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domingo, 8 de março de 2020

Conheça Clara Zetkin, a feminista antifascista que impulsionou o Dia Internacional da Mulher

Clara Zetkin
Diferente de outras datas comemorativas criadas pelo comércio, o Dia Internacional da Mulher foi criado por uma socialista alemã fervorosa: Clara Zetkin, autora do livro Como nasce e morre o fascismo, que a editora Autonomia Literária tem a honra de trazer ao Brasil este ano.
No inicio do século 20, o incipiente movimento feminista começa a se organizar no interior das fábricas na Europa e nos EUA visando deflagrar uma campanha dentro do movimento socialista para reivindicar melhores condições de trabalho — que eram ainda piores que a dos homens proletarizados, chegando a ter jornadas de 16h por dia, seis dias por semana. 
Enquanto crescia o movimento no interior das fábricas, a marxista Clara Zektin propôs, em agosto de 1910, na Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, a criação de uma jornada de manifestações anualmente, a fim de paralisar as fábricas para chamar a atenção da sociedade às demandas feministas. A conferência, realizada em Copenhague, Dinamarca, reuniu mais de 100 mulheres de 17 países que pertenciam a sindicatos, partidos socialistas, associações de trabalhadoras e as 3 primeiras mulheres eleitas no parlamento da Finlândia. A proposta de Zetkin foi aprovada e assim se celebrou pela primeira vez na Áustria, Dinamarca, Suíça e Alemanha o Dia Internacional da Mulher.

Quem foi Clara Zetkin?

Socialista, marxista e feminista, Clara Zetkin nasceu em Königshain-Wiederau, Alemanha, em 5 de julho de 1857. Estudou direito e começou a ter contato com movimentos operários alemães em 1874. Quatro anos depois, inicia sua militância no Partido dos Trabalhadores Socialistas (SAP), que se converte no Partido Social-democráta Alemão (SPD) em 1890. Zetkin torna-se uma das principais referência dentro da organização.
Em 1882, Zetkin se exila na Suíça e França por causa da proibição do governo Bismack em manter os movimentos comunistas na legalidade. Em Paris, é uma das criadoras da Internacional Socialista e começa a editar livros na clandestinidade. Sua principal luta foi pelo sufrágio feminino, revindicado por uma ótica marxista de classe, e a denuncia certeira sobre os perigos que a ascensão do fascismo traria à humanidade.
Principais passagens em vida foram:
  • 1891: Com sua amiga íntima de Rosa Luxemburgo, assassinada em Berlin em 1919, editou entre 1891 e 1917 o jornal “Die Gleichheit” (A Igualdade), uma revista bimensal para mulheres operárias.
  • 1907: Naquele ano, 10.500 mulheres formavam parte do SPD e criaram a primeira Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em Stuttgart, Alemanha, onde fundaram a Internacional Socialista das Mulheres, cuja Zetkin se tornou a Secretária Internacional.
  • 1916: Durante a Primeira Guerra Mundial, foi abertamente antibelicista e presa diversas vezes por ser contrária a guerra. Essa posição a leva romper com o SPD e no mesmo ano se torna uma das fundadoras do Partido Socialdemocrata Independente Alemão (USPD).
  • 1919: Participa da Revolução Alemã e se une ao Partido Comunista Alemão (KPD).
  • 1920: Entrevista Lenin e publica seu famoso artigo “Lenin sobre a questão feminina”. Zetkin se torna esse ano deputada do KPD no Congresso da República de Weimar.
  • Entre 1921 e 1933 ocupa diferentes postos dentro da esquerda alemã, tanto nos órgãos do partido como no Comitê Internacional Socialista.
  • 1933: Diante da chegada dos nazistas ao poder se exila na União Soviética.
Clara Zetkin morre aos 76 anos em Moscou, capital russa, em 20 de junho de 1933. Em sua vida pessoal, teve filhos com o revolucionários russo Ossip Zetkin, que faleceu em 1889. Posteriormente, se casou com o pintor alemão Georg Friedrich Zundel, 18 anos mais jovem que ela, até o divorcio que aconteceu em 1927.

