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terça-feira, 30 de junho de 2020

UNIDADE NA LUTA - Entidades e movimentos sociais lançam campanha em defesa da democracia e da vida

2020 06 29 lancamento brasil democracia vida
Lançada nesta segunda-feira (29), a campanha #BrasilpelaDemocracia #BrasilpelaVida reune mais de 70 organizaçãoes entre entidades nacionais, centrais sindicais, movimentos sociais, articulações pró-democracia e organizações não-governamentais. A CNTE apoia a mobilização e convoca todos a participarem dessa luta.


A ação é uma resposta à situação enfrentada pelo país, que exige a união de todos em defesa da democracia, ameaçada pelo ataque permanente e inconcebível às instituições, à imprensa, ao Estado Democrático de Direito e aos direitos dos cidadãos e cidadãs consagrados na Constituição Federal.

As entidades se unem também em defesa da vida. A inépcia e a descoordenação do governo federal enfraquecem a capacidade da sociedade brasileira de enfrentar a pandemia. A crise de saúde pública que vivemos é ainda agravada pela incapacidade de respostas consistentes e urgentes diante da insustentável realidade de pobreza, desigualdades e iniquidades, assim como pela recusa frequente de levar em consideração as orientações científicas, médicas e de profissionais e organizações de saúde.

A primeira atividade, logo após o lançamento, será a Virada da Democracia, nos dias 4 e 5 de julho – um evento coletivo com dezenas de atividades propostas pelas organizações envolvidas, entre palestras, ações culturais e manifestações virtuais.
A programação será disponibilizada em breve - acesse o site da campanha para obter mais informações e atualizações: https://www.brasilpelademocracia.org.br/

Veja o vídeo de lançamento da mobilização




Fonte: CNTE

FINANCIAMENTO - Entenda como o Fundeb ampliou o acesso à educação e o que está em jogo no Congresso

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Em vigor desde 2007, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) é uma das poucas políticas públicas que seguiram em frente em meio às mudanças de governo ao longo dos anos, algo raro em um país como o Brasil, onde a inconstância ainda dita o ritmo desse tipo de ação estatal.

A relevância da política pode ser medida em números: somente no ano passado, por exemplo, o Fundeb canalizou um montante de cerca de R$ 165 bilhões para estados e municípios. Formado por um conjunto de outros 27 fundos, ele engloba os 26 estados e o Distrito Federal, financiando 40% da educação básica da rede pública no país. Isso inclui desde creches até o ensino médio, abarcando ainda a Educação de Jovens e Adultos (EJA) – somente o ensino superior não entra na conta.

O coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, sublinha que a criação do Fundeb foi a primeira vez, na história do país, em que surgiu uma política de financiamento para toda a educação básica. Ele realça que um dos pontos de relevância da medida está no acolhimento de modalidades específicas, como a educação voltada a pessoas com deficiência, indígenas, quilombolas e ainda a educação do campo.
“E o Fundeb teve a capacidade de obrigar o governo federal a investir substancialmente na educação básica, coisa que não acontecia antes. O governo fazia o mínimo possível. Ele dava ordens, mas não colaborava e, com o Fundeb, passou a colaborar. Ainda é pouco, mas já foi um primeiro passo”, acrescenta o coordenador, destacando os atuais 10% de participação da União no fundo.

A legislação vigente determina que pelo menos 60% dos recursos totais do Fundeb devem ser destinados anualmente à remuneração do magistério, o que inclui os professores que estão em sala de aula e os profissionais que exercem funções de suporte, como diretores, coordenadores, supervisores pedagogos, etc.

Os outros 40% devem ser aplicados em ações de manutenção e desenvolvimento da educação. O rol de possibilidades abrange desde despesas com equipamentos e instalações até o aperfeiçoamento dos profissionais, passando ainda pela compra de material didático, transporte e merenda escolar, entre outros serviços considerados essenciais à rede de ensino.

O universitário Caio Sad, 20, estudou durante uma década em uma escola pública do município de Cabo Frio (RJ). Ele conta que acompanhou de perto as melhorias que a unidade foi apresentando com o tempo ao longo da implementação da política, com maior aquisição de livros, investimento em quadra de esportes, realização de eventos, entre outras iniciativas. “Eu me lembro da escola e imagino que a maior parte daquela estrutura não existiria se não fosse o financiamento do Fundeb”, diz.

Em geral, os entes federados apontam que a política é essencial sobretudo para os municípios, que, em sua maioria, não obtêm uma arrecadação no nível necessário à manutenção da folha de pagamento e da estrutura do setor de educação.

“Eu diria que o Fundeb tem uma importância extraordinária fundamentalmente como garantidor de um padrão mínimo de receitas, pra que eles possam seguir elevando os indicadores educacionais e de aprendizagem”, ressalta o governador da Bahia, Rui Costa (PT), presidente do Consórcio do Nordeste.

O grupo está entre os que hoje fazem coro pela continuidade da política, que foi criada com data prevista para acabar e por isso só tem garantia de vida até 31 de dezembro deste ano. O tema está em debate na Câmara dos Deputados, que discute atualmente a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 15/15, relatada pela deputada Dorinha Rezende (DEM-TO). O texto prevê a conversão do fundo em uma política pública perene e com ampliação dos recursos. A PEC deve ser votada nas próximas duas semanas, segundo o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Caso a medida não seja aprovada este ano, uma parte das escolas públicas pode chegar a fechar as portas. Para Rui Costa, o cenário seria algo “desastroso”. É o que destaca também a secretária de Educação de Araraquara (SP), Clélia Mara Santos, município para o qual o fundo destina R$ 90 milhões anuais.

