa no ano passado. Impressionado com a grandiosidade do Bumba meu Boi, ele fez analogia do amor do maranhense pelo boi com a relação que os cariocas têm com as escolas de samba.
A Secretaria de Turismo de São Luís recomenda uma consulta ao site do órgão para saber onde serão realizadas as manifestações que se espalham por toda a cidade. Para o turista tem também dicas sobre os principais atrativos turísticos da capital: www.turismosaoluis.com.
O Ministério da Cultura (MinC) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) promovem, entre os dias 5 e 11 de novembro, em São Paulo, a primeira edição do Mercado das Indústrias Criativas do Brasil, o MicBR, megaevento de negócios que vai reunir milhares de empreendedores dos setores cultural e criativo do Brasil e de outros países. O objetivo é impulsionar a internacionalização da produção cultural brasileira e o intercâmbio entre os países, em especial da América do Sul. O MicBR reunirá dez setores: artes cênicas (circo, dança e teatro), audiovisual, animação e jogos eletrônicos, design, música, museus e patrimônio, artes visuais, moda, editorial e gastronomia.
Na Copa do Mundo de 1970, disputada no México, dizia a música tema da Seleção Brasileira, éramos 90 milhões em ação, formando uma corrente pra frente, parecendo que todo o Brasil deu a mão.
Ufanista, o hino de autoria do compositor Miguel Gustavo, que pretendia unir o país, então na fase mais repressiva da ditadura militar, em torno da então seleção canarinho, foi repetido à exaustão pelo rádio e pela televisão.
O general Garrastazu Médici, presidente de plantão, um fanático pelo chamado esporte bretão, chegara a se transformar quase que um dos torcedores-símbolos do time de Pelé, Tostão, Gerson, Carlos Alberto e companhia (e que companhia), comandado pelo velho lobo Zagallo.
No entanto, ao contrário do que afirmava a letra, não éramos exatamente 90 milhões de brasucas torcendo pelo sucesso da seleção.
Embora minoritária, havia uma legião de pessoas que não compartilhava a euforia gerada pela máquina de propaganda da AERP, a Assessoria Especial de Relações Públicas do governo, chefiada pelo general Otavio Costa, e se negava a cantar o salve a seleção e muito menos o pra frente, Brasil da letra do hino oficial.
O raciocínio era simples: uma eventual conquista do tricampeonato seria explorada pelo regime, insaciável em busca do apoio da população e implicaria num fortalecimento inevitável da ditadura, que começava a surfar nos primeiros resultados do chamado “milagre econômico brasileiro”.
Cursando a faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, eu estava entre os que optaram por não torcer, vibrar com a campanha avassaladora e até a assistir os jogos do Brasil.
Me lembro até de um episódio um tanto cômico, logo após a vitória contra o Uruguai, por três a um, na semifinal, o que garantia o direito a disputar a final com a Itália.
Caminhando pelo centro de Porto Alegre, carrancudo e com cara de poucos amigos, fui surpreendido por um torcedor que comemorava a vingança contra os uruguaios, 20 anos após a derrota em pleno Maracanã, na decisão da Copa de 1950.
“Não está contente, comunista?”, gritou a plenos pulmões o avô gaúcho do Kim Kataguiri. Só não me mandou para Cuba porque esse mantra direitista ainda não estava na moda.
Consegui manter a postura militante, sem concessões e coerente até o confronto final, com a Squadra Azzura no domingo, 21 de junho, no estádio Azteca, na Cidade do México.
Dessa vez, minha turma de amigos resolveu encarar de frente o adversário (a seleção das feras recrutadas pelo técnico João Saldanha, um notório militante comunista, que depois de classificá-la nas eliminatórias foi defenestrado por Médici e substituído por Zagallo).
Ou seja, resolvemos assistir o jogo, que pela primeira vez era transmitido em cores pela televisão brasileira.
Entre uma cerveja e outra, torcíamos desesperadamente pela Itália, lamentado as oportunidades perdidas por eles. Até que, aos 18 minutos do primeiro tempo, Pelé marcou de cabeça o primeiro gol para o Brasil.
Num passe de mágica, lá se foram nossas convicções, as elucubrações políticas e os compromissos ideológicos. Abraços e gritos de “Brasil, Brasil” ecoaram pela sala do apartamento em que estávamos reunidos, do meu colega de faculdade Renato Ilgenfritz da Silvia, já falecido, que posteriormente foi presidente do Conselho Nacional de Economia.
Não houve o perigo de uma recaída nem mesmo quando o atacante italiano Boninsegna, ainda no primeiro tempo, fez o gol de empate.
