Postagem em destaque

FIQUEM LIGADOS! TODOS OS SÁBADOS NA RÁDIO AGRESTE FM - NOVA CRUZ-RN - 107.5 - DAS 19 HORAS ÁS 19 E 30: PROGRAMA 30 MINUTOS COM CULTURA" - PROMOÇÃO CENTRO POTIGUAR DE CULTURA - CPC-RN

Fiquem ligados nas ondas da Rádio Agreste FM - 107.5 - NOVA CRUZ, RIO GRANDE DO NORTE, todos os sábados: Programa "30 MINUTOS COM CULTU...

domingo, 28 de junho de 2020

A SAUDADE E A LUTA POLÍTICA

“Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar” – Gostava Tanto de Você (música).

Por Mariah Morgado, Estudante de Ciências Sociais na UERJ.
Saudade. Eu aposto que você já sentiu! E aí, tô certa? Sim, eu sei, é uma pergunta retórica. Mas é bom se sentir parte da leitura, não é? E é justamente por isso que eu quero te convidar para embarcar em uma (breve) reflexão sobre esse sentimento que tanto nos preenche, e desencadeia em nós benefícios (e malefícios, a depender da situação). E não, esse não é um artigo científico, não vou despender tempo abordando neurociência para tentar dissertar sobre Saudade. O objetivo é refletir de maneira conjunta uma nova possibilidade de transformação de um sentimento tão potente como esse, em combustível de luta! Será que rola?
Primeiro vamos entender o significado dessa palavra, que usamos com bastante frequência. Segundo o dicionário, saudade é: – substantivo feminino, “Sentimento nostálgico causado pela ausência de algo, de alguém, de um lugar ou pela vontade de reviver experiências, situações ou momentos já passados”. Um pouco extenso, mas é o que contempla o imaginário social. Saudade é sempre nostalgia? Seu conceito está intimamente ligado com a falta de algo ou alguém – o que não significa que em todos os casos nós necessitamos do que nos causa esse sentimento. Seja associada à distância ou ao findar dela, manifesta-se o sentimento quando queremos reviver o que já vivenciamos outrora. Por trás dessa “falta”, comumente se misturam sensações de alegria, tristeza ou de perda (em casos de perda de um ente querido, por exemplo). Sua epistemologia gera controvérsias. Alguns pesquisadores, como Castro (1985), acreditam que sua origem venha do árabe “saudah” que tem como significado um padecimento empático, melancolia, depressão e dor no coração. Porém outros afirmam que a palavra saudade venha do latim “solidad” ou “solitate” que tem sentido de solidão (VASCONCELLOS, 1914). Percebe-se, contudo, que a origem desta palavra embarca diversos sentidos e múltiplas dimensões desse sentimento.
Sentimos saudade de pessoas, amores, comida, músicas, lugares… E como qualquer outro sentimento, a saudade pode ser algo benéfico ou não, dependendo do nível da sua intensidade. O apego excessivo ao passado pode gerar marcas em nossa vida, se consolidando no corpo com insônia, vício, angústia, tristeza, solidão… É necessário cuidar. Mas há beleza e toque romântico no “sentir saudade”, viu?! Percebemos a fluidez no caminhar da saudade na história, por exemplo. Das literaturas renascentistas às prosas e cantigas trovadorescas portuguesas. Da sua presença em poesias e canções cortesãs ao lirismo galego-português e provençais, sempre com seu demasiado ar romântico, principalmente no século XIX. Uma palavra presente, de modo frequente e relacional, no (riquíssimo e privilegiado) vocabulário português. É quase que impossível navegar em redes sociais, ou ler um livro moderno ou clássico, sem encontramos estórias saudosas, seja por versos, contos ou imagens, que no auge da intensificação de uma evocação da saudade, destaca de maneira suave, bela e até de certa forma poética, o desejo de realização de um encontro futuro. Isso demonstra que a saudade já integra nossos desejos mais profundos, nossa memória, nossas relações de afeto e respeito no âmbito social, e nós projetamos esse sentimento em nossa fala porque, no fundo, a saudade nos carrega a um encontro pessoal, numa experiência de figurar, internamente e quase que imperceptivelmente, nós mesmos em nós. É gostoso viajar na saudade, não é?