“O Fundeb é fundamental. Parece redundante dizer isso, mas não é. Ninguém tem de pronto, por exemplo, no nosso caso aqui, mais de R$ 90 milhões que nos sustentem”, afirma a gestora, destacando que a rede precisa de ampliação dos recursos porque já sofre dificuldade para cumprir as disposições do Plano Nacional de Educação (PNE) diante do orçamento atual.

“Se retirar o fundo da forma como a gente concebe hoje essa fonte de financiamento, a educação pública brasileira para”, exclama.
Em busca da equidade.

Especialistas apontam que um dos grandes predicados do fundo tem sido a redução das assimetrias regionais naquilo que se refere aos investimentos na rede de educação, historicamente marcada por um abismo entre os entes de menor e os de maior capacidade orçamentária. Operacionalmente, o Fundeb canaliza os recursos de acordo com a necessidade de cada estado ou município.

“Como educação é um direito social e humano pra todo mundo, não se pode condenar um município que tem pouca arrecadação a não garantir a educação daquela população. Isso é um dever do Estado brasileiro como um todo, então, o estado e a União contribuem também com essa formação e com esse acesso à educação naquele município que não tem condições financeiras de garantir esse direito com uma infraestrutura adequada, com a valorização dos profissionais”, explica Heleno Araújo, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Por conta dessa lógica, a política foi capaz de ampliar em 413% o investimento mais baixo por aluno encontrado na rede pública do país. Cálculos feitos por especialistas da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados em 2017 mostram que o Fundeb reduziu em 71% a desigualdade entre as redes. Com isso, vem contribuindo para equalizar as oportunidades e ajudando o país a buscar um padrão mínimo de qualidade no ensino.

“Ele promoveu mais acesso, garantiu mais matrículas. Está aquém do que a gente precisa e quer, mas avançou, por isso defendemos como política importante a ser mantida”, afirma Araújo.
Remuneração.

A CNTE salienta que o Fundeb tem sido o oxigênio da política de remuneração do magistério. Segundo a confederação, antes dele, alguns profissionais chegavam a ganhar um salário de R$ 80 por mês.

Concursada desde 2003, a professora Marilândia Alecrim dos Santos Vieira, da rede municipal de Campo Formoso (BA), conta que não sente saudades do período em que a educação pública ainda não podia contar com o fundo. Em um resgate de memória, ela narra que, em seus primeiros anos de atuação, muitos dos docentes viviam com um terço do salário mínimo.
“Os salários eram tão baixos que o pessoal daqui do interior não tinha nem possibilidade de ir na sede pra sacar os salários. Juntavam três ou quatro pra custear a passagem de um, que ia sacar os salários dos demais”.

Com o financiamento da política, outro cenário foi se moldando com o tempo. Hoje, Marilândia conta com um salário que é 400% maior que o da época. Diante desse panorama, ela afirma que teve diferentes vantagens, entre elas uma maior disposição para se preparar para enfrentar a sala de aula.

“[o novo salário] possibilitou que a gente saísse do aluguel e comprasse uma casa própria. Hoje tem a motivação de investir no conhecimento, no estudo, de se qualificar melhor. Já é possível também, mesmo que seja numa universidade particular, fazer uma especialização. O Fundeb faz muito a diferença”, ressalta, ao enumerar os ganhos.

A professora Liliane Cristina Borges, que leciona na rede pública de Mato Grosso desde 1991, lembra que o fundo serviu de motor para a instituição do piso nacional do magistério, atualmente no valor de R$ 2.886,24. Além de elevar o patamar do pagamento dos professores, a medida deixou a categoria menos vulnerável às prioridades definidas por cada gestor para os investimentos a serem feitos na área. A professora observa que, com mais verbas destinadas ao setor, toda a cadeia de servidores que atuam na educação foi beneficiada.

“Antes do Fundeb, cada município e estado decidia o que pagava ou não para os seus servidores. Depois do fundo, que também vem instituindo igualdade de direitos pra todos os servidores que trabalham no chão da escola, passou a ser reajustado o salário segundo o piso nacional”.

Avanço multilateral

Atuante na defesa da política, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, frisa que, com todos os avanços apresentados, a política tem o poder de estender os ganhos a uma rede que vai além dos muros das escolas:
“Quando você melhora a escola, a educação e a formação daquele local, você vai melhorando também todo o IDH, a estrutura daquela cidade, com melhores profissionais, professores, jovens com educação mais de qualidade. Vira um efeito cascata que é bom pra todo mundo”.

(Brasil de Fato, Cristiane Sampaio/Edição: Ítalo Piva, 29/06/2020).