Ao contrário: no segundo tempo, foi só alegria e comemoração, à medida que Gerson, Jairzinho e Carlos Alberto iam construindo o placar final de 4 a1 para o Brasil. Sem pena, sem dor, sem lágrimas e sem preocupação com a possível capitalização do tri por Médici e seu governo.
Terminada a partida, fomos todos festejar o título na avenida Independência, então uma das mais elegantes da capital do Rio Grande do Sul. Aos vivas à seleção se somaram espontaneamente gritos de “abaixo a ditadura”, entoados às vistas dos soldados da Brigada Militar, que tinham recebido a orientação do governo estadual para não reprimir as manifestações, numa apoteose que varou a madrugada, até as primeiras horas da segunda feira.
Passados 48 anos e 121 milhões de habitantes depois, o dilema enfrentado pela geração que combatia a ditadura está de volta, ressuscitado pelo golpe que apeou a presidente Dilma Rousseff da presidência da República, dividindo o campo progressista.
Uma vitória da seleção de Tite pode ou não fortalecer o usurpador Michel Temer? Vestir ou não a camisa amarela da CBF, símbolo dos coxinhas que se mobilizaram contra o governo legitimamente eleito de Dilma?
Como costumava dizer o jornalista esportivo Juarez Soares, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Peguemos um exemplo recente, o pentacampeonato conquistado na Copa de 2002, realizada simultaneamente no Japão e na Coreia do Sul, no último ano de governo de Fernando Henrique Cardoso.
Tal feito não impediu que FHC tivesse saído com a popularidade em baixa, sem conseguir eleger seu sucessor.
No sentido oposto, mesmo com o fiasco na Copa de 2006, na África do Sul, o presidente Lula chegou ao último mês de seus oito anos de governo, com um índice recorde de popularidade e aprovação de 87%, segundo o Ibope. E fez sua sucessora, a praticamente desconhecida Dilma.
Ou seja, alguém aí acredita que se Neymar e seus companheiros trouxerem o sexto caneco, a aprovação de Temer vá sair da margem de erro em que patina?
Da mesma forma, o abandono e execração da camisa amarela é um equívoco, assim como seria um equívoco repudiar a bandeira nacional, amplamente utilizada nas manifestações da massa do atraso.
Caso isso ocorresse, seria deixar que símbolos tão caros aos brasileiros fossem indevidamente apropriados pela direita ignara, pelos bolsominions, MBLs e Vem pra Rua da vida. Ao contrário, é preciso resgatar esses símbolos.
Paixão nacional, praticado por gente de todas as classes sociais, raça, posição política e religião, o futebol é uma arte, um ativo inestimável do povo brasileiro.
Uma vitória na Rússia será seguramente um alento para a elevação da autoestima da população e um momento de reafirmação da excelência de nossos jogadores na prática do esporte mais popular do mundo.
Nesse campo, provavelmente só tenhamos concorrência entre os argentinos, fanáticos pelo futebol. Como se sabe, a Argentina, então sob uma ditadura sanguinária que deixou um rastro de 30 mil mortos e desaparecidos, sediou e conquistou a Copa do Mundo de 1978.
A partida final contra a Holanda foi disputada no Monumental de Nuñez, o estádio do River Plate, um dos clubes mais importantes do país.
Há 1,9 quilômetro de distância do estádio estava localizada a Escola de Mecânica da Armada, a tristemente conhecida Esma, o mais sanguinário centro de tortura e morte operado pela marinha argentina- ali, pelo menos cinco mil detidos foram eliminados fisicamente. Dali, os gritos dos torcedores no Monumental podiam ser facilmente ouvidos pelos prisioneiros.
Segundo relata o livro “A Ditadura Militar 1976/1983- do Golpe de Estado à Restauração Democrática”, de Marcos Novaro e Vicente Palermo, nesse dia os torturadores instalaram um aparelho de televisão para que um grupo deles pudessem assistir a partida.
No fim do jogo, vencido por 3 a 1 pelos companheiros de Fillol, Passarella e Ardilles, uma cena inimaginável: torturadores e torturados confraternizaram-se aos abraços pela vitória de sua seleção, ainda de acordo com os autores, dez prisioneiros foram levados pelos algozes para um restaurante, onde comeram uma parrillada ( o churrasco argentino), em meio a cantos e vivas.
Cinco anos depois, o regime que parecia imbatível, foi miseravelmente escorraçado na esteira da fragorosa derrota para a Inglaterra na Guerra das Malvinas.