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sábado, 6 de janeiro de 2018

CARLOS HEITOR CONY (1926-2018): GRANDE ESCRITOR! MAS NÃO TINHA A TÊMPERA DOS IMPRESCINDÍVEIS E ABDICOU DOS IDEAIS.


Carlos Heitor Cony morreu no final da noite desta 6ª feira (5), aos 91 nos, em decorrência da falência de múltiplos órgãos.
Cony-vente com Adolpho Bloch na Manchete

Se eu seguisse a norma geralmente adotada nos círculos dos intelectuais e das celebridades, resumida numa conhecida máxima latina de Quilão (De mortuis nil nisi bene, algo como Não se deve falar dos mortos senão benevolamente), esqueceria que cheguei a admirar muito a obra de Cony mas depois me decepcionei na mesma medida com certas posturas por ele adotadas a partir da década de 1970.

Pensei, pensei e não consegui me inspirar para escrever algo mais benevolente, confesso. Ele, para mim, já não passava ultimamente de mais um afeto que se encerrou; e, como tal, uma página virada.

Então, decidi apenas reproduzir o artigo no qual fiz em 2009 um balanço nada benevolente, mas sincero, da trajetória do Cony: O ato: Cony sepultou os ideais. O fato: agora apóia até censura! 

Na verdade, tal texto já equivaleu a uma espécie de necrológio precoce. Nada de muito importante sucedeu, desde ele, que me fizesse reconsiderar os juízos que emiti então. [E até a fonte de seus escritos mais ambiciosos secou, pois, daí em diante, Cony se limitou a escrever as crônicas publicadas na imprensa, algumas inspiradas, a maioria repetitiva.]

Infelizmente, a chama que o inflamou um dia foi consumida pelos desencantos que se sucedem na vida dos brasileiros mais sensíveis e idealistas. Foi guerreiro um dia, mas morreu como um idoso melancólico, disfarçando o amargor com o brilho intelectual.

Foi, claro, um dos melhores escritores brasileiros de todos os tempos. E, como ser humano, merece respeito principalmente pelos anos que viveu perigosamente, assumindo os riscos de navegar contra a corrente. 

Constatou, no entendo, que não possuía a têmpera dos imprescindíveis a que aludiu Brecht. Então, conformou-se em ser apenas outro privilegiado desfrutando seus privilégios, a ponto de envergar sem pudor o fardão da torre de marfim, com a atenuante de haver conquistado sua posição graças a real talento e não por herança ou velhacarias.
...decerto se envergonharia deste aqui...
O ATO: CONY SEPULTOU OS IDEAIS. O FATO: AGORA APÓIA ATÉ CENSURA!
Pete Townshend, o guitarrista e compositor das músicas do The Who, produziu em 1965 uma canção-manifesto, My Generation, que trazia um verso fortíssimo: "Prefiro morrer antes de envelhecer".

Só que ele não morreu, envelheceu. E se tornou o oposto dos jovens rebeldes de outrora, capaz de proferir verdadeiras catilinárias contra os downloads gratuitos do MP3 e até de rasgar seda para o então presidente George W. Bush: "Bush se esforça para dar uma vida digna ao povo dos Estados Unidos, e não tenho o direito de dizer como ele deve dirigir o país".

Daí o sarcástico cala-boca que levou de Kurt Cobain, do Nirvana: "Prefiro morrer antes de virar Pete Townshend".
...e respectiva turma.
Como tenho duas filha que amo demais e quero ver crescerem, não irei ao ponto de afirmar que prefiro morrer antes de virar Carlos Heitor Cony. Não se brinca com essas coisas.

Mas, a minha decepção com Cony deve equivaler à de Cobain com Townshend.

Antes mesmo de aderir ao marxismo, eu já o admirava. Tive uma fase existencialista, lá pelos 14 anos, e o Cony era o escritor que, no Brasil, seguia os passos de meus ídolos Jean-Paul Sartre e Albert Camus.

Li muita coisa da sua fase despolitizada e gostei, principalmente, de Antes, o Verão e Informação ao Crucificado.

E ele mudou de postura a partir do golpe de 1964.

Até então sua matéria-prima era a impossibilidade de realização plena dos indivíduos de classe média na sociedade burguesa, focada no plano pessoal.

A partir daí ele tomou lugar na trincheira dos que lutavam diretamente contra a burguesia e seus cães de guarda, os militares.

Mas, não foi uma opção tão ideológica assim, pelo menos de acordo com o que ele mesmo afirmou.

