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quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Nota da diretoria do ADURN-Sindicato sobre a situação financeira das universidades públicas federais


As universidades públicas federais tiveram, entre 2003 e 2014, forte expansão aumentando a oferta de vagas, expandindo a área de atuação, melhorando os indicadores relativos à pesquisa e extensão e contratando professores e servidores públicos para se adequar a esse crescimento.
A aprovação da Emenda Constitucional n° 95, que estabeleceu um absurdo “teto dos gastos” para todo o serviço público federal até 2036, aprofundou de forma acirrada um cenário sombrio que se desenhava no horizonte desde o momento em que os que estão no poder anunciaram um draconiano “ajuste” financeiro que, entretanto, preservou incólume os recursos destinados ao setor financeiro da economia.
Comparativo dos orçamentos de 2016 e de 2017 mostra a redução de 11,2% no montante previsto para as universidades, de R$ 7,967 bilhões para R$ 7,076 bilhões. As verbas de investimentos diminuíram 40,1%, de R$ 1,969 bilhão para R$ 1,180 bilhão. Também é preciso considerar os contingenciamentos que, até junho, implicaram bloqueio de 30% do dinheiro de custeio e 60% das verbas para investimento. Há entre essas instituições as que consideram o início de setembro como limite máximo da sobrevivência financeira.
Na UFRN, uma das universidades que mais benefícios teve com esse processo de expansão, o aprofundamento da crise já a fez regredir, em termos de disponibilidade de recursos, oito anos, e a escassez de recursos ameaça os serviços básicos da instituição, atingindo duramente toda a comunidade universitária.
Diante desse cenário, a diretoria do ADURN-Sindicato se posiciona se colocando contra a atual política de ataques diretos à Educação Pública brasileira, feita pelos que estão no poder, que desmantela um processo que se mostrara vitorioso e que agora é vítima de uma visão reacionária e atrasada de tratar com as instituições federais de ensino superior e chama a comunidade universitária para refletir sobre esse grave momento.
O ADURN-Sindicato, que apoia a luta do PROIFES-Federação contra o desmonte da educação pública e que participa de vários fóruns em defesa desta, continuará a luta pela expansão das instituições federais de ensino superior e pela melhoria da educação pública nesse país.
Diretoria do ADURN-Sindicato

Serviço Público: Administração se prepara para ampliar terceirização


Após a sanção da Lei 13.429/17, no final de março, que ficou conhecida como a Lei da Terceirização, iniciaram-se os processos para a aplicação da nova norma no mercado de trabalho. Num primeiro momento, de forma mais intensa, no setor privado, mas o governo já se prepara para utilizar a nova legislação.


Em maio, com previsão para começar a vigorar no mês de agosto, o governo editou a Instrução Normativa (IN) 5, de 2017, do Ministério do Planejamento Desenvolvimento e Gestão, que trata da contratação de serviços terceirizados na Administração Pública federal.

A IN dispõe sobre as regras, diretrizes e procedimento para a contratação de serviços sob o regime de execução indireta no âmbito da Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional. 

Para o ministério, a IN servirá para o aprimoramento no processo de planejamento, contratação e gestão de serviços terceirizados no governo federal.

Terceirização
A aprovação do projeto de terceirização que estava em tramitação desde 1998 no Congresso Nacional apresentado na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardozo, teve como um dos aliados o próprio governo.

Os atores envolvidos optaram pelo projeto mais antigo por conta de economia processual e para evitar a trava, constante nas demais proposições em tramitação no Congresso Nacional, de proibição da terceirização na administração direta e indireta.

O projeto que saiu da Câmara dos Deputados, conhecido como PL 4.330, atualmente em tramitação no Senado Federal como PLC 30/15, determinava em seu conteúdo a proibição da terceirização na Administração Pública. 

A vedação imposta pelo projeto atrapalhou a aprovação da matéria, que ora tinha sido negociada com as centrais sindicais, mesmo ainda necessitando de ajustes. Porém, impunha à Administração Pública uma amarração na contratação de serviço terceirizado.

