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sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Funai debate pesquisa científica em terras indígenas

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Foto: Assessoria de Comunicação/Funai
Com o objetivo de colaborar com o debate a respeito da realização de pesquisa científica em terras indígenas, a Fundação Nacional do Índio participa do seminário do Conselho Nacional de Saúde com Povos Indígenas, realizado em Brasília nos dias 29 e 30 de agosto. Cerca de 120 lideranças, pesquisadores e agentes públicos integram o evento na Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde.

O diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Rodrigo Paranhos Faleiro, explica que, durante o seminário, a Funai pôde ampliar o debate com a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que atualmente realiza uma revisão de sua resolução sobre pesquisa em terras indígenas ao mesmo tempo em que Funai discute também suas normativas do acesso de pesquisadores a esses territórios.
"Essa coincidência permite destacar a simbiose que as duas ações podem ter, reafirmando a necessidade de não fragilizar os instrumentos normativos, de garantir a proteção já existente aos povos indígenas e, principalmente, de efetivar o retorno da produção científica, tecnológica, social e cultural traduzida em benefícios para os índios nas aldeias", ressalta Paranhos.
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Foto: Assessoria de Comunicação/Funai

Ninawá Inu Huni Kui, presidente da Federação do Povo Huni Kui do Acre [foto ao lado] afirma que toda pesquisa a ser desenvolvida em territórios indígenas "depende da autorização consensual decidida entre os membros das aldeias. São eles que decidem: homens, mulheres, anciãos, caciques e pajés".



O seminário do Conselho Nacional de Saúde com Povos Indígenas antecede a 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena, cuja realização está prevista para o para o mês de maio de 2019, e que terá o objetivo de atualizar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.
Ascom/Funai, com informações
do Conselho Nacional de Saúde

.Funai e GIZ Brasil definem plano operacional para desenvolvimento sustentável na Amazônia

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Foto: Paulo Ibituruna/Funai
Promover o desenvolvimento sustentável nas terras indígenas brasileiras da Amazônia Legal, prestando contribuição para a proteção das florestas e da biodiversidade nacional. Esse é o principal objetivo do Plano Operacional Anual do acordo de cooperação entre a Funai e a Agência Alemã de Cooperação para o Desenvolvimento - GIZ Brasil.

Em reunião realizada nos dias 23 e 24 de agosto, as três diretorias da Funai juntamente com a GIZ e o Instituto Internacional de Educação do Brasil, IEB, outro parceiro institucional na efetivação das ações, definiram as ações a serem contempladas no Plano Operacional Anual que se inicia em agosto de 2018.

O plano visa proporcionar efetividade às instâncias e instrumentos de governança da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) em nível nacional e em duas coordenações regionais piloto, no sudoeste do Amazonas – Médio Purus e Madeira.

Para o diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Rodrigo Paranhos Faleiro, a importância de acordos de cooperação internacional para o serviço público brasileiro à medida que ela contribui para sua modernização. "Sempre foi uma das contribuições mais positivas. O grande capital da cooperação internacional é quando ele traz um diálogo, uma troca de reflexão que as duas partes recebem. Essa cooperação não acontece só no âmbito institucional, mas acontece no âmbito das parcerias", salientou Paranhos durante a reunião.

O Diretor da GIZ Brasil, Anselm Duchrow, disse que, para a agência de cooperação alemã, "o Plano Operacional Anual é um instrumento muito importante de gestão do projeto compartilhado porque é voltado para o apoio à governança da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas".

Fonte: FUNAI

O Dia do Nutricionista é celebrado anualmente em 31 de agosto.

Esta data visa homenagear o profissional responsável por planejar programas de alimentação para as pessoas, além de preparar dietas específicas para ajudar a melhorar a qualidade de vida e saúde dos seus pacientes.
Os nutricionistas podem atuar nos mais diversos segmentos do mercado, desde em hospitais, escolas, ginásios esportivos, clínicas particulares e etc.
Aliás, o trabalho do nutricionista é fundamental para o sucesso do desempenho dos atletas.
O profissional de nutrição adquire uma importância maior a cada dia, as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a estética, a saúde e o bem-estar do corpo, e principalmente as mulheres, estão sempre em busca da melhor forma física.
Origem do Dia do Nutricionista
O Dia do Nutricionista é comemorado nesta data em homenagem a criação da Associação Brasileira de Nutricionistas (ABN), fundada em 31 de agosto de 1949. Posteriormente, a ABN foi substituída pela Federação Brasileira de Nutricionista e, depois, pela Associação Brasileira de Nutrição (Asbran).
Fonte: Brasil Cultura

