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sexta-feira, 31 de março de 2023

Unegro: 32 anos contra o racismo, em defesa da vida e da democracia

Há 32 anos, em 14 de julho de 1988, nas escadarias da Biblioteca Pública dos Barris em Salvador - Bahia, nascia a União de Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro). Jovens, homens e mulheres de todas as idades, de vários bairros da cidade resolveram materializar o que já estava em debate há alguns anos: fundar uma entidade do movimento negro brasileiro que aliasse o enfrentamento ao racismo à luta pela superação da sociedade capitalista. Mais tarde, pelo protagonismo das mulheres unegrinas, a perspectiva do enfrentamento às desigualdades de gênero veio se somar aos princípios políticos e organizativos da entidade.

Por Ângela Guimarães*

De lá pra cá muitas foram as batalhas, lutas e embates, tempos de resistência, vitórias, derrotas, tempos de aquilombamentos. Nascemos vocacionadas/os ao enfrentamento às narrativas oficialescas que naturalizam as desigualdades raciais por meio do mito da democracia racial, afrontamos as comemorações oficias da Abolição da escravidão, denunciamos o racismo e, junto com outras organizações, batalhamos pra vê-lo criminalizado e a Lei Caó aprovada.

Ajudamos a constituir inúmeras frentes políticas com o conjunto dos movimentos sociais e, mesmo entre o movimento negro, para fortalecer a luta antirracista e por justiça social no Brasil, por meio da Conen, Fórum Nacional de Mulheres Negras, Conneb, Fórum Nacional de Lutas, Coordenação de Movimentos Sociais e – atualmente – na Convergência Negra, Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, Coalizão Negra por Direitos e Levante das Mulheres.

Em 1989, a Unegro denuncia as diretrizes para um extermínio programado da população negra tendo por base o documento da Escola Superior de Guerra visando as eleições presidenciais de 1989 “Estrutura para o poder nacional para o ano 2001 – 1990/2000, a década vital para um Brasil moderno e democrático”.

E nesta toada, seguimos durante os anos 1990 denunciando a política neoliberal do Estado mínimo e seu projeto de extermínio programado da população negra, que se materializou pelas políticas de segurança pública nacional e dos estados, focadas na eliminação de vidas negras, no apoio à atuação de esquadrões da morte e grupos de extermínio, que realizaram centenas de chacinas em todo o país e nas tentativas de esterilização em massa das mulheres negras. Em 1995, junto a centenas de entidades do movimento negro brasileiro, levamos milhares às ruas de Brasília na histórica e grandiosa Marcha do Tricentenário da Imortalidade de Zumbi dos Palmares, levando esta denúncia e outras bandeiras urgentes à garantia à vida e à dignidade da população negra brasileira. A batalha em defesa da vida da população negra segue como prioridade da nossa atuação.

Nos anos 2000, combinando o binômio de unidade e luta, participamos das lutas pela eleição de presidentes vinculados ao campo democrático e progressista e com firmes compromissos com uma política de promoção da igualdade racial e emancipação social da população negra.

Nos governos Lula e Dilma demos passos consideráveis no enfrentamento às mazelas que subalternizaram durante séculos a população negra e, por meio da pressão social das Marchas da Consciência Negra, ocupações de terras, resistência indígena e quilombola, protagonismo das mulheres negras, ascensão das lutas da juventude negra e também da nossa participação nas conferências de participação social, conseguimos aprovar as Leis 10.639/03 e 11.645/08 da obrigatoriedade do ensino da história africana, afro-brasileira e indígena na educação básica, o Decreto 4887/03 de regularização das terras indígenas e quilombolas, as Cotas raciais na educação superior, o Estatuto da Igualdade Racial, a política de segurança alimentar e nutricional, de geração de empregos formais e valorização do salário mínimo, os direitos das Trabalhadoras Domésticas, as Cotas nos concursos públicos dentre outras importantes conquistas. Foi também o período político de maior expansão da nossa organização, que se nacionalizou e hoje está presente em 22 estados brasileiros e no Distrito Federal.

Como sabemos, a disputa por um projeto de uma nação soberana, democrática, inclusiva, solidária e sem racismo nunca acontece em mares calmos. De 2014 pra cá se acirrou a luta de classes e os descontentamentos de uma elite racista e antinacional, que arquitetou um golpe parlamentar jurídico e midiático, bancado pelo capital financeiro nacional e internacional, sequestrou o poder das mãos de uma presidenta legitimamente eleita, empossou Michel Temer, o seu vice golpista, que trabalhou de todas as formas para desmontar as conquistas tão arduamente conquistadas pelo nosso povo e abriu espaços para a eleição de um presidente racista, misógino, elitista, anti nacional e inimigo do povo brasileiro. Chegamos à era das trevas, a Era Bolsonaro.

Na atual quadra política, a população negra tem sido a maior afetada pela perda de direitos sociais e trabalhistas, pelos ataques à democracia, pela implementação de um Estado ultraliberal onde só a banca financeira lucra enquanto a classe trabalhadora e o povo sucumbem ao desemprego, abandono, ausência de políticas sociais, à desesperança, tudo isso agravado pela pior pandemia – o Coronavírus – em mais de um século, que pelo descaso, irresponsabilidade e convicção genocida do despresidente Bolsonaro já contaminou milhões e matou quase 100 mil pessoas.

Nestes tempos tenebrosos, a Unegro tem atuado de forma solidária nas campanhas de arrecadação de alimentos, máscaras e materiais de limpeza para doação a famílias em situação de vulnerabilidade e, de forma tenaz e incansável, na denúncia do projeto racista, genocida e neofascista liderado por Bolsonaro que mata as pessoas de fome, pela ausência do pagamento do auxílio emergencial, que abandona o povo à própria sorte pela falta de financiamento do SUS, ataca o isolamento social e induz aglomerações, além de mobilizar sua turba contra quem defende as orientações da Organização Mundial de Saúde.

Ressaltamos que também é responsabilidade do governo Bolsonaro, junto a governos estaduais, a intensificação da violência racista da polícia que já ceifou a vida de dezenas de João Pedro, Ágata Félix, João Vitor e tantos outros e outras crianças, jovens, adultos e até idosos negros e negras, ao lado da outra pandemia, a da violência doméstica, que tem atingido, sobretudo, as mulheres negras.

Afinadas/os aos enunciados dos nossos dois últimos congressos nacionais – a saber “Negras e negros nos espaços de poder e em defesa da vida” – estamos organizando o conjunto da nossa militância para a disputa eleitoral de 2020 visando a afirmação da democracia como fundamental à conquista de direitos e pela eleição de negras e negros aos espaços de poder, visando romper com o círculo vicioso da colonialidade do poder com a eleição de prefeitas/os e vereadoras/es insurgentes, vinculadas às lutas populares e projetos emancipadores nas cidades.

Tempos mais difíceis nos convocam a fazer mais luta, por isso seguimos fortes e combativas na luta antirracismo, por justiça social e pelo descortinar de um novo tempo de igualdade e felicidade para nosso povo. Rebele-se contra o Racismo! Filie-se à Unegro! #Unegro32Anos

*Socióloga, gestora pública, professora da Rede Pública Estadual de Educação da Bahia, presidenta nacional da Unegro e integrante da direção nacional do PCdoB..

