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sábado, 28 de novembro de 2020

“Sem feminismo não há agroecologia”. Entrevista com Sarah Luiza Moreira, da Articulação Nacional de Agroecologia

 Foto: arquivo pessoal

Pesquisa apresenta importantes políticas públicas para enfrentamento à violência contra as mulheres na região Nordeste.

 POR EDUARDO SÁ

Pesquisa promovida pela Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) em todos os estados do país destaca a importância da construção de políticas públicas direcionadas à realidade das mulheres rurais. A campanha Agroecologia nas Eleições recebeu sistematizações de consultoras(es) em mais de 500 municípios. As políticas municipais direcionadas ao enfrentamento à violência contra as mulheres tiveram destaque entre as iniciativas mapeadas, sobretudo nos estados do Nordeste. Essa foi também a região que teve maior adesão à carta de compromisso com a agenda agroecológica por parte de candidatas às prefeituras e câmaras municipais.

Para tratar este assunto conversamos com Sarah Luiza Moreira, cientista social, mestra em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural e integrante do Grupo de Trabalho (GT) Mulheres e do Núcleo Executivo da ANA. Na entrevista à Ninja, ela fala sobre a dificuldade das políticas públicas de atendimento às mulheres chegarem no meio rural, mas explica que, graças à mobilização delas, estão melhorando alguns mecanismos de prevenção e combate à violência sexista. Fala ainda da tradição histórico-cultural de mobilização feminista na região, explica que essa amostra da pesquisa reflete uma realidade estrutural de violência que está em todo o país e ressalta a importância da mobilização social para essa transformação urgente e necessária. 

Por que o tema da violência contra as mulheres apareceu tanto no Nordeste em uma pesquisa nacional de agroecologia? 

Ao olhar a realidade do campo, das florestas e das águas é muito importante compreender que políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres também são de fortalecimento da agroecologia. Como dizemos há um bom tempo: sem feminismo não há agroecologia. É necessário considerar as necessidades, problemas e desafios vivenciados por elas. Pensar em políticas municipais de proteção das sementes, de apoio a feiras e outros canais de comercialização, no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e na Política Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) é fundamental, mas também é preciso que sejam consideradas as dificuldades específicas impostas pelo patriarcado que dificultam que as mulheres tenham autonomia sobre suas vidas, seus trabalhos e seus corpos, limitando, por exemplo, decisões sobre a produção agrícola. O âmbito da comercialização, do dinheiro, da economia, ainda é considerado masculino e é um exercício da agroecologia não apenas incluí-las neste campo, mas questionar a ideia de que só há economia quando há a mediação pelo dinheiro. É importante dar visibilidade ao que as mulheres estão produzindo e potencializar essa geração de renda monetária e não monetária, a produção de alimentos para o autoconsumo, a conservação da sociobiodiversidade. Fortalecer o trabalho das mulheres também é se posicionar firmemente no enfrentamento a todas as formas de violência que as mulheres do campo, das águas, das florestas e das cidades vivenciam diariamente.

Esse levantamento da ANA sobre políticas públicas para a agroecologia, a agricultura familiar e a segurança e soberania alimentar é um importante exercício para refletir sobre de qual agroecologia estamos falando. Reforçar neste processo a ideia de que a agroecologia não implica em olhar só para a lógica produtiva de práticas de conservação do solo, de manejo e comercialização, mas sim em considerar uma perspectiva mais sistêmica, que olhe com atenção para os sujeitos do campo, para a vida das mulheres, das juventudes e das populações negras, quilombolas e indígenas. Essa agroecologia deve considerar, inclusive, a questão cultural e aspectos relacionados à saúde, porque esses temas integram a vida no campo e devem ser objeto de um olhar mais ampliado. Queremos mostrar que fazer agroecologia é sim construir políticas de produção e comercialização, como as feiras, o PAA, o Pnae, mas também políticas para a cultura, a arte, o meio ambiente, a educação, a juventude, as mulheres.