“A cultura incomoda porque questiona”, diz Sérgio Mamberti

“Raios e trovões!!!”. Com um sorriso maroto, assim esbraveja o dr. Victor nos estúdios de TUTAMÉIA. É Sérgio Mamberti encarnando seu célebre personagem no Castelo Rá-Tim-Bum, série infanto-juvenil da TV Cultura. O mago da ficção televisiva tem 3000 anos e é amigo das crianças e dos animais.
Por Eleonora Lucena e Rodolfo Lucena
Ator, diretor, produtor, autor, Sérgio Mamberti está chegando aos 80 e fala de tudo nesta entrevista: lembra que via Pagu em Santos, rememora a festa que foi o fim da Segunda Guerra Mundial (e de sua desilusão com as bombas atômicas jogadas pelos EUA no Japão), conta como foi a resistência do teatro durante a ditadura militar, faz um balanço de seu trabalho no Ministério da Cultura no governo Lula –e fala de “Panorama Visto da Ponte”, peça de Arthur Miller em cartaz em São Paulo, na qual ele atua (acompanhe no vídeo acima).
Com mais de 50 anos de trabalho, Mamberti viu a peça em 1958, uma montagem estrelada por Leonardo Villar. O texto, escrito em 1955, foi feito no contexto do macarthismo, um período de “demonização das pessoas de esquerda”, destaca o ator. O enredo trata de imigração, delação, pobreza –temas atualíssimos. Autor, Miller (1915-2005) foi vítima de perseguição política nesse período nefasto da história norte-americana. Ele também escreveu o clássico “Morte de um Caixeiro Viajante”, que será encenada no Brasil no ano que vem igualmente por iniciativa de Mamberti.
Ódio e coerência
Impossível não fazer relação entre aquela época nos EUA e os dias atuais no Brasil. Petista e militante pela democracia, Mamberti fala das perseguições que sofreu no período recente. “Essa coisa de ódio que não tinha e passou a permear as relações na sociedade”, declara. Ao mesmo tempo, diz, sentiu muito apoio e solidariedade.
“Eu me sinto muito resguardado pela muita coerência e pela minha visão humanista, que é muito reconhecida publicamente. Não cultivo nenhum tipo de antagonismo irracional. Respeitar a opinião de cada um é o princípio democrático”, afirma. E segue:
“Eu lutei a minha vida toda pela preservação do Estado democrático, onde a cultura tem um papel estratégico fundamental. Faço minha militança política por meio da cultura. A cultura ligada a todos os processos de construção do Estado democrático. Luto em defesa da diversidade cultural. Eu me sinto muito feliz comigo mesmo de ter conseguido me manter coerente dentro dessa postura. A cultura incomoda porque a cultura questiona”.
Luta de classes
Mamberti rememora as ameaças que artistas recebiam também na época da ditadura militar. Fala de Vladimir Herzog, de Heleny Guariba, da repressão ao “Roda Viva”. Fala da desconstrução de políticas públicas, dos retrocessos em múltiplas áreas. Ele se emociona ao falar de Lula, da perseguição e da possibilidade de o ex-presidente participar da eleição.
“É o arbítrio. Há uma visão preconceituosa. Lula é tratado como um operário, e operário não tem direito de chegar à Presidência. É uma visão classista. É luta de classe. O mundo está precisando dessa visão universal de garantia de direitos, em que o cidadão esteja em primeiro lugar. A visão humanista deve prevalecer sobre essa visão puramente economicista”, afirma.
E ressalta:
“Essa luta que a gente está travando está totalmente relacionada com o futuro, é muito crucial. Tem uma candidatura extremamente ameaçadora a direitos. Não existe imites, há um despreparo absoluto”.
Mesmo com essa apreensão, sua mensagem é otimista:
“Vamos sair de 2018 mais fortes e olhando para o futuro com mais confiança”.
“Raios e trovões!!”
Assista a íntegra da entrevista:

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Festival é referência na exibição de documentários brasileiros

