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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

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Brasileira representa Portugal na Copa do Mundo de Poesia Falada

Foto: Reprodução Instagram

Competidora do poetry slam em São Paulo desde 2013, Maria Giulia Pinheiro se apresentará na Coupe de Mónde Slam, em Paris.

Em Maio, duas brasileiras participarão da Copa do Mundo de poesia falada. Kimani, representando o Brasil, e Maria Giulia Pinheiro, representando Portugal. Maria Giulia, também conhecida como Magiu, já participou de grandes eventos ligados ao poetry slam no Brasil. Desde 2019 vive em Portugal e, neste amo, representará o país lusitano na Copa do Mundo de poesia falada.
A Coupe de Mónde de poetry Slam é um evento organizado em Paris desde 2004. Ao total, 20 poetas do mundo todo se apresentam e competem pelo título de campeão mundial de palavra falada. Nenhum brasileiro levou ainda este título para casa, mas Roberta Estrela Dalva (terceiro lugar, em 2011) e Emerson Alcade (segundo lugar, em 2014) já estiveram entre os finalistas.
Maria Giulia Pinheiro tem três livros publicados, é atriz, dramaturga e poeta e apresenta diversos eventos ligados à poesia, entre eles o “Todo Mundo Slam”, um poetry slam para migrantes e portugueses, que acontece em Lisboa, e a “Ginginha Poética”, um sarau itinerante que mistura poesia e bebidas típicas de cada lugar. Magiu também é criadora, projeto desenvolvido com Anna Zêpa, do poetry slam de poetas mortos “Ciranda: Jogo de Palavra Falada” em que artistas contemporâneos escolhem autores já falecidos para ler em um jogo parecido com o campeonato de poesia falada.
“Para mim, a graça dos eventos é promover a leitura, o encontro e abrir espaços de comunicação profunda entre as pessoas”, diz a poeta.
Neste momento, Maria Giulia Pinheiro está em uma turnê com o espetáculo “A Palavra Mais Bonita”, em que recolhe as palavras mais bonitas da plateia e escreve poemas ao vivo com elas. A peça é uma homenagem ao pai de Magiu, Hemelson, que morreu em abril de 2018, vítima de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) do tipo Bulbar. Um ano antes de morrer, ele perdeu a fala. A Palavra Mais Bonita é uma homenagem a esta última palavra do pai da poeta, que ela não sabe exatamente qual foi, e tem o objetivo de circular por todos os países que falam a língua portuguesa.
Em 2019, ano da estreia do espetáculo, Maria Giulia apresentou a performance em São Paulo, no Centro da Terra, Sesc Pinheiros e no Teatro Pequeno Ato, em Lisboa (Portugal), em Maputo (Moçambique) e em Santiago (na Galiza, Espanha) região onde predomina  o idioma Galego. Este ano, Maria Giulia retoma a turnê logo após a Coupe de Mónde.
A Coupe  de Mónde de poetry Slam acontece de 16 a 24 de maio, em Paris.

Não deixe a privacidade morrer, não deixe a privacidade acabar

 POR NINJA
Foto: Piqsels
Por João Pimenta
O volume de dados que geramos e compartilhamos cresce com uma velocidade sem precedentes, redes sociais, serviços, smartphones, sensores, inteligência artificial, casas inteligentes, assistentes de voz, estão todos presentes em nossas vidas e vieram pra ficar.
A primeira coisa a deixar claro por aqui é que o objetivo não é causar aversão ou demonizar qualquer uma dessas tecnologias, mas sim trazer para a mesa o quão importante é o debate sobre a privacidade, um direito fundamental.
Constantemente fazemos concessões entregando nossos dados para receber uma experiência personalizada, preços mais baixos, uma facilidade aqui, outra ali. Essa lógica foi arquitetada e vem sendo aprimorada para a monetização dos dados dos usuários, toda essa conveniência tem seu preço e você não é o culpado por isso.