Antonio Calhado: Outra decepção
Disse que, como benjamim de uma extraordinária redação do Correio da Manhã (RJ), na qual pontificavam grandes jornalistas de esquerda como Otto Maria Carpeaux, Paulo Francis, Antonio Callado, Jânio de Freitas, Sérgio Augusto, Márcio Moreira Alves e Hermano Alves, sentia-se desobrigado de abordar temas políticos, pois havia quem o fizesse melhor do que ele.

Com a quartelada, entretanto, essas figurinhas carimbadas não puderam dar sequência ao seu trabalho costumeiro, pois se tornaram alvos prioritários de prisões, intimidações e todo tipo de cerceamento.

Cony teria entrado nesse vácuo, substituindo-as na missão de denunciar a nudez do rei. Como tinha prestígio literário (seu livro de estréia, O Ventre, foi sucesso de crítica e de vendas) e reputação de apolítico, os milicos acabaram engolindo seus arroubos de indignação. Devem ter pensado que a fase seria passageira.
OPÇÃO PELA LUTA ARMADA
 
Cony-vente com Adolpho Bloch na Machete

Mas Cony perseverou. Depois desses artigos combativos que escreveu no pós-golpe e reuniu no livro O Ato e o Fato, faria a opção pela luta armada.

Cheguei a vê-lo discursar numa manifestação estudantil aqui em São Paulo, em meados de 1968, quando afirmou que a vitória contra o arbítrio não seria conquistada nas cidades. Apontava-nos, implicitamente, o caminho da guerrilha rural.

Esta guinada foi expressa em seu livro de 1967, Pessach, a Travessia. O personagem principal é uma óbvia projeção dele mesmo: um escritor de meia idade, em crise existencial, que envolve-se casualmente com um grupo guerrilheiro.

O que ele quer mesmo é sair dessa fria. Mas, no final, mortos os combatentes, ele tem a chance de transpor a fronteira e pôr-se a salvo. Prefere empunhar a arma de um deles e permanecer no Brasil para dar sequência à sua luta.

A travessia pessoal do Cony, infelizmente, não foi tão altaneira. Algumas prisões (sem maus tratos, claro, pois era vip) e o desemprego quebraram sua espinha.

Ainda fez um último grande romance, o melhor de sua carreira: Pilatos (escrito em 1972 e publicado dois anos depois). Mostra, com jeitão de pesadelo, um Brasil desumanizado, em que as pessoas são movidas apenas por apetites e ambições, sem nenhum sentimento nobre.

Era, claro, o Brasil do milagre econômico.
Pilatos sinalizou o fim do bom combate de Cony
CURVANDO-SE À EVIDÊNCIA DOS FATOS
 

E Cony deixou evidenciados seus sentimentos ao derivar o título destes versos do Samba Erudito, de Paulo Vanzolini: "Aí me curvei/ Ante a força dos fatos/ Lavei minhas mãos/ Como Pôncio Pilatos".

Ou seja, se é nessa pocilga que vocês optaram por viver, voltando as costas a quem combatia por um Brasil melhor, então chafurdem à vontade. Não tenho nada a ver com isso.

O desencanto com o País e as mágoas por não encontrar companheiros de esquerda que o socorressem quando ficou na rua da amargura tiveram, como resultado, uma nova travessia, desta vez negativa, de Cony. Tornou-se, ele próprio, um homem sem ideais.

Pediu emprego a Adolfo Bloch que, talvez em nome da ascendência judaica comum, o acolheu muito bem em sua editora.
De vez em quando, uma frase contundente Fogo fátuo?
Mas, o diabo sempre exige algo de quem lhe vende a alma: além de cuidar de uma revista, Cony era obrigado a redigir, como ghost writer, os editoriais arquirreacionários de Bloch, fazendo apologia da ditadura. Seus colegas de redação, pelas costas, referiam-se a ele como Cony-vente.

No ano 2000 ingressou na Academia Brasileira de Letras, que decerto lhe provocaria náuseas em 1958, quando iniciou a carreira.

Em 2004, embora seja profissional muito bem pago como jornalista e escritor, fez questão de obter reparação de ex-preso político.

Pior: foi duplamente favorecido, passando à frente de quem estava mofando há anos na fila e recebendo uma pensão mensal (e respectiva indenização retroativa) extremamente exagerada, segundo os próprios critérios do programa. Tratamento vip, de novo!
"CERTOS SETORES
DA IMPRENSA"


E chegamos aos dias de hoje, quando não só defende fervorosamente seu colega de Academia, José Sarney, do clamor público pela justa punição dos delitos em que foi flagrado, como chega a apoiar a censura de jornais!

Isto mesmo, está na sua coluna desta 5ª feira [20/08/2009] na Folha de S. Paulo:
Ele foi grande um dia, mas teve final melancólico 
"Acho exagerado o fervor de certos setores da imprensa em reclamar de processos ou de sentenças da Justiça, considerando violação de uma liberdade a qual todos têm direito, desde que não fira direito de terceiros.

