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quarta-feira, 12 de maio de 2021

Jornalismo é inconformismo – Sobre a chacina no Rio - Por Jornalistas Livres

Foto: Francisco Proner

Por: Luciano Martins Costa

"Então, dá pra fazer um jornalismo melhor?" Luciano Martins Costa levanta questões básicas sobre a operação da Polícia Civil na qual morreu o policial Leonardo Mello Frias e que resultou na morte de mais 27 pessoas.

O noticiário sobre a operação policial na favela do Jacarezinho, que causou o maior número de mortes em ações desse tipo no Rio de Janeiro, produz uma avalanche de protestos, que chegam até da ONU, e muitas declarações de apoio que todos sabem de onde vêm. Mas tudo isso pode ser apenas espuma. Ou, digamos, uma espuma que interessa aos autores da chacina. O jornalismo não deve ser conformista, mas precisa buscar a raiz da indignação.Todo repórter investigativo tem, ou deveria ter, como principal preocupação, parar no meio da enxurrada de informações, principalmente aquelas produzidas pelas autoridades, e olhar para o lado oposto, para além da fonte.

Parado no meio da correnteza, o que vai ver o jornalista? Vai ver que a primeira vítima, o agente policial André Leonardo Mello Frias, tombou a poucos metros do veículo blindado que transportava parte da tropa. Recebeu uma ordem para desbloquear o caminho. Para isso, teria que arrastar um trilho de metal preso a um latão. Tarefa pesada, que exigiria pelo menos mais um homem bastante forte. O jornalista vai se dar conta de que nenhuma outra das 29 vítimas foi morta naquele lugar. A maioria morreu a quase três quilômetros dali.

Para não fazer o trabalho de quem ganha com isso, mas apenas aplicando um pouco da Teoria da Complexidade aos fatos conhecidos, basta imaginar que, evidentemente, toda a tropa de 250 policiais foi imediatamente informada de que um colega havia sido morto. Esse foi o estopim do massacre.

Ainda parado no meio da correnteza de informações e factoides, o jornalista irá pesquisar quem era André Leonardo Mello Frias, e com pouca dificuldade encontrará um homem que entrou para a corporação aos 40 anos, era filho único, tinha um enteado de dez anos e cuidava da mãe doente, da qual era tutor oficial. Descobrirá também que ele era especialista em armas, tinha enorme dedicação ao trabalho e muito interesse em investigação.

Lá no meio de uma pesquisa que não lhe custará mais do que meia hora, tal repórter vai ficar sabendo que André Leonardo participou da investigação que resultou na apreensão de uma enorme quantidade de armamento pesado no Aeroporto Santos Dumont, em 1º de junho de 2017.

Eram armas de guerra, modelos AK-47, G3 e AR-10, estavam escondidas em um carregamento de aquecedores de piscina no terminal de cargas da Receita Federal. As armas, contrabandeadas de Miami, se destinavam a milícias cariocas.

Ainda dentro dessa meia hora, o jornalista na contramão dos factoides vai descobrir que, nessa operação de 2017, também estava presente o policial Bruno Guimarães Buhler, amigo de André Leonardo e seu então colega na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da polícia do Rio. Buhler, que tinha então 36 anos e um filho pequeno, era considerado um dos melhores atiradores da polícia fluminense.

Como André Leonardo, era um idealista, entusiasta do trabalho policial. Ele foi morto dois meses depois da apreensão das armas destinadas a milicianos no aeroporto Santos Dumont, na mesma favela do Jacarezinho, numa operação de rotina, exatamente como viria a ser vitimado seu amigo: levou um tiro quando saía de um veículo blindado.

Então, dá pra fazer um jornalismo melhor? Depois dessa paradinha rápida na correnteza dos fatos despejados pela polícia, o repórter vai reler os comunicados oficiais sobre a operação da manhã de 6 de maio de 2021, reproduzidos sem crítica pelas maiores máquinas de informação do País, e vai se dar conta de que não houve uma apreensão de toneladas de cocaína, que as armas apresentadas podem ter tido qualquer origem. Podem até mesmo ser parte do arsenal de traficantes.

