Abertura da 9ª Bienal da UNE no Rio de Janeiro
11ª edição do Festival chega em 2019 com fôlego renovado
e muita história pra contar
Janeiro
de 2019 é o mês de mais uma Bienal da UNE. Com seus quase 82 anos de vida, a
entidade celebra duas décadas de existência do maior festival estudantil da
América Latina. O nascimento da Bienal marcou na história o início de um longo
projeto de entendimento e investigação sobre a formação do povo brasileiro, com
uma rica troca entre artistas já consagrados e estudantes, além da conexão das
muitas juventudes do país e a arte independente produzida dentro das
universidades.
Assim, para dar visibilidade à produção estudantil, em 1999, acontece a 1ª
Bienal da UNE, em Salvador (BA), com a participação de 5 mil estudantes. A
pluralidade artística de propostas e projetos se confirmou com a participação
dos músicos Chico César, Jorge Mautner e de um debate com Mano Brown, do
Racionais MC´s.
Após essa primeira edição, foi criado o Circuito Universitário de
Cultura e Arte, o CUCA da UNE, responsável dali em diante por colaborar na
organização de todas as outras edições do festival e articular espaços físicos
nas instituições de ensino por meio de uma rede de diálogo com os estudantes.
Já expandindo sua rede, o CUCA da UNE realiza a 2ª Bienal,
desta vez no Rio de Janeiro, com discussões sobre o fomento dessas áreas nas
universidades, que de lá para cá tem crescido e sendo mais divulgada. Cresceu
também nessa edição de 2001 o público: 8 mil jovens participaram.
Todas as atividades levantavam a reflexão do tema “Nossa Cultura em
movimento”, instigando uma discussão sobre a variedade de criação e produção no
país. As presenças marcantes foram Augusto Boal, Ziraldo, Oscar Niemeyer, O
Rappa e Tom Zé.
O “Lado B” (espaço para programação não-oficial) e o “Lado C” (visita e
interação com as comunidades, projetos e programas do Rio de Janeiro) foram as
grandes novidades.
A 3ª Bienal, em 2003, volta ao Nordeste, e desembarca em
Recife (PE), com o compromisso de ressaltar a identidade nacional brasileira. O
tema “Um encontro com a cultura popular” foi burilado por convidados do quilate
de Gilberto Gil (na época ministro) e Ariano Suassuna. Foi também momento
também de avaliar a postura do novo governo federal, eleito em 2002, em relação
às políticas culturais e valorização da diversidade. (Assista a parte 1 dessa
edição aqui)
Etapas preparatórias foram realizadas em diversos estados, como a 2ª
Bienal da UEE-SP e a etapa mineira, da UEE-MG, em conjunto com o Festival
Coração de Estudante de Música Universitária, na cidade histórica de Ouro
Preto..
Em 2005, a 4ª Bienal recebe estudantes de toda a
América Latina, com o tema “Soy Loco por ti América”, em São Paulo e
paralelamente o XIV Congresso Latino Americano e Caribenho de Estudantes
(CLAE), discutia “Outra América é Possível”. A junção dos dois eventos provocou
uma grande integração entre os povos do continente e suas culturas.
Personalidade como o ministro da educação de Cuba, Vecinno Alegrete;
Aleida Guevara (médica cubana e filha de Che); Enio Candotti; Mino Carta; Aziz
Ab’saber; Nação Zumbi e Serginho Groisman estiveram presentes.
A edição seguinte, em 2007, ficou marcada pela celebração dos 70 anos da
entidade. O local escolhido para sediar a 5ª Bienal, foi a o
“berço” da entidade”: o Rio de Janeiro. Sob as influências dos Orixás,
“Brasil-África: um Rio Chamado Atlântico”, as regiões da Lapa e da Cinelândia
foram ocupadas pelos estudantes e artistas. As atividades foram realizadas na
Fundição Progresso e no Circo Voador, que receberam intelectuais como Alberto
da Costa e Silva e Abdias do Nascimento, o escritor angolano Ondjaki; músicos
como Martinho da Vila, Lenine, Naná Vasconcelos, Mr. Catra e Beth Carvalho
foram as presenças que trocaram energias com o público.
Ao fim do encontro, uma imensa passeata cultural, a famosa “Culturata”,
ocupou e retomou a antiga sede da UNE, na Praia do Flamengo 132, um marco na
luta do estudantil.
Já na 6ª Bienal, Salvador é novamente escolhida a sede do
encontro. O tema “Raízes do Brasil” levantou a reflexão sobre a formação do
povo brasileiro num festival carregado por atividades ao ar livre, incluindo o
Forte. As novidades desta edição foi a realização do Conselho Nacional de
Entidades de Base, o CONEB da UNE, ampliando o caráter do projeto. Marcelo D2,
Alceu Valença, Armandinho e Cordel do Fogo Encantado se apresentaram nesse ano.
Último show da 6ª Bienal com Alceu Valença
Na 7ª Bienal, em 2011, realizada ao ar livre no Aterro do
Flamengo, os estudantes sambaram durante uma semana, com muita festa e luta no
Rio de Janeiro. Com o tema “Brasil no estandarte, o samba é meu combate”, o
grande encontro debateu a força desse ritmo, que é uma manifestação popular
brasileira, seu caráter festivo e de resistência em diversos momentos da
história nacional. A Bienal teve como madrinha Beth Carvalho e Elza Soares deu
as caras em um show memorável na Lapa.
A 8ª Bienal tomou as ladeiras de Olinda em 2013 e
homenageou o centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, o Gonzagão. O tema “A
volta da Asa Branca” reverenciou o sertão nordestino e os shows de Lenine, Elba
Ramalho, Alceu Valença, Silvério Pessoa e Mundo Livre S/A entram para a
história nesta edição. Um dos principais artistas do Brasil e do mundo, o
xilogravurista J. Borges foi um dos homenageados e teve uma exposição com obras
suas nos dias da mostra.
Essa 9ª da Bienal foi realizada novamente ao Rio de
Janeiro, com maratona de atividades na histórica Fundição Progresso e shows nos
Arcos da Lapa. A abertura foi uma grande homenagem a Mário de Andrade e a
Semana de Arte Moderna, com a presença de artista como Pascoal da Conceição.
A edição realizada em 2015, foi regida pelas“ Vozes do Brasil”,que
celebrou a língua nacional com suas raízes, variações, misturas e
possibilidades, remetendo à formação do povo brasileiro, sua construção e
traduzindo as “brasilidades” e suas idiossincrasias.
O doc oficial do evento dá uma ideia de como essa festa invadiu a cidade
maravilhosa. Assista:
Em 2017, a 10ª edição aconteceu de 29 de janeiro a 1 de
fevereiro, em Fortaleza. O tema ”Feira da Reinvenção” remontou a imagem e o
conceito das feiras-livres na cultura popular. Ali, a Bienal propôs um
espaço de troca de tendências e estéticas, reciclagens e reconexões, encontros
inusitados e férteis entre os ingredientes que formam o país de norte a sul.
Os quatro dias de festival abrigaram mais de 100 atrações,15 shows, 70
convidados, 1.140 trabalhos inscritos na maior mostra estudantil de arte do
Brasil e um público total de mais de 70 mil pessoas. Gente como Emicida,
Fernando Haddad, José Celso Martinez Corrêa, Gaby Amarantos, Franklin Martins,
Ciro Gomes, Luciana Genro, Eryk Rocha e Juca Ferreira passaram por lá e deram
sua contribuição.
Fonte: UNE