Fizemos essa reflexão com todos os estados, mas conseguimos identificar no Nordeste políticas públicas para as mulheres rurais e de enfrentamento à violência contra as mulheres, bem como ações de fortalecimento da sua organização produtiva, de suas práticas e atividades, por exemplo, nos quintais produtivos e na comercialização nas feiras. A questão da violência é recorrente na vida de todas, o nosso exercício é considerá-la um tema da agroecologia. O GT Mulheres da ANA tem levantado essa questão, inclusive no livro Mulheres e Agroecologia: sistematizações de mulheres agricultoras, onde a violência sexista é citada como parte do cotidiano delas, seja no âmbito do trabalho, na organização comunitária ou na política. No meio rural, as mulheres sentem dificuldades ainda mais intensas para a proteção das situações de violência devido ao distanciamento e à dificuldade de acesso a equipamentos de políticas públicas.

Durante os governos progressistas, foi construída uma série de políticas públicas nacionais e de ferramentas, como o Plano Nacional de Enfrentamento Contra a Violência Contra a Mulher, o debate sobre a importância das Redes de Enfrentamento e os espaços de participacão social, como o Fórum Nacional de Enfrentamento Contra a Violência Contra as Mulheres do Campo e das Florestas. Esse processo se deu tanto pela compreensão por parte do governo acerca da necessidade dessas ações, quanto pela organização e pressão dos movimentos de mulheres e feministas, como a Marcha das Margaridas, que traz o tema da violência de forma muito concreta desde sua primeira edição, em 2000. Isto tem fortalecido os debates nos municípios sobre a importância da existência de políticas públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal, que possam dar respostas e contribuir para a proteção das mulheres vítimas de violência.

Quais foram as maiores evidências trazidas pela pesquisa? Existem muitas leis, equipamentos, mecanismos de participação e outras iniciativas?

Percebemos que tem havido um exercício de institucionalização de instâncias de políticas públicas para mulheres dentro das prefeituras, o que significa a construção de secretarias específicas e coordenadorias. Acredito que existem bem mais experiências que as apontadas no levantamento, mas é fato que ainda é preciso ampliar as reflexões e debates sobre a importância de políticas específicas para as mulheres, especialmente às rurais. Essas políticas precisam ser pensadas em diálogo com outras, ou seja, de forma intersetorial com as de segurança pública, saúde, educação, cultura e arte, economia, como parte das ações de proteção às mulheres em situação de violência. É necessário pensar como elas serão recebidas no sistema público de saúde, por exemplo. O diálogo com secretarias da economia é necessário, porque é fundamental entender que para este enfrentamento é extremamente importante a geração de autonomia econômica para elas. Na Paraíba, por exemplo, a Secretaria de Políticas para Mulheres de Cajazeiras faz esta relação porque entende que essa não é uma questão só de polícia. Não adianta só prender quem está agredindo as mulheres, a questão é social, cultural, estrutural e precisa de respostas sistêmicas. É preciso fortalecer as práticas culturais das mulheres, envolver estruturas de saúde que as recebam e ajudem no processo de prevenção, que tem forte relação com o fortalecimento do processo organizativo delas. Quando nós da agroecologia ajudamos a organizar grupos nas comunidades também contribuímos neste enfrentamento e fortalecemos as relações de solidariedade e os processos de acolhimento.