Fonte: CNTE

Uninove demite 300: desrespeito com os professores, descaso com os alunos

Entidades estudantis reivindicam e apoiam projetos de lei para reduzir a evasão e manter empregos
Esta semana a Universidade Nove de Julho, Uninove, despediu pelo menos 300 professores da rede de colaboradores via um pop-up na tela da plataforma de ensino a distância pela qual as aulas tem sido dadas durante a quarentena.
O Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro) está pedindo anulação das demissões no Tribunal Regional do Trabalho.
A UNE recebeu inúmeras denúncias. “Achei um descaso absurdo”, afirmou a estudante de Arquitetura Jade Lopes de Oliveira.
“Foram seis ou sete professores meus demitidos. Muitos deles são maravilhosos, vou sentir falta”.
Aos alunos a universidades não emitiu nenhum comunicado e muitos tiveram como atividade no lugar das aulas uma palestra motivacional com o Padre Fábio de Mello.
Os estudantes organizaram um abaixo-assinado que já tem quase 30 mil assinaturas. Jade conta que a instituição não ofereceu nenhum tipo de desconto desde o início da pandemia, quando as aulas presenciais passaram a ser no modo EAD e que muitos colegas desistiram do curso por não poderem pagar, outros cansados com a displicência e incerteza que enfrentam na Uninove transferiam para outras instituições. “Mas para quem é bolsista como eu, não temos muito o que fazer”, ressalta.
Ela descreve o atendimento na Uninove como péssimo. “É sempre um estresse falar com a secretaria, é difícil falar com a coordenação e a reitoria então”.
Pandemia atingiu a todos
A Uninove divulgou que teve que se a ”adaptar à nova situação e fomos ao limite para manter nosso quadro funcional e todas nossas obrigações contratuais em dia”.
Para o Sinpro-SP, a pandemia está sendo usada pela Uninove para acelerar o processo de reestruturação iniciada há alguns anos e baseada na redução da folha de pagamentos e maximização dos lucros.
Para o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) outras medidas poderiam ser tomadas, levando em consideração a queda de faturamento. E dá como exemplo a MP 936 que foi relador, na Câmara dos Deputados que possibilita a suspensão temporária de contratos de trabalho ou redução de jornada com redução de salários. “Precisamos cuidar da saúde em primeiro lugar. Ao lado disso, preservar os empregos e a renda dos trabalhadores, garantir a estabilidade dos setores econômicos devem ser prioridade dos governos e também dos empresários, particularmente os grandes. Ninguém vai sair bem da crise pensando só no seu ganho imediato, pois a reativação da economia dependerá de um conjunto de fatores, entre eles a manutenção dos empregos”, destacou.
Segundo pesquisa realizada pela consultoria Atmã Educar, as matrículas para o segundo semestre de 2020 devem cair em cerca de 70% em meio a pandemia do Corona Vírus, totalizando uma queda de 17% de novos alunos previstos. Além disso, a taxa de estudantes endividados junto às IEs privadas no país, segundo a SEMESP aumentou de 15,3%, para 26,6% durante os meses da pandemia (março-junho) se comparado ao mesmo período do ano passado, o que aumentou a taxa de evasão do ensino superior de 20% para 30%.
As entidades estudantis prevendo o efeito que a pandemia causaria sobre o estudantes propuseram logo no início da quarentena uma campanha para redução das mensalidades.
“As universidades não tem o mesmo custo com infraestrutura oferecendo aulas em EAD que são bem mais baratas, então precisam reduzir as mensalidades até mesmo para os estudantes poderem pagar. Outra coisa que pautamos foi um auxilio emergencial para os estudantes tanto de públicas como de privadas conseguirem se manter e não ter que deixar de estudar por estarem passando necessidades”, explicou a diretora de Comunicação da UNE, Camila Ribeiro.
O presidente da UEE-SP, Caio Yuji lembra também que a entidade tem apoiado o projeto PEFies do senador Weverton (PDT-MA) em trâmite no Senado.
“É um auxílio emergencial que precisa ser aprovado, um projeto de expansão do Fies, para que os estudantes possam pagar suas mensalidades, para que as universidades não quebrem e com contrapartida para que elas não demitam os professores, numa linha de defesa e proteção dos trabalhadores”, destaca.
PLs para assegurar o futuro
Orlando Silva também é autor do projeto PL 3419/2020 assegura aos alunos inadimplentes, o direito à renovação da matrícula, por dois anos após cessar os efeitos do Estado de Calamidade Pública. E junto com os deputados Túlio Gadêlha (PDT-PE) e Marcelo Ramos (PL-AM) o PL 2423/2020 que proíbe a suspensão de contratos de estágios durante o mesmo período.
O parlamentar defende que se a pandemia e a crise econômica descambarem para uma desestruturação do ensino superior no Brasil, os reflexos não serão só para este ano ou os próximos anos, mas poderão durar décadas, e afetar gerações.
“Não se constroem universidades e nem se formam ou capacitam médicos, engenheiros, cientistas, físicos, professores, profissionais de qualidade das diversas áreas, da noite para o dia. É um trabalho que leva tempo. Cada estudante que tiver que trancar ou deixar a universidade, no mínimo, vai demorar mais para se formar e entrar no mercado. Isso se conseguir retomar, porque pode simplesmente ser um futuro brilhante desperdiçado”, diz Silva.
E completa: “A pandemia, cedo ou tarde, vai passar. Infelizmente, em virtude da sabotagem do governo Bolsonaro, vai demorar mais e custar mais vidas – e a vida não tem preço. Mas, ainda assim, vai passar. E nós precisamos ter um país depois da crise”.
Fonte: UNE

As classes social no BRASIL, com JESSÉ de Souza e Maria do ROSÁRIO



Fonte: https://blogdeumsem-mdia.blogspot.com e Revista Fórum

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Reitor da UEPB tenta impor ensino remoto na instituição e ataca seção sindical dos docentes da Universidade