Então, terá diante de si outra hipótese: a de que o monte de cadáveres foi produzido para esconder o corpo de André Leonardo de Mello Frias.

Uma curiosidade: em 2018, depois da morte de Bruno, André Leonardo recebeu na Assembleia do Rio uma menção de louvor e congratulações por sua ação na apreensão das armas, o que lhe deu uma perigosa notoriedade. O autor da moção foi o então deputado Flávio Bolsonaro.

Fonte: JORNALISTAS LIVRES

Adurn: Proifes debate Arte e Cultura como formação sindical nesta quinta - Por ADURN SINDICATO

O PROIFES-Federação realiza no próximo dia 13 de maio, quinta-feira, às 17h, a Live Cultura, sindicalismo e gênero, para debater a arte e a cultura como dimensões da formação e atuação sindical. A Live terá transmissão pela página de Facebook e canal do Youtube do PROIFES.

A partir dos temas tratados pelo filme Abraço, produzido pelo sindicato de profissionais da educação de Sergipe sobre mobilização de professores no estado em 2008, o PROIFES-Federação vai debater diálogos, limites e semelhanças da arte e cultura no cotidiano da luta e formação sindical, e as questões de gênero, permanências e rupturas no universo sindicalista e docente.

A divulgação está sendo feira pelo ADURN Sindicato.

Novo decreto estadual permite bebidas alcóolicas em bares e restaurantes

Com o fim da validade das medidas restritivas para combate da covid-19 nesta quarta-feira (12), a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, anunciou que novo decreto deve ser publicado com prorrogação do toque de recolher noturno, das 22h às 5h; mas com algumas mudanças.

A “lei seca” que proibia o consumo de bebidas alcoólicas em estabelecimentos será suspensa. Haverá ainda a ampliação do funcionamento das atividades escolares, permissão de prática de esportes coletivos, liberação dos parques e ampliação das atividades religiosas.

Ao anunciar as medidas, Fátima Bezerra destacou que as novas diretrizes são “fruto do diálogo com os poderes, a Federação dos Municípios e o setor empresarial”. Para fazer os ajustes, o Governo levou em consideração o quadro epidemiológico e a situação socioeconômica do estado.
 
“É fundamental o engajamento e o cumprimento responsável dos protocolos sanitários por parte de toda a sociedade; dos empresários e trabalhadores; das prefeituras e demais Poderes; e de você, cidadão e cidadã, para que não tenhamos retrocessos e avancemos no combate à pandemia”, recomendou a governadora Fátima Bezerra.
 
Bares e restaurantes
 
A partir de agora, passa a ser permitida a venda de bebidas alcoólicas, inclusive para consumo em locais públicos. Os bares, restaurantes, Food parks e similares ganharam mais uma hora de funcionamento: todos os dias da semana, das 11h às 22h, com tolerância de 60 minutos exclusivamente para o encerramento das atividades presenciais. Os restaurantes localizados no interior de hotéis e pousadas podem funcionar até meia-noite para atendimento aos hóspedes.
 
O funcionamento de templos religiosos continua autorizado para celebrações com limite de 30%, podendo chegar a 50% se utilizadas áreas abertas e mediante prévia autorização da autoridade sanitária. Não houve nenhuma mudança nos horários de funcionamento do comércio. Permanece em vigor o uso obrigatório de máscara de proteção facial por todos aqueles que, independente do local de destino ou naturalidade, ingressarem em território do Rio Grande do Norte.
 
Fica vedado o funcionamento de circos, parques de diversões, museus, bibliotecas, teatros, cinemas e demais equipamentos culturais; realização de shows, festas ou qualquer outra modalidade de eventos de massa, inclusive os realizados em locais privados, como os condomínios edilícios.
 