A análise dos dados também mostra como é importante a organização da sociedade civil: onde tem movimentos de mulheres e feministas organizados, há uma pressão maior sobre o poder público para existirem instâncias institucionais de proteção às mulheres e de enfrentamento às diferentes formas de violência. Essa relação entre a sociedade e os poderes públicos pode ser um círculo virtuoso. A questão da institucionalização e das políticas integradas, que considerem o tema como sistêmico, que precisa de respostas de diferentes campos, é um diferencial. E tudo isso deve estar em diálogo com o processo organizativo delas, ajudando-as a gerar renda em suas dinâmicas produtivas, possibilitando-lhes mais autonomia e liberdade. A Patrulha Maria da Penha, por exemplo, a partir de uma política federal, chega ao campo com o intuito de ser uma polícia mais sensibilizada às realidades das mulheres rurais. Elas precisam se sentir mais acolhidas no âmbito institucional com mecanismos de proteção, mas isso só se efetiva quando há um processo organizativo que inclua espaços de troca e cuidado coletivo. Ainda é muito desafiador fazer a Lei Maria da Penha chegar de fato às comunidades, com todas as suas ferramentas, mas essas patrulhas mostram como isso pode se desenhar e ir se aprimorando.

Essa tradição histórico-cultural das mulheres em mobilizações como a Marcha das Margaridas tem relação com o aumento de políticas de enfrentamento à violência no Nordeste?

Não é à toa que tenham se destacado na pesquisa experiências de mecanismos para o enfrentamento à violência contra as mulheres no Nordeste. Isso pode ser reflexo de um histórico processo de organização política, onde essas questões vêm sendo pautadas para a sociedade, tirando o debate do âmbito privado, mostrando que a situação de violência não é uma responsabilidade ou culpa das próprias mulheres. As organizações sociais têm feito esse debate a partir do sindicalismo, da agroecologia, dos movimentos feministas, que são muito fortes no Nordeste. A própria Marcha das Margaridas tem a Margarida Alves, uma paraibana, como referência. Então essas políticas são um reflexo deste processo e precisam ser melhoradas a partir deste âmbito da organização social e política. É interessante pensar em estados onde isso não aparece tanto, para ver em que medida a falta de organização e de debate coletivo compromete a proposição de políticas públicas. E por isso é importante difundir a ideia de que esse enfrentamento é também uma política agroecológica.

É possível fazer um retrato da diversidade desses movimentos, como as quebradeiras de coco babaçu e tantas outras manifestações?

O Nordeste tem exemplos bem marcantes de organizações das mulheres, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) é uma grande referência de luta política e de resistência em defesa da sociobiodiversidade. O Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE) é outro processo de mobilização regional muito atuante. Esses movimentos são demonstrações de força das mulheres do Nordeste, assim como movimentos feministas como a Marcha Mundial das Mulheres, que fazem um forte diálogo envolvendo os temas do feminismo, da agroecologia e da soberania e segurança alimentar. Também é importante ressaltar a existência de serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) feministas, como os que realizam a da Casa da Mulher do Nordeste, em Pernambuco, e o Centro Feminista 8 de Março, no Rio Grande do Norte. Essas organizações têm um olhar diferenciado sobre como trabalhar com mulheres rurais e sobre as suas lógicas de organização e produção para a autonomia, a liberdade e a igualdade, considerando inclusive a preservação ambiental da Caatinga e a convivência com o semiárido. Essas organizações, junto a outras que trabalham com assistência técnica mista com a perspectiva de gênero  e/ou feminista, como o Esplar e o Cetra, no Ceará, a AS-PTA, na Paraíba, e o Sasop, na Bahia, formam a Rede Agroecologia e Feminsmo no Nordeste, que reflete e constrói estratégias de ação. Uma atualização da Campanha Pela Justa Divisão do Trabalho Doméstico tem pautado o tema da violência contra as mulheres através de diferentes materiais, como cards, vídeos, zap novelas, especialmente no contexto da pandemia, a partir do lema “Ficar em casa é questão de saúde, dividir tarefas e viver sem violência também”. São fortes e diferentes os processos organizativos que têm relação com a existência exemplar de políticas que dão respostas às violências contra as mulheres do campo, das águas e das florestas.

Quantas mulheres candidatas assinaram a carta da ANA de compromisso com a agroecologia e quantas destas foram eleitas nestas eleições?