O Facebook sabe dos eventos que você tem interesse, com o que você se identifica, se é de direita ou de esquerda, se você fez a barba, se visitou um site, por onde tem andado, que filmes viu, que aplicativos usa.
O Google sabe tudo o que você pesquisa, em quais sites navega, onde você mora, onde estacionou seu carro, com quem trocou e-mails, quem são as pessoas que estão nas fotos do seu celular.
A Uber sabe tudo sobre seus trajetos, o Tinder sobre seus crushs, inclusive sobre quais horários você se sente mais sozinho, a Amazon sobre seus livros, o Instagram sobre sua autoestima e seus desejos narcísicos, essa lista não tem fim e vale muito dinheiro.
A conveniência perfeitamente desenhada não é inofensiva.
O gerenciamento e poder sobre os dados afeta de forma direta a sociedade. Quando falamos da Uber, surge a questão da precarização do trabalho, mobilidade urbana, alternativas sustentáveis de transporte, pautas essas que deveriam estar presentes numa visão política de estado e que evidentemente não são prioridades do setor privado.
O poder econômico dos dados vem atropelando o bem-estar social e violando sem qualquer pudor a privacidade. Convivemos com muitas decisões arbitrárias tomadas por algoritmos de código fechado.
Temos como alguns exemplos a exclusão do acesso a esses serviços por pessoas que moram na periferia, aumento especulativo em aluguéis gerados pelo Airbnb, manipulação de eleições, criação de bolhas gerando redução do pensamento coletivo e aumentando a polarização.
Também é importante olharmos quem são as empresas que hoje concentram os dados do mundo: Apple, Microsoft, Google, Amazon, Facebook, Instagram, WhatsApp, IBM, Broadcom, Intel, Dropbox.
Os EUA concentram um volume desproporcional de participação no mercado tecnológico e na detenção de dados. China, Rússia, Índia e União Europeia também são atores nessa peça, mas a balança está longe de um equilíbrio.
Esse assunto traz também a discussão sobre como os pilares da soberania ficam em cheque quando tantos serviços de comunicação, computação e gerenciamento de dados estão em uma zona cinza de legislação. Não vamos subestimar a vigilância, jamais.
As pessoas precisam ser convidadas para esse debate. Ele deve ser participativo, democrático!
O Estado precisa entender a prioridade em regular os dados assim como fez a União Europeia (GDPR).
A Europa tem sido pioneira na compreensão de como os dados podem afetar seus cidadãos. Além de iniciativas para regular e proteger os dados, tem investido em soluções de tecnologia que visam o bem comum, resgatar o controle dos dados aos seus respectivos donos descentralizando esse circuito.
Um projeto interessantíssimo que tem ganhado corpo na Europa é o Decode, vale a pena conferir.

Para os leitores mais técnicos:
É de extrema importância que exista investimento e capacidade de execução nessas frentes, isso diz muito sobre como vão se configurar as relações de poder e o bem-estar social no mundo.
Desenvolver e estimular soluções tecnológicas de código aberto e que agreguem valor coletivo devem estar na pauta de qualquer governo progressista, assim como a preocupação com privacidade e soberania.

Fonte: Mídia Ninja

Manu da Cuíca, compositora da Mangueira: “As mulheres têm que ocupar espaço no samba”