Fonte: pcdob.org.br


Dandara Ferreira vai rodar filme sobre gestão Bolsonaro na pandemia

 

Diretora de ‘Meu Nome É Gal’ acompanhou a CPI da Covid por seis meses para filmar o documentário ‘De Quem É a Culpa’

Perto de lançar “Meu Nome É Gal”, cinebiografia de Gal Costa, uma das maiores artistas brasileiras, a diretora e cineasta Dandara Ferreira agora se debruça na montagem do filme “De Quem é a Culpa”, documentário sobre a gestão de Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia de Covid-19. A informação é da colunista Monica Bergamo, da Folha.

“Passei seis meses dentro do Senado filmando todo o bastidor da CPI da Covid”, disse a diretora. Segundo a colunista, mesmo antes de terminar a montagem, Dandara conta que a cena mais emocionante foi o dia em que os parentes e familiares das vítimas estiveram na Casa e relataram suas perdas e experiências durante a crise sanitária. “Foi forte demais”.

Dandara é filha de Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura no segundo mandato de Lula e no governo de Dilma Rousseff. Ela planeja estrear o documentário no início de 2024 e na sequência percorrer o circuito de festivais nacionais e internacionais.

“De Quem é a Culpa” vem na esteira de “Quando Falta o Ar”, documentário produzido pelas irmãs Ana e Helena Petta que retrata a luta diária dos profissionais do SUS (Sistema Único de Saúde) em defesa da vida, em um país abandonado pelo seu presidente. “Quando Falta o Ar” mostra a intersecção entre saúde, religiosidade, desigualdade e racismo estrutural em várias regiões do país e aborda a pandemia com foco no cuidado, revelando a face humana da luta coletiva contra o coronavírus em entrevistas com médicos, enfermeiros e agentes comunitários.

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com informações de agências
Fonte: Portal BRASIL CULTURA

Masp apresenta exposição do coletivo indígena Mahku

Mostra traz 108 pinturas, desenhos e esculturas – resultado de traduções de cantos, mitos e visões do grupo de etnia Huni Kuin, que vive no estado do Acre, na fronteira com o Peru.

O Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) inaugurou na última sexta-feira (24) a mostra Mahku: Mirações, dedicada ao coletivo indígena Mahku, grupo de etnia huni kuin que vive no estado do Acre, na fronteira com o Peru. A exposição, em cartaz até 4 de junho, integra a programação de 2023, dedicada aos povos e às artes indígenas e ocupa o espaço expositivo no 2º subsolo do museu.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, Guilherme Giufrida e Ibã Huni Kuin, a exposição reúne 108 pinturas, desenhos em papel e esculturas que se originam tanto de traduções e registros de cantos, mitos e histórias de sua ancestralidade e visões do grupo. “A matéria-prima do trabalho do Mahku são as mirações – como eles chamam e que dá nome à exposição – que experienciam e visualizam nos rituais de ayahuasca, chamados de nixi pae”, disse o curador.

Criado oficialmente em março de 2013, dez anos antes da abertura da exposição no MASP, o surgimento do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) remonta ao final da década de 2000, quando o coletivo iniciou, nos cursos de Licenciatura Indígena na Universidade Federal do Acre (UFAC), seus trabalhos de tradução de cantos tradicionais do povo indígena Huni Kuin (Acre) em desenhos figurativos. “Naquele momento, por meio de oficinas universitárias, muitas práticas que são orais do povo huni kuin começaram a ser traduzidas em papéis e em desenhos, como se fossem partituras”, explicou.

Ibã Huni Kuin, Bane Huni Kuin, Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU)
Sem título, 2017 – Caneta hidrográfica sobre papel 29.70 x 42 cm – Coleção MASP | Foto: Eduardo Ortega

As obras apresentadas na mostra têm grandes dimensões e cores saturadas, sempre em tons vibrantes e intensos. A cor remete ao universo psicodélico presenciado pelos artistas durante os rituais com a bebida da ayahuasca. As imagens são ricamente carregadas de elementos, com jiboias e jacarés aparecendo com muita constância em cada tela. Há também obras feitas especialmente para o Museu, dedicadas a representar a Avenida Paulista bastante colorida, vista de cima e com prédios e carros deitados. Um olhar dos povos indígenas sobre o mundo urbano.

Outro destaque dessa exposição é um mural pintado em cores vibrantes nas laterais da rampa vermelha do museu, que interliga o primeiro e o segundo subsolos. “É muito comum que eles apresentem também pintura mural, feita especialmente para a arquitetura daquela galeria, algo que depois é desfeito”, disse Guilherme Giufrida. “Tivemos a ideia de convidá-los a pintar a própria rampa. Foram feitas aprovações no Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e no Condephaat [Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico] e foi permitida essa intervenção provisória de um ano. É uma pintura mural de 200 metros quadrados, somando-se todas as faces da rampa. O grupo veio completo do Acre para fazer essa pintura. Foi um trabalho bem árduo e acho que será bem impactante para o visitante”.

Além das pinturas, esculturas, desenhos e do mural pintado na rampa, a exposição também vai apresentar alguns cantos huni khuin, gravados e traduzidos para português e inglês.

Ibã Huni Kuin, Bane Huni Kuin, Rare Huni Kuin, Ayani Huni Kuin, Ibã Neto Sales Kanixawa, Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) – Yube Inu Yube Shanu, 2020 – Acrílica sobre tela, 135 x 220 cm – Coleção MASP | Foto: Eduardo Ortega

SERVIÇO

O que: MAHKU: Mirações – Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP; Guilherme Giufrida, curador assistente, MASP; e Ibã Huni Kuin, curador convidado.
Quando: De 24 de março até 4 de junho de 2023
Onde: Masp – Avenida Paulista, 1578, São Paulo/SP
Horários: terça grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Mais informações sobre as mostras podem ser obtidas no site do museu

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com informações de agências

Fonte: Portal BRASIL CULTURA

Golpe militar de 1964 completa 59anos neste 31 de março; veja as consequências da ditadura no Brasil

Hoje, dia 31 de março, é dia de reflexão. Há 59 anos, o Brasil sofreu um golpe militar que derrubou uma democracia e um governo legitimamente eleito. A partir dali, o Brasil mergulhou, durante 21 anos – entre 1964 e 1985 – na mais profunda escuridão de toda a história política do país.

Os mais jovens têm pouco conhecimento dos efeitos nefastos que a ditadura militar causou ao país. Mas é muito importante que eles leiam sobre este período sombrio vivido pelo Brasil. Esta é a história do país. Não havia liberdade para nada. Tudo era proibido: filmes, livros, músicas, shows, peças teatrais.

O aniversário de 59 anos do golpe militar de 1964 ocupa muitas páginas de jornais brasileiros. Canais de TV – uns mais, outro menos – fizeram reportagens especiais sobre o período. Professores indicaram dez livros para que os mais jovens entendam o que foi o período da ditadura milita no Brasil.

O golpe militar de 1964 derrubou o governo do presidente João Goulart, democraticamente eleito. Na sequência, o Brasil foi presidido por cinco generais – Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo. Foram todos governos autoritários, de linha dura.