A nova IN revoga a anterior e busca “modernizar” a nova forma de utilização da terceirização na Administração Pública com foco em três eixos: 1) planejamento da contratação, 2) gestão do contrato e 3) seleção do fornecedor.

Vale destacar as últimas ações do governo relacionadas aos servidores, que passa pelo programa de demissão voluntária e a falta de recursos, imposta pela Emenda Constitucional (EC) 95/16, que poderá prejudicar novas contratações. A EC 95 congela os gastos públicos, em termos reais, por 20 anos.

Esse conjunto de ações poderá, em última estância, ampliar o número de terceirizados na Administração Pública.

Fonte: DIAP

Tropicalismo e desenvolvimento se mesclam em nova obra de Rafael Zincone

Foto divulgação
Jornal GGN -  Trazendo à tona o movimento que sacudiu o cenário musical nos anos 60, o  Tropicalismo, Rafael Zincone apresenta “Aqui é o fim do mundo – Tropicália e desenvolvimento dependente no Brasil”. O livro será lançado no dia 16 de agosto, quarta-feira, no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo - antiga casa do primeiro produtor musical de Caetano Veloso e de outros músicos que fizeram parte do coletivo -, em Ipanema, Rio de Janeiro. O encontro começa às 19h.
“Aqui é o fim do mundo” surge a partir do questionamento: até que ponto é possível fazer crítica social por dentro da grande indústria? É em busca de esclarecer essa questão, que o autor se desdobra entre os capítulos históricos acerca do Tropicalismo, destacando as controvérsias políticas do movimento musical e do cenário brasileiro em que se criou.
Na obra o autor ainda dialoga com as visões de Roberto Schwarz, Heloísa Buarque de Hollanda e Carlos Nelson Coutinho. Além de abordar, de maneira geral, tópicos como Economia e cultura, produção cultural e desenvolvimento econômico, estética e indústria, arte e sociedade.
O título do livro é inspirado na música de Torquato Neto cantada por Gilberto Gil, já o subtítulo deixa explícita a preocupação do autor em se pensar a Tropicália -  movimento coordenado por um grupo de músicos baianos e que completa 50 anos em 2017 -, de acordo com a inserção do Brasil no capitalismo e no mundo econômico.  
Gonzalo Aguilar, crítico literário argentino e estudioso da cultura brasileira, fala na  contracapa que “em leituras retrospectivas sobre o Tropicalismo, o componente socioeconômico cedeu frente a uma leitura cultural ansiosa por revelar mecanismos de produção simbólica”, já  Zincone faz uma leitura materialista do Tropicalismo.
“Não esperem respostas definitivas nessa leitura. Segue-se aqui um texto em liberdade. Leia e faça sua escolha”, destacou Maria Malta, professora e Pró-Reitora de Extensão do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O autor
Rafael Zincone é graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Comunicação Social pelo programa Mídia e Cotidiano (PPGMC), da Universidade Federal Fluminense (UFF). Zincone também pesquisou história do pensamento econômico brasileiro no Instituto de Economia da UFRJ e atualmente colabora com o Grupo de Estudos sobre Comunicação Cultura e Sociedade (GRECOS) da UFF.
Serviço
Lançamento do livro "Aqui é o fim do mundo – Tropicália e desenvolvimento dependente no Brasil", de Rafael Zincone
Local: Gabinete de Leitura Guilherme Araújo
Endereço: R. Redentor, 157 - Ipanema, Rio de Janeiro - RJ, 22421-030
Quando: quarta-feira, 16 de agosto, às 19h
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Sobre o Livro
Título: Aqui é o fim do mundo – Tropicália e desenvolvimento dependente no Brasil
Autor: Rafael Zincone
Páginas: 114
Formato: 16x23
Editora: GZ

PRESIDENTE O CPC/RN, EDUARDO VASCONCELOS REUNIU-SE COM JUVENTUDE CULTURAL NA E. E. PAULO FREIRE - BAÍA FORMOSA-RN

No clic da Clara!
 Após reunião um clic para registrar momento importante da reunião
 

Ontem (1) a cidade de Baía Formosa/RN, foi uma vez palco de uma importante reunião do Centro Potiguar de Cultura com jovens que amam a cultura local e brasileira.