Em tempos de fake news, a verdade anda mais em voga do que nunca. Que o diga Amir Labaki, que dirige há 23 anos o festival de documentários É Tudo Verdade, realizado com apoio da Lei Rouanet. “Há um crescimento do cinema de fato, porque há um crescimento da literatura de fato, com tantos livros de história, biografia, ensaios; temos a música de fato, que é o rap. Esse é um movimento que é, ao mesmo tempo, estético e cultural, de modo que essas produções de fato funcionam como uma janela para o mundo”, diz o crítico de cinema sobre a atual tendência de se retratar o factual nas artes.
No caso dos documentários, esse vetor tem se intensificando há, pelo menos, duas décadas, quando o mercado sofreu um boom. Na década de 90 do século passado, a produção documental já não conseguia ser absorvida pelos festivais de cinema tradicionais e, então, foram criados os grandes festivais do gênero, como o próprio É Tudo Verdade. “Naquele momento, nós vimos que havia uma oportunidade, pois, de um lado, havia um grande número de documentários sendo produzidos e, de outro, uma demanda do público que queria assistir a esse tipo de filme”.
Foi assim que, depois de ter sido diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, entre 1993 e 1995, Amir organizou a primeira edição do festival, em 1996. “Fizemos pequenininho mesmo, no Rio e em São Paulo, sem mostra competitiva, mas já com uma parte dedicada à retrospectiva. Foi um grande sucesso”. Desde então, o festival passou a ter mostras competitivas, nacionais e internacionais, para curtas e longas-metragens. Durante todos esses anos, foram mais de 2 mil filmes exibidos e 75 premiados.
Reconhecimento Internacional
Além de ser o mais antigo festival latino-americano do gênero, o É Tudo Verdade é considerado o mais importante da região. Mais do que contar com o reconhecimento de diretores e produtores do setor, o festival é um dos poucos no mundo que estão habilitados a qualificar filmes para o Oscar. Desde 2016, o curta vencedor da mostra competitiva se qualifica para concorrer a uma vaga entre os indicados ao prêmio da Academia nesta categoria. Em 2018, veio a mesma qualificação, só que para o longa-metragem vencedor da mostra competitiva. “Estamos entre os 28 festivais que qualificam documentários para o Oscar. Esse é o reconhecimento da nossa importância para o mercado internacional e que também consolida o prestígio do documentário brasileiro e latino-americano”, afirma.
De acordo com o Amir, o Brasil tem uma longa tradição na produção de documentários, pois, em geral, os diretores de ficção costumam se enveredar pelas vias documentais. Essa dupla atuação garantiu que a produção nacional nunca caísse. “Até mesmo em épocas com baixa produção de filmes de ficção, como no fim do governo Collor, por exemplo, continuou-se a produzir documentários”, conta Amir.
Memória e resignificação
Para resgatar parte dessa vasta produção que não tenha chegado ao público, desde a primeira edição, o festival tem uma mostra retrospectiva, que divulga trabalhos muitas vezes esquecidos e até mesmo inéditos. Em 2002, por exemplo, o documentário Wilsinho Galiléia, dirigido em 1978 pelo aclamado diretor João Batista de Andrade, foi exibido ao público pela primeira vez. Ele integrou a mostra sobre o Globo Repórter. “Houve uma época em que a direção do programa contratava documentaristas brasileiros para produzir seus episódios, como Eduardo Coutinho, Jorge Bodanzky e Hermanno Penna. Grande parte desses filmes estavam parados no acervo da Globo e alguns encontravam-se com seus realizadores, como é o caso do filme sobre Wilsinho Galiléia”, diz Amir. “Tivemos que localizar cópias em acervos pessoais”, completa o diretor.
Outra história marcante para os organizadores do festival foi a realização de uma mostra dedicada a um dos grandes nomes do documentário no mundo, Marcel Ophüls. Realizador de inúmeras obras, entre elas O Viajante, A Memória da Justiça e A Tristeza e a Piedade, ele era conhecido no meio como sendo de personalidade difícil. Ainda assim, a direção do festival insistiu em dedicar a retrospectiva de sua segunda edição a ele. Para surpresa dos organizadores, a resposta positiva veio no dia seguinte ao envio do convite, por fax.
“O Marcel tinha estado uma única vez no Brasil, no início dos anos 80, e, naquela ocasião, teve seu relógio roubado nas areias de uma praia no Rio. Então ele tinha essa visão do País, de ser um paraíso tropical, mas também tinha a memória de um acontecimento negativo. Ele viu no Festival uma oportunidade de voltar aqui e de se reconciliar com o Brasil e, por isso, aceitou imediatamente o convite. Ele veio, chegou via Rio, fomos até a praia, caminhamos, tomamos uma caipirinha. Ele foi um gentleman, um convidado perfeito durante todo o festival”, conta Amir.
Fazendo escola
Para Roberto Berliner, diretor de filmes e documentários como Benzinho (2018), Gabriel e a Montanha (2017), Nise (2016) e Serra Pelada (2013), o festival é essencial para o mercado documental, pois permite estar em contato com o que há de melhor na produção documental nacional e internacional. “O que o festival faz é uma disseminação do saber, essencial para o nosso ofício. Ele é a nossa escola, onde se formaram vários documentaristas brasileiros. Acho que posso falar em nome de todos eles, quando expresso a minha admiração. É um verdadeiro tesouro”, completa.
De acordo com Berliner, os documentários antes ficavam relegados a segundo plano e, com o festival, ganharam relevância, mudaram de patamar. “Além das exibições, o festival ainda promove debates, rodadas em que podemos fazer contatos. Não há documentarista no Brasil que não tenha bebido dessa fonte. Na época do festival, se eu pudesse, parava tudo só para acompanhar a programação”, conclui.
Apoio
Ao longo de seus 23 anos de existência, o festival É Tudo Verdade contou com o apoio do Ministério da Cultura (MinC) em 21 edições. Para as cinco últimas edições, os organizadores conseguiram captar por meio do mecanismo de incentivo fiscal, Lei Rouanet, R$ 6,6 milhões. Cabe ressaltar que toda a programação do festival é gratuita, tanto no Rio quanto em São Paulo. Desde 2006, ano em que a organização começou a estimar seu público, mais de 300 mil pessoas já assistiram aos filmes exibidos em suas mostras.
A próxima edição do festival será de 4 a 14 de abril de 2019. A inscrição de filmes para a mostra competitiva será de 5 de setembro a 7 de dezembro deste ano.
Fonte: BRASIL CULTURA

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Michael Jackson - Smooth Criminal (Single Version) HD



Michael Jackson fala sobre o Racismo


O talento inquestionável do rei da música pop, Michael Jackson, nos brindou com obras de arte musicais e mega shows, que arrebataram milhares de multidões pelo mundo afora; além do seu marcante carisma pessoal e dedicação profissional. 

No entanto, sua condição de homem negro nascido no berço do capitalismo mundial e as transformações que operou em sua imagem, com certeza incomodaram racistas e não racista. Sua ousadia ou patologia imprimiu em um jovem negro a imagem de um homem caucasiano de nariz fino e pele branca. Algumas questões brotam em nossas cabeças: será que Michael quis embranquecer para negar seu sofrimento como negro ou desejou mudar sua imagem por liberdade para ser feliz ao seu modo. Nunca ouvir dizer de um branco que desejou ter imagem de negro, para além do bronzeado tropical, em nossas terras tão homenageado como sinônimo de saúde e beleza. Mas, é de se supor que Michael sabia que não deixaria de ser tratado como negro, apenas porque mudou sua face, em uma sociedade onde as margens do racismo possui um contorno de hereditariedade. Então, mudou para o seu conforto, para seu olhar no espelho.