A ditadura militar deixou profundas sequelas no Brasil. Até hoje milhares de famílias brasileiras não sabem o paradeiro de pais e filhos que foram presos, torturados e mortos nos porões da ditadura. Muitos deles tiveram mãos e arcadas dentárias arrancadas para nao serem identificados.

Depoimentos recentes de militares que participaram de sessões de torturaras (veja abaixo) contaram que, além de mãos e arcadas dentárias arrancadas, os corpos eram abertos, as visceras retiradas, e pedras colocadas no estômago das vítimas e jogadas nos rios, para que o corpo não voltasse à superfície.

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Muita gente no Brasil ainda tem sequelas de torturas sofridas nos porões da ditadura militar. A presidenta Dilma Rousseff foi uma das vítimas da crueldade militar. Passou três anos presa e foi barbaramente torturada (veja abaixo). Homosseuxuais também eram perseguidos e presos pelos militares.

Um dos pontos mais cruéis da história dos militares foi o atentado montado para explodir o Riocentro, auditório em que artistas brasileiros realizavam um show, na véspera do 1º de maio de 1981, no Rio. O objetivo era matar artistas e milhares de pessoas que participavam daquela show e manifestação.

Felizmente o tiro saiu literalmente pela culatra. Antes que uma bomba fosse colocada na casa de máquinas do Riocentro, ela explodiu no colo de um dos militares que a conduziam, em um carro (foto acima). O militar morreu na hora e a operação felizmente foi frustrada. Foram salvas milhares de vidas.

 

ditadura

Ditadura Nunca Mais – é o lema que marca o movimento político que quer que a ditadura militar fique cada vez mais enterrada no passado. Durante a ditadura, o Brasil foi marcado por profundos traumas. Temos mais é que fortalecer a democracia para que aqueles anos de chumbo jamais voltem a acontecer.

Em tempo. Se a ditadura não tivesse acabado, e a democracia restabelecida, este blog jamais poderia escrever com esta visão crítica dos militares. E se escrevesse, o autor do blog corria o risco de ser preso, torturado e até morto. Foi este o preço que muitos pagaram por tentar exercer o direito da livre expressão. 

Veja, abaixo, links selecionados pelo noBalacobaco que dão conhecimento geral sobre as consequências da ditadura militar no Brasil. Leja análises, relatos de torturas, assassinatos e confissões de torturadores.

Golpe contra Dilma foi, de todos, o mais violento

A violência foi maior contra Dilma porque na aliança das facções que moveram a guerra entrou uma mídia avassaladoramente mais poderosa do que em outros tempos, que acumulou poder durante a ditadura e o multiplicou com a revolução  tecnológica. E até os governistas petistas ajudaram nesta obra. Nunca os meios de comunicação usaram de forma tão esmagadora seu poder contra um governante. A violência contra Dilma foi maior porque transcorreu numa fase de putrefação do sistema político, levando as disputas para um Judiciário, que ao  invés de arbitrar, homologou o linchamento. E antes, permitiu que a Operação Lava Jato, promessa de “limpeza completa” na orgia entre políticos, empresários e tetas do Estado, se transformasse em instrumento político da facção caçadora, arrancando delações, selecionando vazamentos, atropelando garantias.

Veja a relação dos livros para entender mais ainda sobre este triste período do Brasil.

IMPACTOS DA DITADURA MILITAR NO BRASIL

DEZ LIVROS PARA ENTENDER O GOLPE DE 1964

PERVERSIDADE EXTREMA DA DITADURA MILITAR

GOLPE DE 64

SOFRIMENTO DE DILMA NA DITADURA MILITAR

Ditadura militar no Brasil também reprimia homossexuais

CORONEL ADMITE QUE TORTUROU E MATOU NA DITADURA

RIOCENTRO – ARTISTAS SERIAM MORTOS DURANTE SHOWS

ATENTADO RIOCENTRO

DENUNCIAS SOBRE TORTURAS

IMPRENSA E O GOLPE DE 64

DITADURA AFETOU PESQUISAS CIENTIFICAS NO PAÍS

REGIME MILITAR NO BRASIL

Fonte: Portal BRASIL CULTURA

quinta-feira, 30 de março de 2023

ANDES-SN realizará seminário nacional sobre a História do Movimento Docente - Fonte> ANDES SN

 

Com tema "Ditadura: reparação, memória e justiça", o evento ocorrerá na cidade de Campinas (SP) nos dias 31/03 e 01/04 

O Grupo de Trabalho de História do Movimento Docente (GTHMD), o Centro de Documentação (Cedoc) e a Comissão da Verdade do ANDES-SN realizam, nos dias 31 de março e 1º de abril, o Seminário Nacional sobre a História do Movimento Docente. Com tema "Ditadura: reparação, memória e justiça", o evento ocorrerá na cidade de Campinas (SP), no auditório da Associação dos Docentes na Universidade Estadual de Campinas (Adunicamp - Seção Sindical do ANDES-SN), localizado no campus da universidade paulista, e cumpre as deliberações do 41º Congresso do Sindicato Nacional, realizado em fevereiro deste ano. A inscrição para participação no seminário deve ser feita até segunda-feira (27), por formulário disponível na internet (clique aqui). 

A data do seminário foi escolhida em consonância com a descomemoração dos 59 anos do golpe empresarial-militar no país. Militares e civis, articulados com o poder econômico internacional, organizaram um golpe, que tirou o presidente eleito João Goulart do poder e iniciou uma ditadura que durou 25 anos. Durante a ditadura empresarial-militar, milhares de pessoas foram privadas de direitos, perseguidas, presas, torturadas e assassinadas. Muitas ainda seguem desaparecidas.

Na sexta-feira (31), será realizada a mesa de abertura com representantes do ANDES-SN, da Adunicamp SSind., da Secretaria Regional de São Paulo e de entidades convidadas. Em seguida, começará a mesa com o tema "Ditadura: reparação, memória e justiça", que contará com a participação de Milton Pinheiro, 1º vice-presidente do ANDES-SN e integrante da Comissão da Verdade do sindicato; Sebastião Neto, integrante do Grupo de Trabalho "Ditadura e Repressão aos Trabalhadores e ao Movimento Sindical" da Comissão Nacional da Verdade e militante da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo; e a Ana Maria Estevão, docente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e ex-diretora do Sindicato Nacional que, na oportunidade, lançará seu livro de memórias, sobre o período em que esteve presa durante a ditadura empresarial-militar.

No sábado (1º), será apresentado o Programa de História Oral do ANDES-SN, que criará uma metodologia para que as seções sindicais criem seus próprios programas de história oral para a construção das suas memórias. Também será lançada a Cartilha de Boas Práticas Arquivísticas do ANDES-SN, organizada pela Cedoc. A mediação da roda de conversa será feita pelo 3º secretário do Sindicato Nacional, Luiz Henrique Blume, diretor responsável pelo Cedoc.

Mais tarde, ocorrerá a Plenária final, com informes da diretoria nacional e das seções sindicais, e encaminhamentos do GTHMD junto com a Comissão da Verdade do ANDES-SN, em acordo com as seções sindicais.

