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terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Bancadas do PT na Câmara e no Senado pedem novo adiamento do Enem

 

Foto: Divulgação/Agência de Notícias do Paraná

As bancadas do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados e no Senado Federal defendem o adiamento da aplicação das provas do  Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) devido ao agravamento da crise sanitária causada pela Covid-19 - que, só no Brasil, já matou mais de 200 mil pessoas. As provas seriam aplicadas, inicialmente, em novembro do ano passado; devido à pandemia, o MEC decidiu, em julho, adiar para os dias 17 e 24 de janeiro deste ano.

Em nota publicada na última sexta-feira (8), o partido lembra que o exame engloba um universo de cerca de 5,8 milhões de candidatos, além dos trabalhadores envolvidos na logística de aplicação das provas. Além dos riscos de transmissão da Covid-19, os representantes da legenda apontam, ainda, a possibilidade de agravamento das desigualdades educacionais no País.

"Como o Enem é a principal porta de acesso ao ensino superior e o Governo Federal não implementou nenhuma política consistente para assegurar o acesso dos estudantes das escolas públicas a atividades pedagógicas não presenciais, a realização do Enem neste momento aprofundará as desigualdades educacionais, desestimulando estudantes e projetos de vida", diz a nota.

Os parlamentares afirmam que estão em sintonia com o posicionamento de entidades representativas dos estudantes brasileiros e trabalhadores em educação, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e o Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE), além da Defensoria Pública da União (DPU), que acionou a Justiça Federal para requerer o adiamento do Enem.

A nota é assinada pelos líderes do partido nas duas Casas: deputado Ênio Verri (PR) e senador Rogério Carvalho (SE).

Fonte: Agência Câmara de Notícias

C/ CNTE

Apresentados por Francisco do PT, projetos de combate ao racismo avançam na ALRN - " PARABÉNS AO NOBRE DEPUTADO, FRANCISCO DO PT/RN PELA BELISSÍMA INICIATIVA!" - Eduardo Vasconcelos, presidente do Centro Potiguar de Cultura - (CPC/RN)

Estão prontas para serem votadas, no plenário da Assembleia Legislativa do RN (AL-RN), duas iniciativas de combate ao racismo apresentadas pelo deputado estadual Francisco do PT. Expectativa é que as matérias sejam apreciadas logo após o retorno das atividades da AL-RN. 

O PL 290/2020 proíbe a nomeação para cargos em comissão de pessoas que tenham sido condenadas pela Lei Federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte. Já o PL 288/2020 determina a afixação de cartaz em órgãos públicos e privados, informando que racismo, injúria racial e discriminação racial são crimes. 
 
Segundo o deputado estadual Francisco do PT, “existe um racismo estrutural no Brasil, por mais que algumas poucas vozes falem que não. As estatísticas, informações, dados sobre empregos e salários, mortes, violências das mais diversas sofridas, ocupação de cargos públicos e eletivos, tudo isso corrobora com a tese do racismo estrutural. Nesse sentido, é fundamental que seja construído pela sociedade e Estado brasileiros um arcabouço institucional e legislativo que combata esse racismo estrutural”.
 
Em dezembro de 2020, os projetos de lei foram aprovados por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

Fonte: Potiguar Notícias

COM O PAÍS DESMANCHANDO, BOLSONARO TRABALHA PARA FACILITAR ACESSO A ARMAS DE FOGO - Fonte: DCM

 

Bolsonaro assinando decreto que facilita o porte de armas

Em conversa com apoiadores nesta segunda (11), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que prepara três decretos para facilitar o acesso a armas de fogo a grupos de Colecionadores, Atiradores e Caçadores (CACs).

“Nós batemos recorde o ano passado, em relação a 2019. Mais de 90% na venda de armas. Está pouco ainda, tem que aumentar mais. O cidadão de bem, há muito tempo, foi desarmado”, disse ele.

Segundo a Polícia Federal, 179.771 novas armas foram registradas no País no ano passado, ou seja, um aumento de 91% com relação ao número de 2019.