Vencedora de dois sambas seguidos na Mangueira, Manu chega este ano com a história de Cristo. Sempre ao lado do marido, o compositor Luiz Carlos Máximo, que ela diz: “Ele não é um cara que ajuda. É um cara que divide, que cria, que cuida”
Por Jlinho Bittencourt
Manuela Oiticica, conhecida como Manu da Cuíca, é a bola da vez no Rio de Janeiro. Só se fala nela. E também no seu parceiro e marido – justiça seja feita – o compositor Luiz Carlos Máximo. Ao lado dele, ela é autora do que talvez seja um feito inédito. É uma mulher que conseguiu emplacar pelo segundo ano seguido o samba enredo de uma grande escola, a Estação Primeira de Mangueira. A história por si só já seria suficiente, mas tem muito mais.
Tanto o samba deste ano – “História pra Ninar Gente Grande” – quanto o do ano que vem, “A verdade vos fará livre”, são extremamente engajados. O samba campeão deste ano foi o que fala das Marias, Mahins, Marielles, malês:
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões
O último escolhido conta a história de Jesus Cristo que volta à terra irmanado com os mais pobres, os moradores das favelas, assim como Ele, torturados e assassinados pelo Estado. Um enredo épico que avisa:
Favela, pega a visão, Não tem futuro sem partilha, Nem Messias de arma na mão
Manu atendeu a Fórum prontamente. Pediu algumas horas para conceder a entrevista, mas teve que recuar. Sua filhinha, de apenas um ano e dois meses teve febre. Um dia depois, com tudo resolvido e em um depoimento emocionante, ela contou em detalhes sobre sua trajetória, a parceria de vida e samba com o marido Luiz Carlos – que ela diz dividir todas as tarefas da casa e da filha – a sua carreira como escritora e, é claro, a Mangueira.
– Você já disse em algumas entrevistas que as mulheres são pouco reconhecidas nesse universo do samba. Ainda, é assim? Mesmo depois de Dona Ivone Lara, que foi precursora? Mesmo depois de você vencer com dois sambas?
Manu – Eu sou reconhecida por esse samba, pelo samba do ano passado. As pessoas que conhecem os autores sabem que eu sou uma delas, mas pra gente falar da questão da dificuldade das mulheres como compositoras, não basta pegar um ou outro caso. Eu acho que são espaços normalmente ocupados por homens, existem muitas mulheres compositoras, mas precisam existir mais. Se você pega os sambas campeões em geral deste ano, do ano passado, têm algumas mulheres, mas a maior parte é de homens, porque é um espaço onde a gente não se sente tão encorajada. É um espaço em que a gente tem que estar sempre mostrando. Não é um espaço tradicionalmente voltado pras mulheres. E eu acho que a luta é pra que se ocupe esse e outros espaços.
– Você sempre compõe com o seu marido, o Luiz Carlos Máximo? Como é dividido esse trabalho? Sai fácil ou tem muita briga?
Manu – Fazer samba juntos, sendo casado, nós somos pais também, nossa filhinha tem um ano e dois meses, é difícil. Foi difícil porque ela não tá na creche, a gente que se reveza cuidando, a gente faz um revezamento. Muito verso saiu na madrugada, entre uma mamada e outra. Muita melodia saiu entre uma troca de fralda e preparar comida. Foi bastante cansativo e difícil fazer, por conta de nós termos a mesma dinâmica em casa, de sermos parceiros e casados. Agora, tem uma coisa aí que é fundamental da minha parte. Eu só consegui fazer porque de fato eu tenho um companheiro que divide comigo todas as tarefas de casa e da maternidade e paternidade. Não é um cara que ajuda. É um cara que cria, que cuida. Então, dividir essas tarefas meio a meio, tudo no que diz respeito à casa e à nossa filha, permitiu a gente ter tempo pra compor juntos.
– A filha de vocês nasceu mais ou menos nesta mesma época no ano passado.
Manu – Isso, dois dias antes do samba do ano passado ser escolhido. O samba de 2019, que foi escolhido no ano passado. Ela nasceu numa quinta-feira e no sábado o samba foi escolhido. A gente participou, acompanhou todas as disputas, todas as eliminatórias. No dia do desfile, a gente não desfilou porque naquele momento a gente não estava assinando o samba, porque a gente tinha participado da disputa da Portela, mas depois a gente assumiu nossa autoria no samba da Mangueira e no desfile das campeãs a gente pôde desfilar. Ela estava com alguns meses. Mas toda a disputa, o samba foi feito com ela na barriga e nas eliminatórias ela estava ali. Ela é pé quente e Mangueirense, até porque nasceu no dia do aniversário do Cartola e porque ela também fez os pais dela bicampeões dessa tão difícil e honrada disputa de samba.
