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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

"CPC/RN EM UTILIDADE PÚBLICA EM PROL DA SAÚDE CULTURAL!" - Isso limpa os RINS, FÍGADO e PÂNCREAS rapidamente, é excelente para DIAB...

Brasileira representa Portugal na Copa do Mundo de Poesia Falada

Foto: Reprodução Instagram

Competidora do poetry slam em São Paulo desde 2013, Maria Giulia Pinheiro se apresentará na Coupe de Mónde Slam, em Paris.

Em Maio, duas brasileiras participarão da Copa do Mundo de poesia falada. Kimani, representando o Brasil, e Maria Giulia Pinheiro, representando Portugal. Maria Giulia, também conhecida como Magiu, já participou de grandes eventos ligados ao poetry slam no Brasil. Desde 2019 vive em Portugal e, neste amo, representará o país lusitano na Copa do Mundo de poesia falada.
A Coupe de Mónde de poetry Slam é um evento organizado em Paris desde 2004. Ao total, 20 poetas do mundo todo se apresentam e competem pelo título de campeão mundial de palavra falada. Nenhum brasileiro levou ainda este título para casa, mas Roberta Estrela Dalva (terceiro lugar, em 2011) e Emerson Alcade (segundo lugar, em 2014) já estiveram entre os finalistas.
Maria Giulia Pinheiro tem três livros publicados, é atriz, dramaturga e poeta e apresenta diversos eventos ligados à poesia, entre eles o “Todo Mundo Slam”, um poetry slam para migrantes e portugueses, que acontece em Lisboa, e a “Ginginha Poética”, um sarau itinerante que mistura poesia e bebidas típicas de cada lugar. Magiu também é criadora, projeto desenvolvido com Anna Zêpa, do poetry slam de poetas mortos “Ciranda: Jogo de Palavra Falada” em que artistas contemporâneos escolhem autores já falecidos para ler em um jogo parecido com o campeonato de poesia falada.
“Para mim, a graça dos eventos é promover a leitura, o encontro e abrir espaços de comunicação profunda entre as pessoas”, diz a poeta.
Neste momento, Maria Giulia Pinheiro está em uma turnê com o espetáculo “A Palavra Mais Bonita”, em que recolhe as palavras mais bonitas da plateia e escreve poemas ao vivo com elas. A peça é uma homenagem ao pai de Magiu, Hemelson, que morreu em abril de 2018, vítima de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) do tipo Bulbar. Um ano antes de morrer, ele perdeu a fala. A Palavra Mais Bonita é uma homenagem a esta última palavra do pai da poeta, que ela não sabe exatamente qual foi, e tem o objetivo de circular por todos os países que falam a língua portuguesa.
Em 2019, ano da estreia do espetáculo, Maria Giulia apresentou a performance em São Paulo, no Centro da Terra, Sesc Pinheiros e no Teatro Pequeno Ato, em Lisboa (Portugal), em Maputo (Moçambique) e em Santiago (na Galiza, Espanha) região onde predomina  o idioma Galego. Este ano, Maria Giulia retoma a turnê logo após a Coupe de Mónde.
A Coupe  de Mónde de poetry Slam acontece de 16 a 24 de maio, em Paris.

Não deixe a privacidade morrer, não deixe a privacidade acabar

 POR NINJA
Foto: Piqsels
Por João Pimenta
O volume de dados que geramos e compartilhamos cresce com uma velocidade sem precedentes, redes sociais, serviços, smartphones, sensores, inteligência artificial, casas inteligentes, assistentes de voz, estão todos presentes em nossas vidas e vieram pra ficar.
A primeira coisa a deixar claro por aqui é que o objetivo não é causar aversão ou demonizar qualquer uma dessas tecnologias, mas sim trazer para a mesa o quão importante é o debate sobre a privacidade, um direito fundamental.
Constantemente fazemos concessões entregando nossos dados para receber uma experiência personalizada, preços mais baixos, uma facilidade aqui, outra ali. Essa lógica foi arquitetada e vem sendo aprimorada para a monetização dos dados dos usuários, toda essa conveniência tem seu preço e você não é o culpado por isso.