Fonte: Diário do Centro do Mundo - DCM

LEIA TAMBÉM: Desmentido por Honda, Loreal e MWM, Bolsonaro passa vergonha após fuga da Ford para a Argentina

MIGUEL ARROYO || ESCOLAS MILITARIZADAS CRIMINALIZAM INFÂNCIAS POPULARES Fonte: CARTA CAPITAL E SINPRO-DF

MIGUEL ARROYO

JORNALISTA: RIBAMAR MARTINS 

Fonte: SINPRO-DF

O anúncio do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares apresentado pelo governo Bolsonaro no início do mês se apoia em duas narrativas principais: a de que, sob gestão dos militares, as escolas conseguirão resolver a questão da violência – motivo pelo qual o plano considera aplicar a militarização em territórios mais vulneráveis – e ainda produzir melhores resultados educacionais, a partir de mais regras e disciplinas no ambiente escolar.

As justificativas não convencem o sociólogo e educador espanhol Miguel Arroyo, que vê o modelo com preocupação. Para ele, há perguntas anteriores que devem ser feitas antes de substituir educadores e gestores educacionais por militares e levar a lógica da militarização a esses espaços. “Por que há violência nas escolas e qual ideal de educação temos?”, questiona.

Em entrevista a CartaCapital, o educador explica o modelo de escolas militarizadas como parte integrante de uma política  vigent de “criminalização dos mais pobres”, que questiona as estruturas democráticas, sobretudo as escolas, a partir de um discurso de medo, exceção e ameaça.

CartaCapital: Como o senhor avalia a narrativa de que a militarização das escolas resolverá  a questão da violência dos territórios mais vulneráveis?

Miguel Arroyo: Em relação à violência, eu destacaria o seguinte: quais escolas serão militarizadas? Não serão as privadas, mas as públicas, locais que recebem as infâncias populares das favelas, dos campos. Digo isso para que pensemos: que infâncias estão sendo pensadas como violentas? Estamos em um momento no qual se busca a criminalização das infâncias e adolescências populares, bem como dos movimentos sociais de luta por terra, teto, transporte, o que eu chamo de política criminalizante dos pobres. E isso me soa de uma brutalidade assustadora. Portanto, o que ao meu ver legitima a criação das escolas militarizadas é o discurso de que as infâncias são criminosas, mas não todas, só as populares, ou se criminaliza quem está nas escolas  na escolas privadas? Esse é um alerta político muito sério, mas que não acontece de agora.

Nós já vínhamos há uns dois, três anos, pressionando pelo rebaixamento da idade penal. E a ideia que sustenta essa tese é a mesma, a de que as infâncias e as adolescências são violentas. Então, em vez de entregá-las às escolas públicas, aos educadores e educadoras, se defendia encaminhá-las à justiça penal, um jeito de tirar esses estudantes da escola e colocá-los na prisão.

A novidade agora é que não vamos mais tirá-los das escolas, mas colocar as próprias unidades sob o controle da justiça penal, sob a lógica policial, militar, o que eu vejo com extrema gravidade. A ideia da militarização representa a condenação da infância e seu controle pela polícia. Preferem isso a colocar uma questão fundamental: por que há violência nas escolas? 

Não são as infâncias que são violentas. Elas são sim violentadas pela sociedade, pela pobreza, pelas favelas, pelas desigualdades sociais, de raça, gênero e isso chega às escolas. Mas preferem ocultar isso, a olhar com seriedade. As infâncias  são vítimas de violência e respondem da mesma maneira às violações que sofrem.

CC: Do ponto de vista da política educacional e do direito à educação, o que a militarização das escolas representa?

MA: Está se decretando a falência da escola pública e não só dela enquanto instituição, mas também dos educadores e dos gestores educacionais formados para atuar na área. Ao substituí-los por militares, damos um recado claro: vocês fracassaram. E isso é muito sério. A tentativa é de desconstruir toda a luta por uma educação pública de qualidade, tal como podemos ver com os ataques direcionado às universidades federais, às Ciências Humanas. Na visão dos conservadores, a escola pública foi longe demais e precisa ser combatida. E quando se destrói a ideia da escola pública, rui juntamente a ideia do Estado público, de direitos, de cidadanias. É uma radicalidade terrível.