O reitor da Universidade do Estado da Paraíba (UEPB) encaminhou uma minuta de resolução para estabelecer normas para atividades não presenciais durante a pandemia, num processo de consulta pública virtual. O documento torna obrigatório, tanto para docentes quanto para estudantes, o ensino remoto. 
A minuta foi elaborada após uma pesquisa virtual com estudantes, cujos resultados são questionados pela Associação dos Docentes da UEPB – Aduepb Seção Sindical do ANDES-SN. O texto está sendo analisado pelos Conselhos Superiores da UEPB.
“A universidade quer continuar o semestre como se nada estivesse acontecendo. Como se a vida continuasse normalmente nessa pandemia, como se tivesse uma transposição automática do ensino presencial para o ensino remoto. É um assunto muito delicado para toda a comunidade acadêmica que precisa de muito debate”, denuncia Mauriene Freitas, presidente da Aduepb SSind.
Por se posicionar contrária ao ensino remoto excludente, a seção sindical foi alvo de ataque por parte do reitor da universidade. Em participação no programa Jornal do Meio-Dia, na rádio Campina FM, Antônio Guedes Rangel Júnior criticou a seção sindical e acusou de boicotar a pesquisa sobre condições de acesso à internet e a adesão às aulas remotas.
Uma avaliação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese, realizada a pedido da direção da Adueb SSind, mostrou várias contradições entre o discurso adotado pela Reitoria e os resultados da pesquisa realizada pela instituição.
A pesquisa mostrou que 51,92%, de aproximadamente 16 mil alunos que a universidade possuía em 2019, sequer responderam o questionário. Esse percentual, acrescido dos 10,98% que não possuem computador geraram uma maioria de 62,9% no segmento que não opinaram ou estão sem condições de acompanhar o ensino remoto. Apenas 37,1% disseram possuir computadores, mesmo que de forma compartilhada. 
Entre os professores, os percentuais foram semelhantes, com 68,28% não respondendo ao questionário, não possuindo condições de trabalho em casa ou possuindo parcialmente. Apenas 31,72% conseguiriam cumprir suas obrigações num regime de trabalho remoto. Mas o resultado não arrefeceu o ânimo da reitoria em implantar o ensino virtual.
“A Aduepb SSind., assim como o ANDES-SN, é contra as aulas remotas porque, nas condições atuais, não existe condição de aulas para todo mundo. Para se ter aula remota, todos têm que ter acesso. Para ilustrar isso, a universidade lançou um questionário online sobre as condições de docentes e discentes que teve seu resultado amplamente criticado pela Aduepb. O resultado foi que 50% dos alunos não responderam. Isso nos aponta as dificuldades que nossos alunos têm para acessar”, conta Mauriene, que considerou muito infelizes as acusações do reitor.
A diretora da Seção Sindical afirma que de acordo com a minuta apresentada pela reitoria, todos os professores serão obrigados a aderir ao ensino remoto e os alunos também. Para os estudantes, existe a possibilidade de trancamento da matrícula o que, na leitura da Aduepb SSind., é um reforço da exclusão social. 
“Cerca de 50% dos alunos da UEPB são advindos de cotas sociais (escola pública) e nos parece que será essa parcela mais prejudicada. A proposta da universidade é de reforço de privilégio para aquele que tem as condições materiais para fazer aula remota. Outro fator é que a UEPB tem oito campi. Apenas dois são localizados em grandes cidades e os outros seis são fora do eixo comercial e atende muitos alunos da zona rural, que tem pouco ou nenhum acesso à conexão de qualidade”, explica.
Ela acrescenta que o grande temor é que, ao se aprovar a obrigatoriedade da aula, a universidade privilegie quem tem as condições materiais, físicas e emocionais para o ensino remoto e acabe deixando para trás os estudantes em vulnerabilidade social, que necessitam de uma universidade inclusiva, que não têm equipamentos e nem boas condições físicas e emocionais para o aprendizado virtual.
Na perspectiva do professor, Mauriene aponta que também há vários problemas. Segundo a docente, a universidade editou uma instrução normativa que era facultativa, à qual os professores não aderiram. Para ela, isso demonstra dificuldades também por parte do corpo docente em executar aulas remotas.
“Agora a reitoria vem com a minuta, de cima pra baixo, e não dialoga com os diversos professores. Dentro da universidade, temos cursos de diversas áreas, como humanas, saúde, exatas, cada um com suas especificidades. É preciso escutar esses profissionais para saber o que pode servir ou não”, disse.

A presidente da Aduepb SSind. alerta, ainda, que muitos docentes não possuem boa conexão de internet e não têm intimidade com os equipamentos necessários para gravação e ou transmissão das aulas. Além disso, as mulheres, em especial, estão sobrecarregadas com o cuidado com a casa, filhos, o que também dificulta o engajamento e dedicação para as aulas.
Ela lembra, no entanto, que desde o começo da pandemia, a comunidade acadêmica está constantemente se reunindo para pensar alternativas, realizando atividades de pesquisa e orientação, e que já foram apresentadas propostas para que a universidade oferte aos estudantes, e a toda a sociedade, educação pública, gratuita e de qualidade através de seminários, palestras, congressos e outras atividades virtuais, sem comprometer os alunos que estão atualmente matriculados nos cursos.

“São muitos problemas na proposta que a Universidade apresentou. Fizemos uma série de indagações que ainda não foram respondidas. A Aduepb SSind. preza por uma educação pública, gratuita e de qualidade. A reflexão sobre isso demanda tempo. Essa é a primeira vez de fato, do ponto de vista regimental, que a universidade chama os conselhos para debater. Para além da operacionalização, se tivermos aula temos que garantir que todos participarão. O que foi apresentado [pela reitoria] tem problemas e não garante a inclusão de todos”, afirma.

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Fonte: ANDES

SEGURANÇA - Rodízio de alunos, kit higiene e fusão de ano letivo: como pode ser a volta às aulas

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As crianças estão em casa há meses e os pais se perguntam: quando -- e como -- as escolas vão reabrir? Esta semana, o governo de São Paulo anunciou uma data: 8 de setembro. E outros estados também já criaram protocolos de volta às aulas presenciais. Como garantir a segurança de alunos, professores e dos demais funcionários? E o que será do ano letivo?

Até o fim desta semana, três estados apresentaram protocolos de reabertura. O Distrito Federal e um estado concluíram e ainda vão apresentar. Em quatro, estão sendo finalizados. E na maioria dos estados a fase ainda é de elaboração.

Esta semana, Carlos Alberto Decotelli da silva assumiu o Ministério da Educação. Segundo o Ministério, uma resolução pra reabertura deverá ser publicada no início do mês que vem. A resolução está sendo elaborada pelo MEC e pelo Conselho Nacional de Educação, que formula e avalia a política educacional brasileira.

