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sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Incêndio na moradia estudantil da UFRJ evidencia precariedade de assistência

Janelas do prédio B depois do incêncio na madrugada do dia 04/08 
G1
Cerca de 250 estudantes estão em alojamentos provisórios e sem perspectiva

por Cristiane Tada.
A moradia estudantil de uma das maiores universidades do país localizada no campus da Ilha do Fundão da Universidade Federal do Rio de Janeiro pegou fogo no meio da madrugada desta quarta-feira (02/8). Cerca de 250 estudantes moram no local. O fogo começou no segundo andar do prédio B que teve 10 quartos totalmente destruídos pelo fogo. Durante os momentos de terror um estudante se jogou da janela no prédio e teve uma fratura exposta. Cerca de 20 estudantes foram consultados e apresentaram algum trauma físico ou psicológico.
“Precisamos primeiro de uma ajuda imediata para essa galera que teve tudo queimado para comprar coisas. Tem também muitos estrangeiros que perderam os documentos no incêndio e a reitoria precisa ajudar com isso. E precisamos de um local com uma estrutura mínima de (alojamento, transporte e comida) até que a obra de reforma do prédio que queimou esteja concluída”, destacou a estudante de Geografia, Babi Cardoso, moradora do 4º andar.
A reitoria colocou a superintendência de Assistência Estudantil para cadastrar os alunos e tentar resolver a ajuda emergencial.
Os estudantes foram encaminhados para a quadra da Escola de Educação Física, mas estão em sua maioria no hall do prédio queimado, uma área que tem espaço de convivência e um refeitório, e também  no bloco A.
Eles estão organizando assembleias diárias nos alojamentos para encaminhar suas reivindicações. Apenas nesta quinta-feira (03/08) os moradores dos andares mais afetados conseguiram entrar para buscar pertences.

OCUPAÇÃO E FALTA DE ASSISTÊNCIA

“Os estudantes estão bem fragilizados e estamos acompanhando para ver o que podemos fazer. Eles já viviam em situação de abandono institucional sem a consolidação de políticas de assistência estudantil suficientes”, destacou Caique Silva, diretor do DCE.
A residência estudantil que pegou fogo é composta por dois prédios e é a única alternativa de moradia oferecida pela instituição para um contingente de 50 mil alunos. Um prédio muito antigo, da época da ditadura militar, nunca foi reformado e que apresenta péssimas condições. Mesmo assim, pela necessidade, os estudantes ocuparam o espaço.
‘Existe a promessa de reforma do prédio há 1 ano já. A reitoria sempre foi contra a nossa ocupação. Já existia uma ocupação há alguns anos que era construída pelos moradores que hoje estão no Bloco A. Depois que o Bloco A foi reformado mais gente chegou na ocupação do Bloco B, até chegar a esse número de mais de 250 estudantes”, completa Babi.
Em nota a reitoria afirmou que o Ministério da Educação entrou em contato com o reitor Roberto Leher durante a tarde, oferecendo apoio. A UFRJ está levantando as principais demandas emergenciais para apresentar ao ministério ainda hoje. Entre elas, a reforma do edifício.

EDUCAÇÃO PÚBLICA NO RJ DE MAL A PIOR

Desde o ano passado o governo Temer tem cortado recursos para investimentos nas universidades federais. Em 2017 a previsão de corte era de 45%.
Em um momento crítico para as universidades públicas brasileiras, principalmente as fluminenses a UFRJ enviou ao corpo docente da instituição um comunicado nesta quarta-feira (03) informando que todas as bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) serão suspensas a partir do próximo mês.
“Avaliamos que há um projeto político em curso, que se concretiza em um ataque e desmonte da Ciência e da universidade pública no Brasil, que acarretará prejuízos inestimáveis para toda a sociedade”, critica o comunicado.
Nesta semana ainda a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) adiou indefinidamente o início das aulas. Apenas 65% do orçamento previsto para a universidade foi liberado em 2016, e a contingência se repete em 2017. Os servidores estão com quatro meses de pagamento atrasados.
Os estudantes realizarão nesta sexta-feira (04/08) um protesto “Devolvam nossas bolsas de pesquisa e a UERJ” no centro do Rio de Janeiro. Confirme aqui sua presença.
 UNE

