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domingo, 24 de setembro de 2017

FRENTE NEGRA BRASILEIRA



Criada em outubro de 1931 na cidade de São Paulo, a Frente Negra Brasileira (FNB) foi uma das primeiras organizações no século XX a exigir igualdade de direitos e participação dos negros na sociedade brasileira. Sob a liderança de Arlindo Veiga dos Santos, José Correia Leite e outros, a organização desenvolvia diversas atividades de caráter político, cultural e educacional para os seus associados. Realizava palestras, seminários, cursos de alfabetização, oficinas de costura e promovia festivais de musica.

Foi um movimento social que ajudou muito nas lutas pelas posições do negro. Existiam diversas entidades negras. Todas essas entidades cuidavam da parte recreativa e social, mas a Frente veio com um programa de luta para conquistar posições para o negro em todos os setores da vida brasileira. Um dos seus departamentos, inclusive, enveredou pela questão política, porque nós chegamos à conclusão de que, para conquistar o que desejávamos, teríamos de lutar no campo político, teríamos de ter um partido que verdadeiramente nos representasse. A consciência que existia na época eu acho que era muito mais forte que a que existe agora. 

Quando o negro sente uma pressão, quando qualquer agrupamento humano sente uma pressão, procura um meio de defesa. A pressão era tão forte que muitos jornais publicavam: “Precisa-se de empregado, mas não queremos de cor". Havia alguns movimentos também no interior, principalmente nos lugares em que os negros não passeavam nos jardins, mas na calçada. Muitas famílias não aceitavam, inclusive, empregadas domésticas negras; começaram a aceitar quando se criou a Frente Negra Brasileira. Chegou-se ao ponto de exigir que essas negras tivessem as carteirinhas da Frente, e dessa forma, muitas entidades

de negros que cuidavam de recreação filiaram-se à Frente Negra. E existiam diversas sociedades em São Paulo e pelo interior afora. Por isso a Frente cresceu muito, cresceu de uma tal maneira que tinha delegação no Rio de Janeiro, na Bahia, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais , chegado a aproximadamente cem mil integrantes em todo o país.   Em sua sede na rua da Liberdade, n. 196, funcionava o jornal O Menelik, órgão oficial e principal porta-voz da entidade, sucedido pelo O Clarim d’Alvorada, sob a direção de José Correia Leite e Jayme de Aguiar.

Se liga na historia - Dirigida por afro-brasileiros que tinham superado a barreira do analfabetismo e se tornado professores, a Frente teve de lidar com diversas contradições. Seu primeiro Presidente, Arlindo Veiga dos Santos, era patrianovista, isto é, monarquista, e, embora sempre afirmasse que essa sua posição não interferia em seu papel como frentenegrino, as maiores críticas à Frente e muitas das cisões que surgem derivam dessa postura e da linha autoritária que a diretoria teria imprimido à Frente, com a formação, por exemplo, de uma milícia. Logo no seu início, o grupo do jornal Clarim da Alvorada, de José Correia Leite, rompeu com a Frente Negra. Na Revolução de 1932, ela decidiu por se manter neutra, não aderindo à luta empreendida pelos paulistas. No entanto, houve uma cisão e de dentro da Frente saiu um grupo que formou a Legião Negra para lutar ao lado dos paulistas.

A FNB ganhou adeptos em todo o país, inclusive os jovens Abdias Nascimento e Sebastião Rodrigues Alves. Seguindo o propósito de discutir o racismo, promover melhores condições de vida e a união política e social da “gente negra nacional”.
No campo da atuação política, a FNB ressaltava a importância de o negro superar a condição de cabo eleitoral, uma condição subalternizada que reforçava e ajudava a perpetuar a subalternidade de sua inserção na sociedade como um todo. Assim, a FNB incentivava o lançamento de candidaturas políticas negras. A entidade chegou a se organizar como partido político. Logo em seguida, em 1937, o Estado Novo de Getúlio Vargas fechou todos os partidos e as associações políticas, aplicando um duro golpe na Frente Negra Brasileira, que foi obrigada a encerrar suas atividades.

Para conhecer mais sobre a Frente Negra Brasileira, sugerimos a leitura do livro Negros e Política: 1888-1937, do historiador Flávio Gomes, publicado pela Zahar Editora. Além da dissertação de mestrado da historiadora Maria Claudia Cardoso Ferreira, sob o título Representações Sociais e Práticas Políticas do Movimento Negro Paulistano: as trajetórias 
de Correia Leite e Veiga dos Santos (1928-1937)
É importante ressaltar e lembra nossa historia porque quase nunca o protagonismo afro-brasileiro é lembrado de forma positiva ao longo da história. A nós os relatos oficiais geralmente reservam o papel de coadjuvantes nos grandes eventos, especialmente naqueles que ajudam a definir a situação sociopolítica do país. 