Eu sei qual é minha raça. Eu olho no espelho, e sei que sou negro', disse Michael Jackson esta terça-feira durante o 'Encontro pela justiça na indústria fonográfica', liderado pela National Action Network (NAT), no Harlem, em Nova York, segundo a MTV News. Anos depois de um nunca plenamente explicado processo de clareamento da pele - a certa altura, Jackson alegou sofrer de vitiligo - o cantor levantou seu orgulho étnico para reforçar a acusação, feita no sábado, de que Tommy Mottola, o todo-poderoso da gravadora Sony, era racista. 

A acusação de Jackson veio em meio a uma série de eventos que configuram a mais feroz briga entre artistas e gravadoras que a indústria já viu, na qual o seu caso é apenas o mais... digamos... bizarro. A NAT, liderada pelo reverendo Al Sharpton, que nos EUA é um importante ativista de direitos civis das minorias, começou há algumas semanas uma campanha por um tratamento justo aos artistas negros, alegando que muitos deles morrem na miséria depois de carreiras que só rendem lucros às gravadoras. Jackson se uniu a Sharpton na luta em meio a uma disputa pessoal com sua gravadora, a Sony. 

Jackson acusa a gravadora de não ter promovido a contento seu mais recente álbum, 'Invincible', que vendeu dois milhões de cópias nos EUA - menos do que se esperaria de um álbum de Jackson e, sobretudo, de um disco que custou US$ 50 milhões entre produção e marketing. Já foi anunciado por ambas as partes que o contrato de Jackson com a Sony não será renovado depois do lançamento de uma coletânea de maiores sucessos, mas ambos ainda discordam em detalhes. Segundo informações divulgadas pela imprensa americana nunca confirmadas oficialmente, a Sony quer que Jackson lhes pague uma dívida de adiantamentos que pode remontar a US$ 200 milhões; e o cantor quer retomar os direitos sobre os seus catálogos. Diante disso, Jackson tem sido bombardeado por críticas de que seu apoio à NAT seria, na verdade, movido por interesses pessoais. Sobretudo depois que sua acusação contra o suposto racismo de Mottola foi contestado pelo próprio Sharpton e outros nomes importantes da black music, como o empresário Russel Simmons. Segundo a MTV News, sua participação no encontro de ontem foi uma tentativa de reverter essa impressão. 

Jackson se diz vítima de conspiração racista - 'Estou cansado de ser manipulado. A imprensa manipula a verdade. Eles são mentirosos. Os livros de História são uma mentira. Vocês precisam saber que todas as formas de música popular, do jazz ao rock ao hip hop e dance, do jitterbug ao Charleston, são negras. Mas vá à livraria da esquina e você não vai ver um negro na capa dos livros. Você vai ver Elvis Presley. Você vai ver os Rolling Stones. Mas onde estão os verdadeiros pioneiros?', disse Jackson às cerca de 300 pessoas presentes ao encontro, acrescentando que Otis Blackwell, autor de clássicos como 'Al shook up', morreu na miséria. 

Jackson alegou ainda que o sistema tentou destruí-lo na medida em que ele se tornava mais poderoso. '
Eu quebrei os recordes de venda de Elvis e dos Beatles. Então, começaram a me chamar de aberração, de homossexual, de pedófilo. Disseram que eu clareei minha pele. Fizeram de tudo para jogar o público contra mim. É uma conspiração', alegou.

Por aqui, alguns negros acreditam que o status social e a ascensão, para além do conforto material, produziriam um certo “salvo conduto” nas relações sociais e no acesso as redes entrelaçadas de poder e privilégio. Diferente da experiência pessoal de Michael, que não lhe retirou a condição de negro, alguns acreditam, entre nos, que o verniz socioeconômico produz mudança na forma de tratamento de uma sociedade conservadora e hierarquizada em seus papeis sociais. A experiência que conhecemos fala em outra direção‘‘É a única coisa que eu odeio. Eu realmente odeio. E é por causa disso que eu tento escrever, colocar nas minhas músicas, na minha dança, na minha arte — para ensinar o mundo’’

“Eu realmente não sou uma pessoa preconceituosa de forma alguma. Eu acredito que as pessoas deveriam pensar mais sobre Deus e a criação porque se você olhar dentre as diversas coisas dentro dos corpos humanos — as diferentes cores dos órgãos… e todas essas cores fazem coisas diferentes ao corpo — por que não podemos fazê-lo como pessoas?
Isto (racismo) é a única coisa que eu odeio. Eu realmente odeio. E é por causa disso que eu tento escrever, colocar nas minhas músicas, na minha dança, na minha arte — para ensinar o mundo.

Se políticos não podem fazê-lo, poetas deveriam o colocar na poesia e escritores deveriam o colocar em livros. É o que nós temos que fazer e eu acho que é tão importante salvar o mundo.”
Michael Jackson
Um Afro abraço.
Claudia Vitalino.