A reunião ocorreu a noite na Sala dos Professores da Escola Estadual PAULO FREIRE, com a presenças de jovens talentos tanto de Baía Formosa (Urbana), como da Praia de Sagi ("Rural").

Após os esclarecimentos feito pelo presidente, Eduardo Vasconcelos da importância dos jovens na luta pelo resgate da cultura popular, como a plataformas de ações que serão desencadeadas pelo CPC/RN para o resto do ano, /Eduardo destacou o evento do próximo domingo (6) em Nova Cruz, ou seja a Assembleia Geral Extraordinária que tem como principais objetivos a /Reformulação dos Estatutos, Debates do Manifesto Cultural, serão aprovados nomes de futuros vices regionais do CPC/RN.

No final da reunião foram eleitos por aclamação pelos presentes os nomes de Leonardo, Carol, Izamara e Clara para irem representar-los no evento de domingo,

Ao resgatar greve de 17, documentário traz lições aos trabalhadores

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Por Mariana Serafini
Carlos Pronzato é argentino radicado no Brasil desde os anos 80. Ao longo de sua carreira como cineasta documentou diversos episódios históricos de luta dos trabalhadores na América Latina, entre eles as revoltas contemporâneas dos mineiros da Bolívia, os panelaços e a batalha das Mães da Praça de Maio na Argentina e o movimento social no Chile.
Em sua mais recente obra, Carlos mergulhou nos bairros operários da capital paulista para resgatar a história dos trabalhadores, em sua maioria imigrantes, que iniciaram a que até hoje é considerada a maior greve geral da história do país: a greve de 1917.

Uma das participações em destaque do documentário é do especialista José Luis Del Roio
Com documentos, entrevistas e um profundo processo de pesquisa, o cineasta reconstrói este episódio marcante da luta dos trabalhadores brasileiros. A greve que começou numa fábrica têxtil com 400 operários, em poucas semanas se espalhou por São Paulo e, rapidamente, para outros estados do Brasil.
À época, os trabalhadores exigiam redução da jornada de trabalho, melhores condições dentro das fábricas, aumento dos salários, espaços de convivência, entre outras pautas justas. Passados cem anos, muitos dos direitos conquistados à época, hoje estão novamente ameaçados com a reforma trabalhista do governo de Michel Temer. O diretor é enfático ao afirmar que uma vez mais o Brasil precisa de um grande levante dos trabalhadores para evitar este retrocesso.
Leia a entrevista na íntegra: 
Carlos, sua obra é marcada por grandes registros de períodos históricos de luta dos trabalhadores. Como você se interessou e decidiu registrar a Greve dos trabalhadores de 1917 em São Paulo?

A greve de 1917 é um fato marcante para a luta dos trabalhadores no Brasil, o período em que uma serie de revoltas e greves anteriores toma corpo e explode na primeira greve geral do Brasil. Portanto, como sua pergunta sugere, não podia faltar no meu histórico a celebração deste centenário. Sendo assim, em 2016, a um ano das comemorações, decidi iniciar o projeto quando ainda não se vislumbrava a atualidade tão contundente que esta efeméride teria hoje, num momento crucial de desmonte das conquistas trabalhistas. Além do que se inscreve num processo de afirmação e eclosão do movimento operário mundial nesse ano emblemático da Revolução Russa: 1917.

Como foi o processo de pesquisa e apuração sobre a greve?

O primeiro passo foi ler toda a literatura possível sobre o tema, nacional e internacional, que tocasse o tema das grandes insurreições populares, começando pela releitura do clássico: “10 dias que abalaram o mundo” de John Reed, e, em seguida, a abordagem do contexto especificamente nacional e também materiais que situassem o episódio num plano geral. A partir dali foram muitas visitas a arquivos, centros de documentação e consultas com especialistas para dar início a escolha do elenco base que, depois, conforme o avance do processo das entrevistas, ir conformando com outros tantos, um grupo de entrevistados que pudessem dar conta dessa narrativa.