O Facebook sabe dos eventos que você tem interesse, com o que você se identifica, se é de direita ou de esquerda, se você fez a barba, se visitou um site, por onde tem andado, que filmes viu, que aplicativos usa.
O Google sabe tudo o que você pesquisa, em quais sites navega, onde você mora, onde estacionou seu carro, com quem trocou e-mails, quem são as pessoas que estão nas fotos do seu celular.
A Uber sabe tudo sobre seus trajetos, o Tinder sobre seus crushs, inclusive sobre quais horários você se sente mais sozinho, a Amazon sobre seus livros, o Instagram sobre sua autoestima e seus desejos narcísicos, essa lista não tem fim e vale muito dinheiro.
A conveniência perfeitamente desenhada não é inofensiva.
O gerenciamento e poder sobre os dados afeta de forma direta a sociedade. Quando falamos da Uber, surge a questão da precarização do trabalho, mobilidade urbana, alternativas sustentáveis de transporte, pautas essas que deveriam estar presentes numa visão política de estado e que evidentemente não são prioridades do setor privado.
O poder econômico dos dados vem atropelando o bem-estar social e violando sem qualquer pudor a privacidade. Convivemos com muitas decisões arbitrárias tomadas por algoritmos de código fechado.
Temos como alguns exemplos a exclusão do acesso a esses serviços por pessoas que moram na periferia, aumento especulativo em aluguéis gerados pelo Airbnb, manipulação de eleições, criação de bolhas gerando redução do pensamento coletivo e aumentando a polarização.
Também é importante olharmos quem são as empresas que hoje concentram os dados do mundo: Apple, Microsoft, Google, Amazon, Facebook, Instagram, WhatsApp, IBM, Broadcom, Intel, Dropbox.
Os EUA concentram um volume desproporcional de participação no mercado tecnológico e na detenção de dados. China, Rússia, Índia e União Europeia também são atores nessa peça, mas a balança está longe de um equilíbrio.
Esse assunto traz também a discussão sobre como os pilares da soberania ficam em cheque quando tantos serviços de comunicação, computação e gerenciamento de dados estão em uma zona cinza de legislação. Não vamos subestimar a vigilância, jamais.
As pessoas precisam ser convidadas para esse debate. Ele deve ser participativo, democrático!
O Estado precisa entender a prioridade em regular os dados assim como fez a União Europeia (GDPR).
A Europa tem sido pioneira na compreensão de como os dados podem afetar seus cidadãos. Além de iniciativas para regular e proteger os dados, tem investido em soluções de tecnologia que visam o bem comum, resgatar o controle dos dados aos seus respectivos donos descentralizando esse circuito.
Um projeto interessantíssimo que tem ganhado corpo na Europa é o Decode, vale a pena conferir.

Para os leitores mais técnicos:
É de extrema importância que exista investimento e capacidade de execução nessas frentes, isso diz muito sobre como vão se configurar as relações de poder e o bem-estar social no mundo.
Desenvolver e estimular soluções tecnológicas de código aberto e que agreguem valor coletivo devem estar na pauta de qualquer governo progressista, assim como a preocupação com privacidade e soberania.

Fonte: Mídia Ninja

Manu da Cuíca, compositora da Mangueira: “As mulheres têm que ocupar espaço no samba”

