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sábado, 3 de setembro de 2022

Exposição 200 livros para pensar o Brasil

Até 16 de setembro, a mostra exibe seleção de livros que estimula avaliações críticas sobre a história do país.

A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da Universidade de São Paulo (USP) inaugurou, na última segunda-feira (29), a exposição ‘200 livros para pensar o Brasil’, que faz parte do conjunto de comemorações e reflexões relacionado ao bicentenário da Independência. A mostra gratuita fica aberta até 16 de dezembro.

Foram selecionados do acervo da BBM os livros que representam e interpretam o Brasil, partindo das mais antigas descrições sobre o território, desde a colônia, até as discussões mais contemporâneas sobre os atuais dilemas da sociedade. Para cada período histórico, a seleção apresenta livros canônicos com projetos de país vitoriosos. Mas também são apresentados os projetos derrotados, as vozes silenciadas e as visões bastante heterogêneas sobre o país.

Autores que vão de Gilberto Freyre a Sueli Carneiro, de José de Alencar a Davi Kopenawa, de Machado de Assis a Carolina Maria de Jesus, os contrastes e confluências percorrem toda a exposição.

O diretor da BBM e um dos curadores, Alexandre Macchione Saes, destaca o caráter abrangente das obras. “Com a exposição 200 livros para pensar o Brasil, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin convida a comunidade para percorrer a rica produção literária, histórica e sociológica brasileira”.

Para ele, o contraste de autores traz um panorama rico da história do país. “Ao reunir autores consagrados com vozes silenciadas ou menos reconhecidas pela crítica, oferecemos a oportunidade de observar os diversos Brasis que devem compor nossa interpretação sobre a sociedade brasileira em seus 200 anos”, completa o diretor.

Os livros foram divididos em seis períodos históricos: pré-Independência (1500-1822); Brasil Império (1822-1889); Primeira República (1889-1930); Brasil moderno (1930-1964); Ditadura civil-militar (1964-1985); e, finalmente, Brasil contemporâneo (1985-2022).

A curadoria ressalta que “Como toda seleção deve ser, a apresentada em 200 livros para pensar o Brasil é apenas um percurso possível para pensarmos o Brasil, que deve ser confrontado com diferentes propostas. Os critérios que definiram a seleção dos 200 livros da BBM devem ser problematizados, oferecendo espaço para que outros 200 livros possam ser incluídos. Afinal, qual deve ser a Biblioteca Brasiliana que pensa o Brasil no século XXI?”

Serviço

O quê: 200 livros para pensar o Brasil
Quando: 29 de agosto a 16 de dezembro 2022
Onde: Rua da Biblioteca, 21 Cidade Universitária – SP Sala Multiuso, Subsolo
Horário: das 8h30 às 18h30
Visitas mediadas: mediacaobbm@usp.br
Para mais informações, acesse: www.pensabrasil.usp.br

Fonte: Portal BRASIL CULTURA
Adaptado em 03/09/2022, pelo CPC-RN (Centro Potiguar de Cultura)

Filme da UNE sobre cotas exalta mudança de perfil da universidade

Clipe lançado pela entidade estudantil marca os dez anos da Lei de Cotas e reafirma a urgência de manter essa política pública.

Com música de Chico César, que também canta no filme, e letra de Carlos Rennó, o clipe “As Cotas” lançado pela União Nacional dos Estudantes (UNE) reafirma a importância dessa política afirmativa para a transformação ocorrida no perfil dos estudantes que frequentam as instituições de ensino superior do país, com entrada de alunos negros e indígenas e pessoas com deficiência.

A produção tem participação de outros artistas – como Letícia Sabatella, Gilsons, Vitão, Teresa Cristina, Moreno Veloso, Fabiana Cozza, Leci Brandão, José Miguel Wisnik, Célia Xakriabá e Edvan Fulni-ô –, de representantes estudantis, como a primeira presidente negra do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, Letícia Chagas, e a própria presidente da UNE, Bruna Brelaz, e de lideranças negras e indígenas, como Gabriel Vako e Samela Sateré Mawé.

Sancionada em 29 de agosto de 2012, pela então presidente Dilma Rousseff, a lei já previa revisão no prazo de dez anos, para avaliar os resultados da sua aplicação e a necessidade de ajustes e aperfeiçoamento. Por isso o assunto está em pauta atualmente não só nas universidades e na sociedade, como no Congresso Nacional, onde deve ser analisado pela Câmara dos Deputados. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) apresentou o Projeto de Lei 433/2022, que altera o artigo 7º da Lei 12.711/2012, para que a cota passe a ser permanente.

Com o clipe, a UNE quer intensificar o debate público sobre a urgência de manter a lei. “Esses dez anos da Lei de Cotas transformaram a sociedade brasileira, e é esse o futuro que queremos continuar vivendo. O enfrentamento às desigualdades se faz necessário para garantir uma sociedade com equidade e justiça social”, argumenta Bruna.