ESCALONAMENTO DE HORÁRIOS
 
Comércio, Serviços e Turismo: 8h30 às 16h30
Bares e Restaurantes: 11h00 às 22h00
Lojas em Shopping: 10h00 às 20h00
Praças de Alimentação: 11h00 às 22h00
Academias: 05h00 às 22h00

Por Potiguar Notícias

Lobby do agronegócio se organiza para “fiscalizar” material escolar. Por Mariana Franco Ramos - por Diario do Centro do Mundo -

 

Um grupo de mulheres ligadas ao agronegócio, que se autointitulam “mães do agro”, encabeça uma campanha para interferir no currículo e fiscalizar o conteúdo dos materiais didáticos de escolas públicas e particulares do Brasil, suprimindo as críticas ao setor. O movimento foi batizado de “De Olho No Material Escolar” e, apesar do nome, vai na contramão de tudo o que defende este observatório.

As fundadoras, Andréia Bernabé e Leticia Zamperlini Jacintho, argumentam que, ao acompanharem as atividades dos filhos, se depararam com “mentiras” sobre a realidade do campo brasileiro, marcada pela monocultura e pela concentração de terras e riquezas, em contraponto à agroecologia e ao modo de vida camponês.

Para rebater o que é ensinado, elas contam com o apoio de ministros do governo Bolsonaro e de políticos da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). A forma de ação se parece ao que ocorre com o “Escola sem Partido”, movimento que diz combater a “doutrinação político-ideológica”, mas que, na prática, busca cercear as discussões sobre gênero, sexualidade e respeito à diversidade em sala de aula. Assim, as integrantes sugerem que os educandos façam vídeos, fotos ou registros dos materiais utilizados, de forma a comprovar os “problemas”.

MOVIMENTO CRITICA “PIEDADE AOS ÍNDIOS” EM APOSTILAS

Em 2018, a produtora rural Letícia Jacintho buscou o apoio de outras mães para entregar uma carta ao Anglo de Barretos (SP), criticando a abordagem do colégio sobre questões como desmatamento, violações contra indígenas, trabalho escravo e uso de agrotóxicos.

“As crianças são incentivadas a manifestar piedade aos índios e repudiar a cultura da cana de açúcar”, afirma um dos trechos. “São estimuladas a se colocar na  posição de uma família indígena que teve suas terras retiradas para plantação de cana, no entanto, nenhum contraponto é oferecido pelo material ou escola”.

Segundo ela, há uma “pesada carga ideológica” nos conteúdos. Outro exemplo citado foi o dos agrotóxicos, definidos pelo grupo de forma eufemística como “defensivos agrícolas”, que causam a degradação das terras e do ambiente. A apostila apontava os latifúndios e a monocultura como responsáveis pelos problemas no campo.

“Trata-se, mais uma vez, de visão pesada, atrasada, carregada de ideologia, e que expressa a opinião pessoal do autor do texto”, rebateram as “mães do agro”. “Opiniões enviesadas como esta não constituem conteúdo educacional e não podem estar presentes nas apostilas de nossas crianças”.

EX-DEPUTADO, XICO GRAZIANO É PRINCIPAL ENTUSIASTA DO PROJETO

Após o envio da carta, Letícia foi angariando apoios. O primeiro deles foi o do engenheiro agrônomo Xico Graziano, chefe de gabinete de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1995, seu primeiro ano de governo. Graziano foi deputado federal pelo PSDB paulista e assessor especial do Instituto FHC, fundado pelo ex-presidente, de quem se considera amigo, além de secretário estadual de Meio Ambiente de São Paulo na gestão José Serra. Depois, se tornou bolsonarista. E hoje critica o presidente.

Ele defende, por exemplo, a facilitação da entrada e do uso de agrotóxicos, como no projeto de lei que ficou conhecido como PL do Veneno — proposto e relatado por parlamentares ligados ao agronegócio. Graziano tem divulgado uma série de vídeos afirmando que livros didáticos e apostilas propagam uma “imagem negativa e preconceituosa do agronegócio, sem embasamento científico”.

Em um deles, postado em suas redes sociais no dia 10 de outubro de 2020, o ex-deputado afirma que analisou apostilas de várias escolas particulares, começando pela rede Anglo, e constatou “erros, desatualizações e ideologia”.