Uma pesquisa da Universidade de Southampton (https://doi.org/10.1037/emo0000136) mostrou que a saudade funciona como uma resposta imunológica psicológica, pois é um sentimento que surge quando passamos por dificuldades e funciona como um mecanismo de defesa. Por isso, ela pode ser importante para dar uma sensação de auto continuidade, ajudando a criar uma narrativa de sentido para a vida e uma conexão com o passado para compreender melhor o presente. Uái! Se a saudade também se manifesta nas adversidades, gera sensação de auto continuidade e seu sentido atribui a nós benefícios para a saúde, por que não reverberar isso para a nossa coletividade, dada a atual conjuntura política? A produção de narrativas para novos sentidos das nossas vidas é uma consequência positiva da manifestação da saudade em um momento de dificuldade, e, se nossa leitura conjuntural é de que enfrentamos um momento tenso, não só por estarmos lidando com uma pandemia generalizada, mas também por lidar com um governo de extrema-direita que encarna em si todas as ameaças às conquistas do movimento estudantil nos últimos anos, a saudade emerge como combustível para nossa luta política em frente ampla.

Em “A Saudade: Entre a Natureza Fenomênica e o Ontologismo Cultural”, Matheus Montenegro atribui à saudade a seguinte classificação: “Longe de tê-la apenas como um sentimento interno, subjetivo, da experiência vivida, a saudade é, antes de mais, um signo sociocultural e ideológico que perpassa no homem e o influencia a modos de ser e estar no mundo”. Essa é uma chave estratégica para entendermos a absoluta importância desse sentimento nas nossas disputas políticas! Montenegro coloca a saudade como um motor de influência para nós sermos quem nós somos (ou seja, identificação) e estarmos (ou seja, pertencimento) no mundo. E isso é valioso! Cotidianamente presenciamos, por parte do governo – desastroso – vigente, ataques à democracia, à liberdade de expressão, à pluralidade, culto à ignorância, ao negacionismo e a indiferença… E se não houver nada que nos (re)conecte com aquilo que nomeie, resinifique ou dê um novo sentido a nossa luta, o verbo (lutar) não passará de um complemento das orações subordinadas, além de apenas uma atividade, com sentido, mas exaustiva e repleta de questionamentos da essência da luta. Deste modo, existindo uma necessidade de conexão com aquilo que nos una em uma frente ampla (ou melhor, amplíssima), que jogue no intuito de dialogar com diferentes setores para expandir os 70%, e que objetive vencer Bolsonaro e toda a sua turma, a saudade pode assumir, portanto, um papel ativo e revolucionário na construção de uma base sólida de apoio à nossa tática política nesse “jogo” que, nesta presente rodada, atuamos enquanto oposição. Mas saudade do que?
Saudade do que a gente não viveu ainda! Invocarei, aqui, essa frase tão cheia de filosofia e romantismo, protagonizada por um filósofo moderno (que eu não vou citar o nome para suscitar curiosidade em vocês), e que se tornou um dos maiores memes ocupados nas redes sociais nesse último período. Sem retomar a ocasião de sua aplicação, mas apenas caracterizando-a como objeto de análise dessa nossa reflexão conjunta, quero me desdobrar, com delicadeza e paciência, sobre a profundidade que essa frase carrega em si. Geralmente, e eu imagino que era essa abordagem que você aguardava que eu fizesse no decorrer da nossa leitura, a gente analisa a saudade na política se atendo ao passado, ao que já foi fato histórico um dia. E é ótimo, é válido e faz total sentido. É por este resgate histórico, inclusive, que muitas pessoas se movimentam na luta e na construção política. Lembrar do movimento sufragista brasileiro é emocionante! Lembrar das incontáveis revoltas espalhadas pelo Brasil inteiro na luta pela abolição da escravidão é inspirador! Lembrar dos assassinatos, perseguições e torturas daquelas e daqueles que resistiram como oposição concreta à ditadura militar brasileira nos faz chorar, mas nos mobiliza. Olhar para a história do nosso país nos trás esse sentimento de impulso, força, determinação. Mas eu queria propor algo novo, e que tem relação direta e intrínseca com a frase que abriu esse parágrafo (daquele filósofo que contei para vocês).
Quero propor que possamos sentir saudade do que a gente não viveu ainda, enquanto Brasil! Que sintamos saudades de um país livre da opressão e desigualdade de gênero, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um Brasil livre do racismo cotidiano e institucionalizado, em que o povo negro não seja assassinado a cada 23 minutos, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um país em que pessoas trans tenham dignidade, não sejam marginalizadas, não sejam impedidas de ocupar o mercado de trabalho formal nem de acessar ao ensino superior, e que não tenham seus corpos hiperssexualizados pela pornografia consumida pelo (falso) cidadão de bem, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um Brasil em que os povos indígenas e quilombolas não tenham seus direitos a demarcação de terra ameaçados e que suas culturas sejam fielmente respeitadas, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um país em que as crianças não ocupem o cargo de trabalho infantil em massa e sejam livres para brincar e estudar, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um Brasil livre da miséria, da pobreza e da desigualdade econômica causada por esse capitalismo selvagem, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um Brasil emancipado, desenvolvido, soberano, socialista, e verdadeiramente brasileiro, com a cara do nosso povo, que é rico em cultura e plural na sua manifestação!
Que o sentimento de saudade em nós possa transitar para além do passado, que tenhamos essa liberdade de projetar saudade para o futuro, e de entender o quanto isso é precioso para alimentar o nosso combustível da luta política. Que nossa munição, para além dos livros, também seja a saudade de um Brasil que defendemos e todos os dias nos mobilizamos a construir. A saudade como instrumento de intensificação da nossa luta, como adjetivo complementar de sentido a nossas vidas, e principalmente: como ponte de união dos laços sociais que nos unem a um projeto de um Brasil brasileiro! O Brasil é nosso, somos nós. Que nos apropriemos desse sentimento de pertencimento a unidade, para que nossa luta se qualifique ainda mais na ação coletiva, e que levemos a saudade, esse sentimento revolucionário que nos é comum.
“A principal tarefa de uma existência é compreender a própria mente.” – Sigmund Freud.
Sigamos!
Fonte: UJS

