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sexta-feira, 20 de julho de 2018

Jean Wyllys: Brincar no telhado? Não para jovens negros!

Em texto, deputado federal comenta o caso do jovem Ryan Teixeira do Nascimento, assassinado por um policial no Rio de Janeiro enquanto tentava pegar uma bola que caiu em um telhado. "Jovens negros sobre telhados não são admitidos a partir da possibilidade de estarem em busca de uma bola. O que sempre fazem é suspeitar que sejam perigosos"
Por Jean Wyllys*
Seis disparos. Seis tiros na direção de um punhado de crianças que subiram no telhado para buscar uma bola. Em Magalhães Bastos, subúrbio tradicional do Rio, um jovem negro e seus amigos subiram no telhado de um posto de saúde para pegar uma bola que caiu por lá após um mau chute na partida de futebol, e uma vida se perdeu. Mais uma!
Na delegacia, o policial responsável, que estava fora do horário de serviço, como sempre acontece em casos assim, disse se tratar de erro técnico ou coincidência. Disse que seus disparos eram para assustar e obter silêncio. Assim. Como se o procedimento adequado fosse atirar seis vezes até o barulho acabar.
Jovens negros quando correm são frequentemente confundidos com bandidos. Jovens negros sobre telhados não são admitidos a partir da possibilidade de estarem em busca de uma bola. O que sempre fazem é suspeitar que sejam perigosos. A primeira opção é sempre acreditar que sejam criminosos.
Ryan Teixeira do Nascimento tinha 16 anos, e na terça-feira à noite foi preciso que mais alguém subisse no telhado para buscar uma bola e um corpo.
Uma outra família foi destruída. Um novo futuro brilhante foi cessado ainda no primeiro curso.
Quem sabe não seria um jovem que ajudaria sua família ou que formaria um belo projeto social no seu bairro ou que daria aulas ou que seguiria os passos de seu pai? Quem sabe não seria apenas um garoto, no telhado, e não um perigoso assaltante, como acostumamos a ver serem tratados os negros dia-a-dia, e não só em situações de tiro?!
Quem sabe o culpado não é só o cabo Pedro Henrique Machado, agora preso, mas todos nós, que mergulhados nessa cultura racista continuamos transformando gente – que nasceu para brilhar – em cadáveres de uma sociedade que se nega a enfrentar o racismo e que arma sem dó quem mais o reproduz?
Fonte: https://www.revistaforum.com.br/jean-wyllys-brincar-no-telhado-nao-para-jovens-negros/

FLIP 2018 – Hilda Hilst é a autora homenageada

Após homenagear Lima Barreto, autor cuja obra dialoga com as questões sociais e políticas de seu tempo, a Flip homenageará em sua 16ª edição a escritora Hilda Hilst, que fez sua literatura em torno de temas como o amor, a morte, Deus, a finitude e a transcendência. Com curadoria de Joselia Aguiar, a Flip 2018 acontece de 25 a 29 de julho, em Paraty.
De acordo com o diretor geral da Flip, o arquiteto Mauro Munhoz, “a escolha de Hilda Hilst como Autora Homenageada da Flip 2018 se deu pelo fato de sua obra extrapolar fronteiras. Assim como os outros poetas brasileiros, leu Drummond, Bandeira e Cabral, mas leu também Fernando Pessoa, o francês Saint-John Perse e o alemão Rainer Maria Rilke. O resultado é uma literatura inovadora do ponto de vista da linguagem que exerce, por exemplo, forte influência na cena da dramaturgia brasileira de hoje”. Além disso, ele afirma, a criação pioneira de um espaço voltado à literatura e às artes, a Casa do Sol,inaugurada em 1996, se encontraria, sete anos depois, com a concepção da Flip. “A Casa do Sol, sua residência literária, habitada pelo seu oficio de escritora e que foi lugar de convívio com artistas de múltiplas áreas como Caio Fernando Abreu, guarda a memória de um fazer artístico cuja singularidade esta homenagem se propõe a revelar”.