Outro aliado da campanha é o também engenheiro agrônomo Marcos Fava Neves, que chegou a ter o nome especulado para assumir o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento concorrendo com Nabhan Garcia, Luis Carlos Heinze (PP-RS) e a atual ministra, Tereza Cristina.

Em vídeo publicado no canal Terraviva, Naves divulgou um roteiro para que as “mães do agro” avaliem os materiais didáticos dos seus filhos. Entre as orientações estão a busca por termos que consideram “ultrapassados”, como latifúndio e proletário, e a gravação de aulas. Na avaliação do agrônomo, os professores de Geografia e História são “os mais doutrinadores e difusores de ideologias esquerdistas”.

BANCADA RURALISTA E MINISTROS ABRAÇAM IDEIA

No perfil do movimento no Instagram, há vídeos e outros registros de encontros das integrantes com membros da Sociedade Rural Brasileira (SRB), do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), órgão técnico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com parlamentares e com os ministros Tereza Cristina (Mapa), Milton Ribeiro (Educação) e Ricardo Salles (Ambiente). Todos aparecem dando força à iniciativa.

Nomes como Coronel Tadeu (PSL-SP), acusado de falta de decoro por destruir uma charge que denunciava violência policial contra jovens negros, Jerônimo Goergen (PP-RS), autor do projeto de lei que tipifica como terroristas as ocupações feitas por movimentos sociais, e Aline Sleutjes (PSL-PR), ligada ao setor leiteiro paranaense, são figurinhas carimbadas nas lives. De Olho Nos Ruralistas publicou reportagem sobre ela em março: “Inimiga do MST, ruralista é eleita para assumir Comissão de Agricultura“.

“Eles já conseguiram fazer articulações em vários grupos”, conta o geógrafo Paulo Alentejano, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). “É bastante preocupante a velocidade como os caras conseguiram se articular. É muito grave e pouca gente estava sabendo”.

Nota publicada na coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha, em outubro de 2020, informa sobre uma ação de Goergen junto ao MEC, pedindo a revisão dos livros didáticos. E, em matéria do Valor Econômico, Tereza Cristina diz que crianças são “mal ensinadas” sobre o tema.

Em dezembro, as líderes da campanha se reuniram com Ribeiro, ao lado de vários parlamentares da FPA, para apresentar a iniciativa e debater ações do MEC. Em vídeo publicado no dia seguinte a essa reunião, o movimento comemora que o agronegócio vai indicar representantes para a comissão de avaliação dos livros didáticos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do ministério.

PROFESSORES ALERTAM PARA PERIGO DE SILENCIAMENTO

Integrantes do Grupo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Geografia Agrária (GeoAgrária) da Uerj e do Grupo de Trabalho sobre Assuntos Agrários da Associação dos Geógrafos Brasileiros (GTAgrária) – Seções Rio de Janeiro e Niterói escreveram um artigo denunciando a nova ofensiva do agronegócio na educação.

Na avaliação deles, trata-se de uma disputa ideológica profunda, cujo objetivo é aprofundar a hegemonia do setor, afirmando-o como um dos pilares da economia e da sociedade brasileira e silenciando qualquer perspectiva crítica sobre as implicações econômicas, sociais e ambientais:

— Buscam a todo custo impedir que nas escolas públicas e particulares se debata sobre desmatamento e queimadas, sobre trabalho escravo e superexploração do trabalho, sobre concentração fundiária, da riqueza e da renda, sobre a violência no campo, como se tudo isso fosse coisa do passado e não existisse mais no campo brasileiro, no qual reinaria o agro pop, tech, tudo.

De acordo com os professores, o fato de ser uma campanha direcionada exclusivamente às mães diz muito sobre o caráter patriarcal do agronegócio. “A educação dos filhos é vista como tarefa apenas das mulheres e não como uma responsabilidade conjunta de pais e mães”. Além do machismo, eles destacam o racismo, “uma vez que, dentre outras questões, em mais de cinquenta vídeos analisados não há nenhum em que apareça uma mulher ou um homem negro”.