Doações de sangue durante Semana do Orgulho LGBTQI+ marcam conquista no STF

Foto: The Daily Beast
Por Luciana G. Console
Até o início de maio de 2020, era proibido pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Saúde que hemocentros realizassem coleta de sangue de homens que tivessem mantido relações sexuais com outros homens no período de 12 meses anteriores à doação. Ou seja, a restrição da doação de sangue se aplicaria diretamente à população LGBTQI+. No entanto, no dia 08 de maio desde ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a restrição, considerando a medida inconstitucional e discriminatória. Além de uma vitória da luta da população LGBTQI+, a decisão do STF chega em ótima hora: devido à pandemia da COVID-19, os hemocentros estão com baixa de estoque de sangue e toda solidariedade é bem vinda.
Para Bruna Benevides, secretária de articulação política da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), a restrição ter se perpetuado até os dias de hoje tem a ver com o círculo de violência simbólica que envolve a população LGBTQI+. “São preconceitos e discriminações enraizados na sociedade que acabam criando um processo ora de criminalização, ora de demonização, ora de patologização de nossas identidades e consequentemente das nossas existências e práticas sexuais. No caso da doação de sangue era aquela velha premissa dos grupos de risco e aí isso é um entendimento arcaico que precisa ser enfrentado”, aponta ela.
De acordo com o Ministério da Saúde, para um cidadão doar sangue no Brasil, é preciso ter entre entre 16 e 69 anos e pesar mais de 50 kg. Há alguns impedimentos temporários e definitivos, como uma gripe, por exemplo. Contudo, a condição “ter sido exposto a situações de risco acrescido para infecções sexualmente transmissíveis (aguardar 12 meses após a exposição)” era utilizada como impeditivo somente para homens gays, bissexuais e mulheres trans.
Para Bruna, incentivar a doação de sangue LGBTQI+ logo após a decisão do STF é muito importante para garantir a efetivação da conquista. É neste contexto que durante a Semana do Orgulho LGBTQI+, que vai de 22 à 28 de junho, a Comunidade LGBTQI+ se une em campanha para realizar o ato de solidariedade que foi negado à essa população durante anos: doar sangue e salvar vidas. “Também fizemos uma cartilha de passo a passo pra ensinar as pessoas a fazer a doação, visto que existem regras, mas como éramos proibidos de doar, não tínhamos acesso”, compartilha ela.
As atividades da Semana do Orgulho e Resistência LGBTQI+ este ano estão sendo realizadas de forma online devido à pandemia da COVID-19. Cerca de 30 entidades organizaram atrações culturais, debates, manifestações políticas. A Semana se encerra com o lançamento do Conselho Popular Nacional LGBTI+, que encampou a frente de incentivo e a campanha de doação de sangue,  no dia 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQI+.

