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sábado, 27 de junho de 2020

"PARA NÃO CAIR NO ESQUECIMENTO". - CPC/RN: GENOCÍDIO INDÍGENA Há 23 anos, líder indígena Galdino Pataxó era queimado vivo em Brasília

Por Mídia1508
 
Brasil, BrasÌlia, DF. 08/11/2001. A Ìndia PataxÛ, Marilene Jesus dos Santos, irm„ do Ìndio Galdino, chora ao mostrar fotos do laudo de seu irm„o, durante protesto no terceiro dia do julgamento dos acusados do assassinato de Galdino, no Tribunal de JustiÁa, em BrasÌlia, Distrito Federal. O Ìndio da etnia PataxÛ, Galdino Jesus dos Santos, morreu ao ser queimado vivo por cinco jovens enquanto dormia num ponto de Ùnibus, em BrasÌlia, apÛs participar de manifestaÁıes pelo Dia do Õndio, em 20 de abril de 1997. - CrÈdito:DIDA SAMPAIO/ESTAD√O CONTE⁄DO/AE/Codigo imagem:50757
Há 22 anos, um crime chocava o país e o mundo. Na madrugada de 20 de abril de 1997, cinco jovens de classe média , Antônio Novely Vilanova, Max Rogério Alves, Tomás Oliveira de Almeida, Eron Chaves Oliveira e Gutemberg Nader Almeida Junior atearam fogo no cacique do povo  Galdino Jesus dos Santos, que dormia em um ponto de ônibus em . O indígena, então com 44 anos, teve 95% do corpo queimado e morreu dois dias após o atentado.
Mais de duas décadas após o crime, a família de Galdino está bastante reduzida. A mãe morreu de desgosto, há cerca de 10 anos. Os três filhos cresceram sem pai, e enfrentaram muitas dificuldades. Por sua vez, os assassinos do indígena estão livres.  Cumpriram suas penas (inclusive com direito a várias regalias) e já não devem nada à Justiça. Dos cinco, quatro são servidores públicos e um integra a equipe de um importante escritório advocatício da cidade.
Galdino havia chegado na capital ainda no Dia do Índio,  um sábado, juntamente com outros oito  do seu povo,  oriundo do Sul da Bahia. Era porta-voz da luta pela demarcação das terras Pataxó, uma guerra que em 1986 já tinha matado um de seus 11 irmãos. Após um longo dia de protestos e reuniões com representantes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o cacique acabou se perdendo no caminho de volta à pensão em que estava hospedado.
Quando finalmente conseguiu chegar ao local, foi impedido de entrar pela dona do estabelecimento:  o acesso só era possível até as 22h. O indígena, então, voltou ao ponto de ônibus que viu pelo caminho e decidiu esperar o dia amanhecer ali.
Por volta das 5h30 da manhã de domingo,  os cinco amigos cruzaram o caminho do líder Pataxó. Na volta de uma festa, avistaram o que disseram (no processo) pensar ser um mendigo naquele ponto de ônibus e tiveram a cruel ideia de atear fogo ao corpo inerte, por diversão. Os cinco foram até um posto de gasolina próximo, compraram álcool e fósforos, e retornaram ao ponto. Encharcaram o corpo de álcool, acenderam o fósforo e lançaram sobre “o mendigo”. Entraram no carro e deram a partida enquanto Galdino se levantava desesperado, gritando de dor.

A cena foi presenciada por um chaveiro que madrugara para mais um dia de trabalho. O homem anotou a placa do carro em fuga e acionou a polícia, o que possibilitou a identificação e a prisão dos criminosos.