"O governo Bolsonaro retrocedeu diversos encaminhamentos feitos pela Comissão Nacional da Verdade. Um governo autoritário, que fez elogios à ditadura militar-empresarial e desorganizou a Comissão de Anistia. Então, temos várias questões que precisam ser retomadas, para avançar no que atinge diretamente as universidades, por exemplo, as eleições dos reitores. Nós continuamos a ter uma lista tríplice - que é uma herança da ditadura militar-empresarial”, explicou Blume.

O diretor do Sindicato Nacional destacou também a importância da roda de conversa prevista para o sábado (1), que irá orientar as seções sindicais sobre o registro de suas histórias. “Já temos várias seções sindicais que têm mais de 40 anos e é preciso que elas organizem essa memória, os arquivos das seções, que tragam entrevistas e depoimentos dos que construíram as seções e suas lutas e, portanto, o ANDES-SN. Também é preciso que as seções sindicais enviem representantes para retomarmos as comissões da verdade nas universidades", afirmou.

Golpe 1964


Militares e civis, articulados com o poder econômico internacional, organizaram um golpe empresarial-militar em 1964, tirando o presidente eleito João Goulart do poder. Durante a ditadura empresarial-militar, que durou 25 anos, milhares de pessoas foram privadas de direitos, perseguidas, presas, torturadas e assassinadas. Oficialmente, o regime assassinou 434 não indígenas e 8.350 indígenas, segundo o relatório final da Comissão Nacional da Verdade. No entanto, há razões para acreditar que esse número seja bem maior. Dos 434 mortos e desaparecidos, 106 eram estudantes universitários, 12 docentes e 1 técnico-administrativo, conforme o levantamento feito por Milton Pinheiro, e apresentado em 2019.

Durante a ditadura, dentro de universidades, foram instalados sistemas de vigilância e espionagem contra docentes, estudantes e técnico-administrativo. Essa vigilância resultou em prisões, mortes, desaparecimentos, privação de trabalho, proibição de matrículas e interrupção de pesquisas acadêmicas.


Acesse aqui a circular com a programação completa.

RECONSTRUIR O BRASIL E REORGANIZAR A CLASSE TRABALHADORA - Observação> Evento ocorreu 11-03-2023

 

TESE UNITÁRIA DO 3º CONGRESSO DA INTERSINDICAL

INTRODUÇÃO

1. Com os corações da nossa aguerrida militância pulsando de esperança, com “os pés no chão” e a consciência da conjuntura complexa em que vivemos, a Intersindical Central da Classe Trabalhadora se reúne para seu 3° Congresso Nacional em um momento histórico para o povo brasileiro. Após um período dramático, no qual se disseminou ameaças reacionárias à democracia, onde vidas foram ceifadas, direitos foram roubados e a fome e o desemprego voltaram a assolar milhões de famílias, finalmente logramos êxito com nossos esforços, e vencemos uma importante batalha em nossa luta contra a extrema-direita. Nos encontramos na tarefa de seguir dando combate contra os inimigos da democracia e com o compromisso de  reconstruir o Brasil e organizar a classe trabalhadora.

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2.  A vitória da frente ampla  democrática, que possibilitou o retorno de Lula à presidência, tem um significado histórico que transcende o processo eleitoral. O que esteve em jogo nas urnas em outubro passado não foi a mera mudança do chefe do executivo, mas sim a manutenção ou não do já limitado regime democrático; ainda que democrático-burguês, marcado fundamentalmente por um regime eleitoral com uma democracia sem a participação do povo nos grandes debates políticos e programáticos dos governos. Desde o golpe de 2016 a Intersindical atua de maneira decidida na defesa da ampliação da democracia e denunciou todas as manobras e crimes cometidos pela extrema-direita contra a vida e os direitos do povo trabalhador e a soberania do país. Portanto, com a certeza de uma central que sempre esteve do lado certo da história, defendemos e atuamos para que todos os crimes do bolsonarismo sejam devidamente apurados, sem anistia para golpistas. 

3. A fundamentação da nossa análise deve, inicialmente, levar em conta a principal tensão existente no país, que transcende a questão eleitoral. O conflito principal da conjuntura brasileira é a luta entre a democracia e o fascismo. A democracia situa-se entre o rol de interesses das classes trabalhadoras; quanto o fascismo se coloca como o regime político pelo qual os interesses do grande capital, em especial o capital financeiro, são assegurados e ampliados. Em outras palavras, o conflito democracia X Fascismo é a expressão da luta de classes nesta fase do capitalismo imperialista em decadência.

4. A ascensão do fascismo constitui um movimento de rearticulação internacional da “nova direita radical”. Com o acirramento da crise estrutural do capital e o seu desdobramento em uma profunda crise de dominação, a “nova direita radical” tem se apresentado com um discurso anti sistema com a finalidade clara de combater os direitos dos povos, das classes trabalhadoras em nome de uma pseudo liberdade de mercado que efetivamente se impõe como interesses dos monopólios, do latifúndio e do imperialismo. O genocídio promovido pelo governo Bolsonaro contra o povo Yanomami é um claro exemplo de ataque aos direitos sociais e invisibilidade dos povos originários em prol das empresas que lucram com o garimpo ilegal e a extração desenfreada dos recursos da terra onde habitam os indígenas. Para a “nova direita radical” o que está em jogo é um processo internacional de reconfiguração da dominação capitalista, em que os inimigos do “livre mercado”, “da sociedade internacional baseada em regras” devem ser eliminados por meio da destruição das estruturas de estado voltados para os interesses sociais, e em caso de nações inimigas, destruídas pela guerra (tanto na modalidade “light” de guerra híbrida, como ocorre no Brasil, quanto na sua versão “hard” como ocorrem em países como a Síria, LÍbia, Rússia). Sem uma compreensão adequada deste fato, não será possível adotar uma postura condizente com as demandas da conjuntura atual. 

5. Neste sentido, a Intersindical se posiciona ao lado das entidades, movimentos e forças políticas que estão empenhadas em defender e aprofundar todos os avanços democráticos conquistados com árduas lutas nos últimos 40 anos, bem como reverter a regressão social promovida pelos governos golpistas de Temer e Bolsonaro. Entendemos que qualquer forma de manifestação de caráter golpista deve ser respondida com mobilização popular e responsabilizada criminalmente pelas instituições judiciais competentes. Nenhuma ameaça, declaração ou tentativa de golpe deve ser naturalizada ou tolerada, seja ela originada na sociedade civil, nas Forças Armadas, no parlamento ou nos governos estaduais. 

6. Nesta perspectiva, entendemos que a defesa intransigente da democracia passa pela ampliação de direitos para o conjunto do povo, em especial pela garantia de melhores condições de vida para a classe trabalhadora, a principal vítima dos golpes e das políticas indicadas pela agenda da extrema-direita. A vitória eleitoral de 2022, foi fundamental para iniciarmos um processo de mudança na correlação de forças entre os interesses populares mais urgentes e elementares e a “nova direita radical” que representa os interesses dos monopólios, do latifúndio e do imperialismo. Contudo as eleições foram um momento da luta de classes em nosso país, uma batalha, a derrota das forças de extrema direita dependem dos resultados das batalhas atuais e futuras que vamos travar. Superar a ameaça golpista significa levar adiante uma agenda social efetiva, com foco na grande maioria de trabalhadoras e trabalhadores que hoje se encontram em uma situação de profunda precarização, devido ao alto índice de informalidade, terceirização irrestrita e redução profunda de direitos e da massa salarial. 