Teve uma quantidade expressiva de mulheres, quase 500 candidatas a vereadoras e prefeitas, dentre o total de 1.238 candidatas(os) que assinaram a carta-compromisso. O Nordeste foi a região com maior incidência, chegando a 171 mulheres pleiteando um cargo legislativo ou no executivo. Ao todo, 70 foram eleitas, sendo que, destas, 26 são do Nordeste. Esse trabalho de levantamento das políticas públicas municipais foi um aprendizado grande, assim como a ação posterior de construção, apresentação e assinatura da carta pelas candidaturas no processo eleitoral. Conseguimos confirmar que as mulheres estão muito organizadas no debate da agroecologia, e que esse tem sido um campo muito forte, tanto para fazer com que agroecologia de fato se concretize na realidade do campo e das cidades, quanto para politizar o debate para além dessa reflexão meramente produtiva.

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Fonte: MÍDIA NINJA

Na ditadura, Taiguara citou mais-valia de forma lírica e metafórica

Música com referência ao famoso conceito marxista é exemplo do modo como o compositor driblava a censura

Mais valia eu ter-te amado
Que ter-te explorado tanto
Mais valia o meu passado a teu lado
Do que mais luxo e mais encanto

Fiz capital, te explorando
Fiz o mal, nos separando
E hoje aqui estou derrotado,
Um ladrão desalmado
Que acabou chorando

(Mais Valia, de Taiguara)

Taiguara (1945-1996) foi um dos artistas mais censurados pela ditadura militar brasileira (1964-1985). No entanto, ele se utilizava da criatividade para driblar as imposições do regime, como afirmou o pesquisador Omar Jubran no programa Olhar Brasileiro, da Rádio USP (93,7 MHz), transmitido no dia 22 passado, que apresentou a obra desse cantor e compositor nascido em Montevidéu, no Uruguai, e radicado no Brasil desde os 4 anos de idade.

Um exemplo dessa criatividade é a música Mais Valia, que de forma lírica e metafórica faz referência a um dos mais conhecidos conceitos elaborados pelo pensador alemão Karl Marx (1818-1883), criador do chamado socialismo científico – o conceito de mais-valia, que se refere à diferença entre o valor final de uma mercadoria e a soma do valor do trabalho e dos meios de produção necessários para a produção daquela mercadoria, que é a fonte do lucro.

Além de Mais Valia, outras composições de Taiguara foram apresentadas em Olhar Brasileiro, como Teu Sonho Não AcabouUniverso no Teu CorpoHojeViagemQue as Crianças Cantem Livres Voz do Leste.

Ouça nos links abaixo a íntegra do programa.

https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2020/11/OLHAR-BRASILEIRO_22-e-24_NOVEMBRO_Bloco_01.mp3\

https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2020/11/OLHAR-BRASILEIRO_22-e-24_NOVEMBRO_Bloco_02.mp3

https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/2020/11/OLHAR-BRASILEIRO_22-e-24_NOVEMBRO_Bloco_03.mp3

Por Portal BRASIL CULTURA

Alvo de embate político, lista de personalidades negras perderá 24 nomes

Uma lista no site da Fundação Cultural Palmares (FCP) dedicada a homenagear personalidades negras virou alvo de briga política após o atual presidente da organização, Sérgio Camargo, retirar nomes sob o pretexto de que as figuras excluídas não merecem o reconhecimento.

Entre os removidos estão figuras como a deputada federal Benedita da Silva (PT) e a ex-ministra Marina Silva (Rede Sustentabilidade). A partir de dezembro, um novo corte, arquitetado por Camargo, deve reduzi-la em mais de um quarto e retirar 24 nomes, como os de Gilberto Gil e Elza Soares. Em repúdio a isso, um grupo de parlamentares tenta derrubar a decisão.