A historiadora Christina Lopreato é outro dos personagens em destaque na obra

Durante o processo de um ano de trabalho (que pela minha dinâmica e prática dentro do documentário para poder atender a diversidade de temas com os quais trabalho, é suficiente) visitei os bairros operários de São Paulo, onde, num princípio, pensávamos filmar e os instalar, mas por conta da precariedade da produção isto não foi possível. Apenas algumas das tomadas foram feitas nas vizinhanças da Fábrica Crespi e do Clube Atlético Juventus, fundado pelo próprio Conde Crespi. Foi nesta fábrica que 400 operárias iniciaram a que viria a ser a primeira greve geral do país.
Qual foi sua percepção ao visitar os bairros de São Paulo onde a greve aconteceu em 17, agora, cem anos depois?

Não deixa de me impactar, ainda hoje, ao circular pela Mooca, Brás, Belém, Ipiranga e outros bairros vizinhos, o clima de trabalho intenso e diário daquelas pessoas que construíram – e constroem – o país, submetendo-se – ainda hoje – a precárias condições de trabalho. O clima operário persiste nesses bairros – apesar da especulação imobiliária que vem deformando aquele histórico cenário -, tanto é, que me inspirou a iniciar um livro de poesias denominado Poemas Operários, que será lançado em breve. Não é todo tema que me inspira a trabalhar, durante a construção dos documentários, a experiência vivida, na literatura. Já aconteceu quando realizei filmes sobre Che Guevara, Carlos Marighella, e também sobre as insurreições bolivianas contemporâneas, ocupações dos sem-terra e urbanas…

A greve foi marcada por uma dura repressão policial, mas ao mesmo tempo, os operários conquistaram direitos trabalhistas importantes. Como você retrata este episódio na sua obra?

A repressão ocupa um bloco importante do documentário e não poderia deixar de ser já que a resposta constante do Estado e do patronato continua a mesma cem anos depois e não haverá uma interrupção nisto até que um movimento daquela magnitude e intensidade acontecer de novo no país, e todas as condições estão dadas para isso, apesar de existir tendências políticas que percebem o contrário. Os direitos sociais foram conquistados sim, e foram a base de todos os outros que vieram depois, mas muitos dos acordos que o Comitê de Jornalistas levou em frente com o Patronato naqueles turbulentos dias, não foram respeitados e muitos trabalhadores foram expulsos do país, principalmente anarquistas, além dos assassinados pela Força Pública (hoje Policia Militar) sobre os quais ainda hoje não se conhece o número exato, que estaria beirando as duas centenas apesar da história registrar apenas três mortes oficiais. No filme, através da historiadora Christina Lopreato e do pesquisador José Luiz Del Roio, trazemos à tona estas informações.

Cem anos depois, o Brasil vive um período de retrocessos. A reforma trabalhista ataca diretamente direitos conquistados graças à luta do movimento sindical organizado. Você acredita que o documentário dialoga com este período do Brasil? 
Dialoga sim, de forma absoluta. A pesar de não incluirmos cenas das recentes greves ou depoimentos de sindicalistas e militantes do mundo do trabalho da atualidade, há uma aproximação evidente entre os fatos históricos e os ataques sofridos hoje pela classe trabalhadora. E isto se percebe não só nos depoimentos e na própria narrativa artística construída com esse intuito de demostrar que as coisas não mudaram muito na relação capital/trabalho, mas também nos documentos exibidos no transcorrer do filme, como jornais e panfletos de assombrosa atualidade, o que demostra que não há respiro possível dos trabalhadores contra a exploração diária do lucro empresarial.
Torcedor do Juventus leva na pele a paixão pelo time e pela luta social
Portanto, a organização operária anarco-sindicalista (e em menor número socialista da época) de cem anos atrás, que desatou essa greve que fez tremer os alicerces do consórcio Estado/grande empresariado tem muito a dizer e ensinar hoje aos trabalhadores em geral, organizados ou não em sindicatos. Esse diálogo entre os fatos históricos e a atualidade é sempre o alvo dos documentários que pretendem permanecer no tempo, nem só como memória histórica, algo fundamental, mas também como instrumentos da luta social.
O que os trabalhadores de hoje podem aprender com os trabalhadores de 1917?
A lição principal é que uma insurreição popular, se conseguir se manter em pé durante um bom período e contar com o apoio da população em geral, não pode ser detida por força repressiva alguma, mas isto é uma construção de anos, não de apenas alguns dias ou produto de um fato eventual que propicie os acontecimentos – algo também importante, mas não apenas. Assim como a construção final da insurreição e o enfrentamento aberto com o Estado naqueles dias de junho/julho de 1917, começou com chegada dos emigrantes – principalmente italianos e em menor medida espanhóis e outras nacionalidades – que já traziam experiências da luta social europeia e o seu envolvimento com as condições locais de trabalho e com os próprios trabalhadores nacionais desde muitos anos antes, assim também os trabalhadores de hoje podem perceber a titânica obra, diria épica, que é enfrentar o monstro do capital todo dia mas sempre com um objetivo similar aos dos grevistas de 1917: a dignidade do trabalho e a construção de um mundo sem explorados nem exploradores.
E por fim, como as pessoas podem ter acesso ao documentário?