“Será uma Flip intimista, com muita poesia e teatro, um pouco de irreverência e debates sobre criação artística, a arte e a natureza, a literatura e a filosofia. A pesquisa de repertório será a mesma, ou seja, vamos manter a preocupação em ter autores e autoras plurais, do mesmo modo que na Flip 2017″, afirma acuradora, que vê pontos em comum entre Lima Barreto e Hilda Hilst: “Ambos foram transgressores, cada um a seu modo e em seu tempo e se dedicaram à escrita de modo tal que ultrapassaram o limite do que era esperado de cada um:ele como autor negro de baixa renda, ela como mulher livre numa sociedade que não estava acostumada a isso.”
Vida
Hilda Hilst – Hilda de Almeida Prado Hilst (1930-2004) – escreveu poesia, ficção, teatro e crônica,tendo construído uma obra singular em língua portuguesa na segunda metade do século 20 em torno de temas como o amor, o sexo, a morte, Deus, a finitude das coisas e a transcendência da alma.
Paulista de Jaú, Hilda era filha do casal Bedecilda Vaz Cardoso e Apolônio de Almeida Prado Hilst, cafeicultor filho de imigrantes da Alsácia-Lorena. Seu pai foi diagnosticado com esquizofrenia e internado num sanatório quando Hilda tinha cinco anos.
O interesse pela literatura se deu desde a infância. Era leitora de Samuel Beckett, Friedrich Hölderlin, Fernando Pessoa, Rainer Maria Rilke, René Char e Saint-John Perse.
Estreou na literatura aos 20 anos com um livro de poesia e foi recebida com entusiasmo por Cecília Meireles e Jorge de Lima, de quem era leitora. Aos 22, formou-se em direito pela Universidade de São Paulo, onde conheceu a escritora Lygia Fagundes Telles, com quem manteve laço duradouro. Após a formatura, viajou pela Grécia,Itália e França.
Contava que, após a leitura de Carta a El Greco, de Nikos Kazantzákis, desejou abandonar tudo para entregar-se em tempo integral ao ofício de escritora, o que a fez deixar a advocacia e uma vida social intensa para viver perto da natureza.
Em 1996, passou a residir na Casa do Sol, uma chácara que construiu em Campinas, no interior de São Paulo, cercada de árvores e bichos, para servir como espaço de estudos e criação artística..
Foi casada com o escultor Dante Casarini e não teve filhos. Distante dos grandes centros,recebia para temporadas breves e longas artistas e escritores como Mora Fuentes e Caio Fernando Abreu.
Obra
A obra de Hilda Hilst reúne dezenas de títulos, entre os quais obras-primas como Cantares de perda e predileção (poesia), Rútilo nada (ficção) e A obscena senhora D (ficção).
A sua curiosidade intelectual incluía, além da literatura, a física e a filosofia. Realizou na década de 1970 uma experiência literário-científica que chamou de Transcomunicação Instrumental, quando deixou gravadores ligados para registrar vozes de espíritos. Como marcas de sua personalidade, são apontadas a dedicação obsessiva à escrita, o cultivo da amizade, a irreverência e a curiosidade.
Recebeu prêmios como o Jabuti, o APCA, o Pen Clube São Paulo, o Cassiano Ricardo e está traduzida para o inglês, francês, espanhol, basco, alemão, italiano, norueguês e japonês.Grande parte de seus livros foi publicada pelo célebre editor artesanal Massao Ohno em volumes feitos com apuro estético, mas de reduzida circulação. Após sua morte, a Globo Livros relançou toda a sua obra sob os cuidados do crítico Alcir Pécora e, atualmente, tem em catálogo os títulos Pornô chic e Fico besta quando me entendem, compilação de entrevistas com a autora. A reunião de sua obra poética, Da poesia, foi publicada neste ano pela editora Companhia das Letras, que tem uma série de publicações sobre a autora previstas para 2018, como Da prosa; a adaptação para quadrinhos de A obscena senhora D., por Laura Lannes; uma coletânea ilustrada de suas poesias de amor e a edição de Amavisse para a Poesia de Bolso. Em 2019, a Companhia lançará uma trilogia erótica e, em 2020, a biografia da autora. Daniel Fuentes,o detentor dos direitos autorais, vem negociando com outras editoras para publicar o que falta de Hilda Hilst, como cartas e inéditos. Sua ideia é ter a obra completa disponível nas livrarias até julho de 2018.