(Fantástico, 28/06/2020).

Fonte: CNTE

Chico Buarque processa bolsonaristas para desmontar fábrica de fake news

Chico Buarque e Bibo Nunes
Chico Buarque e Bibo Nunes (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado | Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

O cantor Chico Buarque recorreu ao Judiciário contra o deputado bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RJ) que afirmou ter o artista recebido incentivos por meio da Lei Rouanet, durante o governo Lula. Nunes é o quinto bolsonarista processado pelo mesmo motivo
247 - O cantor Chico Buarque foi ao Judiciário com um processo contra o deputado bolsonarista Bibo Nunes (PSL-RJ) após o parlamentar dizer que o artista recebeu dinheiro público durante o governo do ex-presidente Lula. O compositor não é contra a Lei Rouanet, mas nunca usou incentivo em seus projetos. Nunes é o quinto bolsonarista processado pelo mesmo motivo.

"Chico não quer ganhar dinheiro. Ele quer contribuir com o fim da indústria das notícias falsas", afirmou o advogado do artista, João Tancredo. O relato foi publicado na coluna de Ancelmo Gois.
A cultura representa menos de 2 % do total abatido pelo governo em incentivos fiscais. 
Vale ressaltar que o Supremo Tribunal Federal investiga ao menos oito deputados bolsonaristas (seis federais e dois estaduais) no inquérito sobre a produção e divulgação de fake news. 
O deputado do PSL-RS não é investigado, porém as investigações da Corte têm como um dos principais alvos o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Bolsonarismo está na mira da Justiça.
Fonte: Brasil 247

domingo, 28 de junho de 2020

A SAUDADE E A LUTA POLÍTICA

“Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar” – Gostava Tanto de Você (música).

Por Mariah Morgado, Estudante de Ciências Sociais na UERJ.
Saudade. Eu aposto que você já sentiu! E aí, tô certa? Sim, eu sei, é uma pergunta retórica. Mas é bom se sentir parte da leitura, não é? E é justamente por isso que eu quero te convidar para embarcar em uma (breve) reflexão sobre esse sentimento que tanto nos preenche, e desencadeia em nós benefícios (e malefícios, a depender da situação). E não, esse não é um artigo científico, não vou despender tempo abordando neurociência para tentar dissertar sobre Saudade. O objetivo é refletir de maneira conjunta uma nova possibilidade de transformação de um sentimento tão potente como esse, em combustível de luta! Será que rola?
Primeiro vamos entender o significado dessa palavra, que usamos com bastante frequência. Segundo o dicionário, saudade é: – substantivo feminino, “Sentimento nostálgico causado pela ausência de algo, de alguém, de um lugar ou pela vontade de reviver experiências, situações ou momentos já passados”. Um pouco extenso, mas é o que contempla o imaginário social. Saudade é sempre nostalgia? Seu conceito está intimamente ligado com a falta de algo ou alguém – o que não significa que em todos os casos nós necessitamos do que nos causa esse sentimento. Seja associada à distância ou ao findar dela, manifesta-se o sentimento quando queremos reviver o que já vivenciamos outrora. Por trás dessa “falta”, comumente se misturam sensações de alegria, tristeza ou de perda (em casos de perda de um ente querido, por exemplo). Sua epistemologia gera controvérsias. Alguns pesquisadores, como Castro (1985), acreditam que sua origem venha do árabe “saudah” que tem como significado um padecimento empático, melancolia, depressão e dor no coração. Porém outros afirmam que a palavra saudade venha do latim “solidad” ou “solitate” que tem sentido de solidão (VASCONCELLOS, 1914). Percebe-se, contudo, que a origem desta palavra embarca diversos sentidos e múltiplas dimensões desse sentimento.
Sentimos saudade de pessoas, amores, comida, músicas, lugares… E como qualquer outro sentimento, a saudade pode ser algo benéfico ou não, dependendo do nível da sua intensidade. O apego excessivo ao passado pode gerar marcas em nossa vida, se consolidando no corpo com insônia, vício, angústia, tristeza, solidão… É necessário cuidar. Mas há beleza e toque romântico no “sentir saudade”, viu?! Percebemos a fluidez no caminhar da saudade na história, por exemplo. Das literaturas renascentistas às prosas e cantigas trovadorescas portuguesas. Da sua presença em poesias e canções cortesãs ao lirismo galego-português e provençais, sempre com seu demasiado ar romântico, principalmente no século XIX. Uma palavra presente, de modo frequente e relacional, no (riquíssimo e privilegiado) vocabulário português. É quase que impossível navegar em redes sociais, ou ler um livro moderno ou clássico, sem encontramos estórias saudosas, seja por versos, contos ou imagens, que no auge da intensificação de uma evocação da saudade, destaca de maneira suave, bela e até de certa forma poética, o desejo de realização de um encontro futuro. Isso demonstra que a saudade já integra nossos desejos mais profundos, nossa memória, nossas relações de afeto e respeito no âmbito social, e nós projetamos esse sentimento em nossa fala porque, no fundo, a saudade nos carrega a um encontro pessoal, numa experiência de figurar, internamente e quase que imperceptivelmente, nós mesmos em nós. É gostoso viajar na saudade, não é?