Quando não nos dão esse papel, tentam desqualificar nossa luta rotulando-a de diversas maneiras negativas.-Mais lembre-se o protagonismo do negro ao longo da história foi e é muito intenso, grandioso e corajoso em suas diversas formas.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

Fonte: Historiadora Claudia Vitalino/Unegro Formação

Arte, uma das formas de resistência

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Além de artistas, várias instituições culturais se posicionaram contra as ações do presidente Trump. O MoMA chegou a retirar das paredes quadros do seu acervo permanente e no seu lugar expôs trabalhos de artistas de nações muçulmanas (Irã, Iraque, Síria, Líbia, Somália e Sudão), cujos cidadãos entraram para a lista de barrados. Saíram do quinto andar Picasso, Matisse e Picabia; entraram, quase numa provocação, obras da arquiteta iraquiana Zaha Hadid e do pintor sudanês Ibrahim el-Salahi, entre outros.
Em entrevista, o sociólogo Miguel Chaia comenta que ficou surpreso com o posicionamento do museu. “Por funcionarem dentro da ordem, as instituições tendem a agir como elementos de controle. Normalmente são os artistas e não os museus que protestam. Mas existem momentos de exceção como esse do MoMA”.
Arte e Resistência 
Essa grande quantidade de manifestações trouxe à tona novamente a ideia do lugar da arte como um espaço de resistência. Isso esteve presente em inúmeros momentos da história. Em entrevista à revista, a psicanalista Suely Rolnik afirma que a arte pode ser uma forma de militância e servir como veículo para uma mensagem política.
No entanto, há uma dimensão mais profunda que ­Rolnik chama de potência política da arte. “Na sociedade ocidental capitalista e colonizada, nós perdemos o contato com os conhecimentos tradicionais e com a potência criadora da natureza. Por conta disso, a única atividade humana na qual é possível manter essa germinação é a arte.” Para a psicanalista, a resistência está, portanto, no próprio ato de criação.
Rolnik ressalta que, ainda assim, com a consolidação do neoliberalismo, na década de 1980, o capital começa a se apropriar até mesmo da arte. “Hoje o capital tem uma inserção muito mais sutil e perversa do que anteriormente. Porque ele se alimenta da própria força de criação e nesse sentido a arte levou uma porrada. Quando a comunidade artística se deu conta, começou uma grande movimentação que permanece até hoje.”
Chaia concorda que no momento prevalece um tipo de produção que se aproxima do ativismo. “A relação entre a arte e a política depende do momento histórico. Com a ascensão de Trump e mesmo a de Temer, presenciamos uma politização da arte. Hoje, o artista ganha força como ativista e cidadão que atua no espaço público.”
Para o pesquisador, a diferença é que, em períodos anteriores, as críticas sociais e políticas estavam implícitas nas próprias obras. “Hoje, a resistência está muito mais no ativismo do que nos trabalhos em si. Quando o artista fala ‘Fora Temer’, ele não está produzindo um objeto estético, é um movimento. Há poucas produções que tratam disso.”
Chaia acredita que essa transformação não é boa nem ruim, sendo reflexo de uma nova conjuntura. “Hoje há uma urgência em se expressar, as coisas acontecem muito rápido, não é como no caso de Guernica, de Picasso, que era uma resposta a uma guerra longa.” Ele também cita as redes sociais como importante ferramenta de mobilização, permitindo que as pessoas tomem posições rapidamente. “Mesmo com a ascensão de políticos como Trump, não há censura e ainda há espaço para as pessoas se manifestarem. Antes, a crítica (de artistas) a um contexto político tinha que ser feita na própria obra, não havia outra forma.”
Outro fator apontado pelo pesquisador é a emergência de diversos coletivos de artistas: “não é mais o tempo de uma vanguarda que aponta para uma única direção, são vários grupos que se manifestam”.
Rolnik também comenta essa nova conjuntura: “Desde os anos 1990, o ativismo foi se distanciando da militância tradicional e incorporando novas formas. Isso se dá em vários setores, inclusive na arte. Hoje o ativismo e a arte estão interligados. Já não é mais como nos anos 60, quando de um lado ficava a prática cultural e, do outro, a militância”.
Chaia ainda pontua que é cada vez mais difícil definir o que é a arte ou a política. “São conceitos polissêmicos, não é possível fazer uma definição fechada. E o interessante é que, hoje, assim como a arte se aproxima da política, também acontece o inverso. Doria, por exemplo, está fazendo performances ao se vestir de gari. E, mais ainda, quando ele lança o programa Cidade Linda, há toda uma concepção de estética, do belo, que tem um sentido muito perigoso e autoritário”, afirma.
Fonte: Brasileiros

Rock in Rio 2017 cumpre lei da Identidade Jovem

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Maior festival de música do Brasil, o Rock in Rio aceitou, na atual edição, a ID Jovem, documento que concede o benefício da meia-entrada a pessoas com deficiência e jovens de 15 a 29 anos em situação de carência.
Contida na lei 12.933, a ID Jovem é um documento destinado a jovens pertencentes a famílias com renda mensal de até dois salários mínimos, estudantes ou não.
Para garantir o documento, é necessário baixar o aplicativo ID Jovem no celular e preencher o cadastro. Também é possível solicitar o documento por meio do site da Caixa Econômica Federal.
Lançado no fim do ano passado, o documento já contabiliza 278,1 mil emissões. Para garantir a legitimidade da identidade na entrada de eventos, o programa disponibiliza um aplicativo exclusivo para que a produção do evento valide o código contido no documento.
Fonte: Portal Brasil, com informações da Secretaria Nacional da Juventude