O cacique foi transportado debilitado e, após laudo médico, constatou-se que ele teve praticamente  o corpo inteiro consumido por queimaduras de 2º e 3º grau. Depois de um dia de luta, o índio não resistiu e morreu no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Na segunda-feira seguinte, 22 de abril de 1997, Galdino faleceu por insuficiência renal, provocada pela desidratação de seu corpo. O mau funcionamento dos rins afetou  os demais órgãos.
O sepultamento do Pataxó ocorreu na cidade baiana de Pau-Brasil. No peito, o cacique carregou uma cruz vermelha, com a qual foi enterrado.
Mesmo na hora do adeus, os parentes não deixaram a revolta de lado: “Eles nos chamam de selvagens, mas são uns verdadeiros animais”,  se indignou seu sobrinho Wilson de Jesus, naquele ano de 1997.
Indígena carrega imagem de Galdino em protesto na Esplanada dos Ministérios / Foto: Joedson Alves
O julgamento
Entre o crime e o julgamento dos quatro acusados com maioridade penal, uma verdadeira batalha judicial foi travada entre a defesa dos réus e a promotoria, que pedia um julgamento por júri popular pelo crime de homicídio. Já os advogados dos quatro adultos do grupo queriam a tipificação do crime como lesão corporal seguida de morte.

Em primeira instância, a juíza Sandra de Santis, do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), acatou o entendimento da defesa. Apesar de os acusados já terem todos mais de 20 anos na ocasião, a magistrada os tratou, durante todo o julgamento, como se fossem crianças, adotando um tom maternal.
Com voz amável, perguntou particularidades de suas vidas, como em que colégios tinham estudado e se continuavam a namorar as mesmas garotas da época do crime. Em alguns momentos, serviu de psicóloga. Por exemplo, ao ver que Max Rogério Alves segurava o choro durante o interrogatório, aconselhou: “Pode chorar, homem também chora”.
A juíza também fez observações pessoais para completar partes dos depoimentos. Após Eron Chaves de Oliveira pedir perdão pelo sofrimento da família de Galdino, Sandra completou: “E à sua família também, que deve estar sofrendo.”
Além da amabilidade com os réus, também chamou a atenção a permissividade com que de Santis conduziu as sessões. O advogado Heraldo Paupério, que defendeu Antônio Novely, pôde fumar dezenas de vezes no plenário, apesar da proibição de fumar em recintos fechados, segundo seguranças do tribunal.
Os freqüentes sorrisos da juíza ganharam força quando ela relatou um pedido da acusação. Ela não segurou a gargalhada quando teve de ler uma decisão de seu próprio marido, o então presidente e ainda ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, favorável à tese dos promotores, citada com o objetivo de convencê-la a deixar o caso.