Uma pesquisa da Universidade de Southampton (https://doi.org/10.1037/emo0000136) mostrou que a saudade funciona como uma resposta imunológica psicológica, pois é um sentimento que surge quando passamos por dificuldades e funciona como um mecanismo de defesa. Por isso, ela pode ser importante para dar uma sensação de auto continuidade, ajudando a criar uma narrativa de sentido para a vida e uma conexão com o passado para compreender melhor o presente. Uái! Se a saudade também se manifesta nas adversidades, gera sensação de auto continuidade e seu sentido atribui a nós benefícios para a saúde, por que não reverberar isso para a nossa coletividade, dada a atual conjuntura política? A produção de narrativas para novos sentidos das nossas vidas é uma consequência positiva da manifestação da saudade em um momento de dificuldade, e, se nossa leitura conjuntural é de que enfrentamos um momento tenso, não só por estarmos lidando com uma pandemia generalizada, mas também por lidar com um governo de extrema-direita que encarna em si todas as ameaças às conquistas do movimento estudantil nos últimos anos, a saudade emerge como combustível para nossa luta política em frente ampla.

Em “A Saudade: Entre a Natureza Fenomênica e o Ontologismo Cultural”, Matheus Montenegro atribui à saudade a seguinte classificação: “Longe de tê-la apenas como um sentimento interno, subjetivo, da experiência vivida, a saudade é, antes de mais, um signo sociocultural e ideológico que perpassa no homem e o influencia a modos de ser e estar no mundo”. Essa é uma chave estratégica para entendermos a absoluta importância desse sentimento nas nossas disputas políticas! Montenegro coloca a saudade como um motor de influência para nós sermos quem nós somos (ou seja, identificação) e estarmos (ou seja, pertencimento) no mundo. E isso é valioso! Cotidianamente presenciamos, por parte do governo – desastroso – vigente, ataques à democracia, à liberdade de expressão, à pluralidade, culto à ignorância, ao negacionismo e a indiferença… E se não houver nada que nos (re)conecte com aquilo que nomeie, resinifique ou dê um novo sentido a nossa luta, o verbo (lutar) não passará de um complemento das orações subordinadas, além de apenas uma atividade, com sentido, mas exaustiva e repleta de questionamentos da essência da luta. Deste modo, existindo uma necessidade de conexão com aquilo que nos una em uma frente ampla (ou melhor, amplíssima), que jogue no intuito de dialogar com diferentes setores para expandir os 70%, e que objetive vencer Bolsonaro e toda a sua turma, a saudade pode assumir, portanto, um papel ativo e revolucionário na construção de uma base sólida de apoio à nossa tática política nesse “jogo” que, nesta presente rodada, atuamos enquanto oposição. Mas saudade do que?
Saudade do que a gente não viveu ainda! Invocarei, aqui, essa frase tão cheia de filosofia e romantismo, protagonizada por um filósofo moderno (que eu não vou citar o nome para suscitar curiosidade em vocês), e que se tornou um dos maiores memes ocupados nas redes sociais nesse último período. Sem retomar a ocasião de sua aplicação, mas apenas caracterizando-a como objeto de análise dessa nossa reflexão conjunta, quero me desdobrar, com delicadeza e paciência, sobre a profundidade que essa frase carrega em si. Geralmente, e eu imagino que era essa abordagem que você aguardava que eu fizesse no decorrer da nossa leitura, a gente analisa a saudade na política se atendo ao passado, ao que já foi fato histórico um dia. E é ótimo, é válido e faz total sentido. É por este resgate histórico, inclusive, que muitas pessoas se movimentam na luta e na construção política. Lembrar do movimento sufragista brasileiro é emocionante! Lembrar das incontáveis revoltas espalhadas pelo Brasil inteiro na luta pela abolição da escravidão é inspirador! Lembrar dos assassinatos, perseguições e torturas daquelas e daqueles que resistiram como oposição concreta à ditadura militar brasileira nos faz chorar, mas nos mobiliza. Olhar para a história do nosso país nos trás esse sentimento de impulso, força, determinação. Mas eu queria propor algo novo, e que tem relação direta e intrínseca com a frase que abriu esse parágrafo (daquele filósofo que contei para vocês).
Quero propor que possamos sentir saudade do que a gente não viveu ainda, enquanto Brasil! Que sintamos saudades de um país livre da opressão e desigualdade de gênero, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um Brasil livre do racismo cotidiano e institucionalizado, em que o povo negro não seja assassinado a cada 23 minutos, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um país em que pessoas trans tenham dignidade, não sejam marginalizadas, não sejam impedidas de ocupar o mercado de trabalho formal nem de acessar ao ensino superior, e que não tenham seus corpos hiperssexualizados pela pornografia consumida pelo (falso) cidadão de bem, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um Brasil em que os povos indígenas e quilombolas não tenham seus direitos a demarcação de terra ameaçados e que suas culturas sejam fielmente respeitadas, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um país em que as crianças não ocupem o cargo de trabalho infantil em massa e sejam livres para brincar e estudar, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um Brasil livre da miséria, da pobreza e da desigualdade econômica causada por esse capitalismo selvagem, que ainda não experimentamos. Que sintamos saudades de um Brasil emancipado, desenvolvido, soberano, socialista, e verdadeiramente brasileiro, com a cara do nosso povo, que é rico em cultura e plural na sua manifestação!
Que o sentimento de saudade em nós possa transitar para além do passado, que tenhamos essa liberdade de projetar saudade para o futuro, e de entender o quanto isso é precioso para alimentar o nosso combustível da luta política. Que nossa munição, para além dos livros, também seja a saudade de um Brasil que defendemos e todos os dias nos mobilizamos a construir. A saudade como instrumento de intensificação da nossa luta, como adjetivo complementar de sentido a nossas vidas, e principalmente: como ponte de união dos laços sociais que nos unem a um projeto de um Brasil brasileiro! O Brasil é nosso, somos nós. Que nos apropriemos desse sentimento de pertencimento a unidade, para que nossa luta se qualifique ainda mais na ação coletiva, e que levemos a saudade, esse sentimento revolucionário que nos é comum.
“A principal tarefa de uma existência é compreender a própria mente.” – Sigmund Freud.
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Fonte: UJS