Publicada em 2011 e ampliada desde então, a lista Personalidades Negras foi criada para cultivar a memória de lideranças que marcaram a história do Brasil e do mundo. Por isso, entre seus 92 nomes, há brasileiros como Machado de Assis e personagens estrangeiros, como os norte-americanos W.E.B. Du Bois (1868-1962), Martin Luther King (1929-1968) e Malcom X (1925-1965).

Um dos instrumentos da FCP, que institucionalmente tem o dever de promover e preservar a cultura afro-brasileira, a lista é um espaço para preservar histórias de pessoas que acreditaram na diversidade cultural e na igualdade social.

Segundo Eloi Ferreira de Araujo, ex-ministro da Igualdade Racial e presidente da Fundação Palmares entre 2011 e 2012, “dirigentes e um conselho curador se debruçaram ao longo dos anos na escolha desses nomes”. Nesse período, a lista tem sido reconhecida por movimentos sociais, artistas e personalidades negras influentes.

Regina Lucia dos Santos, geógrafa e coordenadora do MNU (Movimento Negro Unificado), confirma que o movimento acompanhava a inclusão de nomes na galeria de personalidades, antes mesmo de a lista ter “o devido reconhecimento midiático”.

Essa galeria é uma ferramenta para uma das nossas principais lutas na esfera antirracista, que é o apagamento histórico das nossas lutas.

Regina Lucia dos Santos, geógrafa e coordenadora do MNU em São Paulo

O orgulho deu lugar à apreensão com a chegada de Camargo, nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro em novembro de 2019. Devido a declarações controversas, como a negação da existência do racismo no país, ele já teve sua indicação contestada na Justiça, que o liberou para assumir o cargo. Chegou a dizer que o movimento negro é uma “escória maldita formada por vagabundos”.

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, ao lado do presidente Jair Bolsonaro

Nomes excluídos

Em sua conta no Twitter, Camargo já questionou nomes incluídos na lista antes de sua chegada à organização. “A Palmares homenageava Benedita e Marina; Pixinguinha, não! Mas os tempos mudaram. Não há mais espaço para a exaltação da mediocridade. Agora é preciso mérito e relevância”, escreveu na semana passada.

Pouco antes da declaração, o presidente da Fundação Palmares publicou a portaria nº 189, que estabelece novas diretrizes para a seleção das personalidades negras divulgadas no site da organização.

Entre as mudanças, o novo critério estipula que só figuras póstumas serão homenageadas. Isso exclui da galeria mais de 20 nomes de personalidades vivas, como Zezé Motta, Conceição Evaristo, Gilberto Gil e Elza Soares. A portaria também confere ao presidente da fundação poder de decidir sobre inclusões no caso de divergências sobre os nomes.

A deputada federal Benedita Silva, uma das parlamentares que encamparam o projeto de lei que oficializou a Fundação Cultural Palmares, conta que as personalidades foram escolhidas por um conselho qualificado da sociedade civil e do governo. Excluída da lista, ela põe em xeque a “moralização” da lista defendida pelo atual presidente.

O que faz ele pensar que ele pode julgar a moral da sociedade brasileira? Essa ideia de moral é ideológica. Eles dizem que a área ideológica está acabando com o Brasil, mas eles se pautam na ideologia classista e racista o tempo todo.

Benedita Silva, deputada federal (PT)

Um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) de autoria do deputado federal José Guimarães (PT-CE) prevê suspender a portaria nº 189. Uma proposta semelhante foi apresentada na semana passada pelo deputado Túlio Gadêlha (PDT-PE) e outros quatro parlamentares da Casa: Bira do Pindaré (PSB), Maria do Rosário (PT), Áurea Carolina (PSOL) e Perpétua Almeida (PCdoB). O PDL tramita na Câmara dos Deputados.

Procuramos  a Fundação Palmares, que não respondeu aos questionamentos. Ao jornal Metrópoles, a entidade afirmou que as mudanças são legais e estabelecem critérios para as homenagens. “A portaria busca legitimar e conferir parâmetros quanto à escolha das pessoas que compõem a lista de personalidades notáveis negras que são divulgadas no site da Fundação Palmares, visto que não havia um ato normativo sobre a matéria”, diz o texto.