Fonte:https://mjbeats.com.br

RETROSPECTIVA: Unegro completou 30 anos de luta contra o racismo

 

A União de Negras e Negros pela Igualdade Racial (Unegro) completou, no último dia  14 de julho de 2018, 30 anos de luta. Em meio ao avanço do neoliberalismo, a entidade destacou que sua principal missão deve ser "continuar organizando a população negra para a denúncia do Racismo e para a conquista dos seus direitos".


A Unegro celebrou a data  rendendo homenagem às várias gerações de militantes que "desbravaram o árduo caminho de denúncia do racismo, desconstrução do famigerado mito da democracia racial e obrigaram o Estado a reconhecer o racismo como problema nacional e um dos grandes entraves ao pleno desenvolvimento do Brasil". 

Na sexta (13/07), o grupo deu início ao seu Seminário Nacional de Planejamento Estratégico e 6ª Plenária Nacional, em São Luiz, no Maranhão. A programação contou com uma oficina sobre planejamento com Augusto Petta e Liliana Lima (ambos do Centro de Estudos Sindicais), além da participação militantes de 14 estados brasileiros.

"Nenhuma mulher negra a menos vítima do feminicidio, nenhum jovem negro a menos vítima do genocídio, nenhum homem ou mulher negra a menos vítima do projeto genocida que encarcera e mata nosso povo, nenhuma jovem negra/o fora da escola ou da universidade, nenhuma pessoa LGBT vitima do ódio de quem não consegue conviver com a livre forma de amar e pensar, por mais homens e mulheres negras nos espaços de poder!", defende a Unegro nestas três décadas de vida. 


 Do Portal Vermelho
Adaptado pelo CPC/RN, em 29/08/2018.

Comitê Gestor da PNGATI discute formas de financiar implementação da Política Nacional

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Comitê Gestor da PNGATI reunido no Ministério do Meio Ambiente (foto: Funai)
Conservar diferentes ecossistemas e envolver os povos indígenas em projetos de conservação das florestas e da biodiversidade. Esse tem sido um dos principais temas debatidos entre lideranças indígenas e representantes do poder público em torno da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI). O último encontro do Comitê Gestor, que ocorreu em Brasília, apontou para o entendimento sobre o aporte de recursos financeiros em ações capazes de efetivar a implementação dessa política pública no país.

Realizada no Ministério do Meio Ambiente nos dias 16 e 17 de agosto, a 15ª reunião do Comitê Gestor da PNGATI tratou do financiamento de projetos que envolvam a participação das comunidades indígenas na proteção da diversidade biológica e na conservação das florestas e demais formas de vegetação nativa em terras indígenas.

Conforme afirma o diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Rodrigo Paranhos Faleiro, "Ao encaminhar a necessidade de linhas de financiamento da PNGATI em terras indígenas, o Comitê Gestor destacou que o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) seria uma possibilidade, mas não a única. Já que as terras indígenas contribuem de maneira fundamental para a estratégia de conservação da biodiversidade e para a Estratégia Nacional de REDD+ no Brasil", salientou Paranhos.
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Valéria Puye, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – Apib (foto: Funai)

De acordo com o diretor do Departamento de Florestas e de Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, Jair Schmitt, o governo federal está prestes a concluir uma parceria com o Green Climate Fund (Fundo Climático Verde), cujos recursos doados pelos países desenvolvidos são destinados a países em desenvolvimento para apoiar projetos que contribuam para a mitigação e a adaptação aos efeitos da mudança do clima.



A respeito de como bancar o custeio do projeto, Schmitt disse que existe "a perspectiva de captar recursos em prol de alguns grupos sociais, em especial os povos indígenas e comunidades tradicionais, que são tão valorosos e importantes para a conservação das florestas".

Marcos Avilques Campos, liderança da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito (Apoinme), também falou sobre a "necessidade de se aportar recursos financeiros na implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas - PNGATI".

Participaram desta reunião do Comitê Gestor, os seguintes órgãos e entidades:
- Ministério do Meio Ambiente (MMA);
- Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI);
- Fundação Nacional do Índio (Ministério da Justiça);
- Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib);
- Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab);
- Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme);
- Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ArpinSul);
- Conselho do Povo Terena;
- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama);
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Ascom/Funai 
com informações da CGGAM 

terça-feira, 28 de agosto de 2018

O drama humano da África, de onde provem a crise?

Globo pratica censura privada ao ignorar campanha de Lula

Paulo Sérgio Pinheiro é diplomata aposentado, foi ministro de Direitos Humanos no governo Fernando Henrique Cardoso e atua no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em entrevista à repórter Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, sobre a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU,  que reafirma os direitos de Lula ser candidato à Presidência, Pinheiro observou:









ELEIÇÕES 2018: Haddad busca 'salvaguarda' no Supremo em caso de impugnação de Lula