Doações de sangue durante Semana do Orgulho LGBTQI+ marcam conquista no STF

Foto: The Daily Beast
Por Luciana G. Console
Até o início de maio de 2020, era proibido pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Ministério da Saúde que hemocentros realizassem coleta de sangue de homens que tivessem mantido relações sexuais com outros homens no período de 12 meses anteriores à doação. Ou seja, a restrição da doação de sangue se aplicaria diretamente à população LGBTQI+. No entanto, no dia 08 de maio desde ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a restrição, considerando a medida inconstitucional e discriminatória. Além de uma vitória da luta da população LGBTQI+, a decisão do STF chega em ótima hora: devido à pandemia da COVID-19, os hemocentros estão com baixa de estoque de sangue e toda solidariedade é bem vinda.
Para Bruna Benevides, secretária de articulação política da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), a restrição ter se perpetuado até os dias de hoje tem a ver com o círculo de violência simbólica que envolve a população LGBTQI+. “São preconceitos e discriminações enraizados na sociedade que acabam criando um processo ora de criminalização, ora de demonização, ora de patologização de nossas identidades e consequentemente das nossas existências e práticas sexuais. No caso da doação de sangue era aquela velha premissa dos grupos de risco e aí isso é um entendimento arcaico que precisa ser enfrentado”, aponta ela.
De acordo com o Ministério da Saúde, para um cidadão doar sangue no Brasil, é preciso ter entre entre 16 e 69 anos e pesar mais de 50 kg. Há alguns impedimentos temporários e definitivos, como uma gripe, por exemplo. Contudo, a condição “ter sido exposto a situações de risco acrescido para infecções sexualmente transmissíveis (aguardar 12 meses após a exposição)” era utilizada como impeditivo somente para homens gays, bissexuais e mulheres trans.
Para Bruna, incentivar a doação de sangue LGBTQI+ logo após a decisão do STF é muito importante para garantir a efetivação da conquista. É neste contexto que durante a Semana do Orgulho LGBTQI+, que vai de 22 à 28 de junho, a Comunidade LGBTQI+ se une em campanha para realizar o ato de solidariedade que foi negado à essa população durante anos: doar sangue e salvar vidas. “Também fizemos uma cartilha de passo a passo pra ensinar as pessoas a fazer a doação, visto que existem regras, mas como éramos proibidos de doar, não tínhamos acesso”, compartilha ela.
As atividades da Semana do Orgulho e Resistência LGBTQI+ este ano estão sendo realizadas de forma online devido à pandemia da COVID-19. Cerca de 30 entidades organizaram atrações culturais, debates, manifestações políticas. A Semana se encerra com o lançamento do Conselho Popular Nacional LGBTI+, que encampou a frente de incentivo e a campanha de doação de sangue,  no dia 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQI+.

Restrição de doação de sangue LGBTQI+ cai no STF

Em junho de 2016, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5543 foi responsável por colocar o tema da restrição em discussão, mas foi interrompida pelo ministro Gilmar Mendes em 2017. Em 2020, com a pandemia pelo novo coronavírus e o estado calamitoso dos hospitais em todo o Brasil, que contam com o estoque de sangue abaixo do adequado, o tema voltou à agenda do STF.
Segundo orientações do Ministério, uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas. Homens podem realizar até quatro doações de sangue por ano e as mulheres até três doações, desde que façam um intervalo de dois e três meses, respectivamente, entre elas.
“A comunidade LGBT, nos seus 20 anos de luta para que a gente fizesse a doação de sangue, nunca questionou as normas técnicas da Anvisa, pelo contrário. Nós questionamos a abordagem que era feita aos sujeitos LGBT, porque a restrição para a doação de sangue era uma pergunta que era feita na triagem do hemocentro”, diz Júlio César, do Coletivo LGBT do MST.
Foto: Divulgação MST
Durante anos, diversos especialistas de saúde se posicionaram a favor da queda da restrição, alegando que não há razões plausíveis que justificassem a prática, já que o risco de contaminação tem a ver com o comportamento e não com a orientação sexual. O próprio Ministério garante que não há como um sangue coletado contaminado chegar até pacientes. Após a doação, o sangue passa por testes imuno-hematológicos, como a tipagem sanguínea, e por testes sorológicos que identificam a presença de doenças como o HIV. Além disso, é realizado o Teste de Ácido Nucleico (NAT), importante para saber se o sangue coletado não estaria em janela imunológica, período em que o vírus pode estar presente no sangue sem ter se manifestado.

Vitória no STF não encerra a questão

De acordo com Bruna, a decisão do Supremo de tomar esse posicionamento é muito importante para a causa e para o país, pois significa a conquista da equidade perante à Constituição e da cidadania destes sujeitos LGBTQI+. Contudo, ela ressalta que ainda há muito o que ser enfrentado e explica:
“Muitas vezes fica parecendo que a gente tem a conquista e está tudo resolvido. A gente tem a conquista no campo do Legislativo, no Judiciário, mas às vezes, no campo social a gente não consegue avançar nesse entendimento.” 
Mesmo após a decisão do STF, muitos hemocentros continuaram com as normas anteriores, pois a Anvisa e o Ministério da Saúde declararam que iriam aguardar a publicação do acórdão no Diário Oficial antes de mudar a portaria sobre a doação de sangue. O descumprimento da decisão fez com que entidades ligadas à causa LGBTQI+ atuassem novamente.
“Veja a dificuldade que é no Brasil. A gente conquistou um direito, mas a efetivação do direito teve que ser através de outra ação para que fosse cumprida determinação anterior. Então é muito absurdo e mais uma vez demonstra a LGBTfobia institucional que não quer permitir o avanço das nossas pautas”, reforça Bruna.