Os grupos de estudos pedem que educadores, movimentos sociais e sindicais, associações científicas e educacionais reajam. “O que está em jogo, para além da preservação da liberdade de professores e professoras, é o próprio debate sobre o papel social da educação: se uma educação pública e democrática ou se uma educação a serviço de interesses particulares de um dos segmentos mais retrógrados da sociedade brasileira, disfarçado sob o verniz das tecnologias mais modernas”.

Fonte: DCM

Tensão entre israelenses e palestinos cresce após conflitos em Jerusalém

Publicado por 
Fernando Miller

Do Vermelho.org

Os ataques aéreos do estado israelense na noite de segunda-feira (10) deixaram ao menos 24 mortos na Faixa de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, nove crianças morreram no bombardeio e os militares israelenses afirmam que 15 militantes do Hamas estão entre as vítimas. A tensão na região aumentou nas últimas semanas.

Nos últimos meses, o bairro de Sheikh Jarrah em Jerusalém Oriental tem sido cenário de protestos palestinos durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã. Cerca de 30 famílias palestinas enfrentam despejo, sob ordem judicial israelense, de casas reivindicadas por colonos judeus em um processo judicial de longa duração.

Enquanto Israel celebrava o “Dia de Jerusalém” na segunda-feira, marcando a captura das partes orientais da cidade sagrada na guerra árabe-israelense de 1967, a violência irrompeu na mesquita de Al Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islã. Mais de 300 palestinos ficaram feridos em confrontos com policiais que dispararam balas de borracha, granadas de atordoamento e gás lacrimogêneo no complexo. Os confrontos entre a polícia israelense, manifestantes palestinos e israelenses judeus de extrema-direita continuaram ao longo do dia.

Militantes na Faixa de Gaza reagiram ao ataque à mesquita e anunciaram o disparo de foguetes caso as forças de segurança israelenses não recuassem. À noite, foguetes foram disparados contra Jerusalém pela primeira vez em anos, e Israel respondeu com ataques aéreos.

Com o poder bélico superior, os bombardeios israelenses afetaram residências, hospitais, sistemas de geração e transmissão de eletricidade, estações de tratamento de água e até prédios de tribunais.

O Ministério da Saúde de Gaza informou na terça-feira (11) que foram 28 óbitos e 122 feridos desde o início do ataque na Faixa. Segundo o órgão, mais de 50 crianças foram atendidas nos centros de saúde com ferimentos e o sistema de saúde de Gaza ficou sobrecarregado. Os feridos necessitam de intervenções terapêuticas e cirúrgicas, mas os leitos hospitalares atuam no limite com o enfretamento da pandemia de coronavírus.

Além disso, o governo israelense é acusado de fechar a passagem Beit Hanoun, por onde entram os suprimentos médicos e por onde os pacientes são transferidos para outros hospitais da Cisjordânia e Jerusalém ocupada. O bloqueio de suprimentos humanitários e a transferência de pacientes é incompatível com todas as convenções internacionais que afirmam o direito dos pacientes de se deslocarem e serem tratados.

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, está lutando por sua sobrevivência política após quatro recentes impasses nas eleições que deixaram Israel em turbulência política. Ele está à frente de um governo provisório enquanto luta contra acusações de corrupção, e vê os partidos da oposição lutarem para formar um governo alternativo viável.

O primeiro-ministro se alinhou com políticos de extrema-direita. Entre eles está Itamar Ben-Gvir, chefe do partido extremista Jewish Power, que tem participado dos confrontos em Sheikh Jarrah e em torno do Monte do Templo.

A ONU, a União Europeia (UE), o Reino Unido e os Estados Unidos pediram o fim da nova escalada de violência entre israelenses e palestinos.

Comunidade Palestina no Brasil

A estimativa de palestinos e descendentes imigrantes e refugiados no Brasil é de 60.000 pessoas. A Federação Árabe Palestina do Brasil – FEPAL, fundada em 1979, é uma entidade nacional que representa a diáspora palestina no país.

Em nota, a federação condenou os ataques israelenses e chamou a ação de “limpeza ética”. A Fepal afirmou que o estado de Israel usa a violência para exercer a intolerância religiosa e política na região.