Outra questão que destaco ainda sobre o direito à educação é a tentativa de validar a chamada educação familiar, no bojo da destruição do Estado. Veja, o que se diz é que quem deve educar é a é a família ou que, caso ela não tenha condições, que seja o Estado militar. Nesse contexto, a criança não é pensada como cidadã, como um sujeito de direitos que tem, entre eles, a garantia a uma educação pública de qualidade fornecida pelo Estado.

E essa lógica será perpetrada pela escola militarizada, porque lá as crianças não são cidadãs. O militar não é símbolo do Estado cidadão, mas da soberania da pátria, da regra, da disciplina, do controle, da ordem. Todo Estado militarizado é anti cidadania, ou seja, não se afirma enquanto símbolo dos direitos cidadãos.

CC: O senhor acredita que esse modelo, baseado em regras rígidas, pode impactar no desenvolvimento das crianças e adolescentes?

MA: Uma das formas das infâncias e adolescências se afirmarem é por meio de seus corpos. Eu costumo dizer que não temos corpos, somos corpos. Trazemos nele a marca do nosso tempo, o corpo é a marca de cada tempo, da identidade. O que eu quero dizer com isso é que quando o menino usa boné, ou quando meninos e meninas optam por usar adereços ou até por um tipo de corte de cabelo eles estão simbolizando suas identidades, os corpos passam a ser afirmação de identidade, entende? E aí vem a escola militar e diz: basta! Não existe cabelo, corpo, nada. Isso é terrível, porque não reconhece as mudanças e as lutas que se acumulam na infância, adolescência e juventude. Até o século passado, tínhamos uma visão limitada sobre essas etapas da vida, agindo com crianças, adolescentes  e jovens como se não tivessem direito à fala. A palavra infância, aliás, no seu sentido etimológico denota um sentido negativo, não-falante. A adolescência chamávamos de ‘aborrescência’ e a juventude era vista como uma fase preparatória para a vida adulta. Mas isso mudou radicalmente. Hoje a infância tem voz, a adolescência é o tempo da afirmação, da orientação sexual, das experiências que culminam, por exemplo, em tantos movimentos organizados pela juventude. E se estamos diante de novos tempos para esses indivíduos, a educação também deve ser outra. Ao tentar destruir identidades de corpos, raça, gênero, se destrói a identidade humana e isso não é pedagógico.

CC: Ainda assim, há famílias que endossam o modelo da militarização, justamente por acreditarem na solução da violência. Como o senhor vê esse movimento?

MA: Essa alternativa é validada à medida em que se cria e se fortalece a política de estado de  medo, exceção e ameaça. Imagine só uma mãe que precisa trabalhar e deixar o filho na escola, claro que ela vai querer segurança. A questão é que se criou um clima de que a escola não dá conta de seu papel e isso é totalmente intencional e político, faz com que essas mulheres não confiem mais nas escolas e cedam à proposta da militarização. Veja, o caminho democrático é sempre melhor, mas quando se cria a ideia de que na democracia não há segurança, acabamos flertando com as regras, com as posturas ditatoriais e isso também chega às escolas.

CC: Outro ponto defendido pelo governo é a possibilidade das escolas militarizadas produzirem melhores resultados. Qual a análise do senhor?

MA: Quais resultados? As escolas militares têm bons resultados para formar militares, mas não são os melhores exemplos para formar cidadãos com valores de democracia, de igualdade, valores políticos. Eu me formei em uma escola militar na Espanha, na época do general Francisco Franco, e eu não aprendi nada disso, mas sim a marchar, bater continência, a ter meu corpo militarizado. Essa é a boa educação que queremos? Temos que nos colocar essa pergunta. Os resultados serão bons de acordo com o que temos como ideal, entende? E o que vejo é uma luta por por uma educação para a cidadania, pautada em valores, em respeito aos outros, fraterna e participativa.

Reprodução: Carta Capital

Fonte: SINPRO-DF

Adnet ironiza Pazuello após fala de "dia D" e "hora H" para início da vacinação no Brasil - Por Brasil 247

Marcelo Adnet (Foto: Reprodução/Twitter)

247 - O humorista Marcelo Adnet usou o Twitter nesta segunda-feira (11) para, em vídeo, ironizar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, após declaração de que a vacinação contra Covid-19 no Brasil terá início no "dia D" e na "hora H".