A obra audiovisual revela símbolos da luta dos brasileiros por direitos, ao mesmo tempo que reúne um time de estrelas da música popular brasileira para contar essa história em forma de canção. O filme-ensaio mostra a trajetória da população negra e indígena no Brasil, desde a colonização até os dias atuais, passando pela conquista da Lei de Cotas, como uma ação afirmativa para reparar a privação de oportunidades provocada pelos 300 anos de escravidão.

A narrativa conduz os espectadores pelos corredores do Largo de São Francisco, agora ocupados não mais por apenas integrantes da elite, mas também por indígenas, estudantes de pele negra, pessoas LGBTQIAP+ e toda a diversidade que hoje se vê nas universidades brasileiras.

A escolha da locação não foi aleatória: o Largo de São Francisco, além de ser palco de grandes manifestações pela democracia (como no caso do ato que reuniu milhares de pessoas no dia 11 de agosto, na leitura da Carta pela Democracia), também é símbolo da elite intelectual que por muitos anos foi composta apenas por homens brancos.

Assista ao filme:

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL TERCEIRA PARTE – Guerra da Cisplatina

A independência do Brasil foi declarada em 7 de setembro de 1822 e foi resultado do desgaste das relações luso-brasileiras a partir da Revolução do Porto de 1820.

Dom Pedro I, conhecido como D. Pedro IV em Portugal, foi o grande nome do processo de independência do Brasil.*Dom Pedro I, conhecido como D. Pedro IV em Portugal, foi o grande nome do processo de independência do Brasil.

A Guerra da Cisplatina aconteceu entre o Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata, atual Argentina. Esse foi o primeiro conflito do Brasil como nação independente e foi causado pela disputa entre as duas nações pelo controle da Cisplatina, província no extremo sul do Brasil. A guerra durou de 1825 a 1828 e teve duas grandes consequências para o Brasil: a perda do território da Cisplatina, que se tornou uma nação independente, e a perda de popularidade do imperador d. Pedro I.

Antecedentes históricos

A Cisplatina, historicamente, foi uma região que motivou tensões e foi fortemente disputada, primeiro por portugueses e espanhóis e, depois, pelas nações que se tornaram independentes. A tensão a respeito dessa região remonta ao período colonial, quando Portugal oficializou a criação da Colônia de Sacramento, em 1680.

A existência de uma colônia portuguesa na região acendeu uma grande disputa entre portugueses e espanhóis. A solução encontrada foi redesenhar os limites territoriais das duas nações na América a partir de diversos tratados, como o Tratado de Madrid (1750) e o Tratado de Santo Ildefonso (1777).

A questão, no entanto, nunca foi resolvida de maneira plena e, no século XIX, a disputa pela região retornou com força. Em 1807, d. João (conhecido como d. João VI a partir de 1816) era o regente de Portugal e, no exercício da função, decidiu transferir a Corte portuguesa para o Brasil com o objetivo de fugir das tropas francesas que tinham invadido o território português.

Uma vez instalado aqui no Brasil, em 1808, o príncipe regente realizou profundas mudanças no Brasil, inclusive nas relações internacionais. Uma das medidas tomadas por d. João VI foi ordenar a invasão de Sacramento em represália ao fato de os espanhóis terem autorizado os franceses a cruzarem seu território para invadir Portugal. Caso queira saber mais sobre esse período, acesse nosso texto: Período Joanino.

Formação da Cisplatina

Após a decisão de d. João VI, foram realizadas duas invasões de tropas portuguesas na região, uma em 1811 e outra em 1816. A expedição de 1816 foi conduzida por Francisco Frederico Lecor, que, liderando 14 mil soldados, conquistou a região e anexou-a ao Reino de Portugal, Brasil e Algarves. Em 1817, estava oficializada a criação da Província Cisplatina. Em razão da presença de tropas portuguesas e da intervenção de Lecor, o clima de tensão aumentou consideravelmente.

Causas

Em abril de 1825, os 33 orientais declararam o fim do domínio brasileiro na Cisplatina, e esse acontecimento iniciou a Guerra da Cisplatina. [1]

A presença portuguesa na região foi mantida, mas o processo de independência gerou novas movimentações na região. Primeiramente, tropas leais a Portugal não aceitaram a declaração de independência. Foi preciso que elas fossem debeladas para que a região fosse garantida como uma província brasileira.

A Cisplatina, inclusive, chegou a eleger e mandar representantes para a Assembleia Constituinte que elaborou a primeira Constituição do Brasil em 1823 (rejeitada por D. Pedro I). A tensão existente entre Brasil e os habitantes da Cisplatina era permanente e agravada pela forma como os habitantes locais eram tratados pelas autoridades brasileiras.

O ápice da tensão ocorreu em abril 1825, quando Juan Antonio Lavalleja, liderando um grupo conhecido como 33 orientais, iniciou uma rebelião contra o domínio do Império do Brasil na Cisplatina. A ideia dos 33 orientais era, além de derrubar o poder brasileiro na região, anexar a Cisplatina às Províncias Unidas do Rio da Prata.

O início dessa rebelião foi o fator que deu início à Guerra da Cisplatina. Ao longo do restante de 1825, Lecor mostrou-se incapaz de combater a rebelião que se espalhava pelo interior da Cisplatina. Em 10 de dezembro de 1825, o imperador d. Pedro I acabou declarando guerra às Províncias Unidas, uma vez que os portenhos estavam apoiando o movimento rebelde na Cisplatina.