Restrição de doação de sangue LGBTQI+ cai no STF

Em junho de 2016, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5543 foi responsável por colocar o tema da restrição em discussão, mas foi interrompida pelo ministro Gilmar Mendes em 2017. Em 2020, com a pandemia pelo novo coronavírus e o estado calamitoso dos hospitais em todo o Brasil, que contam com o estoque de sangue abaixo do adequado, o tema voltou à agenda do STF.
Segundo orientações do Ministério, uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas. Homens podem realizar até quatro doações de sangue por ano e as mulheres até três doações, desde que façam um intervalo de dois e três meses, respectivamente, entre elas.
“A comunidade LGBT, nos seus 20 anos de luta para que a gente fizesse a doação de sangue, nunca questionou as normas técnicas da Anvisa, pelo contrário. Nós questionamos a abordagem que era feita aos sujeitos LGBT, porque a restrição para a doação de sangue era uma pergunta que era feita na triagem do hemocentro”, diz Júlio César, do Coletivo LGBT do MST.
Foto: Divulgação MST
Durante anos, diversos especialistas de saúde se posicionaram a favor da queda da restrição, alegando que não há razões plausíveis que justificassem a prática, já que o risco de contaminação tem a ver com o comportamento e não com a orientação sexual. O próprio Ministério garante que não há como um sangue coletado contaminado chegar até pacientes. Após a doação, o sangue passa por testes imuno-hematológicos, como a tipagem sanguínea, e por testes sorológicos que identificam a presença de doenças como o HIV. Além disso, é realizado o Teste de Ácido Nucleico (NAT), importante para saber se o sangue coletado não estaria em janela imunológica, período em que o vírus pode estar presente no sangue sem ter se manifestado.

Vitória no STF não encerra a questão

De acordo com Bruna, a decisão do Supremo de tomar esse posicionamento é muito importante para a causa e para o país, pois significa a conquista da equidade perante à Constituição e da cidadania destes sujeitos LGBTQI+. Contudo, ela ressalta que ainda há muito o que ser enfrentado e explica:
“Muitas vezes fica parecendo que a gente tem a conquista e está tudo resolvido. A gente tem a conquista no campo do Legislativo, no Judiciário, mas às vezes, no campo social a gente não consegue avançar nesse entendimento.” 
Mesmo após a decisão do STF, muitos hemocentros continuaram com as normas anteriores, pois a Anvisa e o Ministério da Saúde declararam que iriam aguardar a publicação do acórdão no Diário Oficial antes de mudar a portaria sobre a doação de sangue. O descumprimento da decisão fez com que entidades ligadas à causa LGBTQI+ atuassem novamente.
“Veja a dificuldade que é no Brasil. A gente conquistou um direito, mas a efetivação do direito teve que ser através de outra ação para que fosse cumprida determinação anterior. Então é muito absurdo e mais uma vez demonstra a LGBTfobia institucional que não quer permitir o avanço das nossas pautas”, reforça Bruna.