“A vacina vai começar no dia D, na hora H no Brasil. No primeiro dia que chegar a vacina, ou que a autorização for feita [pela Anvisa], a partir do terceiro ou quarto dia já estará nos estados e municípios para começar a vacinação no Brasil", disse Pazuello.

Luis Fernando Verissimo: Americanamente

Das tantas cenas do Capitólio ocupado que vimos as mais impressionantes eram as de confronto entre os guardas do prédio e os invasores, muito mais numerosos.

Não foi, assim, uma queda da Bastilha, muito menos a invasão do Palácio de Inverno do tzar pelos bolcheviques. Mas foi histórico, americanamente histórico. A maioria dos que entraram à força no Capitólio, onde o poder legislativo se reunia para oficializar a vitória do Biden e a derrota do Trump, era formada por uma mistura de trumpistas iludidos, trumpistas inocentes carregando os filhos, garotada a fim de quebrar tudo e o que lá eles chamam de “red necks”, pescoços vermelhos, uma categoria de caipiras de bunda grande. Trump tinha instruído seus seguidores a marchar pela Avenida Pennsylvania, que vai da Casa Branca até o Capitólio, mas não se lembrara de avisar a multidão a não entrar no Capitólio, o que a multidão fez com grande facilidade.

O Capitólio era surpreendentemente aberto e vulnerável. Qualquer um podia entrar, qualquer um podia assistir a sessões do senado e da câmara ou andar pelos seus corredores. História pessoal: eu cursava um “high school” em Washington e (crianças, tapem os ouvidos) odiava estudar. Decidi, por minha conta, que aprenderia mais fora da escola do que na escola. Passei a frequentar o Congresso, principalmente seu departamento de revistas estrangeiras, e muito andei pelo seu interior sem que me interpelassem. Também frequentava o centro de Washington, onde um dia, por fatalidade, encontrei minha mãe e a Clarice Lispector. Até hoje não sei como expliquei o que eu estava fazendo tão longe da escola.

Das tantas cenas do Capitólio ocupado que vimos as mais impressionantes eram as de confronto entre os guardas do prédio e os invasores, muito mais numerosos. A Segurança do Capitólio por certo mudou desde a minha adolescência, quando a nação temia um ataque nuclear da União Soviética, mas ninguém sonhava com uma cena como a de uma multidão americana acuando guardas americanos. O que o episódio tem de histórico, além do ineditismo – mas as tomadas da Bastilha e do Palácio de Inverno também foram inéditas – é essa reversão de civilidade, a volta de uma incivilidade, ausente desde a guerra da secessão.

Fonte: Portal BRASIL CULTURA

Hinos estaduais propagam racismo contra negros e índios

Algumas letras exaltam as figuras de bandeirantes e escravocratas, além de terem versos racistas

A nefasta exaltação a bandeirantes e escravocratas não se resume a estátuas espalhadas Brasil afora. Algumas letras de hinos estaduais elogiam essas figuras e também têm versos racistas. Basta ouvir o hino do Rio Grande do Sul, que detonou esse debate no primeiro dia do ano. Cinco vereadores de Porto Alegre (RS), todos em primeiro mandato e negros, permaneceram sentados quando o hino tocou durante a cerimônia de posse como um protesto contra os versos racistas.

“Mas não basta, para ser livre / Ser forte, aguerrido e bravo / Povo que não tem virtude / Acaba por ser escravo”, diz o trecho que motivou o protesto. Para Luiz Alberto Grijó, professor do núcleo de História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a denúncia de racismo é pertinente. “As pessoas que advogam que isso tem um conteúdo racista – com as quais eu concordo – dizem que esse escravo estaria associado a uma pessoa sem virtude, quase seria uma não pessoa pela falta da virtude”, afirma Grijó.