“Denunciamos, assim, o metódico plano israelense de despalestinização de Jerusalém e de sua descristianização e desislamização, em curso a mais tempo, porém agora evidente, roubando a Cidade Sagrada de mais de 3 bilhões de fiéis cristãos e muçulmanos”.

O comunicado da Fepal relembra ainda que Israel é investigado no Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, na Holanda, por crimes de guerra e de lesa humanidade.

O Instituto Brasil Palestina, uma instituição brasileira independente estabelecida em São Paulo em 2017, também publicou nota para “denunciar mais um episódio da escalada de ataques criminosos de Israel”.

A entidade também comentou as infrações de Israel considerando as normas do Direito Internacional.

“Desde 1948 com a Nakba (tragédia), Israel promove limpeza étnica e apartheid contra palestinos, dando seguimento a sua necropolítica colonialista, matando, expulsando e prendendo palestinos ao longo de mais de 70 anos, numa clara violação do Direito Internacional.”

Crime de Apartheid e perseguição

A Human Rights Watch, organização internacional não governamental que defende e realiza pesquisas sobre os direitos humanos, elaborou e publicou um documento no final de abril com os principais pontos de atuação do governo israelense contra a população palestina.

Segundo o relatório, as autoridades israelenses buscaram maximizar as terras disponíveis para as comunidades judaicas e concentrar a maioria dos palestinos em densos centros populacionais. Em Jerusalém, por exemplo, o plano do governo para o município, incluindo as partes oeste e leste ocupadas da cidade, estabelece a meta de “manter uma sólida maioria judaica na cidade” e ainda especifica as proporções demográficas que espera alcançar.

A discriminação institucional que os cidadãos palestinos de Israel enfrentam inclui leis que permitem que centenas de pequenas cidades judias excluam efetivamente os palestinos e orçamentos que alocam apenas uma fração dos recursos para escolas palestinas em comparação com aquelas que atendem crianças israelenses judias.

No território ocupado, a severidade da repressão, incluindo a imposição de um regime militar draconiano aos palestinos, ao mesmo tempo em que concede aos judeus israelenses plenos direitos de acordo com as leis civis de respeito aos direitos de Israel.

A conclusão do relatório é que judeus israelenses são privilegiados metodologicamente enquanto os palestinos são reprimidos, principalmente em Israel e no território ocupado. As ações do estado israelense são classificadas como crimes contra a humanidade de apartheid e perseguição.

O apartheid é definido como crime na Convenção Internacional de 1973 para a Supressão e Punição do Crime de Apartheid e no Estatuto de Roma de 1998 para o Tribunal Penal Internacional (TPI) como um crime contra a humanidade que busca manter o domínio de um grupo racial sobre outro em um contexto de opressão sistemática do grupo dominante sobre o grupo marginalizado por meio de atos desumanos.

O crime de perseguição contra a humanidade, conforme definido no Estatuto de Roma e no direito internacional consuetudinário, consiste na privação grave dos direitos fundamentais de um grupo racial, étnico ou outro com intenção discriminatória.

Um inquérito sobre possíveis crimes de guerra cometidos na Palestina desde junho de 2014, implicando dirigentes de Israel e das milícias da Faixa de Gaza, foi aberto no Tribunal Penal Internacional (TPI) neste ano. Centenas de políticos e militares israelenses de alto escalão podem ser envolvidos pela primeira vez em inquéritos da Justiça penal internacional.

O Governo de Israel rejeita a jurisdição dos juízes do TPI – um órgão internacional com sede em Haia, na Holanda – por considerar que a Palestina não se trata de um Estado internacionalmente reconhecido. Os palestinos enxergam a abertura do inquérito como “um passo esperado há muito tempo”.

No final de 2019, a promotoria do TPI já havia informado que havia “indícios racionais” que levassem a examinar como possíveis crimes de guerra as ações militares de Israel no conflito de 2014 em Gaza e a construção de assentamentos para colonos judeus na Cisjordânia.

Fonte: diariodocentrodomundo.com.br