Fonte: Mídia Ninja

Receita de Feijoada Completa

A culinária brasileira tem na  feijoada um dos pratos típicos mais conhecidos e populares. Feito basicamente por feijão preto, diversas partes do porco, linguiça, farinha e o acompanhamento de verduras e legumes, ela é comumente apontada como uma criação culinária dos africanos escravizados que vieram para o Brasil. Mas seria mesmo essa a história da feijoada?
Historiadores e especialistas da culinária indicam que esse tipo de prato – que mistura vários tipos de carnes, legumes e verduras – é milenar. Remonta possivelmente da área mediterrânica à época do Império Romano, segundo Câmara Cascudo. Pratos similares na cozinha latina seriam o cozido, em Portugal; o cassoulet, na França; a paella, à base de arroz, na Espanha; e a casouela e o bollito misto, na Itália.
Mas a feijoada tem as especificidades da culinária brasileira. O feijão preto é originário da América do Sul e era chamado pelos guaranis de comandacomaná oucumaná. A farinha de mandioca também tem origem americana, sendo adotada como componente básico da alimentação pelos africanos e europeus que vieram para o Brasil. Roças de feijão e mandioca eram plantadas em diversos locais, inclusive nos espaços domésticos, em torno das residências, principalmente das classes populares.
Segundo Carlos Alberto Dória, a origem da feijoada estaria no “feijão gordo”, o ensopado da leguminosa acrescido de toucinho e carne seca. A feijoada seria esse “feijão gordo” enriquecido ao extremo, com linguiças, legumes, verduras e carnes de porco.
A inclusão do último ingrediente acima indicado levou Câmara Cascudo a questionar se a feijoada seria invenção dos africanos escravizados: sendo boa parte dos africanos seguidora do islamismo, como poderiam ter incluído a carne de porco no prato, já que a religião interdita seu consumo?
O famoso folclorista brasileiro indica que a feijoada como a conhecemos, composta de feijão, carnes, hortaliças e legumes, seria uma combinação criada apenas no século XIX em restaurantes frequentados pela elite escravocrata do Brasil. Sua difusão teria se dado em hotéis e pensões, principalmente a partir do Rio de Janeiro.
Porém, a propagação da ideia da feijoada como prato nacional seria consequência das ações dos modernistas para construir uma identidade nacional brasileira, segundo Carlos Alberto Dória. A feijoada seria um dos signos da brasilidade, caracterizada pelo tema da antropofagia, da deglutição cultural que permeou a formação da nação brasileira.
Mário de Andrade apresentou essa perspectiva em seu conhecido livro “Macunaíma”, de 1924, durante um festim na casa do fazendeiro Venceslau Pietro Pietra, no qual participou o anti-herói. De acordo com Dória, a cena seria uma alegoria da cozinha nacional e das diversas etnias que entraram em contato no Brasil.
Vinicius de Moraes também versou sobre a feijoada, em seu poema “Feijoada à Minha Moda”, retratando ao final a cena de difícil digestão do prato: Que prazer mais um corpo pede/ Após comido um tal feijão?/ — Evidentemente uma rede/ E um gato para passar a mão…
Por Tales Pinto
Mestre em História

feijoada bc
Ingredientes
  • Feijoada
  • 250 g de costela de porco salgada
  • 200 g de rabo de porco salgado
  • 200 g de pé de porco salgado
  • 200 g de orelha de porco salgada
  • 250 g de lombo de porco salgado
  • 350 g de carne-seca
  • 200 g de carne fresca de peito bovino
  • 250 g de língua defumada
  • 200 g de linguiça calabresa
  • 200 g de paio
  • 1 1/4 xícara de feijão preto
  • 1 maço de coentro
  • 1 maço de cebolinha
  • 5 folhas de louro
  • 1/4 xícara de cachaça
  • 1 laranja com casca cortada em 4 partes
  • 400 g de banha de porco
  • 200 g de toucinho fresco cortado em cubinhos
  • 4 dentes de alho picados
  • 1 cebola média picada
  • Couve
  • 1/4 xícara de azeite
  • 4 dentes de alho picados
  • 2 xícaras de couve picada
  • Sal a gosto
  • Farofa
  • 1/2 xícara de azeite
  • 1 cebola picada
  • 3 dentes de alho
  • 2 xícaras de farinha de mandioca crua
  • Sal a gosto
Modo de preparo
Na véspera, coloque as carnes salgadas de molho (as primeiras 6 da lista). Deixe na geladeira e troque a água umas 3 ou 4 vezes.

  1. No dia seguinte, escorra as carnes e coloque num caldeirão junto com a carne fresca, as linguiças, o paio e o feijão. Amarre o coentro e a cebolinha juntos e junte ao caldeirão, assim como o louro, a cachaça e a laranja. Cubra com água e ponha para cozinhar.
  2. Como as carnes têm pontos diferentes, espete um garfo e retire primeiro as macias. Corte em pedaços e reserve. Faça a mesma coisa com todas as carnes.
  3. Quando o feijão estiver cozido, retire duas escumadeiras dele e amasse com um garfo. Leve uma parte de volta ao caldeirão, para engrossar o caldo e misture. Reserve a outra parte.
  4. Em uma frigideira, esquente a banha e torre o toucinho. Tire-o da frigideira e, na mesa gordura, frite o alho e a cebola.
  5. Quando o alho e a cebola dourar, junte a outra parte do feijão amassado. Misture bem e despeje no caldeirão de feijão.
  6. Para fazer a couve, esquente o azeite em uma frigideira e frite o alho. Refogue ligeiramente a couve e acerte o sal.
  7. Faça a farofa na mesma frigideira do toucinho. Aqueça o azeite e refogue o alho e a cebola. Vá colocando a farinha aos poucos. Verifique o sal.
Fonte: Portal BRASIL CULTURA