A tipificação do crime como homicídio só viria em 2001, após uma intervenção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que fez com que os cinco maiores tivessem de enfrentar o tribunal do júri.  Saíram condenados a 14 anos em regime fechado.
Como foram condenados por crime hediondo, os quatro adultos deveriam cumprir pelo menos um sexto da pena antes de terem direito à liberdade. No entanto, em 2002, a 1ª Turma Criminal do TJDFT concedeu aos acusados benefícios que os permitiam estudar fora da penitenciária e prestar expediente em órgãos públicos.
A determinação judicial previa que os condenados voltassem à cadeia logo após o expediente, mas não era isso que acontecia. Em 2003, três deles foram flagrados bebendo em um bar antes de voltarem à Papuda, dirigindo os próprios carros e sem passarem por revista. No ano seguinte, todos conseguiram direito à liberdade condicional e passaram a cumprir o resto da pena já nas ruas, apenas com algumas restrições.
Os assassinos
Vinte anos após o crime, os cinco responsáveis pela morte de Galdino Jesus dos Santos vivem vidas confortáveis.  Nos últimos anos, todos foram aprovados em concursos e quatro trabalham em órgãos da administração pública. Apenas um não mora mais na capital federal. Os outros permanecem em Brasília e levam a vida como se o homicídio do indígena fosse uma memória distante do passado.
Primeiro a ser julgado pelo crime, Gutemberg Nader Almeida Junior, então um adolescente de 17 anos, hoje tem 39. Irmão de Tomás Oliveira de Almeida e primo de Eron Chaves de Oliveira, o réu foi aprovado em um concurso para agente da Polícia Civil do DF, em 2014. Passou por todas as etapas até chegar à análise de vida pregressa. Nesse momento, a morte de Galdino teve peso e a candidatura foi barrada pela corporação. Gutemberg questionou a decisão na Justiça e chegou a levar o caso ao STJ, mas a determinação foi mantida.
Seu advogado, Ibaneis Rocha, foi eleito em 2018 governador do  pelo MDB.
Gutemberg Nader Almeida Junior/ Imagem: Reprodução
Mesmo com a negativa da PCDF, o desejo de Nader de integrar uma força de segurança não chegou ao fim. No ano retrasado, ele foi aprovado em um concurso da Polícia Rodoviária Federal e hoje é agente da corporação, lotado em Cuiabá (MT). Atuando desde novembro de 2016, ele recebe atualmente remuneração bruta de R$ 9 mil.
Irmão de Gutemberg, Tomás Oliveira de Almeida, 38, foi um dos quatro condenados a 14 anos de reclusão por homicídio qualificado. À época do crime, cursava o primeiro ano de administração. Também aprovado em concurso público, Tomás é hoje técnico legislativo no Senado Federal e recebe, a cada mês, um salário bruto de mais de R$ 18 mil.
Filho do coronel da PM Eronivaldo José de Oliveira da Silva, Eron Chaves de Oliveira, 39 anos, também decidiu seguir carreira na administração pública. No dia do crime, ele e Nader foram os responsáveis por derramar combustível no corpo de Galdino. Desde 2013, Eron é agente do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF). Ele foi aprovado em concurso dentro das vagas reservadas a portadores de necessidade especiais. Segundo a banca responsável pela organização do certame, a deficiência foi comprovada.
Hoje, ele recebe salário de aproximadamente R$ 9 mil. Formado em direito por uma universidade particular de Brasília, Chaves também atuou na profissão por alguns anos. No entanto, parou de advogar depois que uma emenda constitucional proibiu o acúmulo de funções de advocacia para integrantes de forças de segurança pública, em 2014.
O quarto condenado é Antônio Novély Cardoso de Vilanova, filho do desembargador federal Novély Vilanova. À época do crime, ele tinha 19 anos e foi um dos que atearam fogo ao corpo de Galdino. Nos anos seguintes à saída da prisão, formou-se em fisioterapia pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub) e hoje é servidor da Secretaria de Saúde do DF, lotado no Hospital Regional de Santa Maria. Por mês, ele tem uma média salarial de R$ 12 mil.
“Completamente reabilitado”
Em 2015, a deputada distrital Celina Leão (PDT) apresentou um requerimento na Câmara Legislativa em que pedia a criação da Frente Parlamentar em Defesa dos Interesses dos Indígenas Habitantes no Território do DF. Em seu discurso, a deputada citou o caso de Galdino como o mais emblemático de violência contra essa população.
Por ironia do destino, quase dois anos depois foi a própria parlamentar precisou de quem a defendesse. Acusada de participar de um esquema de propina, contratou um dos mais reconhecidos escritórios de advocacia na cidade, liderado pelo criminalista Eduardo Toledo. Na equipe dele está Max Rogério Alves, o quinto condenado pelo homicídio do indígena. O que poderia ser um constrangimento é, na visão do empregador, um motivo de orgulho. Na opinião de Toledo, Max está “completamente reabilitado”.
Em 2016, Alves foi aprovado em um concurso para TJDF. Na ocasião, chegou a manifestar para ao jornal O Globo a intenção de tomar posse no cargo de analista judiciário, pelo qual receberia um salário de R$ 8,8 mil mensais.
Segundo a legislação, entre os requisitos para se tornar servidor da corte está o candidato “não possuir qualquer ato desabonador” em sua vida pregressa. Aparentemente, pelo menos, o judiciário do Distrito Federal não deve ter considerado desabonador suficiente alguém ter sido condenado por ele próprio pelo homicídio de uma liderança indígena, pois no dia 9 de outubro de 2017, publicou no Diário Oficial da União a nomeação de Alves para integrar seus quadros.
Apesar do ato, no entanto, Max acabou não assumindo a função, contrariando suas declarações anteriores. Atualmente, ele continua a atuar como advogado.
Luta de cacique não foi em vão
A morte de Galdino deixou sequelas na comunidade Pataxo Hã Hã Hãe de Caramuru-Paraguaçu, situada no município de Pau Brasil, no sul da Bahia. Hoje, o representante da família é Wilson de Jesus, 52 anos, sobrinho do cacique assassinado. O parente relata que, após o crime, a viúva de Galdino, Genilda Rosa Campos, ficou desamparada e teve de lutar para cuidar dos três filhos do casal.
A mãe do indígena, Minervina de Souza, que fez apelos fervorosos durante o julgamento dos cinco acusados, morreu há cerca de 10 anos. De acordo com Wilson de Jesus, ela não resistiu ao desgosto pelo óbito do filho: “Estava tão traumatizada com a morte do Galdino que ficou doente e nunca mais conseguiu recuperar a saúde”, conta. O pai dele, Juvenal Rodrigues, também morreu.
A luta de Galdino não foi em vão. Em 2012, o STF finalmente reconheceu aos Pataxo Hã Hã Hãe de Caramuru Paraguaçu o direito de permanecer em seu território. “A mensagem que ele deixou para a gente foi de não desistir de lutar pela nossa terra. Não fosse pela força do Galdino, talvez não estaríamos aqui hoje”, acredita Wilson.