Vencedora de dois sambas seguidos na Mangueira, Manu chega este ano com a história de Cristo. Sempre ao lado do marido, o compositor Luiz Carlos Máximo, que ela diz: “Ele não é um cara que ajuda. É um cara que divide, que cria, que cuida”
Por Jlinho Bittencourt
Manuela Oiticica, conhecida como Manu da Cuíca, é a bola da vez no Rio de Janeiro. Só se fala nela. E também no seu parceiro e marido – justiça seja feita – o compositor Luiz Carlos Máximo. Ao lado dele, ela é autora do que talvez seja um feito inédito. É uma mulher que conseguiu emplacar pelo segundo ano seguido o samba enredo de uma grande escola, a Estação Primeira de Mangueira. A história por si só já seria suficiente, mas tem muito mais.
Tanto o samba deste ano – “História pra Ninar Gente Grande” – quanto o do ano que vem, “A verdade vos fará livre”, são extremamente engajados. O samba campeão deste ano foi o que fala das Marias, Mahins, Marielles, malês:
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões
O último escolhido conta a história de Jesus Cristo que volta à terra irmanado com os mais pobres, os moradores das favelas, assim como Ele, torturados e assassinados pelo Estado. Um enredo épico que avisa:
Favela, pega a visão, Não tem futuro sem partilha, Nem Messias de arma na mão
Manu atendeu a Fórum prontamente. Pediu algumas horas para conceder a entrevista, mas teve que recuar. Sua filhinha, de apenas um ano e dois meses teve febre. Um dia depois, com tudo resolvido e em um depoimento emocionante, ela contou em detalhes sobre sua trajetória, a parceria de vida e samba com o marido Luiz Carlos – que ela diz dividir todas as tarefas da casa e da filha – a sua carreira como escritora e, é claro, a Mangueira.
– Você já disse em algumas entrevistas que as mulheres são pouco reconhecidas nesse universo do samba. Ainda, é assim? Mesmo depois de Dona Ivone Lara, que foi precursora? Mesmo depois de você vencer com dois sambas?
Manu – Eu sou reconhecida por esse samba, pelo samba do ano passado. As pessoas que conhecem os autores sabem que eu sou uma delas, mas pra gente falar da questão da dificuldade das mulheres como compositoras, não basta pegar um ou outro caso. Eu acho que são espaços normalmente ocupados por homens, existem muitas mulheres compositoras, mas precisam existir mais. Se você pega os sambas campeões em geral deste ano, do ano passado, têm algumas mulheres, mas a maior parte é de homens, porque é um espaço onde a gente não se sente tão encorajada. É um espaço em que a gente tem que estar sempre mostrando. Não é um espaço tradicionalmente voltado pras mulheres. E eu acho que a luta é pra que se ocupe esse e outros espaços.
– Você sempre compõe com o seu marido, o Luiz Carlos Máximo? Como é dividido esse trabalho? Sai fácil ou tem muita briga?
Manu – Fazer samba juntos, sendo casado, nós somos pais também, nossa filhinha tem um ano e dois meses, é difícil. Foi difícil porque ela não tá na creche, a gente que se reveza cuidando, a gente faz um revezamento. Muito verso saiu na madrugada, entre uma mamada e outra. Muita melodia saiu entre uma troca de fralda e preparar comida. Foi bastante cansativo e difícil fazer, por conta de nós termos a mesma dinâmica em casa, de sermos parceiros e casados. Agora, tem uma coisa aí que é fundamental da minha parte. Eu só consegui fazer porque de fato eu tenho um companheiro que divide comigo todas as tarefas de casa e da maternidade e paternidade. Não é um cara que ajuda. É um cara que cria, que cuida. Então, dividir essas tarefas meio a meio, tudo no que diz respeito à casa e à nossa filha, permitiu a gente ter tempo pra compor juntos.
– A filha de vocês nasceu mais ou menos nesta mesma época no ano passado.
Manu – Isso, dois dias antes do samba do ano passado ser escolhido. O samba de 2019, que foi escolhido no ano passado. Ela nasceu numa quinta-feira e no sábado o samba foi escolhido. A gente participou, acompanhou todas as disputas, todas as eliminatórias. No dia do desfile, a gente não desfilou porque naquele momento a gente não estava assinando o samba, porque a gente tinha participado da disputa da Portela, mas depois a gente assumiu nossa autoria no samba da Mangueira e no desfile das campeãs a gente pôde desfilar. Ela estava com alguns meses. Mas toda a disputa, o samba foi feito com ela na barriga e nas eliminatórias ela estava ali. Ela é pé quente e Mangueirense, até porque nasceu no dia do aniversário do Cartola e porque ela também fez os pais dela bicampeões dessa tão difícil e honrada disputa de samba.
– Depois de tirar a poeira dos porões vem esse enredo agora, que é comovente. Ele conta a história de um Cristo brasileiro, pai carpinteiro desempregado, mãe Maria das Dores Brasil. Em um determinado momento vocês falam de um messias de arma na mão. Não dá pra não ligar com o nome do meio do presidente. Teve isso?