Apagamento da história negra

Representante da nova geração do MNU, Simone Nascimento afirma que a nova estratégia em torno da lista de Personalidades Negras irá promover o apagamento dos nomes célebres.

Uma das estratégias da ideologia da extrema-direita é a ofensiva contra a memória do povo negro. O genocídio também é construído com o apagamento da memória histórica e cultural de um povo, portanto, apagar a história de um povo também é uma forma de racismo.

Simone Nascimento, organizadora do MNU de São Paulo

Apesar da iminente retirada dos nomes, Ferreira acredita que eles perdurarão, ao menos, na memória.

Por mais que ele queira, Benedita da Silva não será esquecida pelo povo negro por sua enorme contribuição na luta antirracista. O mesmo em relação a Zezé Motta, uma atriz premiada internacionalmente e um grande nome da militância. Não adianta apagar esses nomes porque eles estão no DNA da nossa causa.

Elói Ferreira, ex-presidente da Fundação Palmares

Veja os nomes que serão retirados da lista Personalidade Negras:

Ádria Santos, ex-atletista paralímpica

Alaíde Costa, cantora

Conceição Evaristo, escritora

Elza Soares, cantora

Emanoel de Araújo, artista plástico

Gilberto Gil, cantor

Givânia Maria da Silva, líder quilombola e articuladora política

Janeth Arcain, ex-jogadora de basquete

Joaquim Cruz, ex-atletista olímpico

Jurema da Silva, militante negra e indicada ao prêmio Nobel da Paz

Léa Garcia, atriz

Leci Brandão, cantora e política

Luislinda Valois, ex-juíza

Martinho da Vila, cantor

Milton Nascimento, cantor

Paulo Paim, político

Petronilha Beatriz Gonçalves da Silva, professora

Sandra de Sá, cantora

Servílio de Oliveira, ex-pugilista

Sueli Carneio, filósofa

Teresinha Guilhermina, ex-atletista paralímpica

Vanderlei Cordeiro de Lima, ex-atletista olímpico

Vovô do Ilê, fundador do Ilê Aiyê

Zezé Motta, atriz

Fonte: Beatriz Mazzei

Colaboração para o UOL, de São Paulo

C/ Portal BRASIL CULTURA

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

AGENTE DE CULTURA DE NOVA CRUZ/RN E PRESIDENTE DO CPC/RN, EDUARDO VASCONCELOS REUNIU-SE COM ARTISTAS SOBRE A LEI EMERGÊNCIAL DA CULTURA POTIGUAR!

 

Agente de Cultura, Eduardo Vasconcelos reuniu-se com os artistas novacruzenses inscritos na Lei Aldir Blanc

Hoje (25) a tarde o Agente de Cultura da Casa de Cultura "Lauro Arruda Câmara" - Nova Cruz e presidente do Centro Potiguar de Cultura - CPC/RN, Eduardo Vasconcelos reuniu-se com artistas cantores e representantes de Grupos de Capoeira e Dança, cujo assunto foi as suas habilitações na primeira fase da Lei Aldir Blanc, através da Fundação José Augusto.

A reunião aconteceu na Casa de Cultura seguindo as orientações da Secretaria Estadual de Saúde Pública do Estado, cujo objetivo era discutir os futuros passos a serem dados para os recentes inscritos permanecerem até a fase final, quando tudo dando certo terão direitos ao Auxilio Emergencial da Cultura, lançado pela Fundação José Augusto - FJA.

Após duas horas de reunião todos deram as mãos para continuarem na segunda fase, que ocorrerá em uma semana.  Todos estão torcendo para dá tudo certo, pois os mesmos precisam muito deste apoio do Estado em virtude das suas paralisações artistas com a chegada da Pandemia.