IN MEMORIAN DE GALDINO JESUS DOS SANTOS

Imagem do Google
As chamas de almas mortas

Se movem.
Mais um índio cai inerte
Envolto pelas flamas ignotas
De um desdenhar que perverte.
Almas que se ocultam entre chamas
Para destilar ódio, amargura, desdém
E, surdas, em suas tramas,
Não escutam um ser considerado ninguém.
Em meio àquelas labaredas, terminal
De sonhos, esperanças, calor...
De madrugada seca e infernal
Tudo vira tocha em macabro ardor.
Vislumbramos a solidão do deserto
Que há em todos nós, que navegamos
Em mar vermelho e incerto
De tubarões gélidos que encontramos.
Era um Pataxó que quisera ser
Mendigo de suas próprias heranças
Destronado que fora dos sonhos de ter
Suas matas, habitadas de lembranças.
Recebeu sua parte comendo o pão
Buscado sob mesas fartas,
O seu pedaço de chão:
Em chamas, à semelhança de suas matas.
(desconheço o autor)

INDIOS... NOSSOS ANTEPASSADOS... NOSSOS IRMÃOS

ETNIAS E IDIOMAS INDÍGENAS

MAPA INDICANDO A DISTRIBUIÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL NO SÉCULO XVI
MAPA INDICANDO LOCALIZAÇÃO DAS TRIBOS EXISTENTES NOS DIAS ATUAIS
Nosso Brasil já foi povoado por milhões de índios, com inúmeras etnias e dialetos. Um povo que historicamente manejou os recursos naturais, provocando poucas perturbações ambientais até a chegada dos conquistadores europeus. Embora vários tenham se envolvido com formas predatórias de exploração desses recursos deve-se reconhecer que o fizeram submetidos a pressões.


Ainda se estuda a possibilidade do ambiente sustentável, uma chance para os índios equacionarem no futuro o domínio de terras. Reduzidos em população e sempre sujeitos a frentes de expansão econômica, seguem em busca de um lugar nos projetos de futuro nos países onde sobrevivem. Estima-se que na época do descobrimento 5 milhões de índios habitavam o território brasileiro. Hoje são pelo menos 350 mil índios.