Manu – Sobre o samba em si, que a Mangueira reivindica um dos personagens mais emblemáticos da escola, e reivindica a sua história, a história de fato de Cristo tentando resgatar um pouco o que foi isso porque há uma avaliação que, ao longo desses milhares de anos, a história de Cristo foi muitas vezes sequestrada por projetos de poder, sequestrada pra poder justificar coisas que certamente Jesus Cristo não concordaria, então é um enredo e um samba enredo que joga luz um pouco nessa história e tenta fazer uma reflexão com os dias de hoje. Cristo foi um sujeito que nasceu pobre e lutou por justiça social, por diversidade, por inclusão, brigou contra o Estado Romano, foi torturado e assassinado pelo Estado. E essa não é uma história tão diferente em termos de violência como as que acontecem com parte da juventude dessa cidade pobre que também sofre nas mãos do Estado. Basta você ver qual é a expectativa de vida de um jovem homem negro morador de favela no Rio de Janeiro. Não é muito diferente da quantidade de anos que viveu Cristo. Então, a proposta do enredo é pensar onde estaria Cristo hoje, onde teria nascido, como Ele viveria, ao lado de quem ele estaria lutando e, principalmente, quem seriam os seus algozes, quem seriam as pessoas que iriam assassiná-lo.
– São os “profetas da intolerância”.
Manu – Isso, a gente os chama no samba de: “os profetas da intolerância”, que cravejaram novamente o corpo de Cristo por não aceitar a luta por justiça, por diversidade. Essa é a proposta do enredo e é por aí que a gente vai no samba e aí tem uma parte do meio do samba em que Cristo diz: “Favela pega a visão, não tem futuro sem partilha nem messias de arma na mão”. É a ideia de que o futuro precisa ser partilhado, a humanidade precisa aprender a conviver de forma coletiva. E Cristo, como um messias pra algumas religiões, tá muito tarimbado pra dizer que tá cheio de messias enganadores na história da humanidade e a gente não pode se iludir com isso.
– Você teve um lindo samba, o “Pra matar preconceito”, puxando o álbum “É Preta”. Você tem bastante coisa fora do universo do samba enredo, pretende fazer discos, cantar?
Manu – Eu tenho 20 anos de rodas de samba como percussionista e também como compositora. Tenho mais ou menos umas 20 músicas gravadas. Tem um disco da Marina Iris que é todo feito com músicas minhas e do meu parceiro, o Rodrigo Lessa. Não faço música só com o Máximo. Tenho umas cinco ou seis músicas em blocos de carnaval e em disputa de samba enredo. Eu participei de cinco disputas: na Canários das Laranjeiras, na Portela, na Mangueira. Estive em quatro finais e ganhei duas vezes. Agora, vocês não vão ouvir um disco meu cantando, pra sorte de vocês! Eu sou uma péssima cantora, desafinada, então eu deixo pra quem sabe essa parte de cantar, fazer melodias. Eu também nunca faço as melodias das músicas, sempre as letras.
– Você lançou junto com outros 19 poetas, entre eles o Aldir Blanc, o livro “Porremas”. Fala um pouco sobre esse projeto e conta se tem algum livro solo à vista.
Manu – Isso. Eu também tenho contos, crônicas e poesias publicadas, mais ou menos uns dez textos publicados em coletâneas. Dentro desses tem o “Porremas”, que eu também participei da organização, junto com o Diego Barbosa e o Rafael Maieiro. É um livro que a gente lançou em meados de 2018, e ele têm poesias de bar. Poesias que têm a participação do Aldir Blanc, com poemas inéditos dele. Ele foi relançado agora, teve um debate em Alagoas, na Bienal que foi muito legal poder falar de novo sobre ele porque a música, poesia, literatura estão também nas esquinas, nas rodas de samba, nas manifestações, na coletividade, tá em todos os espaços e a gente fica procurando poesia pelo meio da rua.
– E um livro só seu, quando sai?
Manu – Eu tenho reunidos alguns textos que pensei em fazer uma publicação. Isso foi junto com a maternidade, eu adiei um pouquinho essa ideia, cheguei a mandar pra algumas editoras, mas acabei não avançando nessa conversa, mas tenho sim. Tenho livros, não tenho o disco que eu vou cantar, mas um livro eu tenho pensado em publicar sim. Mas uma coisa de cada vez. Tá uma correria danada!
– Eu sei que você deve ouvir essa pergunta toda hora, mas mesmo assim vou fazer. Você é parente do Hélio Oiticica?
Manu – Ah, meu tataravô era irmão do bisavô dele, então é um parente distante. Mas é um orgulho, porque o Oiticica é um grande artista plástico, que também teve uma ligação com a Mangueira, tem essa coincidência aí.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Fórum Social das Resistências 2020, desabafos, experiências e desafios