Afinal, a imprensa não é uma vestal inatacável, acima de qualquer valor da sociedade. Ela está sujeita ao Estado de Direito, que dá liberdade a qualquer cidadão, jornalista ou não. O fato de um juiz aceitar um processo não é uma violação
"
Ou seja, um juiz ligado a José Sarney proíbe um jornal de noticiar um inquérito envolvendo falcatruas da família Sarney e a única coisa que Cony encontrou para criticar foi... a solidariedade que O Estado de S. Paulo está recebendo de "certos setores da imprensa"!


Pensando bem, eu não preciso mesmo dizer que preferiria morrer antes de virar Carlos Heitor Cony. Por um motivo simples: nem que viva 100 anos decairei tanto.

Fonte: naufrago-da-utopia.blogspot.com.br

Toque do editor

Carlos Heitor Cony morre aos 91 anos

Cony
O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony morreu na noite desta sexta-feira (5), aos 91 anos, de falência de múltiplos órgãos. Ele estava internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, que confirmou o horário da morte às 23h10. Ocupante da cadeira de número três Academia Brasileira de Letras (ABL) desde maio 2000, Cony era comentarista da rádio CBN e colunista da Folha de S.Paulo.
Segundo a assessoria de imprensa da ABL, o escritor será cremado no Memorial do Carmo, no Rio, na tarde da próxima terça-feira (9).
Publicou 17 romances, mas sua obra também se divide em contos, crônicas, ensaios e peças de teatro. A estreia na literatura aconteceu com “O Ventre”, de 1958, seguido de “A Verdade de Cada Dia” e “Tijolo de Segurança”. Também foi o autor de “Quase Memória”, que vendeu mais de 400 mil cópias, e “O Piano e a Orquestra”, obras que renderam a ele o Prêmio Jabuti.
Fonte: Brasil Cultura

Arquivo Nacional completa 180 anos; saiba como a instituição preserva a História do Brasil

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Arquivo Nacional
Mais de 55 km de documentos textuais, cerca de 2 milhões de fotografias e negativos fotográficos, 75 mil mapas e plantas, 7 mil discos e 2 mil fitas áudio magnéticas, 90 mil filmes e 12 mil fitas vídeo magnéticas, de natureza pública e privada. Imaginar todo esse acervo é difícil, mas ele existe e faz parte do Arquivo Nacional, que nesta terça-feira (2) completa 180 anos.  
Embora tenha sido criado apenas em 1838, como Arquivo Público do Império, a instituição guarda documentos que datam o século XVI. No início, a intenção era guardar os documentos públicos, mas ao longo de quase 200 anos de história, o Arquivo Nacional se tornou a principal instituição arquivista do País, tendo um papel relevante na preservação da memória nacional.  
Por meio do Sistema de Informações do Arquivo Nacional (Sian), é possível pesquisar leis, decretos e portarias que organizaram a estrutura e o funcionamento de órgãos da administração central e da administração pública federal nos séculos XIX e XX, respectivamente.
Qualquer pessoa também pode pesquisar por livros, folhetos, mapas, plantas, desenhos, fotografias, filmes, discos, papéis e objetos que contam, de alguma forma, a História do Brasil. Para isso, basta fazer um cadastro no site. 
Além da importância histórica, o Arquivo Nacional tem papel de destaque no cumprimento da Lei de Acesso à Informação, já que pelos arquivos é possível saber como se dá a atividade de políticas públicas em áreas como a saúde, educação, cultura e economia. 
180 anos 
Em comemoração aos 180 anos da instituição, o ano de 2018 contará com uma série de exposições, seminários, publicações, entre outros eventos. O selo comemorativo já foi lançado e foi construído a partir de formas geométricas que compõem a fachada do prédio histórico da sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro.  
Fonte: Governo do Brasil, com informações do Arquivo Nacional 

Costa-Gravas assina manifesto em defesa de Lula e a democracia Divulgação

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Uma das obras emblemáticas de Costa-Gravas denuncia as ditaduras na América do Sul nas décadas de 60 e 70. Trata-se de Estado Sítio, o filme ambientado no Uruguai que narra a luta dos Tupamaros pela democracia.
O cineasta assinou o manifesto a pedido do ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, Celso Amorim. Em uma mensagem, disse saber “da situação exata do Brasil sobre o golpe de Estado muito sofisticado”.
Disse ainda estar a disposição para defender o retorno a normalidade no país.”Por favor, não hesite em me procurar novamente se precisar de mais alguma coisa, para Lula, para um Brasil democrático”.
Do Portal Vermelho, com Brasil247