7. A ruptura promovida pelo golpe de 2016 e o processo de ascensão da “nova direita radical” colocam a sociedade brasileira em uma constante tensão entre a construção de uma nação voltada para aos interesses de seus povos e em especial das classe trabalhadoras e a terra arrasada promovida pela extrema direita em defesa dos interesses dos mais ricos. Reconstruir o Brasil com bases sólidas só será possível com a reorganização da classe trabalhadora, entendendo este aspecto como um processo amplo, não restrito às estruturas sindicais, mas que indique alternativas organizativas para amplos setores de classe que se encontram à margem da luta organizada, pela formalização dos informais, organização dos amplos setores precarizados e subordinados das classes trabalhadoras.

8. A Intersindical na ocasião do seu 3° Congresso Nacional reafirma os princípios de sua fundação como a autonomia e independência em relação aos governos e patrões e o compromisso de seguir e aprofundar a luta pela democracia, pela soberania nacional, pelos direitos e pela emancipação da classe trabalhadora rumo ao Socialismo.  

CENÁRIO INTERNACIONAL

9. A simbiose profunda entre os governos das nações desenvolvidas e a pequena fração de mega bilionários do capital financeiro agudizou a crise civilizatória no Ocidente, com resultados de grande envergadura histórica, o principal deles, a geração de uma situação de multipolaridade consumada na geopolítica. O mundo é o palco de um conflito entre projetos nacionais soberanos, potências regionais e o núcleo imperialista liderado pelos Estados Unidos. Ainda sem definição ou proposição muito nítida, está evidente o crescimento da importância do bloco China/Rússia em contraponto ao imperialismo hegemonizado pelos Estados Unidos. Esta disputa, já inaugurada nos primeiros anos deste século, ainda está longe de qualquer conclusão final; porém, já é possível perceber que o mundo unipolar, conduzido a partir de Washington e Wall Street não existe mais. 

10. A lógica especulativa e altamente concentradora aprofundada no/pelo capitalismo nas últimas duas décadas inviabilizou a manutenção de estado de bem-estar social nas nações do Atlântico Norte aguçando as contradições de classe dentro destas sociedades. A qualidade de vida e os direitos de trabalhadores e trabalhadoras na União Europeia e nos EUA está em vertiginosa degradação. O desemprego alto e a miséria não é mais um atributo do Sul Global, é cada vez mais uma consequência generalizada do capitalismo em sua fase atual. 

11. Esta crise social é o terreno fértil para a gestação de instabilidade política, e a fissura de autoridade criada pela incapacidade de direção da direita tradicional frente a situação que ela mesma criou, foi ocupada por partidos e lideranças reacionárias, que estavam ali, à espreita de uma oportunidade. A esquerda perde o monopólio da crítica ao neoliberalismo e do discurso antissistêmico, que agora é assumido também por grupos de extrema-direita em ascensão em diversos países do Hemisfério Ocidental. Porém, com objetivos expressamente distintos, o neofascismo responde à crise civilizatória com mais barbárie, xenofobia, perseguição às organizações populares e sindicais e discriminação em todos os níveis. 

12. A pandemia de covid-19 não apenas fraturou economicamente os países capitalistas, mas expôs suas contradições ao tornar visível a incapacidade da maioria dos seus governos de responderem de maneira adequada às demandas críticas da população em termos de garantia da saúde, abastecimento médico e alimentar e disciplina social voltada ao bem-comum e a saúde coletiva. A ideologia da “globalização neoliberal” foi colocada em xeque; em meio a crise sanitária mundial, a maioria dos governos das nações desenvolvidas assumiram atitudes mesquinhas, abandonaram qualquer vestígio de cooperação, disputando vacinas, em prejuízo dos países periféricos. Por outro lado, países de orientação socialista se tornaram exemplo de defesa da saúde coletiva de suas populações e ainda se destacaram nas ações de solidariedade com nações com menores recursos para o enfrentamento à covid.

13. Em meio à crise do sistema de dominação estadunidense, a OTAN intensifica a pressão militar sobre Rússia, China e Irã com o objetivo de recompor o espaço perdido pelo Ocidente no campo da economia, da produção científica, da diplomacia, etc. A Guerra da OTAN no território da Ucrânia, as tensões em Taiwan, a guerra híbrida sobre o Irã são os exemplos mais visíveis da estratégia da hegemonia imperialista estadunidense (OTAN) sobre a Eurásia, que é hoje, e de alguma maneira sempre foi, o espaço central do interesse geopolítico. O conflito na Ucrânia é a expressão visível de mais uma tentativa de expansão da Organização do Atlântico Norte sobre as nações do extinto Bloco Socialista. Neste processo, os EUA impõem à Europa o custo econômico e político da tentativa de sancionamento sobre as atividades econômicas russas, em especial a exportação de gás, criando crise energética, inflação e desvalorização monetária na Zona Euro. Por essa razão,  a Intersindical se soma à luta pelo fim da OTAN.

14. A guerra atual da OTAN contra a Rússia tem acelerado de forma significativa a construção de instrumentos internacionais de compartilhamento econômico entre as nações sancionadas pelo imperialismo (Rússia, Irã, China, Turquia, Cuba, Venezuela, Bolívia, Síria etc..) forjando as condições para a ascensão de uma multipolaridade no plano internacional e o consequente declínio da hegemonia imperialista estadunidense. Contudo, a percepção deste processo por parte do imperialismo tem acelerado o confronto direto entre a OTAN e a Rússia, ou seja, um conflito armado entre potências nucleares. A luta pela paz, pelas garantias de segurança no plano internacional em que os interesses coletivos e individuais de cada nação sejam respeitados, se impõe como uma tarefa imediata para toda a militância da Intersindical Central da Classe Trabalhadora. 

15. Na América Latina, após anos de avanço de forças políticas de extrema-direita no comando dos governos nacionais, temos um novo impulso e uma série de vitórias da esquerda e do campo democrático. Países como México, Argentina, Brasil, Chile, Bolívia, Venezuela e Colômbia estão hoje sob governos populares e dispostos a defender uma agenda democrática, popular e soberana para a região. Porém, é preciso destacar que estes governos não estão imunes à iniciativas golpistas perpetradas por forças de extrema-direita em associação com Washington, como vistos na Venezuela (2002), Honduras (2009), Paraguai (2012), Equador (2015), Brasil (2016), Bolívia (2019), Peru (2022) e a tentativa de golpe no Brasil em 08 de janeiro deste ano. Cabe registrar que na conjuntura brasileira mais recente, o atual governo dos EUA tem se posicionado contra o golpe da nova direita radical no país. Os bastidores dessa postura podem estar associados ao alinhamento internacional entre a oposição de Trump (que não aceitou os resultados eleitorais de sua derrota) e o ex-presidente do Brasil, bem como podem estar vinculados à permanente busca de hegemonia dos interesses imperialistas por dentro do atual governo de frente ampla. Especialmente porque o Partido Democrata no governo dos Estados Unidos tem enfrentado o mesmo tipo de golpismo por partes de setores do Partido Republicano ligados ao ex-presidente Donald Trump. Neste sentido, cabe a Intersindical reforçar o trabalho de coordenação junto a FSM (Federação Sindical Mundial), para procurar formas comuns de luta da classe trabalhadora na América Latina. 