O Fórum Social das Resistências com o lema, “Democracia, Direitos dos Povos e do Planeta” aconteceu em Porto Alegre de 21 a 25 de janeiro e contou com mais de cinquenta atividades com o objetivo de articular ações e iniciativas de resistência no Rio Grande do Sul, no Brasil e na América Latina.
O primeiro ano do governo Bolsonaro, os inúmeros retrocessos e os constantes ataques à democracia estiveram presentes nas pautas de praticamente todas as atividades, assim como a preocupação com o crescimento dos movimentos fascistas e o ambiente de crise econômica, social e ambiental.  De todos os cantos do Brasil e da América Latina chegaram relatos de preocupação e busca por alternativas coletivas de resistência.
Com chuva e tudo!
A XXII Marcha Pela Vida e Liberdade Religiosa, atividade destinada a marcar o início do Fórum Social das Resistências 2020, precisou enfrentar a chuva que veio para aliviar as altas temperaturas da capital gaúcha daqueles dias. Os povos de matriz africana comandaram um carro de som que percorreu as ruas do centro de Porto Alegre até o Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, chamando a atenção das pessoas para a necessidade de perceber os retrocessos que estão em curso, especialmente, com relação às liberdades individuais.
Marcha no centro de Porto Alegre marca a abertura do FSR
Os desafios da comunicação abriram os debates no CAMP
A comunicação como ferramenta de resistência esteve no debate que abriu as atividades do CAMP (Centro de Assessoria Multiprofissional) no dia 22/1.
A Roda de Conversa “Comunicação, as mídias livres e as lutas por democracia”, permitiu desabafos, relatos e provocações. A diversidade de sotaques presente nas falas dos participantes deixou evidente que a agonia é mais ampla do que pensamos ser, mas não há como negar a disposição de entender e aprender a lidar de forma eficiente com o “inimigo”.
Os depoimentos reconhecem uma certa ingenuidade que se abateu na militância de esquerda brasileira durante os governos Lula e Dilma quando a grande mídia permitiu a presença de agentes dos governos Lula e Dilma na lista vip dos “banquetes” promovidos pela grande mídia. Carlos Tibúrcio, idealizador do programa Democracia no Ar, que nasceu com o objetivo de fortalecer a comunicação independente e alternativa, foi um dos mediadores da atividade provocando o debate. Algumas considerações estão no vídeo abaixo:
MPF sediou atividades do Fórum pela primeira vez no RS
Por iniciativa da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) e do Comitê de Gênero e Raça, o Ministério Público Federal do RS recebeu, pela primeira vez, duas atividades do Fórum das Resistências: “Enfrentamento ao encarceramento em massa, ao genocídio das juventudes, à criminalização das lutas, movimentos sociais e dos Direitos humanos” e “Diversidade, Igualdade e Direitos Humanos”.
Na segunda atividade, Alice Martins, coordenadora da Ocupação Baronesa, que está se reconstruindo após o ataque do poder público estadual. Alice foi um dos destaques do debate. Entenda:
Os desafios da democracia hoje foi tema de debate promovido pelo grupo de referência do Fórum
No dia 23/1, na sede da Fetrafi, a mesa 3 que debateu os desafios da democracia teve as presenças do ex-governador do RS, Olívio Dutra e da médica Kota Mulanji.
Olívio Dutra era governador do RS em 2001 quando aconteceu o primeiro Fórum Social Mundial, evento que se transformou em referência para o mundo como ambiente de debate sobre as necessidades dos países oprimidos e em desenvolvimento fazendo o contraponto ao encontro de Davos. Desde então, Olívio tornou-se referência no RS, no Brasil e no Mundo. Abaixo, um trecho da sua fala no Fórum Social das Resistências 2020:
Outra presença importante na mesma atividade foi a de Regina Nogueira, mais conhecida como Kota Mulangi – que quer dizer “combatente” – e é presidente do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nuttricional dos Povos de Matriz Africana (FONSANPOTMA). Kota também colocou a necessidade de todos e todas se engajarem na defesa dos direitos retirados dos povos originários quando declara: “Vocês podem não acreditar em nada do que eu estou dizendo aqui, mas eu estou aqui, e o plano era que eu não estivesse.”
Manifestantes caminharam do Centro Histórico até o Largo Zumbi dos Palmares
Nesta atividade, duas ausências foram destacadas e lamentadas: Sônia Guajajara, da articulação dos Povos Indígenas do Brasil, por motivos de saúde, e Preta Ferreira, representante do Movimento de Luta pela Moradia de SP, que não foi autorizada pela Justiça para viajar e participar do Fórum Social das Resistências.
Uma Ciranda ao som da música Coração Civil abriu a Assembleia dos Povos 
A mística cultural preparada para a abertura da Assembleia dos Povos, momento onde os encaminhamentos de cada atividade foram apresentados, mostrou que as pessoas que participaram do evento precisavam aliviar as tensões provocadas pelo momento político e pelos intensos debates e reflexões que ocorreram no Fórum Social das Resistências. Confira no vídeo abaixo:

Fonte: Jornalistas Livres

Os povos indígenas no alvo da extrema-direita

Encontro entre Bolsonaro e Narendra Modi, na Índia, revela tendência dramática. Nos dois países, governos apoiam ataque inédito a territórios de povos originários. Causas: desejo de cortejar corporações, agravado por preconceitos raciais.
Um homem, que em repetidas ocasiões romantizou a ditadura e pregou o uso da tortura, parece não ser a melhor escolha como convidado de honra para a celebração anual da Constituição na maior democracia do mundo. Porém, faz sentido que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, tenha sido convidado pelo primeiro-ministroindiano, Narendra Modi, à marcha do Dia da República da Índia.
O nacionalismo autoritário vem crescendo mundialmente — e líderes antidemocráticos estão agora no comando das maiores democracias do mundo, que incluem a Índia, o Brasil e, é claro, também os Estados Unidos. A má notícia afeta a todos, mas as minorias estão particularmente em risco, já que esses demagogos alegam que “seus” direitos devem ser sacrificados para o bem nacional. Bolsonaro e Modi já avançaram várias casas desse caminho perigoso.
Enquanto a guerra de Bolsonaro aos indígenas do Brasil tem sido amplamente divulgada pela imprensa internacional, e acabou ganhando destaque nas redes sociais, não ouvimos o mesmo barulho quando se trata do que está acontecendo com os moradores das florestas da Índia. A Índia abriga mais povos tribais do que qualquer outro país no mundo: dos estimados 370 milhões de indígenas e tribais em todo o planeta, mais de 100 milhões habitam lá.
Existe uma crescente preocupação nacional e internacional sobre os impactos na Lei de Emenda à Cidadania dos Muçulmanos da Índia (CAA) e no Registro Nacional de Cidadãos (NRC), mas essa legislação também é catastrófica para as comunidades tribais. Segundo o ativista e escritor tribal Gladson Dungdung:
“Aos Adivasis [povos indígenas], lhes será negada sua cidadania, serão presos em campos de detenção; e os forasteiros serão mandados de volta para suas terras originais. Isso é inaceitável. Os Adivasis foram os primeiros colonos do país: devem ser mantidos fora da CAA/NRC; e suas terras, territórios e recursos devem ser protegidos.”
O roubo de terras é um dos elementos cruciais na ameaça existencial que os povos indígenas enfrentam por parte das classes dominantes do mundo inteiro. Recentemente, essa ameaça aumentou tanto na Índia como no Brasil — à medida em que os governos de Modi e Bolsonaro perseguem agendas populistas e majoritárias que incluem dominar as terras e os recursos indígenas “pelo bem da nação”.
Na semana passada, o líder e ativista Kayapó, Raoni Metuktire, convocou uma reunião dos povos indígenas brasileiros “com o objetivo de se unir e denunciar que está em andamento um projeto político do governo brasileiro de genocídio, etnocídio e ecocídio”. O encontro foi, em parte, uma resposta ao novo ataque de Bolsonaro: que propôs uma nova lei para invadir reservas indígenas para a extração de recursos, como mineração de ouro e petróleo, e atividades econômicas como agricultura e turismo. Se o projeto for aprovado, as comunidades indígenas não terão mais poder para vetar esses projetos.
O roubo de terras aprovado pelo Estado está acontecendo na Índia, numa escala quase insondável. Atualmente, existem cerca de 8 milhões de moradores da floresta enfrentando despejos de suas terras; um número equivalente à população de Nova York, aproximadamente. E isso é resultado do mau manejo, por parte do governo, de um processo judicial que desafiava a Lei dos Direitos Florestais (FRA) — legislação que garante os direitos dos habitantes das florestas da Índia. Demonstrando seu desprezo pelas pessoas envolvidas, o Ministério de Assuntos Tribais do governo indiano nem compareceu às audiências para defender sua própria lei.
As manifestações contra essa decisão, excepcionalmente fracassada, levaram à suspensão da ordem de despejo, por enquanto. A próxima audiência da Suprema Corte sobre o caso ocorrerá em breve. VS Roy David, da Aliança Nacional Adivasi (NAA), grupo ativista que representa os povos indígenas indianos, declarou: “Apelamos abertamente à Suprema Corte para reavaliar essa lei retrógrada e antipopular que deixará milhões de adivasis e outros povos tradicionais da floresta nas ruas.”
Há décadas, a Survival International faz campanha pelos direitos das tribos que habitam as florestas da Índia. Eles chamam a atenção para os resultados catastróficos de despejos anteriores, como o do povo Chenchu da vila de Pecheru, expulso na década de 1980 em nome da “preservação”. Os sobreviventes de Chenchu relatam que, das 750 famílias que viviam na vila, apenas 160 delas sobreviveram ao despejo. Muitos morreram de fome.
A resistência de pessoas como o cacique Raoni, VS Roy David, Gladson Dungdung e seus aliados nacionais e internacionais, já se mostrou poderosa e eficaz. Os regimes de Bolsonaro e Modi propuseram leis para acabar com a proteção e as provisões aos povos indígenas e tribais, mas os protestos que se seguiram fizeram os governos abandonar essas propostas, pelo menos por enquanto:
Em 2019, um projeto secreto de emenda à Lei de Florestas Coloniais da Índia vazou na imprensa. A emenda autorizava os guardas florestais a atirar em indígenas, emitir punições comunitárias, apreender propriedades e prender os cidadãos impunemente. Também, permitia às autoridades extinguir os direitos concedidos pela FRA e entregar terras florestais a empresas privadas. Oito meses após o vazamento — e após muitos protestos nacionais e mundo afora — o governo indiano revogou as mudanças propostas na lei, embora muitos temam que ela seja trazida de volta sob outra forma.
O governo Bolsonaro propôs acabar com o sistema de saúde indígena, o SESAI: um modelo de atendimento descentralizado, que conta com 34 Departamentos Especiais de Saúde Indígena, executado em colaboração com as comunidades locais e adaptado às suas necessidades. Os indígenas viram o desmonte do SESAI como uma ameaça direta às suas vidas — principalmente, às vidas de suas crianças e de seus idosos. O projeto provocou indignação e protesto entre os povos indígenas de todo o país. Desde o Paraná até Rondônia, de Pernambuco ao Mato Grosso do Sul, grupos indígenas ocuparam prédios públicos e rodovias em apoio ao SESAI. Apenas uma semana depois da proposta ter sido lançada, o ministro recuou e garantiu que o programa não seria abolido.
O Brasil e a Índia são Estados fundados na diversidade e que se diferenciam por causa dela. Ambos contam com disposições já consagradas em suas constituições para proteger os direitos dos cidadãos indígenas e suas tribos. Todos aqueles que acreditam na democracia constitucional devem se manter aliados aos povos indígenas e tribais, tanto na Índia como no Brasil: pelas tribos, pela natureza e por toda a humanidade.
Consultora da Survival Internacional
Fonte: Outras Palavras
Tradução por Simone Paz