Luiz Melodia morre no Rio, aos 66 anos

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O cantor Luiz Melodia faleceu na madrugada desta sexta-feira, no Rio, por volta das cinco horas da manhã, em decorrência de complicações de um câncer que atacou a medula óssea. No começo de junho, ele havia recedido alta do hospital Quinta D’Or após 3 meses internado. O corpo do artista será velado nesta sexta-feira, na quadra da Estácio de Sá, na região central do Rio.
Filho do funcionário público Oswaldo Melodia e da costureira Eurídice, Luiz Carlos dos Santos foi criado em local de história nobre e IDH cronicamente pobre: o morro de São Carlos, no Estácio, bairro conhecido como berço do samba – onde Ismael Silva fundou a Deixa Falar, pioneira das agremiações carnavalescas cariocas.
Artistas e amigos homenageiam Luiz Melodia na web
Acostumado desde os 8 anos a ser arrastado pelo pai, músico amador, para as rodas boêmias da região, ele cresceu sem se prender exclusivamente à tradição local de samba, seresta e choro. A partir dos gostos paterno e materno, aprendeu a curtir boleros de Anísio Silva, o samba dor-de-cotovelo de Lupicínio Rodrigues e a música nordestina de Gonzagão e Jackson do Pandeiro.
O cantor estava no elenco de
O cantor estava no elenco de “Casa de areia”, filme com Fernanda Montenegro
Mas a janela para o mundo se abriu mesmo com programas como “Hoje é dia de rock”, que Jair de Taumaturgo comandava na Rádio Mayrink Veiga desde o fim dos anos 50. Aos poucos, o menino que sonhava em ser ponta-direita do Vasco foi tragado pelo iê-iê-iê da vizinhança (a rua Haddock Lobo, reduto da Jovem Guarda, começa no Largo do Estácio) e montou conjuntos semiprofissionais para embalar bailinhos nas comunidades da área. Houve Os Instantâneos e Os Filhos do Sol, que tocavam tudo que fosse necessário para animar uma festa, com inglês de puro embromation.
Melodia também freqüentou programas de calouros, com relativo sucesso: na rádio Mauá, ficou em primeiro lugar em um concurso com sua interpretação de “Rosita” (de Francisco Lara e Jovenil Santos), faixa do LP “Roberto Carlos Canta Para a Juventude”, de 1965.
Luiz Melodia no palco do Prêmio da Música Brasileira, em 2016, com Angela Ro Ro
Luiz Melodia no palco do Prêmio da Música Brasileira, em 2016, com Angela Ro Ro Foto: Hermes de Paula
Suas primeiras composições eram ingênuas. Aos poucos, porém, o fã do romantismo bubblegum de cantores como Chris Montez foi incorporando influências mais modernas: do Nat King Cole que ouvia na vitrola do tio passou para o blues de Taj Mahal e, principalmente, o tropicalismo.
Quando conheceu três irmãs que tinham recém se mudado para o São Carlos, veio a ponte com um dos elementos centrais dessa turma, o poeta, compositor e agitador cultural Waly Salomão – que, por sua vez, fazia incursões ao local arrastado pela curiosidade e inquietude de Hélio Oiticica.
Luiz Melodia ao lado do cantor Tim Maia
Luiz Melodia ao lado do cantor Tim Maia Foto: Guilherme Bastos / 16.08.1988
Ele e o jornalista e letrista Torquato Neto o levaram para a órbita da poética moderna de Caetano e Gil, a liberdade inventiva de Jards Macalé… e a casa de Gal Costa, então musa do desbunde. Foi lá que, sob os olhares desconfiados da mãe da cantora, Melodia encantou a todos com uma composição. A música já tinha, então, o dedo de Waly, que havia sugerido a troca do tratamento “my black, meu nego” por “Pérola Negra”, que era o apelido de um travesti da área chamado Adílson.