– Depois de tirar a poeira dos porões vem esse enredo agora, que é comovente. Ele conta a história de um Cristo brasileiro, pai carpinteiro desempregado, mãe Maria das Dores Brasil. Em um determinado momento vocês falam de um messias de arma na mão. Não dá pra não ligar com o nome do meio do presidente. Teve isso?
Manu – Sobre o samba em si, que a Mangueira reivindica um dos personagens mais emblemáticos da escola, e reivindica a sua história, a história de fato de Cristo tentando resgatar um pouco o que foi isso porque há uma avaliação que, ao longo desses milhares de anos, a história de Cristo foi muitas vezes sequestrada por projetos de poder, sequestrada pra poder justificar coisas que certamente Jesus Cristo não concordaria, então é um enredo e um samba enredo que joga luz um pouco nessa história e tenta fazer uma reflexão com os dias de hoje. Cristo foi um sujeito que nasceu pobre e lutou por justiça social, por diversidade, por inclusão, brigou contra o Estado Romano, foi torturado e assassinado pelo Estado. E essa não é uma história tão diferente em termos de violência como as que acontecem com parte da juventude dessa cidade pobre que também sofre nas mãos do Estado. Basta você ver qual é a expectativa de vida de um jovem homem negro morador de favela no Rio de Janeiro. Não é muito diferente da quantidade de anos que viveu Cristo. Então, a proposta do enredo é pensar onde estaria Cristo hoje, onde teria nascido, como Ele viveria, ao lado de quem ele estaria lutando e, principalmente, quem seriam os seus algozes, quem seriam as pessoas que iriam assassiná-lo.
– São os “profetas da intolerância”.
Manu – Isso, a gente os chama no samba de: “os profetas da intolerância”, que cravejaram novamente o corpo de Cristo por não aceitar a luta por justiça, por diversidade. Essa é a proposta do enredo e é por aí que a gente vai no samba e aí tem uma parte do meio do samba em que Cristo diz: “Favela pega a visão, não tem futuro sem partilha nem messias de arma na mão”. É a ideia de que o futuro precisa ser partilhado, a humanidade precisa aprender a conviver de forma coletiva. E Cristo, como um messias pra algumas religiões, tá muito tarimbado pra dizer que tá cheio de messias enganadores na história da humanidade e a gente não pode se iludir com isso.
– Você teve um lindo samba, o “Pra matar preconceito”, puxando o álbum “É Preta”. Você tem bastante coisa fora do universo do samba enredo, pretende fazer discos, cantar?
Manu – Eu tenho 20 anos de rodas de samba como percussionista e também como compositora. Tenho mais ou menos umas 20 músicas gravadas. Tem um disco da Marina Iris que é todo feito com músicas minhas e do meu parceiro, o Rodrigo Lessa. Não faço música só com o Máximo. Tenho umas cinco ou seis músicas em blocos de carnaval e em disputa de samba enredo. Eu participei de cinco disputas: na Canários das Laranjeiras, na Portela, na Mangueira. Estive em quatro finais e ganhei duas vezes. Agora, vocês não vão ouvir um disco meu cantando, pra sorte de vocês! Eu sou uma péssima cantora, desafinada, então eu deixo pra quem sabe essa parte de cantar, fazer melodias. Eu também nunca faço as melodias das músicas, sempre as letras.
– Você lançou junto com outros 19 poetas, entre eles o Aldir Blanc, o livro “Porremas”. Fala um pouco sobre esse projeto e conta se tem algum livro solo à vista.
Manu – Isso. Eu também tenho contos, crônicas e poesias publicadas, mais ou menos uns dez textos publicados em coletâneas. Dentro desses tem o “Porremas”, que eu também participei da organização, junto com o Diego Barbosa e o Rafael Maieiro. É um livro que a gente lançou em meados de 2018, e ele têm poesias de bar. Poesias que têm a participação do Aldir Blanc, com poemas inéditos dele. Ele foi relançado agora, teve um debate em Alagoas, na Bienal que foi muito legal poder falar de novo sobre ele porque a música, poesia, literatura estão também nas esquinas, nas rodas de samba, nas manifestações, na coletividade, tá em todos os espaços e a gente fica procurando poesia pelo meio da rua.
– E um livro só seu, quando sai?
Manu – Eu tenho reunidos alguns textos que pensei em fazer uma publicação. Isso foi junto com a maternidade, eu adiei um pouquinho essa ideia, cheguei a mandar pra algumas editoras, mas acabei não avançando nessa conversa, mas tenho sim. Tenho livros, não tenho o disco que eu vou cantar, mas um livro eu tenho pensado em publicar sim. Mas uma coisa de cada vez. Tá uma correria danada!
– Eu sei que você deve ouvir essa pergunta toda hora, mas mesmo assim vou fazer. Você é parente do Hélio Oiticica?
Manu – Ah, meu tataravô era irmão do bisavô dele, então é um parente distante. Mas é um orgulho, porque o Oiticica é um grande artista plástico, que também teve uma ligação com a Mangueira, tem essa coincidência aí.