De todas essas etnias restaram apenas 225 que falam 180 idiomas. Os demais falam somente português porque perderam sua lingua de origem.


Atualmente existem alguns jovens indios educadores engajados na recuperação de 22 idiomas indígenas que, além de falados, também são escritos e estão sendo ensinados às crianças.


Uma das causas principais da diminuição da população indígena, ainda continua sendo a disseminação de doenças levadas pelo homem branco ao entrar em contato com tribos mais isoladas.



Embora algumas pessoas pareçam bem intensionadas, acabam por levar doenças tais como hepatite, aids, dentre muitas outras; e os medicamentos necessários para combater essas doenças letais não chegam até eles.



Mesmo doenças mais simples continuam dizimando os índios, especialmente crianças, devido a falta de pagés qualificados, pois a maioria já morreram sem passar seus conhecimentos aos índios mais jovens.



Nestes últimos 10 anos sabe-se da morte de 52 grandes pagés, sem que houvesse quem os substituísse.



São poucos os que sobraram que dominam o uso das ervas e que conhecem os rituais de cura(pagelança) necessários para a cura xamânica.


Brasil voltou à Idade Média com governo Bolsonaro, diz Milton Nascimento

Milton Nascimento
Milton Nascimento (Foto: DIVULGAÇÃO)

"O Brasil vive hoje um colapso. Todos os estudos científicos são completamente ignorados. A ciência é ignorada. E é ignorada justamente por quem deveria nos orientar. Temos um governo que não confia na ciência e isso é absurdo", diz o músico.

247 – O cantor e compositor Milton Nascimento, um dos nomes mais importante da música no Brasil e no mundo, concedeu entrevista ao jornalista Renato Vieira, publicada no jornal Estado de S. Paulo, em que falou sobre política e questões raciais. "O Brasil vive hoje um colapso. Todos os estudos científicos são completamente ignorados. A ciência é ignorada. E é ignorada justamente por quem deveria nos orientar. Temos um governo que não confia na ciência e isso é absurdo. Tenho dito isso em várias entrevistas: voltamos à idade média. A tragédia só aumenta, o abandono é geral. O panorama é de terror", disse ele.

Milton também falou sobre os protestos nos Estados Unidos e no mundo após o assassinato de George Floyd. "É a nossa força que tá aí, eles acharam que passaria assim, sem nada, se enganaram. Agora é o seguinte, essa nossa união precisa continuar. A hora é agora. Na Missa dos Quilombos, tem uma coisa que o dom Pedro Casaldáliga falava, e que é a melhor definição deste momento: 'Está na hora de cantar o Quilombo que vem vindo, está na hora de celebrar a Missa dos Quilombos, em rebelde esperança, com todos os negros da África, os afros da América, os negros do mundo, na aliança com todos os pobres da Terra'”, afirmou.

Fonte: BRASIL 247

Educação não sexista é importante passo para combater homofobia, diz CRP-RN

No mês em que se comemora o Dia do Orgulho LGBT (28 de junho), o Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Norte (CRP-RN) alerta sobre a importância de introduzir o debate sobre a educação não sexista para combater a homofobia desde a infância. De acordo com a entidade, a educação sem sexismo, principalmente, com abordagem da educação sexual nas escolas, poderia ser usada como uma importante política de transformação da sociedade e de proteção social de populações vulneráveis como mulheres e a comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais).
 
A educação não sexista tem como objetivo promover a igualdade entre homens e mulheres, combatendo a discriminação que leva em consideração o sexo biológico. “Introduzir o debate sobre o direito dos LGBTs é fundamental para que as crianças aprendam, desde cedo, que é preciso respeitar as diferenças, independente se a pessoa considerada ‘diferente’ integra o seu cotidiano ou não. Isso ajuda que elas aprendam a lidar com o diverso”, explica Rafael Gonçalves, psicólogo conselheiro e pós-graduando em psicopedagogia.
 