Fonte: Mídia Ninja

Receita de Feijoada Completa

A culinária brasileira tem na  feijoada um dos pratos típicos mais conhecidos e populares. Feito basicamente por feijão preto, diversas partes do porco, linguiça, farinha e o acompanhamento de verduras e legumes, ela é comumente apontada como uma criação culinária dos africanos escravizados que vieram para o Brasil. Mas seria mesmo essa a história da feijoada?
Historiadores e especialistas da culinária indicam que esse tipo de prato – que mistura vários tipos de carnes, legumes e verduras – é milenar. Remonta possivelmente da área mediterrânica à época do Império Romano, segundo Câmara Cascudo. Pratos similares na cozinha latina seriam o cozido, em Portugal; o cassoulet, na França; a paella, à base de arroz, na Espanha; e a casouela e o bollito misto, na Itália.
Mas a feijoada tem as especificidades da culinária brasileira. O feijão preto é originário da América do Sul e era chamado pelos guaranis de comandacomaná oucumaná. A farinha de mandioca também tem origem americana, sendo adotada como componente básico da alimentação pelos africanos e europeus que vieram para o Brasil. Roças de feijão e mandioca eram plantadas em diversos locais, inclusive nos espaços domésticos, em torno das residências, principalmente das classes populares.
Segundo Carlos Alberto Dória, a origem da feijoada estaria no “feijão gordo”, o ensopado da leguminosa acrescido de toucinho e carne seca. A feijoada seria esse “feijão gordo” enriquecido ao extremo, com linguiças, legumes, verduras e carnes de porco.
A inclusão do último ingrediente acima indicado levou Câmara Cascudo a questionar se a feijoada seria invenção dos africanos escravizados: sendo boa parte dos africanos seguidora do islamismo, como poderiam ter incluído a carne de porco no prato, já que a religião interdita seu consumo?
O famoso folclorista brasileiro indica que a feijoada como a conhecemos, composta de feijão, carnes, hortaliças e legumes, seria uma combinação criada apenas no século XIX em restaurantes frequentados pela elite escravocrata do Brasil. Sua difusão teria se dado em hotéis e pensões, principalmente a partir do Rio de Janeiro.
Porém, a propagação da ideia da feijoada como prato nacional seria consequência das ações dos modernistas para construir uma identidade nacional brasileira, segundo Carlos Alberto Dória. A feijoada seria um dos signos da brasilidade, caracterizada pelo tema da antropofagia, da deglutição cultural que permeou a formação da nação brasileira.
Mário de Andrade apresentou essa perspectiva em seu conhecido livro “Macunaíma”, de 1924, durante um festim na casa do fazendeiro Venceslau Pietro Pietra, no qual participou o anti-herói. De acordo com Dória, a cena seria uma alegoria da cozinha nacional e das diversas etnias que entraram em contato no Brasil.
Vinicius de Moraes também versou sobre a feijoada, em seu poema “Feijoada à Minha Moda”, retratando ao final a cena de difícil digestão do prato: Que prazer mais um corpo pede/ Após comido um tal feijão?/ — Evidentemente uma rede/ E um gato para passar a mão…
Por Tales Pinto
Mestre em História

feijoada bc
Ingredientes
  • Feijoada
  • 250 g de costela de porco salgada
  • 200 g de rabo de porco salgado
  • 200 g de pé de porco salgado
  • 200 g de orelha de porco salgada
  • 250 g de lombo de porco salgado
  • 350 g de carne-seca
  • 200 g de carne fresca de peito bovino
  • 250 g de língua defumada
  • 200 g de linguiça calabresa
  • 200 g de paio
  • 1 1/4 xícara de feijão preto
  • 1 maço de coentro
  • 1 maço de cebolinha
  • 5 folhas de louro
  • 1/4 xícara de cachaça
  • 1 laranja com casca cortada em 4 partes
  • 400 g de banha de porco
  • 200 g de toucinho fresco cortado em cubinhos
  • 4 dentes de alho picados
  • 1 cebola média picada
  • Couve
  • 1/4 xícara de azeite
  • 4 dentes de alho picados
  • 2 xícaras de couve picada
  • Sal a gosto
  • Farofa
  • 1/2 xícara de azeite
  • 1 cebola picada
  • 3 dentes de alho
  • 2 xícaras de farinha de mandioca crua
  • Sal a gosto
Modo de preparo
Na véspera, coloque as carnes salgadas de molho (as primeiras 6 da lista). Deixe na geladeira e troque a água umas 3 ou 4 vezes.

  1. No dia seguinte, escorra as carnes e coloque num caldeirão junto com a carne fresca, as linguiças, o paio e o feijão. Amarre o coentro e a cebolinha juntos e junte ao caldeirão, assim como o louro, a cachaça e a laranja. Cubra com água e ponha para cozinhar.
  2. Como as carnes têm pontos diferentes, espete um garfo e retire primeiro as macias. Corte em pedaços e reserve. Faça a mesma coisa com todas as carnes.
  3. Quando o feijão estiver cozido, retire duas escumadeiras dele e amasse com um garfo. Leve uma parte de volta ao caldeirão, para engrossar o caldo e misture. Reserve a outra parte.
  4. Em uma frigideira, esquente a banha e torre o toucinho. Tire-o da frigideira e, na mesa gordura, frite o alho e a cebola.
  5. Quando o alho e a cebola dourar, junte a outra parte do feijão amassado. Misture bem e despeje no caldeirão de feijão.
  6. Para fazer a couve, esquente o azeite em uma frigideira e frite o alho. Refogue ligeiramente a couve e acerte o sal.
  7. Faça a farofa na mesma frigideira do toucinho. Aqueça o azeite e refogue o alho e a cebola. Vá colocando a farinha aos poucos. Verifique o sal.
Fonte: Portal BRASIL CULTURA