O documentário foi apresentado em pré-estreia em dez locais diferentes na cidade de São Paulo entre os dias 10 e 17 de julho, totalizando dez exibições, portanto cumprimos com essa primeira etapa de diálogo com o público nos dias do centenário, apesar de faltar alguns ajustes e principalmente confirmar os apoios finais para finalizar o filme e poder soltar “a criança” no mundo. Fora isto, em breve estaremos participando de alguns Festivais e como sempre, produzindo os DVDs para levar o debate a todos os pontos do país e mais a frente, incluir o filme em plataformas digitais.

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Para finalizar os últimos ajustes do documentário e impulsionar a distribuição, o diretor Carlos Pronzato conta com a colaboração individual de pessoas que se interessem pela pauta. Doações podem ser feitas diretamente através da seguinte conta: Banco do Brasil, agência: 0297-6, conta:70.073-8. Os sindicatos interessados em contribuir, podem entrar em contato com a produção.
Do Portal Vermelho

Arquivo Nacional corre risco de fechar após redução de verbas federais

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O Arquivo Nacional, no Centro do Rio, pode fechar as portas no mês de agosto por falta de recursos financeiros. De acordo com a instituição, o repasse de verbas feito pelo Ministério da Justiça para este ano foi reduzido em 36%, passando de R$ 22 milhões em 2016 para os atuais R$ 14 milhões.
Falta dinheiro para tudo: pagamento das contas de água, luz, gás e serviços de segurança e limpeza. A maior preocupação da equipe é com a manutenção do acervo, que guarda documentos como imagens da Família Imperial, o julgamento de Tiradentes, cartas do período colonial, arquivos da ditadura militar e papéis que comprovam a entrada e permanência de milhões de imigrantes no Brasil. No total, são 55 quilômetros de documentos e 1,8 milhão de fotografias.
“Os recursos atuais nos permitem que honremos os nossos compromissos até o mês de agosto. A Direção-Geral do Arquivo Nacional está empenhada em evitar que os serviços sejam suspensos”, afirmou o diretor-geral substituto da instituição, Diego Barbosa da Silva.
Uma reunião nesta semana poderá definir o futuro do acervo. Segundo Silva, está agendada uma reunião com membros do Ministério da Justiça e Segurança Pública para discutir a liberação de mais recursos e outros temas emergenciais, sem revelar mais detalhes.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirma que irá analisar caso a caso os pedidos de reforço orçamentário que se destinarem à manutenção dos serviços prestados por seus órgãos vinculados, como o Arquivo Nacional. No mês passado, a Polícia Federal passou por situação semelhante e suspendeu a confecção de novos passaportes por falta de dinheiro. O serviço foi retomado apenas no início desta semana, após 175 mil solicitações pendentes.
Cortes
Neste ano, após a determinação do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão de reduzir o orçamento do Arquivo Nacional, 25% dos funcionários terceirizados da instituição foram demitidos.
“Algumas decisões foram tomadas. Estamos reduzindo o consumo de luz elétrica por meio de diversas ações como desligar metade dos elevadores e o ar condicionado das áreas de trabalho. Assim, conseguimos garantir a climatização dos depósitos e preservamos a documentação”, explica Silva.
Atendimento
A possibilidade do fechamento ocorre justamente quando o interesse do público pelo acervo disponível cresceu. Entre 2016 e 2017, a procura por documentos do Arquivo Nacional aumentou 50%, de acordo com dados do próprio órgão. “Até este mês de julho atingimos 40 mil acessos, mesma quantia vista em todo o ano passado”, diz Silva. Ele também conta que as visitas aos sites e bases de dados na internet avançaram de 2,8 milhões em 2016 para 3,2 milhões até junho.
“Esse aumento deve-se, sobretudo, a procura de documentos que comprovam ascendência estrangeira para aquisição de dupla cidadania”, diz o diretor-geral substituto do Arquivo Nacional.
Fonte: Brasil Cultura