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Gleisi e Haddad em Curitiba: presidente 'animado' com início da propaganda eleitoral
Redação RBA
Após visita ao ex-presidente como advogado, o candidato a vice pelo PT disse estar confiante que o TSE vá respeitar decisão da ONU que garante Lula como candidato. Mesmo assim, partido se prepara o STF.
São Paulo – O candidato do PT à vice-presidência, Fernando Haddad, reafirmou na manhã de ontem (27) que espera ver o nome do ex-presidente Luiz Inácio lula da Silva nas urnas em outubro. "Fizemos todo o planejamento dos próximos passos no âmbito jurídico. Aguardamos o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com confiança de que eles respeitem os tratados internacionais", disse em referência à decisão do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), favorável à possibilidade de Lula ser candidato.
Haddad, além de candidato a vice na chapa de Lula, é advogado do ex-presidente e coordenador do programa de governo do PT. Todas as segundas-feiras, ele vai à sede da Polícia Federal do Paraná, onde Lula está preso desde 7 de abril, após decisão de segunda instância sobre processo no âmbito da Operação Lava Jato envolvendo o triplex de Guarujá. Hoje, junto com ele, estava a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR).
"Estamos fazendo um balanço com os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação aos tratados internacionais. Todos eles têm uma hierarquia superior a qualquer lei vigente desde que aprovada pelo Congresso", observou Haddad. A decisão foi divulgada no último dia 17. Para o ex-prefeito e ex-ministro, a orientação das Nações Unidas é clara no sentido de preservar os direitos políticos de Lula – A defesa do ex-presidente não esgotou os recursos e o mérito da ação ainda não foi julgado. Segundo ele, retirar seus direitos políticos fere a presunção de inocência e mesmo artigos da lei eleitoral.
A ideia apresentada por Haddad é de realizar um estudo sobre como o Supremo se comportou, ao longo da história, em relação à decisões colegiadas da ONU. "Para ter uma salvaguarda em caso de impugnação. Estamos confiando que o TSE vai respeitar a decisão da ONU mas queremos uma salvaguarda, uma vez que os tratados internacionais são matéria constitucional." 

Programa político

Por sua vez, Gleisi informou que no próximo sábado (31) o PT vai lançar o programa político que será veiculado nas rádios e televisões. "O presidente está animado e disse que estará no programa para dar uma mensagem ao povo brasileiro."
A senadora falou sobre acusações de propaganda irregular nas redes sociais envolvendo líderes da legenda. "O PT nunca adotou esse tipo de prática. Nossas relações com as redes sempre foram de respeito e de militância. Nunca pagamos ninguém para falar em rede. Temos os maiores faces e twitters. Nossos militantes, nossas lideranças são muito presentes. Vamos esclarecer essa situação."
Fonte: REDE BRASIL ATUAL
Adaptado pelo CPC/RN, em 28/08/2018

A arte de Leci Brandão resiste a modismos e à indiferença do mercado

 
Leci Brandão ergueu o punho direito ao receber o troféu de Melhor Cantora de Samba do 29º Prêmio da Música Brasileira no dia 15 de agosto. O gesto dos lutadores das causas populares cai perfeitamente na trajetória de sambista, compositora e deputada estadual de Leci. São 43 anos de obra artística que combina contestação social, valorização dos ritmos da cultura popular e religiosidade afro-brasileira. 

Por Railídia Carvalho


O preço a pagar por denunciar a injustiça social é a indiferença do mercado fonográfico. Apesar das transformações tecnológicas, a indústria fonográfica nacional, povoada de multinacionais, tem medo da força do povo. 

Caprichosamente, à margem da indústria, foi o Cd independente entitulado Simples Assim que deu a Leci o prêmio conquistado na última semana. A iniciativa foi do diretor musical de Leci Marcos Boldrini inconformado com o fato de a cantora não gravar há algum tempo e estar afastada dos programas da grande mídia. 

Em entrevista ao portal Ipa online (de Sorocaba e região) no dia 20 de agosto, Leci afirmou que o troféu do Prêmio se torna mais especial ainda porque tem como referência um trabalho feito de forma independente. 

“O Marcos Boldrini, o Rodrigo Pimental, o PH do cavaco e o Juliano Souza, produtor de shows, tiveram a ideia de gravar com o Sampagode porque fazia algum tempo que eu não entrava em estúdio”, contou Leci. Uma carreira sólida e de aceitação popular com 24 cds e dois DVDs gravados não parece comover a indústria fonográfica. 

Leci não se curva

Leci enfrenta o mercado não é de hoje. Em 1985 bancou diante da gravadora a música Zé do Caroço, que fala de uma liderança popular que "vai causar alvoroço e quer ver o bem da favela". A posição custou a saída dela da gravadora Polygram e impôs um certo ostracismo a artista. O mesmo aconteceu com a música Deixa Deixa ("Deixa ele beber Deixa ele fumar Deixa ele voar É melhor do que ele sacar de uma arma pra nos matar").

Simples Assim fala da comunidade, do cotidiano, da tradição religiosa afro-brasileira. Ganhou esse nome pela simplicidade com que aconteceu, fruto de uma espécie de ação entre amigos e admiradores de Leci. “Em dois dias montamos o repertório e gravamos em uma semana com artistas que sempre respeitaram o trabalho da gente”, contou a sambista.

Leci honra origens

Se o mercado, seja fonográfico ou de outra natureza, fecha as portas para o povo, Leci honra suas origens, inclusive na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) que viu a frequência do povo negro aumentar nos corredores. Vanguarda, Leci é a segunda mulher negra na história de 180 anos da Alesp. Foi a primeira mulher a entrar na ala de compositores da Mangueira. 

“Quando eu cheguei na Mangueira levada pelo seu Zé Branco os compositores me achavam muito magrinha e queriam saber o que eu queria. Eu disse que vim aprender, já faço samba mas quero me aperfeiçoar. A minha entrada na Mangueira fez com que eu aprendesse a tocar pandeiro, ver como fazia samba de quadra”, contou. 

