Hoje, como muitos
já sabem, encontrei-me com o homem que, quer queiram ou não, será citado em
todos os livros da história do Brasil. Muitos já o estão acusando de
aproveitador sem sequer saber da missa a metade.
Tudo aconteceu por conta dessa fama que conquistei
nas redes. Não sei como justificá-la, pois não sou nada demais. Apenas há anos
falo sobre o que me dá na telha.
Seja lá o que for, aconteceu. Hoje, vejam vocês, me
param nas ruas para tirarem selfie. Acho mega esquisito tudo isso… mas, mais do
que isso, muito mais do que isso… ando sendo convidada para palestras em todo o
Brasil e para entrar para política. Para quem não sabe, faço parte de
um.coletivo político onde debatemos vários temas para tentar compreender essa
loucura chamada Brasil e essa galera animada em fazer e acontecer tem insistido
na minha candidatura. Vejam vocês o que é a vida…
Uma coisa é fazer textão em blog pessoal e postar
no Facebook. Outra, completamente diferente, é atuar em algum cargo político.
Há meses já venho conversando com muita gente, ouvindo opinião de quem é do
meio, colhendo conselhos de quem não tem nada a ver com política, escutando
meus pais… enfim, ando ponderando tudo, podem ter certeza.
Não sei se é do conhecimento de vocês, mas devido a
um texto que escrevi relatando um processo de censura que sofri por conta
do.mercado editorial, Lula me ligou apenas, na ocasião, para me parabenizar
pela minha coragem. Disse, fofamente, para eu continuar assim. Foi lindo e
emocionante demais. Imagina. Eu. Toca o telefone. Lula…
Depois daquela conversa, tudo começou a mudar em
minha vida em um sentido diferente. Políticos entraram em contato querendo
conversar comigo e comecei a receber de onde menos sonhava orientações sobre as
possibilidades de meu futuro.
Há duas semanas, já perdida com tanta informação,
tive a ideia de tentar ir direto ao papa. Se for para me aconselhar com alguém,
que seja por aquele que mais ganhou meus votos de confiança nessa vida: Lula.
Entrei em contato com sua assessora que havia
chegado até mim e pedido meu telefone por causa daquele texto já supracitado
que tocou o coração do meu presidente.
– Gabi, olha, vou parecer ridícula, mas estou
vivendo um dilema em minha vida…
E contei-lhe tudo.
– Será que Lula me receberia para uma conversa?
Tenho certeza de que ele pode dar uma luz sobre o que fazer com meu futuro.
Estou tensa… mas sei que há muitos problemas mais urgentes, sei que o tempo
dele é curto… mas vai que né?
Gabi pediu um tempo que ia perguntar a Lula se ele
me receberia.
– Elika, ele disse que te recebe com prazer.
Morri.
Ok. Respira.
Marcamos uma data e cá estou eu em São Paulo de
frente para o Instituto Lula escrevendo esse texto…
Pulando todas as etapas e sem aprofundar na loucura
que foi eu trazer meus três filhos e Lucimar, minha empregada, junto, hoje, fui
recebida por ele.
Ao ver toda a minha comitiva que lotou a sua sala,
Lula bateu o olho em Lucimar e desatou a perguntar de onde ela tinha vindo
(Maranhão), como era lá, como ela está aqui, se está feliz… esse tipo de coisa.
Enfim, depois que Lucimar estava íntima dele, Lula se virou para me dar atenção
e se prontificou a me ouvir.
Comecei assim:
– Presidente, primeira coisa gostaria de agradecer
esse tempo que você me disponibilizou. Sou uma figura que se tornou conhecida
nas redes sociais e quando disse que viria te ver, recebi mensagens do Brasil
inteiro e recados para te dar. Mas trarei o principal antes de entrar no motivo
pelo qual estou aqui. Você precisa se cuidar, estamos preocupados com sua
saúde. Tem se cuidado, presidente? Está se alimentando direito?
A seguir, entrei na minha vida propriamente dita e
falei um punhado de coisas terminando com a possibilidade de eu me candidatar e
me filiar ao PT ou continuar seguindo em frente com a minha vida de professora
somente.
Hora de ouvi-lo:
– Elika, primeiro. Uma “vida de professora” já é
algo extremamente grandioso. Você é uma figura adorável. Não é sem motivo que
muitos te amam. Eu, companheira, te digo que a sua filiação pode te trazer
muita dor de cabeça. As pessoas vão passar a te odiar como muitos me odeiam.
Lidar com o ódio é algo que você não merece. Eu adoraria ter você com a gente,
mas penso muito nas pessoas antes de mim. E olhando para você não tem como não
te alertar sobre o quanto você pode perder por se filiar ao PT que está
sofrendo ataques de todos os lados.
A Ana Júlia, – continuou Lula – aquela menina
linda, esteve aqui e eu disse que antes de ela pensar em filiação deveria
pensar no Enem, ler mais sobre tudo, viver outras coisas.
– Lula, eu não sou mais adolescente… e já li muito…
– interrompi o presidente.
– Eu sei, companheira. Mas no seu caso, eu fico
olhando para o que você faz e fico pensando em você. Uma candidatura pode te
trazer muita dor de cabeça que hoje você não tem. Uma coisa é as pessoas
dizerem que te amam. Outra é elas votarem em você. E, se você entrar para o PT,
muitos dos que te seguem vão parar de te seguir. Estou pensando em seu futuro,
Elika. É claro que bom para mim seria ter você aqui com a gente. Mas e você?