A mãe da sabedoria:MENININHA DO GANTOIS



Escolástica Maria da Conceição Nazaré foi o nome de batismo de Mãe Meninha do Gantois. Neta deescravos, ela nasceu em 10 de fevereiro de 1894, na cidade de Salvador. O Terreiro do Gantois foi fundado por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, em 1849. O popular nome do terreiro veio do francês (belga?) que era proprietário do terreno onde o templo foi construído.

Mãe Menininha foi iniciada nos rituais pela tia Pulquéria, sua antecessora. Quando assumiu a liderança do terreiro, escolhida pelos orixás, ainda não tinha 30 anos completos e, inicialmente, sua juventude não foi bem vista pelos adeptos mais antigos. Porém, com sua doçura, carisma e diplomacia, Mãe Menininha mudou esta situação. Nos mais de 60 anos em que liderou o Terreiro do Gantois, como relações públicas de sua religião, sempre se mostrou disponível para explicar o candomblé a quem se interessasse. Além disso, sempre teve um ótimo relacionamento com governantes, artistas e intelectuais e também conquistou o respeito de líderes de outros terreiros e até de sacerdotes católicos.

Filha de Oxum, a divindade que vive nas águas doces, controla a fecundidade e, portanto, a própria vida. Como sempre acontece com as filhas de Oxum, Mãe Menininha irradiava doçura e beleza, mas também conseguia equilibrar de uma forma perfeita a generosidade, sem deixar de ser enérgica, e a sabedoria, sem ser arrogante. Desde muito cedo ela entregou-se totalmente aos encantados e foi abençoada por eles. A sua neta Mônica Millet descreve um sonho recorrente durante a vida de Mãe Menininha do Gantois:

Uma pequena garota de cabelos cacheados e loiros vinha chamá-la para brincar. Ela aceitava e as duas iam juntas para a praia. O o brinquedo era sempre o mesmo: os búzios. Acho que era a forma de Oxum, de Olodumaré transmitir a ela o conhecimento do jogo dos búzios.

Bisneta, sobrinha e filha de ialorixás, Mãe Menininha conduziu durante 64 anos os destinos do Gantois, que chegou a ser o terreiro de candomblé mais respeitado do país. Nascida no século XIX, ela cresceu entre os homens e mulheres africanas que criaram o candomblé no Brasil, aprendendo com eles os antigos costumes, os rituais e a língua iorubá. Precisou de coragem e diplomacia para fazer o seu terreiro sobreviver à perseguição policial aos cultos afros que vigorou até o início do século XX. Até que, gradativamente, viu a 

sua religião ser aceita e até despertar curiosidade entre pessoas de todos os cantos. A dificuldade, então, passou a ser continuar sendo receptiva com quem a procurasse, sem permitir a exploração do que, para ela, era sagrado.