Tem crescido o interesse pela literatura de Hilst por parte de leitores, críticos e realizadores do cinema e do teatro: a cada ano, acontecem dez novas montagens em companhias de pequeno e médio porte.
A Casa do Sol funciona hoje como sede do Instituto Hilda Hilst, onde se realizam residências artísticas e encenações de peças de teatro.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO EVENTO
Quarta-feira, 25 de julho
20h | Mesa 1 | “Sessão de abertura: Hilda, Fernanda e Jocy”, com Fernanda Montenegro e Jocy de Oliveira
Três artistas geniais da mesma geração celebram a arte mais transgressora: Hilda Hilst, homenageada da Flip 2018, Fernanda Montenegro, uma das maiores atrizes brasileiras, e Jocy de Oliveira, pioneira na música de vanguarda hoje dedicada à ópera multimídia.
Quinta-feira, 26 de julho
10h | Mesa 2 | “Performance sonora”, com Gabriela Greeb e Vasco Pimentel
A voz, a escuta e as divagações literárias e existenciais de Hilda Hilst registradas em fitas magnéticas na década de 1970 são apresentadas pela cineasta Gabriela Greeb e o sound designer português Vasco Pimentel.
12h | Mesa 3 | “Barco com asas”, com Júlia de Carvalho Hansen, Laura Erber e Maria Teresa Horta (em vídeo)
Esse diálogo inusitado reúne, por vídeo, um grande nome da poesia de Portugal do último meio século e, em Paraty, duas poetas brasileiras influenciadas pela lírica portuguesa que têm pontos em comum com Hilda Hilst.
15h30 | Mesa 4 | “Encontro com livros notáveis”, com Christopher de Hamel
A religião, a magia, a luxúria e a leitura na época medieval se apresentam nas páginas do Evangelho de Santo Agostinho, do Livro de Kells e de Carmina Burana, comentadas pelo maior especialista do mundo nesses manuscritos.
17h30 | Mesa 5 | “Amada vida”, com Djamila Ribeiro e Selva Almada
Da perda | performance de Bell Puã, slammer pernambucana, a partir de tema de Hilda Hilst.
Uma ficcionista argentina que escreveu sobre histórias reais de feminicídio e uma feminista negra à frente de uma coleção de livros conversam sobre como fazer da literatura um modo de resistir à violência.
0h | Mesa 6 | “Animal agonizante”, com Sergio Sant’Anna e Gustavo Pacheco
Um grande mestre da literatura brasileira que abordou o desejo, a solidão e a morte relembra sua trajetória ao lado de um leitor seu e autor estreante elogiado pela crítica portuguesa com histórias de humanos e outros primatas.
Sexta-feira, 27 de julho
10h | Mesa 7 | “Poeta na torre de capim”, com Ligia Fonseca Ferreira e Ricardo Domeneck
A falta de leitores e o silêncio da crítica, como reclamava Hilda Hilst: para esse debate, encontram-se a grande especialista no poeta negro Luiz Gama e um poeta e editor atento a nomes ainda fora do cânone, como Hilda Machado, que morreu inédita em livro.
12h | Mesa 8 | “Minha casa”, com Fabio Pusterla e Igiaba Scego
Fazer literatura tendo uma língua comum – o italiano – e diferentes aportes, fronteiras e paisagens geográficas e literárias: nesse diálogo, reúnem-se o poeta de um país poliglota, que é tradutor do português, e uma romancista filha de imigrantes da Somália, que escreveu sobre Caetano Veloso.