A verdadeira inspiração, porém, tinha sido uma moça que, depois do relacionamento com Melodia, namorou Waly: a primeira branca dasa conquistas amorosas do garoto que estudou somente até a sexta série ginasial (atual ensino fundamental).
Luiz Melodia e sua mulher e empresária, Jane Reis
Luiz Melodia e sua mulher e empresária, Jane Reis Foto: Arquivo
Melodia desceu o morro para andanças na Ipanema hippie com intelectuais, adotado pela turma da zona sul e pelos baianos, sob o guarda-chuva do empresário Guilherme Araujo. Em janeiro de 1972, trazia um toque de estranhamento à ortodoxia do show “A Fina Flor do Samba”, que também tinha entre suas atrações Candeia. Só meses depois, em abril, no Teatro Opinião, é que lhe foi permitido desfraldar a própria bandeira, em espetáculo batizado “Estácio Blues”. No fim do ano, Maria Bethania gravou sua “Estácio holly Estácio”, e chamou a atenção do Brasil para aquele jovem compositor, talvez o primeiro grande talento a sair do morro já conectado com a onda globalizante do iê-iê-iê e com os processos tropicalistas.
Luiz Melodia tinha só 22 anos, quando lançou, em 1973, seu álbum de estreia, “Pérola negra”, com produção e arranjos do baiano Perinho Albuquerque, que assina como diretor musical. Reputado como um dos melhores discos da MPB de todos os tempos, o trabalho atirava certeiramente em várias direções, do “Forró de janeiro” aos hibridismos com jazz e blues que deram identidade a Melodia ao longo da carreira, brilhante em composições como “Magrelinha”, “Objeto H”, “Abundantemente morte”, “Estácio holly Estácio”, além da faixa-título. A ficha técnica reunia desde o regional do violonista Canhoto e o flautista Altamiro Carrilho, no samba-choro “Estácio, eu e você”, até a guitarra soul/rock de Hyldon, sob arranjo de Artur Verocai, em “Prá aquietar”.
O cantor no início da carreira
O cantor no início da carreira Foto: O Globo / Arquivo
Consolidado a partir de ótimos discos como “Maravilhas contemporâneas” (1976), que trazia outros dois clássicos de sua autoria, “Juventude transviada” e “Congênito”, e “Mico de circo” (1978), que emplacou sua gravação consagrada de “A voz do morro”, de Zé Keti. Nos anos 1980, com discografia menos inspirada, seguiu compondo pérolas como “Só” e se firmou-se como intérprete, a partir de sua gravação de “Negro gato” (Getúlio Côrtes).
Melodia atravessou a década seguinte com shows de sucesso, inclusive na Europa, espraiando-se musicalmente por samba-funk, reggae e samba nos moldes ortodoxos. Tudo sem deixar de brilhar como canário, em regravações populares como “Codinome beija-flor” (de Cazuza, Ezequiel Neves e Reinaldo Arias) e “Broto do jacaré” (Roberto e Erasmo).
A paixão de Melodia: a escola de samba Estácio de Sá
A paixão de Melodia: a escola de samba Estácio de Sá Foto: Fernando Maia / 15.05.1992
Entre projetos de releituras, acústicos e DVDs ao vivo, viveu ótimos momentos no século 21. Mas ficou 13 anos sem lançar projetos autorais, jejum interrompido em 2014, com seu último disco, “Zérima”. O disco rendeu elogios da crítica e lhe valeu o reconhecimento como melhor intérprete no Prêmio da Música Brasileira, em 2015.
Deixa a viúva Jane Reis, sua empresária e cantora, e o filho Mahal, rapper.
Fonte: BRASIL CULTURA