“O velho e o mar”, a redenção literária de Ernest Hemingway

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Por Paulo Henrique Pompermaier
As constatações de que se tratava de um romance muito emocional, estático e sem a precisão estilística característica de Hemingway magoaram o autor, que então se dedicou a escrever sua “obra-prima”. No ano seguinte, junto com os originais de O velho e o mar (1952), ele enviou um bilhete ao seu editor, em que dizia: “Eu sei que isso é o melhor que posso escrever na minha vida toda”.
Hemingway não estava enganado. Publicado há 65 anos, no dia 1º de setembro de 1952, O velho e o mar garantiu o Pulitzer ao autor em 1953 e, no ano seguinte, o Prêmio Nobel de Literatura. “É um consenso crítico que O velho e o mar pode ter sido o ‘canto do cisne’ de Hemingway, sua obra-prima depois de um longo período sem boas recepções”, afirma Daniel Puglia, professor do Departamento de Língua Inglesa da USP.
Último romance do autor publicado em vida, a narrativa é centrada na história de Santiago, um velho pescador cubano. Após 84 dias sem conseguir uma presa, mas instado por um jovem companheiro a continuar tentando, o velho pesca um descomunal peixe Marlim de quase 700 quilos. Depois de horas de luta, Santiago consegue atracar a pesca em seu barco e parte para a costa cubana. Ao chegar em terra, constata que o peixe fora devorado no trajeto, sobrando apenas sua carcaça.
Apesar da brevidade narrativa, a história do velho Santiago tem sido interpretada como uma metáfora do processo artístico do autor e, em última instância, da própria condição humana. “A obra é vista como uma alegoria da dificuldade de alcançar o almejado, o sonho do que seria uma grande obra, reconhecida pelos outros”, afirma Puglia. “Ao mesmo tempo, é uma realização cheia de dor, cheia de pavor, de percalços, do medo de chegar na praia e só encontrar o esqueleto da obra”.
No plano existencial, O velho e o mar seria uma metáfora de uma vida de riscos, de investimentos que, no final, resultam em solidão ao lado de uma carcaça sem valor. Para o tradutor e doutor em linguística pela USP, Caetano Galindo, trata-se de um texto no qual “cabe de fato um mar, um sem fim de possibilidades e sentimentos em torno de uma história simples, direta”. O próprio Hemingway, no entanto, negava essas interpretações alegóricas. “O mar é o mar. O velho é um velho. Todo simbolismo do qual as pessoas falam é besteira”, escreveu em uma carta ao crítico Bernard Berenson.
Independentemente de simbolismo, as relações autobiográficas contidas no livro são latentes: Santiago provavelmente foi inspirado em Gregorio Fuentes, amigo do autor e capitão do seu barco de pesca, Pilar. Como o personagem, o companheiro de pesca do escritor era experiente, magro, tinha olhos azuis e nasceu nas Ilhas Canárias.
Nesse sentido, é possível que O velho e o mar reflita os últimos anos de vida de Hemingway, marcados pela paixão que nutria por Cuba: o autor de O sol também se levanta (1926) mudou-se para uma fazenda a 25km de Havana em 1939, com a terceira esposa, a jornalista e escritora Martha Gellhorn, e os 12 gatos do casal. Escalado para cobrir a Segunda Guerra Mundial, ele passou metade da década de 1940 vivendo na Europa, mas voltou à ilha em 1946, dessa vez com a sua quarta esposa Mary Welsh, também jornalista e escritora.
Lá viveram até 1959, quando a eclosão da Guerra Fria e o rompimento entre Cuba e Estados Unidos obrigaram a família do escritor a se mudar para seu país de origem. Em entrevista ao The New York Times em 1999, o filho do escritor, Patrick Hemingway, relatou que deixar Cuba foi um dos motivos da depressão do pai, que culminou em seu suicídio em 1961.
A influência de Cuba em Hemingway não foi menor que a do escritor na ilha. Seus livros são vendidos em lojas oficiais do governo, seu nome batiza drinks, sua fazenda se tornou um museu e os descendentes do velho Fuentes costumam levar turistas para passear no antigo barco do autor.
Para além dos aspectos biográficos e alegóricos, a obra ainda guarda uma grande atualidade, na opinião do escritor, jornalista e crítico literário José Castello. “O romance trata da solidão – e, apesar da alta tecnologia que nos conecta, nunca estivemos tão sozinhos. Trata de uma luta desesperada. Num tempo de guerras, êxodos forçados e ameaças atômicas, também o desespero exige de nós uma grande abnegação”, afirma. “Trata, enfim, da experiência da derrota, e num país que se desmonta, num mundo que parece prestes a explodir, poucas vezes nos sentimos tão vencidos.”
Fonte: Revista Cult