Você perguntou da minha saúde. E a sua?
– Lula, veja bem. Eu já sou xingada por muitos.
Lidar com o ódio para mim não é problema. As pessoas me xingam, mas eu não me
ofendo. Tenho pena de quem faz isso e sinto vontade de conversar com quem não
consegue dar amor porque sei que lhe falta. A gente dá o que recebe.
Eu não aguento mais ver a educação pública ser
sucateada. – continuei – Devo meu doutorado a você. O CEFET permitiu que eu reduzisse
a minha carga para estudar. Investiu em minha formação.
Nesse momento, Lula me entrevistou. Quis saber como
andava o CEFET.
– Nossos laboratórios estão super atualizados. Hoje
há cotistas formados e já trabalhando. Tenho dado palestras em todo o Brasil.
Em cada Instituto Federal que visito é uma surpresa pelas instalações e pela
qualidade do corpo docente. Isso tudo foi pelo seu governo. Agora, estamos com
a corda no pescoço. Não temos mais verbas para nada. Sou, além de professora,
coordenadora de física e faço parte do conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.
As reuniões de orçamento das quais participo estão desesperadoras.
A Reforma do Ensino Médio está vindo a galope. –
segui falando angustiada – A escola pública está sofrendo o maior golpe nunca
dantes já visto na história do Brasil. Eu não aguento mais ver isso calada e,
se houver algo que eu possa efetivamente fazer, eu quero fazer.
Acredito na bandeira do PT,Lula. – continuei -. Não
tem partido que mais fez pelo Brasil e pelo povo que esse. Sei que houve erros
crassos cometidos. Mas sei que a imagem do PT foi enlameada injustamente por
essa corja que tomou o poder e que está acabando com a educação pública. O
discurso de ódio aos petistas não se justifica a não ser por uma lavagem
cerebral cometida pela grande mídia incentivado por uma elite que quer que o
povo se exploda.
Eu sou essa fofura mesmo que você está vendo. –
falei sem modéstia – E sei que precisamos renovar a política. Acredito que
posso mostrar o quão injusto é esse discurso de ódio. E o que me tem feito mal
é ver as escolas sendo sucateadas por essa quadrilha.
Acha mesmo que é melhor eu ficar longe, presidente?
– perguntei com um nó na garganta.
– Elika, querida, você não é fácil. Não ouve os
mais velhos… sempre foi assim?
Balancei a cabeça positivamente.
– Está triste mesmo tudo isso. Não é difícil fazer
esse país dar certo. Basta dar o poder aos pobres, companheira. E é aí que
muitos não aceitam. As pessoas me perguntam se pretendo voltar e se quero
voltar. Vou te dizer, Elika. Eu queria muito voltar, não sei se vão me deixar.
Queria só para mostrar que não é difícil fazer as coisas acontecerem. Me acusam
de assistencialista. Mas eu acho que só há uma saída mesmo: dar poder para a
classe mais sofrida. E por isso eu pretendo continuar lutando.
Pois a minha vontade, querida, – disse Lula olhando
no branco dos meus olhos – é fazer um evento solene com sua chegada. É pedir
para que me tragam o documento agora para você ser nossa. Qualquer político
sonharia com seu apoio. Queria fazer uma festa com bumbo, surdo, samba para te
receber. Mas, tenho medo. Tem certeza que está preparada para uma filiação e
entrar para a política de alguma forma?
– Lula, estou aqui pronta. O que falta para você me
estender a sua mão, presidente?
Ele a pegou, puxou, e me deu um forte abraço e boas
vindas.
Depois de todos os trâmites explicados e marcada
uma nova data para um novo encontro onde ele disse que faz questão de estar
presente quando eu me filiar no Rio de Janeiro ao Partido dos Trabalhadores
para colocar, efetivamente, de um jeito ou de outro, a mão na massa para tentar
reverter esse massacre que estão fazendo com as nossas escolas públicas, aí
sim, depois de tudo isso, vieram a sessão de fotos para registrar esse grande
encontro e a entrega de livros que lhe levei de presente e uma belíssima tela
pintada pelo artista Sergio Ricciuto.
Foi isso que aconteceu resumidamente. Em breve,
oficialmente, serei uma petista. Estou bem certa desse passo. Para quem tem
ódio ao PT, sinto muito, que vocês não consigam entender que entre o branco e o
preto há infinitas graduações de cinza. O mundo, fiquem sabendo, não é
dicotômico como mostram as novelas. Não existe somente o bem e o mal. E há,
podem acreditar, os que tentam com toda a força melhorar o nosso país para os mais
necessitados. Mas esses, não são super heróis. São seres humanos comuns plenos
de toda a complexidade que qualquer universo possui.
Para finalizar, Yuki estava preocupado que havia
perdido aula hoje para vir até São Paulo. Quando Lula foi brincar com ele um
pouco ele disse:
– Estava angustiado porque perdi aula e prova hoje.
Mas tive a maior aula de história da minha vida! Obrigado.
Fofo meu filho…
Enfim, estou mega feliz por esse encontro e por ter
conseguido apresentar meus filhos ao homem que tirou o Brasil do mapa da fome e
deu a oportunidade para muitos brasileiros – que nem sonhavam que isso seria
possível – de estudar. Seguirei agora, ao seu lado e com seu apoio, lutando
pela educação de qualidade para todos.
Animada com tudo o que tenho que viver pela frente.
POSTADO POR ANÔNIMO