15h30 | Mesa 9 | “Memórias de porco-espinho”, com Alain Mabanckou
O absurdo e o riso, Beckett, culturas africanas, escrita criativa e crítica da razão negra: a trajetória e o pensamento de um poeta e romancista franco-congolês premiado se revelam nessa conversa com dois entrevistadores.
17h30 | Mesa 10 | “Interdito”, com André Aciman e Leila Slimani
Do desejo | performance do escritor e artista visual paulista Ricardo Domeneck a partir de tema de Hilda Hilst.
O exercício da liberdade de escrever e a escolha de temas tabu ou proibidos – a exemplo do homoerotismo, da sexualidade feminina e da religião —são as questões tratadas nesse diálogo entre dois romancistas, um judeu americano de origem egípcia e uma francesa de origem marroquina.
20h | Mesa 11 | “A santa e a serpente”, com Eliane Robert Moraes e Iara Jamra
A obra de Hilda Hilst em poesia e prosa é vista tanto em sua dimensão corpórea quanto mística por uma ensaísta que atua na fronteira entre a literatura e a filosofia, enquanto são feitas leituras por uma atriz que encarnou a sua personagem mais famosa – Lori Lamby. 
Sábado, 28 de julho
10h | Mesa 12 | “Som e fúria”, com Jocy de Oliveira e Vasco Pimentel
A escuta e a criação de universos sonoros: para esse diálogo, encontram-se uma das pioneiras da música de vanguarda no país, hoje dedicada à ópera multimídia, e um sound designer português – os dois conhecidos pelo rigor e pelo preciosismo.
12h | Mesa 13 | “O poder na alcova”, com Simon Sebag Montefiore
Historiador britânico best-seller que publicou biografias de Stálin, dos Romanov e, agora, de Catarina, a Grande, conta, nessa conversa com dois entrevistadores, como faz para retratar figuras centrais da política em seus pormenores mais íntimos.
15h30 | Mesa 14 | “Obscena, de tão lúcida”, com Isabela Figueiredo e Juliano Garcia Pessanha
Uma romancista portuguesa nascida em Moçambique que tratou de temas como o racismo e a gordofobia se encontra com um narrador de gênero híbrido e filosófico para discutir a escrita de si, os diários e as memórias, o corpo e o desnudamento.
17h30 | Mesa 15 | “Atravessar o sol”, com Colson Whitehead e Geovani Martins
Cantares do sem nome | performance do poeta e artista visual maranhense Reuben da Rocha a partir de tema de Hilda Hilst.
O americano vencedor do Pulitzer com um romance histórico sobre escravizados que construíram sua rota de fuga se encontra com um estreante que, da favela do Vidigal, inventa com liberdade seu jeito de narrar e usar as palavras.
20h | Mesa 16 | “No pomar do incomum”, com Liudmila Petruchevskáia
Um dos grandes nomes da literatura russa moderna, comparada a Gogol e Poe por seus contos de horror e fantasia que não dispensam o teor político, relembra sua trajetória proibida por décadas no regime stalinista, hoje aclamada de Moscou a Nova Iorque.
Domingo, 29 de julho
10h | Mesa Zé Kleber | “De malassombros”, com Franklin Carvalho e Thereza Maia
Um narrador do sertão baiano que abordou a mitologia da morte em seu premiado romance de estreia se encontra com uma folclorista que recolheu histórias orais de Paraty, em um diálogo sobre o território e seus encantados.
12h | Mesa 17 | “Sessão de encerramento | O escritor e seus múltiplos”, com Eder Chiodetto, Iara Jamra e Zeca Baleiro
Uma atriz, um compositor e um fotógrafo que fizeram obras baseadas em Hilda Hilst relembram os encontros com a autora, o processo de criação e as marcas que a experiência deixou em suas trajetórias.
15h30 | Mesa 18 | “Livro de Cabeceira”: Autores da Flip 2018 leem trechos de seus livros preferidos, em uma sessão conduzida por Liz Calder.
Fonte: BRASIL CULTURA