EDITAL – MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado lança edital de licitação para a contratação da organização social que fará a gestão do Museu da Língua Portuguesa. As instituições qualificadas como Organização Social de Cultura que possuírem interesse devem manifestar suas propostas até o dia 29 de janeiro.

Escolha pela internet revela destinos preferidos no Brasil

Fernando de Noronha foi escolhido como melhor Destino de Praia. Bruno Lima/MTUR
Bonito (MS), Gramado (RS), Fernando de Noronha (PE), Rio de Janeiro (RJ) e Santa Catarina foram alguns dos destinos escolhidos pelos internautas no prêmio O Melhor de Viagem e TurismoEssa é a 18ª edição do prêmio que tem como objetivo prestigiar a indústria do turismo com a homenagem a 24 categorias distintas. De acordo com a organização do concurso, foram 2.621 votos de todas as regiões do Brasil, coletados entre 1 de outubro e 9 de dezembro de 2019.
O público também escolheu os melhores parques do país. O vencedor como melhor parque temático foi Beto Carrero World (Penha/SC), e como melhor parque aquático do Brasil, o Beach Park (Aquiraz/CE) foi o eleito. Além do reconhecimento por meio da premiação, o levantamento mostrou também que 67% do público faz uso de buscadores e comparadores de preços antes de comprar uma passagem, pacote ou reservar uma hospedagem. O número de quem fecha negócio pela internet é um pouco menor, 49%.
Bonito, eleito Melhor Destino de Ecoturismo, é um dos principais destinos de aventura e ecoturismo do país. Suas paisagens naturais, com rios próprios para mergulhos, grutas e cavernas oferecem condições para atividades de lazer aquático, passeios em trilhas, banhos em cachoeiras e modalidades de turismo de aventura. Em 2012, 242 mil turistas estiveram no município visitando as atrações.
Gramado (Melhor Destino de Inverno) possui infraestrutura turística que oferece excelência de seus hotéis, pousadas, restaurantes e cafés, além de mais de 50 espaços de entretenimento e lazer como parques e museus. Além das belezas naturais, a cidade organiza anualmente o Natal Luz, marcada por espetáculos musicais e teatrais, desfiles, paradas e concertos que transformam o município em um “grande sonho de Natal”. Milhões de turistas visitam o evento todos os anos.
Com uma população de cerca de 3 mil habitantes, Fernando de Noronha (Melhor Destino de Praia) foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco). Noronha é constituído de duas unidades de conservação federais (UCs): o Parque Nacional Marinho, mantido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); e a Área de Proteção Ambiental, administrada pelo Governo de Pernambuco.
O Rio de Janeiro (Melhor Cidade) é uma metrópole mundialmente conhecida por sua excepcional interação entre cultura e natureza e destino desejado pelos turistas do Brasil e do mundo. A intensa vida cultural e o centro histórico exuberante se unem à paisagem natural com muitos atrativos urbanos. São ícones do roteiro turístico carioca: a Floresta da Tijuca (considerada a maior mata urbana do mundo), as praias de Copacabana, Ipanema e Leblon, além do mundialmente famoso Pão de Açúcar com o vai-e-vem do seu Bondinho e o Corcovado com a estátua gigante do Cristo Redentor.
Santa Catarina (Melhor Estado) conta com 12 regiões turísticas no atual Mapa do Turismo Brasileiro. São elas: Caminho dos Canyons, Caminho dos Príncipes, Caminhos das Fronteiras, Caminhos do Alto Vale, Costa Verde & Mar, Encantos do Sul, Grande Florianópolis, Grande Oeste, Serra Catarinense, Vale das Águas, Vale do Contestado e Vale Europeu.
Alguns dos ganhadores do O Melhor de Viagem e Turismo:
Estado
Santa Cataria
Cidade
Rio de janeiro
Destino de praia
Fernando de Noronha
Destino de inverno
Gramado
Destino de ecoturismo
Bonito
Parque Temático no Brasil
Beto Carrero World (Penha/SC)
Parque Aquático do Brasil
Beack Park (Aquiraz/CE)
Edição: Lívia Nascimento