O psicólogo explica que os impactos psicológicos em pessoas que sofrem com discriminação e preconceito de gênero são para a vida toda e que, muitas vezes, começam como bullying, ainda na infância. “O bullying que acontece na escola na verdade tem nome: é homofobia, é transfobia, e tem suas raízes no machismo”, diz. “É importante lembrar que as pessoas que são discriminadas pela orientação Sexual podem desenvolver baixa autoestima, além de sofrer no desgastante processo de se encaixar em estereótipos aceitos pela sociedade”, enfatiza.
 
Segundo Rafael, a sociedade tende a respeitar apenas pessoas com características físicas e comportamentais relacionadas a um padrão heteronormativo, que é machista e sexista. “O homem gay é respeitado, em grande parte, quando se comporta como homem heteronormativo. Um gay que se aproxima mais da figura feminina sofre ainda mais preconceito. Isso também afeta diretamente a vida de pessoas trans”, diz.
 
Estatísticas
 
Segundo dados do serviço Disque 100 do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) em 2018, 70% das quase 2 mil denúncias de violência à comunidade LGBT foram por discriminação, seguida de violência psicológica com 47,95% e por último a violência física com 27,48%. A maioria dos atingidos são gays e transexuais entre 18 a 30 anos.
 
Ainda segundo a pasta, a maioria dos agressores são heterossexuais.  Dos lugares onde as violações ocorrem, a rua e a própria casa das vítimas são os mais ameaçadores, o que diante da pandemia deixam as vítimas mais vulneráveis a sofrerem violência física e psicológica.
 
O psicólogo defende que o Estado precisa pensar em políticas públicas que protejam a vida e a garantam os direitos dessa população, incluindo oportunidades de emprego e renda. “Há estatísticas que indicam que a cada 24 horas morre uma pessoa LGBT no Brasil. As mulheres trans são as maiores vítimas de preconceito e homicídio no país sendo o Brasil o país que mais mata travestis e transexuais no mundo.”, alerta.“O silenciamento dessa existência acontece, inclusive, quando estão em busca de emprego e não conseguem por serem vistas como estranhas, configurando assim, transfobia no mercado de trabalho”.
 
O psicólogo explica que as pessoas que integram a comunidade LGBT lutam pelo direito de existir assim como elas são e como elas querem ser em sociedade. “Elas não precisam de consentimento para existir, mas de respeito”, finaliza.
 
Derrubada da ‘’Cura Gay’’
 
Há um mês uma ação popular e política  chamada de “Cura gay” que solicitava práticas de reversão sexual  foi definitivamente derrubada no  Supremo Tribunal Federal (STF) e manteve a resolução 01/99 do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que assegura a garantia de atendimento psicológico a pessoas independente da orientação sexual, sendo expressamente proibido por parte dos psicólogos o discurso da patologização, o uso de terapias de reversão sexual ou de discriminação contra homossexuais.
 
Desde 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Há dois anos, o órgão também desclassificou a transexualidade como doença mental. O CFP reforça que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão.
 
Em junho do ano passado, o STF tornou a homofobia e a transfobia crimes inafiançáveis e imprescritíveis, o que pode levar os agressores a pagarem pena de até 3 anos de prisão.
 
SOBRE O CRP-RN
 
O Conselho Regional de Psicologia da 17ª Região (CRP-17), é a entidade representativa da psicologia e do exercício da profissão de psicólogo com sede em Natal e jurisdição no Estado do Rio Grande do Norte. Trata-se de uma autarquia federal integrante do Conselho Federal de Psicologia (CFP) do Conselho Federal de Psicologia – CFP, dotada de personalidade jurídica de direito público, com autonomia político-administrativa e financeira e instituída pela Lei Nº. 5.766, de 20 de dezembro de 1.971, com regulamentação do Decreto Lei nº 79.822/77.

Fonte: Potiguar Notícias