16. O golpismo é uma estratégia profundamente arraigada na extrema-direita e setores militares em todas as nações latino-americanas, se atualiza com novas metodologias e tecnologias, mas continua sendo o que sempre foi, uma forma de controle social e político sobre setores populares e democráticos. Nenhuma nação latino-americana está completamente imune a tentativas de desestabilização de seus governos e instituições por parte da extrema direita, portanto, a classe trabalhadora precisa estar vigilante e mobilizada em defesa dos regimes democráticos na nossa região. A história provou que no nosso subcontinente, o desafio principal não é conquistar a vitória eleitoral, mas sobretudo defendê-la, como mobilização popular. Para além da defesa da vitória eleitoral, precisamos radicalizar a democracia popular, ampliando os espaços de participação direta do nosso povo nas tomadas de decisão quanto à efetivação de políticas públicas que avancem significativamente no campo dos direitos.

17. A Intersindical se solidariza com o povo peruano, que no dia 7 de dezembro de 2022, foi vítima de um golpe, após meses de ataque dos setores conservadores e de ultra-direita contra o presidente Pedro Castillo. A derrubada do presidente legítimo abriu caminho para o governo autoritário de Dina Boluarte que já fez dezenas de mortos e centenas de presos em uma brutal repressão contra as manifestações que exigem a liberdade de Castillo, novas eleições e uma nova constituinte que retire o entulho fujimorista da legislação do país. 

SITUAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA NO NÍVEL INTERNACIONAL

18. A reestruturação produtiva e a desindustrialização de regiões e países de grande contingente de assalariados impõe grandes desafios para a classe trabalhadora em escala mundial. Em regra geral, estes processos próprios da dinâmica de acumulação do capitalismo em sua fase atual aceleram a tendência de ampliação do desemprego e de empregos precários em todo mundo, com especial impacto nos países desenvolvidos. A OIT, publicou seu informe anual durante o Fórum Econômico Mundial (janeiro de 2023), no qual aponta a previsão de 208 milhões de desempregados no mundo para este ano, indicando que os impactos da pandemia não foram nem de longe superados. Segundo o mesmo informe, o efeito da alta taxa de desemprego continuará impactando de maneira desproporcional mulheres, jovens e camadas e trabalhadores sem acesso à Internet.  

19. Fazendo um recorte de gênero, percebemos que esse cenário é ainda mais preocupante no caso das mulheres.  Mesmo cumprindo o papel de provedoras na maioria dos lares brasileiros, as trabalhadoras são as que mais sofrem para se manter nos empregos, fato impulsionado pela desigualdade salarial entre os gêneros e pelo machismo estrutural que continua reservando para elas a responsabilidade pelas tarefas domésticas e cuidados com a família. Isso representa uma grande perda de força de trabalho e resistência na luta contra a exploração da classe trabalhadora.

20. A classe trabalhadora, tão atacada nesta etapa do capitalismo, não tem uma direção internacional. Ainda assim, reage como pode, em todos os continentes, quando chega em situações limites de suportar a exploração do seu trabalho, quando direitos históricos são retirados. Podemos exemplificar com a Greve Geral na França contra a Reforma da Previdência do governo Macron. A heróica resistência dos Indígenas no Peru, na luta contra o golpe de deposição do Presidente Pedro Castilho, democraticamente eleito. As manifestações da classe trabalhadora no Chile em setembro de 2022 contra o resultado do plebiscito que rejeitou a Nova Constituição do país (Rechazo), após grande disseminação de fakes news que enfraqueceram a aprovação da Nova proposta. A consequência disso é o fortalecimento do poder hegemônico do capital no país e maior empobrecimento da população. A greve dos trabalhadores terceirizados da manutenção da REFAP – Refinaria Alberto Pasqualini – Canoas RS. Manifestações e lutas de trabalhadoras e trabalhadores terceirizados, Brasil afora, como das escolas públicas de Porto Alegre. Assim como a mobilização dos jovens trabalhadores entregadores por aplicativos que anunciaram a deflagração de uma greve por direitos, em janeiro de 2023. Ela é um exemplo dos desafios que teremos nas lutas num cenário de governo Lula eleito com o apoio da classe trabalhadora e suas organizações, com a extrema-direita, golpista, fascista muito forte, mas não abdicando do papel histórico de lutar pelas Pautas da Classe Trabalhadora. É fundamental reorganizar a luta da Classe Trabalhadora de forma internacionalista, articulando pautas comuns contra o neoliberalismo, capitalismo e o imperialismo.

CENÁRIO NACIONAL

21. O Brasil, após o golpe de 2016 e o pior governo de sua história, volta a respirar após a vitória da frente democrática liderada por Luiz Inácio Lula da Silva. Os trabalhadores mais pobres, da cidade e do campo, as mulheres e o povo nordestino foram o contingente eleitoral decisivo para a derrota do fascismo nas urnas, este aspecto tem um significado fundamental para a dinâmica e entendimento da luta política brasileira. A democracia não está restrita à forma do regime político; para os setores mais empobrecidos da nossa gente, significa também o meio pelo qual suas demandas ganham possibilidade de serem atendidas. 

22. A Frente Democrática Ampla foi constituída pela convergência de setores amplos e negociações com partidos da direita, condição necessária nessas eleições, mas o elemento decisivo para a vitória foi o combate ao fascismo e sua política de fome. A defesa da democracia, devido à profunda crise gerada pelo governo Bolsonaro, ganhou um conteúdo social popular que transcende a formação heterogênea do governo. A luta pela democracia se transformou no outro nome da esperança de dias melhores, que passa pelo combate à fome, ao desemprego, à precarização do trabalho, à violência e à ausência do estado na garantia de direitos sociais e fundamentais. Este aspecto da consciência da maioria do povo tem um valor político de grande transcendência, e deve ser mobilizado pelas organizações populares e sindicais no sentido de estabelecer uma agenda social para o país. 

23. No que pese a força popular que aponta para mudanças, o resultado eleitoral de 2022 foi apertado e o bolsonarismo é uma força real na sociedade, nas instituições do estado e no parlamento. O golpe permanece na agenda da extrema-direita como foi demonstrado na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro deste ano e nos acampamentos bolsonaristas em frente aos quartéis estabelecidos logo após o resultado das eleições. Simultaneamente em que serviram de aposta pelo golpe militar, também cumpriam objetivos táticos de garantir, na derrota, margem de manobra para a continuidade ativa do movimento. O fascismo perdeu a presidência, mas mantém as armas e continuará ativo criando, sempre que possível, ameaças para salvaguardar seus líderes das consequências de seus crimes, sabotar o governo Lula e apresentar-se às outras frações da direita e ao imperialismo como alternativa violenta. O golpismo, como apontam as investigações realizadas pela Polícia Federal, conta com a participação ativa de setores das Forças Armadas, do empresariado e de setores religiosos reacionários. Nada indica que o bolsonarismo irá se desmantelar por vontade própria, será preciso investigação e julgamento dos seus crimes e um profundo trabalho pedagógico, político e militante de ampla escala na sociedade, para que sua ideologia perca aderência social. 