No hino de Alagoas, os escravos também aparecem com uma conotação racista. A canção diz que o estado “não procria escravos / vence ou morre! / mas sempre de pé!”. Segundo Amailton Magno Azevedo, professor de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), “a construção desses símbolos no Brasil sempre expressou a ideologia de classes letradas e, em um certo sentido, dos detentores de poder. Os hinos, as bandeiras, a construção de heróis no Brasil teve uma participação popular nula”.

É por essa falta de participação popular, segundo Azevedo, que aparecem com tanta frequência expressões preconceituosas e racistas nos signos que constroem a ideia de nação. Ele dá como exemplo o caso da bandeira da cidade mineira de Ouro Preto, que dizia “precioso ainda que preto” e foi alterada em 2005.

Outros hinos estaduais também exaltam os bandeirantes, igualmente homenageados em estátuas que foram alvo de críticas em 2020. No hino paulista – que evoca uma “São Paulo das bandeiras” –, ele “avança e investe” de norte a sul, de leste a oeste e então “doma os índios bravios”. No Piauí, foi a aventura de dois deles que “a semente da pátria nos traz”. O hino rondoniense diz: “Nós, os bandeirantes de Rondônia / nos orgulhamos de tanta beleza”.

“Esses homens pertencem todos a nossa elite”, afirma diz o historiador Euzébio Assumpção. “Por consequência disso é que se formam hinos de louvor aos bandeirantes e aos farrapos [no caso do Rio Grande do Sul].” Assumpção provoca: “É o imaginário de um pensamento da época que passa por décadas e décadas e vem até os dias de hoje. O que eles representam de fato? O pensamento dominante de uma elite”. O historiador lembra que desde a década de 1970 se discute o racismo nos versos do hino gaúcho.

Para Azevedo, a discussão lembra o debate sobre a retirada de estátuas que aconteceu com força no ano passado. Em sua opinião, ter uma figura como a do bandeirante Borba Gato homenageada em São Paulo, por exemplo, obrigou a população a lidar “com a evocação dessa memória única, exultante, orgulhosa, do bandeirante paulista, em detrimento de outras memórias que também habitaram e continuam habitando a cidade de São Paulo, como as memórias indígenas, negras, como parte fundamental”.

Em raras contrapartidas às letras que homenageiam escravocratas, há trechos antiescravistas em hinos de alguns estados do País. “Fluminenses, eia! Alerta! / Ódio eterno à escravidão! / Que na pátria enfim liberta / brilha a luz da redenção!”, diz o hino do Rio de Janeiro.

No hino de Santa Catarina, a intenção aparece em mais de uma estrofe: “cai por terra o preconceito / levanta-se uma nação”, “quebrou-se a algema do escravo / e nesta grande nação / é cada homem um bravo / cada bravo um cidadão” e “não mais diferenças de sangues e raças / não mais regalias sem termos fatais / a força está toda do povo nas massas / irmãos somos todos e todos iguais”.

De acordo com Cristina Scheibe Wolff, professora da Universidade Federal de Santa Catarina, a diferença entre os hinos se dá pelo contexto histórico em que foram feitos. No caso catarinense, a letra é resultado de um momento abolicionista que o local vivia.

Os protestos contra os hinos considerados racistas vêm acompanhados de pedidos de mudança dos versos, assim como aconteceu na bandeira de Ouro Preto. “O hino é uma coisa viva, foi trabalhado ao longo desse tempo todo, recebeu arranjos – coisas foram suprimidas, provavelmente coisas foram colocadas. Nesse sentido, essa parte realmente tem uma conotação racista, é inegável”, diz Grijó sobre a canção gaúcha. “Estamos vivendo a emergência de uma intelectualidade que está levando para a arena da discussão pública a sua leitura desses elementos da cultura – e isso é fundamental.”

Segundo Amailton Magno Azevedo, o protesto no Rio Grande do Sul acontece num momento propício para essa discussão disparar no Brasil. “O debate que está posto em torno das questões do racismo, do machismo, das questões da sexualidade, não permite mais aceitar ou compactuar com antigos pactos de construção de nação que foram exigidos no passado”, diz Azevedo. “Esse debate sobre estátuas, que está correndo o mundo todo, questiona esses signos.”

Com informações da Folha de S.Paulo

Fonte: Portal BRASIL CULTURA