Como ialorixá, ela enfrentou o preconceito que a sociedade tinha em relação aos adeptos do candomblé. Não havia liberdade de culto e os terreiros eram freqüentemente invadidos pela polícia, sofrendo muitas perseguições e violência. Na década de 30, a Lei de Jogos e Costumes era mais tolerante ao candomblé, mas ainda assim as festas só podiam ser realizadas em determinados horários e mediante autorização por escrito. A situação só mudaria em 1976, quando o então governador da Bahia, Roberto Santos, sancionou um decreto liberando as casas de candomblé da obtenção de licença e do pagamento de taxas à delegacia de Jogos e Costumes.

Mãe Menininha do Gantois foi a ialorixá mais famosa do país. Sob seu comando, o Terreiro do Gantois logo se tornou um dos mais procurados e respeitados da Bahia. Para muitos pesquisadores, a popularidade e o reconhecimento que Mãe Menininha alcançou foram de fundamental importância para aumentar a aceitação 

do candomblé na sociedade.Casou-se com o advogado Álvaro McDowell de Oliveira, descendente de ingleses, e com ele teve duas filhas, Carmem e Cleusa, que a sucedeu no terreiro.

Diplomática- Na superfície, uma calma profunda, só interrompida por turbulências inesperadas, mas sempre temporárias. Como resultado dessa alternância entre paz e movimento, a nutrição do mundo à sua volta. Assim é a vida de todos os rios e também foi assim a vida de Mãe Menininha de Oxum: tranqüilidade, movimento e fertilidade. Nas primeiras décadas à frente do Gantois, ela seguiu com as suas obrigações litúrgicas, cuidou do seu sustento, criou suas filhas, conviveu com o marido e, pouco a pouco, com a diplomacia que lhe fez famosa, foi ampliando seu círculo de amizades, que incluía alguns dos mais ricos e mais pobres cidadãos baianos. Uma paz que só era quebrada, em raros momentos, pela perseguição da polícia aos cultos afros.Mãe Menininha recebeu muitos títulos, homenagens e medalhas. Uma das que mais gostava era a dos Filhos de Gandhy, que a nomearam madrinha do afoxé. Em 1972, Dorival Caymmi 
compôs a famosa música Oração a Mãe Menininha, que trazia os versos: "A beleza do mundo, hein? Tá no Gantois./ E a mão da doçura, hein? Tá no Gantois./ O consolo da gente, ai. Tá no Gantois.../ Ai, minha mãe. Minha Mãe Menininha".

-Naquele tempo, a Federação era um bairro distante, quase rural. Ao ponto de termos, nós, e também vários vizinhos, estábulo, na roça, para o leite cotidiano. Eram poucas, muito poucas, as casas, todas dentro de largos terrenos. Na ladeira que ia para o segundo Arco, ficava o Gantois. Lá morava uma senhora de porte realmente majestoso, a quem nós, garotos, de acordo com as regras da boa educação, tomávamos “a benção”. Eu dizia: “A benção, dona Escolástica”.
O resto do caminho era chão pisado, mato e muita lama, quando chovia – acrescenta o jornalista Guilherme 
Simões, que ia sempre visitar os primos numa casa ali perto.

- O barracão principal do terreiro, que despertava o interesse das crianças da vizinhança tanto quanto o pé de carambola, era muito simples.

-Para os olhos era apenas uma desconexa construção de barro, tendo acima da porta de entrada um chifre de boi, descorado pelo tempo, sobre dois facões cruzados, símbolos do deus da caça Oxóce (sic), protetor do templo. Não parecia uma casa de devoção; mas o esplendor de Pulchéria lhe conferia importância para todos os entendidos – descreveu a antropóloga Ruth Landes, em 1938.

Apesar da simplicidade, o terreiro já era procurado por muita gente. Em tempos de festas, autoridades apareciam por lá, com dificuldade, lembra Cid Teixeira.

- Jorge Amado, Antônio Carlos Magalhães, Vinícius de Moraes, Maria Bethânia e Caetano Veloso 
eram algumas das inúmeras personalidades que se aconselhavam com Mãe Menininha. Em 1994, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou um selo comemorativo para marcar o centenário de seu nascimento".

Mãe Menininha morreu em 13 de agosto de 1986, aos 92 anos, na cidade de Salvador.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.
Fonte:https://historiasdopovonegro.wordpress.com/