Tão logo saia a lista dos habilitados na segunda fase eles voltarão a se reunirem! Com a esperança dos demais chegarem na fase conclusiva e ai receberem o Auxílio Emergencial da Cultura Potiguar.

Vamos aguardar! Eles merecem! Pois essa ajuda chega em um bom momento.

Brevemente será marcada a segunda reunião tão logo a FJA divulguem a nova lista dos felizardos. Nova Cruz sem dúvida estará entre os contemplados. 


De onde veio a expressão “Papa-jerimum”? por Henrique Araujo

Todo mundo sabe que o Potiguar, o povo do rio grande do norte, é conhecido como comedor de camarão, né?

Essa expressão veio lá dos índios Potiguaras, os primeiros habitantes das terras norte-riograndenses, inclusive os eles ainda conservam esse hábito de comer camarão até hoje.

Mas o potiguar também é conhecido como Papa-Jerimum, ou seja, comedor de jerimum, e onde veio essa expressão?

Pois saiba que essa expressão veio da época das Capitania Hereditárias. E pra você que mora no sul/sudeste jerimum é o mesmo que abóbora, ok?

Bom, segundo o maior folclorista do brasil, Luís da Câmara Cascudo, o jerimum nunca foi um alimento característico do RN. Durante muito tempo o estado comprou de seus estados vizinhos, Paraíba e Pernambuco.

Na segunda metade do século XVIII, era comum que alimentos fossem usados como moeda de troca no Brasil. Nos estados do Maranhão e Ceará era o novelo de algodão fiado, mais tarde foi a farinha de mandioca. No Pará, norte do país, a moeda era mais curiosa: pacotes de ovas de tainha.

Mas, segundo Cascudo, a expressão "papa-jerimum" nasceria na "desastrada" administração de Lopo Joaquim de Almeida Henriques, entre 1802 e 1806, quando foi exonerado da capitania Rio Grande, e mandado retirar-se imediatamente pelo Capitão-General de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro.

Diz-se que Lopo Joaquim "mandou fazer roçados de mandioca pela tropa em lugares por onde hoje se estende a cidade, e plantações de melancia, de que tirava a parte do leão" (Gonçalves Dias). Lopo também teria cultivado jerimuns/abóboras.

Jerimum, fruto conhecido no resto do país como abóbora.

Porém não se fala em jerimum nos escritos e relatos históricos, e nenhum historiador comprova a veracidade dos jerimuns como moeda: "Não se fala em jerimum e menos ainda que o governador pagasse tropa e funcionários com os produtos de sua lavoura. Não há outra oportunidade para a criação da lenda e não existe um único documento oficial em que esse episódio seja mencionado. Puro folclore!", cita Cascudo.

O Norte-Rio-Grandense é denominado papa-jerimum (abóbora) porque diz a lenda ter sido com esse fruto que pagavam-se aos funcionários da Capitania.

Indo para o ano de 1906, a primeira versão do famoso Jornal Diário de Natal, na coluna intitulada “De meu canto”, o autor sob pseudônimo “Neto”, publicou a pretensão do então governador Pedro Velho de pagar aos funcionários com salários em atraso, com jerimuns, fazendo alusão ao presidente de província Lopo Joaquim, citado anteriormente. Nesta coluna, o autor acusa o governador de plantar jerimuns nos jardins públicos da cidade.

E aí o apelido pegou e viveu até hoje. O folclorista conta que Francisco Gomes da Rocha Fagundes (conhecido como Chico Gordo), senador pelo Rio Grande do Norte em 1899, ouviu em pleno Senado a piada do "jerimum fiduciário". O senador deu uma resposta feliz: "Paga com jerimum, mas paga! E o Estado de V. Excia. fica devendo!".

Se gostou veja também Câmara Cascudo explicou como surgiu o cuscuz e você não fazia ideia de que foi assim

Fonte: Institudo Ludovicus, com informações adicionais de Brechando.

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