10 características do fascismo

Em 1923, ao observar a conjuntura internacional e a ascensão do fascista Benito Mussolini na Itália, Clara Zetkin elabora uma das primeiras — e mais profundas — análises sobre o fascismo:
1 – O surgimento do fascismo está intrinsecamente atado à crise do capitalismo e ao declínio de suas instituições. Esta crise é caracterizada por uma escalada de ataques à classe trabalhadora, enquanto as camadas sociais intermediárias são espremidas e rebaixadas ao proletariado:
“As raízes do fascismo estão, de fato, na dissolução da economia capitalista e do Estado burguês… A guerra destruiu a economia capitalista a partir de suas bases. Isso é evidente não apenas pelo empobrecimento assustador do proletariado, como também pela proletarização de amplas massas pequeno e médio burguesas”.
2 – A ascensão do fascismo é baseada na incapacidade do proletariado resolver a crise social capitalista pela tomada do poder para reorganização da sociedade. Esta incapacidade da liderança da classe trabalhadora gera desmoralização entre os trabalhadores e das forças sociais que vislumbravam o proletariado e o socialismo como uma solução para a crise.
Essas forças sociais, indica Zetkin, acreditavam que “o socialismo pudesse acarretar uma transformação completa. Essas expectativas foram dolorosamente destroçadas… Perderam sua fé não apenas nos líderes reformistas, como no próprio socialismo”.
3 – O fascismo possui um caráter de massas, com apelo especial às camadas pequeno-burguesas ameaçadas pelo declínio da ordem capitalista.
O declínio capitalista resulta na “proletarização de amplas massas pequeno e médio burguesas, na situação de calamidade entre os pequenos camponeses e na aflição melancólica da ‘intelligentsia’. (…) O que pesa acima de tudo sobre eles é a falta de segurança para sua subsistência básica”.
4 – Para conquistar o apoio dessas camadas, o fascismo faz uso de demagogia anticapitalista:
“As massas aos milhares se juntaram ao fascismo. Ele se transformou em um asilo para todos os desabrigados políticos, os socialmente desenraizados, os destituídos e desiludidos… A pequena-burguesia e as forças sociais intermediárias inicialmente vacilam entre os poderosos campos históricos do proletariado e da burguesia. São levadas a simpatizar com o proletariado por conta das dificuldades em suas vidas e, em parte, pelos desejos nobres e ideais elevados em seus espíritos, na medida em que este aja de forma revolucionária e apresente perspectivas de vitória. Sob a pressão das massas e de suas necessidades, e influenciados por essa situação, até mesmo os líderes fascistas são forçados a, minimamente, flertar com o proletariado revolucionário, ainda que não possuam por ele qualquer simpatia”.
5 – A ideologia fascista eleva a nação e o Estado acima de todos os interesses e contradições de classes:
“O que as massas não esperavam mais da classe proletária revolucionária e do socialismo, agora esperam que seja atingido pelos elementos mais capazes, fortes, determinados e impetuosos de todas as classes sociais. Todas essas forças deveriam unir-se em uma comunidade. E essa comunidade, para os fascistas, é a nação… O instrumento para atingir os ideais fascistas é, para eles, o Estado. Um Estado forte e autoritário que será sua própria criação e ferramenta obediente. Este Estado estará suspenso acima de todas as diferenças de classe e partido”.
6 – A ideologia do nacionalismo chauvinista é utilizada pelos líderes fascistas como cobertura para incitar o militarismo e a guerra imperialista:
“As forças armadas da Itália fascista eram apenas para defender a pátria. Esta era a promessa. Mas o aumento do exército e a aquisição de armamentos estão dirigidos a grandes aventuras imperialistas… Centenas de milhões de liras foram aprovadas para a indústria pesada construir as mais modernas maquinas e impiedosos instrumentos de morte”.
7 – Uma característica fundamental do fascismo é o uso da violência organizada levada à frente por tropas de choque contrárias à classe trabalhadora, com o fim de esmagar toda atividade proletária independente.
Na Itália, as forças de Mussolini ocuparam-se do “terror direto, sanguinário”, indica Zetkin. Partindo de áreas do interior, os fascistas “atacaram os trabalhadores rurais, de quem as organizações foram devastadas e incineradas, enquanto seus líderes eram assassinados”. Mais tarde “o terror fascista estendeu-se ao proletariado das grandes cidades”.
8 – A ideologia do racismo e o bode expiatório racista é central na mensagem do fascismo. Mesmo que esse aspecto ainda não estivesse inteiramente nítido em 1923, Zetkin lembra como na Alemanha “o programa fascista é esgotado pela frase: ‘porrada nos judeus’.”
9 – A certa altura, setores importantes da classe capitalista passaram a apoiar e financiar o movimento fascista, encarando isso como uma maneira de conter a ameaça da revolução proletária: 
“A burguesia não pode mais confiar nos meios de força regulares de seu Estado para garantir sua dominação de classe. Para tal, ela precisa de um instrumento de força extralegal e paramilitar. Isto lhe foi oferecido pelo aglomerado heterogêneo que constitui a turba fascista. Os capitalistas patrocinam abertamente o terrorismo fascista, apoiando-o com dinheiro e de outras maneiras”.
10 – Uma vez no poder o fascismo tende a se burocratizar e distanciar dos apelos demagógicos de antes, levando a um ressurgimento das contradições e conflitos de classes:
“Existe uma contradição flagrante entre o que o fascismo prometeu e aquilo que entregou às massas. Toda conversa sobre como o Estado fascista colocará o interesse da nação acima de tudo, uma vez exposta aos ventos da realidade, estoura como uma bolha de sabão. A ‘nação’ revelou ser a burguesia; o ideal fascista de Estado revelou-se como o vulgar e inescrupuloso Estado burguês… As contradições de classe são mais poderosas do que todas as ideologias que negam a sua existência”.
***
A análise completa sobre a natureza do fascismo e como é possível derrotá-lo, estará livro Como nasce e morre o fascismo.
Fonte: Revista Fórum

8 de março Dia da Mulher

No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Objetivo da Data
Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
Conquistas das Mulheres Brasileiras
Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.
Marcos das Conquistas das Mulheres na História
1788 – o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres.
1840 – Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos.
1859 – surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.
1862 – durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia.
1865 – na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.
1866 – No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas
1869 – é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres
1870 – Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina.
1874 – criada no Japão a primeira escola normal para moças
1878 – criada na Rússia uma Universidade Feminina
1901 – o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres
Fonte: Portal BRASIL CULTURA