24. As forças democráticas enfrentam um desafio, e precisam articular suas iniciativas em diferentes dimensões. Este esforço deve reconhecer o papel estratégico do novo governo, mas também considerar a participação da sociedade civil, movimentos populares e sindicais na luta na sociedade. A ideia de que o governo sozinho é suficiente para resolver a situação social, econômica e política é uma visão, no mínimo, equivocada da atual correlação de forças.

CAMINHO PARA RECONSTRUIR O BRASIL

25. A reconstrução do Brasil passa por acumularmos força na implantação da Pauta da Classe Trabalhadora, documento unitário de orientação do movimento sindical brasileiro que aponta medidas concretas de enfrentamento à crise econômica, social e política produzida pelos governos Temer e Bolsonaro.

26. Precisamos impulsionar desde as bases que o novo governo continue aprofundando políticas de combate à pobreza e à fome; tanto com iniciativas como fortalecimento do auxílio emergencial, mas sobretudo pela valorização do salário mínimo  e a geração de emprego via o estímulo à obras públicas e ao financiamento do setor produtivo e dos ramos com maior capacidade de absorção de força de trabalho, em especial pequenas e médias empresas.  A distribuição de renda mais efetiva e massiva sem dúvida é a ampliação de salários, compromisso assumido por Lula já nas eleições. Esta situação deve estar articulada com iniciativas que regulamentem o trabalho por plataforma, garanta direitos trabalhistas e previdenciários além de fortalecer as entidades sindicais, sobretudo, reforçando o papel das negociações coletivas e a autonomia dos trabalhadores perante a sustentação das entidades representativas. 

27. Temos como prioridades do primeiro ano de governo Lula atuar de maneira contundente em um pacote de medidas de caráter redistributivo, soberano e democrático, como:

  • taxar as grandes fortunas, colocando os ricos na Receita e os pobres no Orçamento;
  • com a atualização da tabela do Imposto de Renda de Pessoas Física – IRPF, isentando trabalhadores/as com renda inferior a R$ 5.000,00;
  • nova política de preços dos combustíveis, com o fim do PPI (Preço de Paridade de Importação;
  • redução da taxa de juros, fim da autonomia do Banco Central em relação ao governo e subordinação em relação aos banqueiros;  Fora Campos Neto!
  • programa de renegociação da dívidas das famílias;
  • reestatização da Eletrobrás e controle público sobre o setor elétrico nacional;
  • revogação do “Novo Ensino Médio”, contra a privatização da educação pública promovida pela EAD, revogação das escolas “cívico-militares” e a retomada do programa de cotas, bolsas de manutenção e recomposição imediata do orçamento para a educação em todos os níveis;
  • retomada contundente das obras públicas paradas nos último ano, com especial atenção para a reedição do Programa Minha Casa, Minha Vida ainda mais massivo e desburocratizado, propiciando moradia digna para quem precisa;
  • retorno do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e dos estoques reguladores de alimentos;
  • construção de projetos e políticas públicas voltadas para a garantia da permanência das mulheres no mercado de trabalho. 
  • Revogação da Emenda 103/19 que impõe à ao funcionalismo público aumento da alíquota previdenciária de 11% para 14%. Essa mesma emenda retira a gratificação dos trabalhadores para a aposentadoria. Sabemos que parte importante do salário dos servidores provém de gratificação;
  • retomada de uma política estrutural de expansão do emprego formal, com mais direitos, jornada de trabalho reduzida e melhores salários. 

28. A questão ideológica deve ser prioritária para o governo e para as organizações da sociedade civil. Combater a disseminação de informações falsas, fortalecer a educação e a divulgação científica e reformar a política cultural é fundamental para evitar o avanço da ideologia neoliberal e do negacionismo e superá-lo. Nesse contexto, a cultura tem um papel crucial, a ser alcançado por meio da introdução dos “Pontos de Cultura”, da expansão e distribuição regional de equipamentos públicos e iniciativas populares na área. A arte popular não é simples entretenimento, mas sim a manifestação da consciência coletiva e viva e refletindo como desejamos ser vistos como sociedade. Através de nossa riqueza cultural, podemos buscar soluções para superar a divisão social e política e encontrar uma unidade que nos reabilite como brasileiros e brasileiras.

29. Devemos incentivar ainda iniciativas que articulem o desenvolvimento rural que seja orientado para o fortalecimento da agricultura familiar dentro de critérios de sustentabilidade ambiental e humana, preservando e utilizando de maneira racional nossa biodiversidade, recursos hídricos e o clima. A produção de alimentos é uma vantagem competitiva do Brasil, e ela deve estar voltada para o atendimento da demanda do nosso povo, tanto no fornecimento direto de gêneros alimentícios, como na geração de emprego e receitas no mercado internacional. 

30. O SUS é uma grande realização brasileira, e deve ser entendido como instrumento de um projeto democrático para o país. Na perspectiva imediata, precisamos garantir a valorização dos profissionais da saúde, retorno da Farmácia Popular e financiamento suficiente para o funcionamento adequado do sistema. Porém, estrategicamente, o SUS, articulado com diversas instituições de desenvolvimento científico e de educação, contribui para a valorização da ciência. No campo operacional, é fundamental a elaboração de um programa nacional que promova a saúde mental e a assistência psicológica em grande escala da sociedade, procurando contribuir para o combate aos prejuízos psíquicos ocasionados por anos de extrema polarização política. A pandemia do COVID-19 demonstrou a necessidade de retornarmos à construção de um complexo industrial da saúde que combine a inovação e pesquisa na área com o financiamento de empresas de produção de medicamentos, insumos e instrumentos no setor. 

31. Nas últimas décadas vimos o avanço acelerado das tecnologias digitais no cotidiano da população, em especial da classe trabalhadora. A velocidade das informações através do uso da internet no mundo globalizado, através dos aplicativos de mensagens e plataformas digitais e dos canais de rádio e televisão foram decisivos nos ciclos recentes da nossa história para o rumo do Brasil. Sabemos que não há imparcialidade na imprensa brasileira e que a mesma encontra-se a serviço do grande capital; são 05 (cinco) famílias controlando 50% da comunicação brasileira e o restante dos canais de rádio e televisão distribuídos para as igrejas. Compreendemos que a vitória eleitoral obtida no último pleito, o árduo caminho para a conquista dessa vitória, onde se fez necessário uma grande aliança para derrotar o bolsonarismo, um combate cotidiano às fake news e a guerra entre os canais de comunicação que eram contra e os que eram a favor do governo genocida de Bolsonaro; nos leva a refletir sobre a real possibilidade da democratização da comunicação no Brasil. A Intersindical assume a bandeira de luta pela democratização da comunicação brasileira no sentido de que o governo Lula acelere a outorga das rádios/televisão comunitárias que estão tramitando, bem como que as centrais sindicais, sindicatos possam ter o direito de acessar os seus próprios canais de rádio e televisão.

TAREFAS ESPECÍFICAS DO MOVIMENTO SINDICAL E POPULAR

32. Às organizações sindicais está colocada a tarefa histórica de disputar e criar respostas concretas para as demandas dos setores precarizados da classe trabalhadora. Será preciso lidar com as contradições inerentes à frente democrática de maneira política procurando, a um só tempo, elevar o peso dos trabalhadores na composição da mesma. Além das demandas, cabe aos dirigentes sindicais, nesta quadra da história, avançar em formas de acolhimento, incorporação e organização dos setores mais precarizados da classe trabalhadora nas nossas organizações. Este é um desafio que nos está colocado se queremos construir um outro projeto de desenvolvimento , economicamente e socialmente justo, ecologicamente sustentável.