Cumprindo o segundo mandato como deputada, Leci dá continuidade na Assembleia aos temas que consolidaram suas trajetória artística como a cultura, educação, igualdade racial e direitos humanos. É integrante da Comissão de Educação e Cultura da Casa.  

Leci e o protagonismo do povo

O povo que encontrou as portas do gabinete de Leci abertas na assembleia é o mesmo que desapareceu dos desfiles das escolas de samba. Comentarista por décadas dos desfiles no Rio de Janeiro e em São Paulo, Leci valorizava o protagonismo do povo das comunidades. 

“Tem um outro povo indo para a avenida. Tenho saudade do carnaval que eu conheci e que comentava lá no início quando o protagonista era o sambista, a baiana, o diretor de harmonia, o mestre-sala, a porta-bandeira”, lamentou. 

"O samba não se reporta à moda"

A profunda ligação afetiva de Leci Brandão com o povo brasileiro é o que distancia a artista dos tapinhas nas costas da elite brasileira e seus mecanismos de dominação e alienação como a mídia. Levanta a bandeira do samba e dos seus criadores que, assim como ela, vem das trincheiras do povo negro escravizado, dos índios aculturados e dos brancos empobrecidos. 

“O Martinho da Vila diz que o samba é a música da alegria. Se você observar onde tem samba, sempre tem gente junta, feliz, cantando e sambando. O samba não se reporta à moda. É a música brasileira que está aí caminhando sempre”, definiu Leci. Com sua licença, saudoso Luiz Grande: “Vem onda, sai onda e Leci está sempre aí. Firme e forte com força para resistir”. 




Do Portal Vermelho

“Lula deve ser solto porque sua prisão é injusta”, diz Gilberto Gil

Em entrevista à Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (27), o cantor e compositor Gilberto Gil afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem o direito de ser candidato e que sua prisão é injusta. Ex-ministro da Cultura de Lula, Gil diz que sente muito pesar pelo que o ex-presidente está passando.
“Ele deveria estar aí vivendo, como nós, a plenitude das lutas partidárias e das disputas democráticas, coisa que está impedido de fazer.” O músico afirmou que quer Lula livre, não necessariamente para votar nele, mas pela arbitrariedade de sua prisão.
Ele diz ainda que são muitos os que assim consideram a prisão de Lula injusta: “juristas – daqui e de outros cantos do mundo –, cronistas políticos, milhões de eleitores. Eu não estou sozinho, muito pelo contrário. São muitos os que consideram o mesmo”.
Gil afirmou gostar muito do candidato a vice na chapa de Lula para as próximas eleições. “Gosto muito de Haddad. É um nome interessante. Um homem muito preparado e sensível. Suficientemente jovem e suficientemente maduro ao mesmo tempo para ter uma compreensão do conjunto da sociedade brasileira hoje, da inserção do Brasil no mundo, da questão da economia.”
Fonte: Site do Lula

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

CARDEAL DO POVO O 'Povo da Rua' se reencontra na exposição sobre Dom Paulo Evaristo Arns

Exposição dom Paulo
Foto: CLEBER CARDOSO NUNES
Exposição pode ser visitada até o dia 23 de setembro, no Centro Cultural dos Correios, centro de São Paulo

Grupo de moradores em situação de rua visita mostra que homenageia o cardeal símbolo da luta pelos direitos humanos no Brasil.

por Luciano Velleda 

São Paulo — “Depois que passar daquela porta não tem mais nenhum inocente aqui dentro! Todos são culpados!”, berra o delegado, ao mesmo tempo em que bate com força seu cassetete sobre uma pequena mesa de madeira. O público se assusta. A maioria são pessoas em situação de rua, que se olham sem entender o que acontece. “Quero muita ordem aqui hoje!”, grita novamente o delegado, enquanto com as mãos busca pequenas fichas de papel e começa a chamar em voz alta os nomes ali contidos. “Vão conversar com o doutor Fleury hoje”, anuncia, com certo sarcasmo na voz.

Sérgio Fernando Paranhos Fleury foi delegado a partir de 1968 do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops), durante a ditadura civil-militar. Angariou a fama de ser considerado um dos repressores mais cruéis da época, acusado de chefiar os esquadrões da morte que agiam na periferia de São Paulo nas décadas de 1960 e 1970, participar do assassinato de Carlos Marighella e Carlos Lamarca, atuar na Chacina da Lapa, em São Paulo, e a Chacina da Chácara São Bento, em Recife.
Mas isto foi em 1979. Aqui, na peça Lembrar é Resistir, encenada como parte da  Exposição Dom Paulo Evaristo Arns: 95 anos, o temido Fleury está vivo e sua presença permeia os 30 minutos do espetáculo, que conduz o público de volta aos Anos de Chumbo, por dentro das celas do Deops, em meio ao sofrimento psicológico e físico dos presos políticos. Aos berros, o delegado, interpretado pelo ator Tin Urbinatti, então “convida” cerca de 30 pessoas em situação de rua a conhecer a “sucursal do inferno”. A intimidação, a violência policial, o abuso e o arbítrio representado pelo delegado da ditadura, são comportamentos que ainda fazem parte do cotidiano de quem vive nas ruas do Brasil em 2018.