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

“Tiquira”: a bebida ancestral brasileira que está ganhando espaço nas prateleiras

Das aldeias indígenas aos maiores eventos internacionais
A empresária carioca Margot Stinglwagner foi passar uma temporada em uma pequena cidade do interior do Maranhão quando a iguaria lhe foi servida; durante uma roda de Bumba Meu Boi, uma rodada da bebida foi oferecida aos presentes pelo dono do bar em que ela se encontrava. Após o evento, ela achou a bebida tão boa que procurou saber de suas origens, e começou uma pesquisa de campo. Qual não foi sua surpresa quando ela descobriu que a tiquira foi primeiramente criada e produzida por índios brasileiros; a produção era totalmente artesanal e encontrada apenas em algumas cidades da região. Margot, filha de executivos no setor de bebidas, achou que esta seria uma boa oportunidade de fazer com que a bebida seja reconhecida e falou ainda sobre as diferenças entre a famosa cachaça e a tiquira: “Me dei conta de que tinha algo original ali. A tiquira é que era a aguardente 100% brasileira, não a cachaça. Porque a cana de açúcar veio de fora, com os portugueses”.
Sendo assim, a empresária começou a estudar o processo de fabricação da iguaria e chegou também a montar uma pequena fábrica na cidade de Santo Amaro, no Maranhão. Deste modo, ela começou uma pequena mas promissora produção em escala do produto, apoiando-se num processo de revalorização da bebida. O primeiro rótulo da bebida foi a Timbotida, e em seguida, outra marca, a Guaaja, de Margot. Hoje em dia, não é mais preciso ir até o Maranhão degustar a aguardente, pois ela já é encontrada no Rio de Janeiro e em São Paulo, além de também ser comercializada na internet.
Em setembro de 2018, a Guaaja começou a competir em eventos internacionais: a aguardente recebeu medalhas em duas das maiores competições de destilados do planeta, uma em Hong Kong e outra em Bruxelas, conquistando 4 medalhas de ouro e 1 de prata, respectivamente. Além dos prêmios pela qualidade, a marca ganhou também o prêmio de melhor destilaria. Outra conquista do rótulo, foi o ouro na competição brasileira de aguardentes.
O teor alcóolico da bebida varia de acordo com a produção. Nas fábricas, a média é de 38%; porém, as produzidas artesanalmente não seguem uma regra quanto a isso. Algumas chegam até os 60%. “A tiquira é um negócio meio doido, ela nunca dá igual aqui no alambique. E a gente mede aqui é no olho. É goela abaixo. Depende quantos copos o sujeito tomar antes de cair, a gente sabe quanto deu”, afirma um dos produtores locais, em tom de brincadeira.
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