33. É necessário retomar o debate sobre a Reforma Sindical que tenha como eixo o fortalecimento das entidades de classe, o credenciamento dos sindicatos como entidades legítimas e adequadas à representação das categorias e/ou ramos econômicos. Cabe indicar que as negociações coletivas são a principal força da classe trabalhadora e iremos lutar para que ela prevaleça como tal. Da mesma forma, defendemos que a sustentação financeira das entidades sindicais seja definida democraticamente em assembleias de trabalhadores.

34. Simultaneamente é preciso acumular junto aos trabalhadores a consciência sobre a urgência de uma Nova Reforma Trabalhista, que amplie direitos e estabeleça limites à exploração do trabalho. As demandas atuais da classe trabalhadora necessitam de uma atualização da regulamentação laboral vigente, no sentido de ampliar a proteção e acolhimento pelo estado das demandas dos setores autônomos, terceirizados, trabalhadores por plataforma e os precarizados em geral. Em resumo, precisamos de mais e melhores empregos, e isso passa por uma política de estado que tenha este objetivo. 

35. Reafirmamos o papel fundamental do serviço público na garantia de direitos para toda a população. É necessário combater todas as formas de precarização do funcionalismo, defendendo a luta pelo ingresso no serviço público através de concurso público periódico, e contra qualquer movimentação do Congresso Nacional pela aprovação da Reforma Administrativa proposta no governo anterior.

36. A Agenda da Classe Trabalhadora, plataforma de unidade das centrais sindicais, é portanto nossa referência de atuação no interior da frente democrática sem a qual as mazelas sociais que produziram o fascismo não podem ser superadas.

37. Entendemos que a defesa da democracia e a reconstrução do Brasil passa pela mobilização e organização de base; neste sentido indicamos a necessidade de seguir difundido a organização dos Comitês Populares de Luta como formas de acumular forças desde os territórios. Os comitês devem atuar como espaços de sociabilidade, formação, debate, cultura, organização e mobilização do povo.

38. As mulheres tiveram um papel fundamental na derrota de Bolsonaro, isso porque compreenderam que o ex-presidente é a expressão mais extremada do patriarcado que as oprimem. Diante disso, entendemos fundamental enfatizar no conjunto de medidas de reconstrução do Brasil aqueles aspectos e demandas específicas das mulheres. Na dimensão da organização sindical, entendemos necessária medidas para garantir uma maior participação das mulheres, tanto no processo de sindicalização como na inclusão das mesmas nos espaços de decisão e direção. Bolsonaro cortou 90%da verba para políticas públicas de enfrentamento a violência doméstica, e Familiar. Defender investimentos para viabilizar a rede de apoio, incluindo as entidades sindicais. Incluindo nas convenções coletivas campanhas permanentes de combate à violência contra a mulher – com prevenção e punição desses delitos. Ainda é necessária a garantia à mulher trabalhadora vítimas de violência com medida protetiva, como manutenção do emprego. No campo da educação, entendemos necessário o debate de formação básica como a inclusão nos currículos da Educação Infantil, ao Ensino Superior o componente curricular Direito à vida da mulher trabalhadora.           

39. Atualmente, 40% dos trabalhadores do país são informais e autônomos, desses mais da metade, aproximadamente 20 milhões, relatam viver de “bicos”, ou seja, não possuem nenhuma atividade laboral regular, CNPJ ou recolhimento do INSS. É tarefa do movimento sindical e popular atuar em diferentes frentes para garantir a redução da informalidade por meio da ampliação de postos de trabalho, redução da jornada de trabalho sem redução dos salários, fomento à Economia Solidária, formas autogestionárias e cooperativas de trabalho que permitam remuneração decente, direitos e garantias sociais. Além disso, é necessário lutar no âmbito municipal, pela garantia de trabalho de ambulantes, que sofrem com a repressão sobre seu trabalho, apreensão de mercadorias e com o processo de gentrificação dos espaços urbanos centrais. 

40. A comunidade LGBTQIAP+, mesmo compondo 12%, cerca de 19 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com Jornal da Unesp (2022), é também um segmento populacional ainda muito precarizado e marginalizado. A comunidade trans e travesti segue sendo a mais violentada [25 vezes superior à de homens heterossexuais e cisgeneridade – Jornal Unesp (2022)], sem levantamento oficial para cidadania, que contribui para falta de políticas públicas para atendimento efetivo e mesmo assim, fortificou sua base obtendo, na última eleição, um histórico quadro eleito. É imprescindível ampliarmos ações de reconhecimento de demandas específicas, bem como garantir maior participação de pessoas trans e travestis nos processos sindicais e nos espaços de decisões.

41. Os/as trabalhadores/as por plataformas de aplicativo no Brasil ultrapassam 10 milhões de pessoas, sendo que 1,4 milhão estão alocados no setor de transporte de passageiros e mercadorias. Não dispondo de cobertura da legislação trabalhista e seguridade social, estão expostos a níveis absurdos de exploração por parte das empresas proprietárias destas plataformas. A agenda sindical deve considerar a luta pelo reconhecimento  dos direitos trabalhistas destas categorias respeitando as especificidades que estes trabalhadores têm em relação aos assalariados tradicionais. É ainda necessário estabelecer um sistema de regulamentação que imponha limites à exploração do trabalho, tanto em termos de jornada quanto na taxa retida de empresa por cada trabalho desenvolvido por meio dos aplicativos. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

42. A Intersindical deve ser um exemplo da necessária “Unidade na Luta” no próximo período, preservando sua autonomia e ao mesmo tempo procurando estabelecer formas de aprofundamento de ações conjuntas no campo popular, sindical e setores democráticos. 

43. Na conjuntura, onde de um lado está a extrema-direita segue fortemente organizada;  e de outro, o governo Lula, eleito por uma frente ampla democrática e com apoio da maioria das organizações da classe trabalhadora e os partidos de esquerda, precisa levar adiante o programa que foi eleito, e só conseguirá com a ampla mobilização popular, o fator decisivo para que este governo possa “dar certo” e derrotar definitivamente a extrema-direita. 

44. Defendemos que a reconstrução do Brasil e a reorganização da classe trabalhadora passa por aprofundar a organização dos setores precarizados da classe, sendo este um desafio de todo o movimento sindical. Iremos apoiar e promover qualquer iniciativa que acumule forças no caminho de uma maior unidade da classe, fortalecimento das suas organizações e ampliação da sua capacidade de intervenção na conjuntura. A luta imediata de organização da classe trabalhadora e reconstrução do Brasil é portanto nossa tarefa imediata; no entanto, a  Intersindical tem claro que é preciso superar a forma atual de organização da sociedade. Lutamos a cada dia e em cada local de trabalho pelo fim da exploração e pelo socialismo,  objetivo estratégico da nossa Central.

São Paulo, 11 de março de 2023

DIREÇÃO NACIONAL DA INTERSINDICAL CENTRAL DA CLASSE TRABALHADORA