A relação de Dom Paulo com o “povo da rua” sempre foi de muito respeito e afeto. Em 1994, ao ganhar o prêmio Niwano da Paz, concedido pela comunidade budista japonesa de Tóquio, o cardeal-arcebispo emérito de São Paulo perguntou à população de rua qual seria o desejo dela. A resposta foi inusitada: queriam uma casa de oração, pois reclamavam de sofrer preconceito ao entrar nas igrejas em horários de missa. Com o valor do prêmio, cerca de US$ 190 mil, em 1997 foi então inaugurada a Casa de Oração do Povo de Rua, no bairro da Luz, região central da cidade.
Exposição dom Paulo
Celas reproduzem o Deops e a ditadura, período que marcou a atuação de Dom Paulo contra o arbítrio
FOTO: CLEBER CARDOSO NUNES
Ontem e hoje
Ao final da peça, as pessoas em situação de rua se reuniram para uma roda de conversa justamente na Casa de Oração reproduzida na exposição, acompanhados pelo padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, da biógrafa de Dom Paulo Marilda Ferri e por Paulo Pedrini, coordenador da Pastoral Operária.
“O povo da rua é muito torturado, humilhado, agredido. É importante fazer a lembrança do passado não porque é bom, mas porque ainda é muito presente”, ponderou o padre Júlio Lancelotti. As pessoas então começaram a se manifestar, comentando sobre a peça de teatro que assistiram e dando depoimentos sobre a dura e violenta realidade de quem vive na rua.
Dandara Lowatcheck, de 23 anos, pediu a palavra. Detida por porte de drogas em 2014 – numa situação em que afirma ter tido uma sacola com a droga enxertada nos seus pertences –, ficou presa por 10 meses, sendo seis no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente, na Baixada Santista. Foi torturada com choque. Era forçada a tomar banho gelado.
“Em dia de chuva, jogavam sabão em pó no corredor da cela e quem escorregasse, apanhava”, contou. Dandara disse ser comum, na prisão, os guardas dispararem tiros de bala de borracha na parede do banheiro enquanto as detentas tomavam banho. E cada nova presa que chegava era “recepcionada” com bombas de efeito moral.  
Os depoimentos se sucedem. Com pequenas variações, quem tivera a experiência de passar pelo sistema prisional narrava a violência sofrida, quase sem nenhuma diferença daquela recém encenada pelos atores ao mostrar como era a vida dos presos políticos no Deops. E quem nunca tivera “passagem” pela prisão, compartilhava a cruel experiência do dia a dia nas ruas de São Paulo, com a violência protagonizada seja pela Polícia Militar ou Civil, ou a Guarda Municipal.
Padre Júlio retoma a palavra e passa a contar fatos e causos da vida de Dom Paulo, a quem define como “o maior defensor dos direitos humanos”. “Dom Paulo estava sempre no lado dos fracos. Ele está presente na luta do povo da rua, na luta contra a tortura, foi quem mais enfrentou gente poderosa”, afirmou.
Então lembra a história do prêmio recebido por Dom Paulo e a construção da Casa de Oração do Povo de Rua. “Ninguém pode tirar aquela casa do povo da rua. Ela vai estar lá para sempre, porque foi assim que Dom Paulo quis. Eu vou morrer, vou passar, outros virão e vão passar também, mas a casa vai permanecer.”
Exposição Dom Paulo
FOTO: CLEBER CARDOSO NUNES
Reprodução da Casa de Oração do Povo de Rua na exposição sobre Dom Paulo. O cardeal construiu a casa com o recurso ganho com o prêmio Niwano da Paz
Nunca Mais 
A peça Lembrar é Resistir foi encenada pela primeira vez em 1999, ocasião em que se completavam 20 anos da Lei da Anistia. Dos atores que agora realizam novamente o espetáculo, Tin Urbinatti é o único remanescente da montagem original. Ainda vestindo o macacão cinza que usa na peça, com o longo cassetete preto apoiado no colo, Tim lembra que no final dos anos de 1990 o momento no país era de aspiração à democracia. Um clima que, avalia, mudou muito nos dias atuais.
“Agora temos a terrível surpresa de estarmos mergulhados na ditadura. Que merda! Estamos falando pra esse público que está sendo bombardeado pelo tema da ditadura”, pondera o ator. 

A montagem atual mistura no texto elementos da ditadura de 1964-1985, com referências a crise política e institucional do presente. Uma mescla percebida pelo público, acredita Tim Urbinatti. “Eles constatam que estamos fazendo uma crítica ao presente, eles estão pensando. O apelo à porrada é muito censo comum e avassalador.”

O ator reflete que a violência protagonizada pela polícia e os órgãos de segurança durante a ditadura, ainda é a mesma que reprime e oprime as pessoas mais pobres nas periferias do país, os negros e as pessoas em situação de rua. “A peça não tem mediação. O texto não é de 70, é de hoje. A polícia que fez aquilo lá na ditadura, é a mesma de hoje”, afirma.

Serviço
Exposição Dom Paulo Evaristo Arns: 95 anos
Em cartaz até 23 de setembro
Visitação das 11h às 17h, de terça a domingo
A peça “Lembrar é Resistir" ocorre de terça a domingo, em duas sessões, às 14h30 e 15h30.
Entrada franca
Local: Avenida São João, s/n, Vale do Anhangabaú – centro, São Paulo