Motivações

A Guerra da Cisplatina estendeu-se por três anos e, nesse período, os objetivos das nações envolvidas nessa luta eram os seguintes:

Brasil: o objetivo do Império era pôr fim à rebelião que acontecia na Cisplatina e recuperar o território rebelde.

Cisplatina: o objetivo de Lavalleja, na liderança dos 33 orientais, era anular o domínio brasileiro na região, para, em seguida, anexar-se às Províncias Unidas. Também existiam uruguaios que defendiam a independência da região.

Províncias Unidas: anexar a Cisplatina ao seu território.

Principais acontecimentos

A Guerra da Cisplatina, ao longo de seus três anos, foi um conflito extremamente impopular, principalmente por não ser identificada como uma causa legitimamente brasileira e por conta de seu impacto na economia do país. O desejo das elites nacionais, na década de 1820, era a manutenção da paz para garantir o desenvolvimento do país.

A guerra ficou marcada como um grande erro de d. Pedro I, que se envolveu em um conflito que não tinha condições de ganhar e que só prejudicou a economia do país, humilhou internacionalmente o Brasil e fez despencar a popularidade – já abalada – do imperador.

O imperador ordenou o fechamento dos portos na região platina e anunciou uma recompensa pela captura de Lavalleja e Frutuoso Rivera (outro líder militar dos uruguaios). Essas decisões só contribuíram para acirrar mais os ânimos. A falta de preparo para o conflito custou caro ao país, que foi derrotado em inúmeras batalhas, tais como a Batalha de Ituzaingó, em fevereiro de 1827.

Acesse também: Entenda os motivos que levaram d. Pedro I a renunciar ao trono do Brasil

Fim da guerra

Após ser derrotado em Ituzaingó, o governo imperial aceitou negociar termos para o fim da guerra. Após muita negociação, ficou decidido na Convenção Preliminar de Paz que o Brasil aceitava abrir mão da Cisplatina e concordava com a derrota militar sofrida nesse conflito. A historiadora Isabel Lustosa fala que, ao longo dessa guerra, o Brasil gastou cerca de 30 milhões de dólares e cerca de 8 mil soldados morreram|1|.

Como parte desse acordo de paz, houve a independência da Cisplatina e, assim, em 27 de agosto de 1828, surgia a República Oriental do Uruguai. Esse acordo realizado entre brasileiros e argentinos contou com a mediação de representantes do Reino Unido e da França. A Guerra da Cisplatina só endividou o Brasil e abalou grandemente a popularidade de d. Pedro I.

Nota

|1| LUSTOSA, Isabel. D. Pedro I. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 277.

Fonte: Portal BRASIL CULTURA

Sete de Setembro sofre mais um sequestro autoritário com bolsonarismo

“O sequestro da Independência – Uma história da construção do mito do Sete de Setembro” mostra a mitologia forjada para silenciar as lutas populares no Brasil.

O livro “O sequestro da Independência – Uma história da construção do mito do Sete de Setembro, recém lançado pela Companhia das Letras, é um esforço para antecipar um debate sobre o bicentenário da independência do Brasil, especialmente no momento em que ele é ameaçado de apropriação política por Jair Bolsonaro.

A antropóloga social e professora da USP, Lúcia Klück Stumpf, falou com a reportagem sobre sua pesquisa. É autora do novo livro, com Lilia Moritz Schwarcz e Carlos Lima Junior, que já trabalharam juntos na obra A batalha do Avaí (2013).

Transformar a efeméride do Bicentenário da Independência do Brasil numa celebração do universo paralelo de desinformação e fake news do governo de Jair Bolsonaro não é algo inédito. Dom Pedro I usou a data para reduzir conflitos com as elites paulistas, ainda em 1823, assim como as mesmas elites usaram para afirmar um falso protagonismo no centenário da Independência em 1922. A ditadura militar jogou fumaça sobre a Guerrilha do Araguaia e as guerrilhas urbanas de esquerda, em 1972.

Todos estes “sequestros”, entendidos como deslocamentos e substituições de sentido, são meticulosamente descritos no livro, a partir da análise da trajetória de uma peça pictórica de Pedro Américo, o Grito do Ipiranga, exposto no Museu Paulista, desde 1922. O quadro mostra uma cena idílica, sem conflitos, centrada na aristocracia europeia masculina e sem participação popular para silenciar batalhas brutais que brasileiros de todas as cores lutavam por todo o país em nome da ruptura política com Portugal.

A história oficial consagrada nesta pintura também é geograficamente interessada. A monarquia força um protagonismo paulista inexistente na independência, mas que tem numa pintura acadêmica situada na periferia rural de São Paulo seu mito e imaginário fundadores.

Como é característico da pesquisa dos autores, o livro traz vasto material imagético sobre o evento libertador da nação, sendo que a maioria pouco se firmou no imaginário nacional, enquanto o quadro de Pedro Américo sobre o “Grito do Ipiranga” foi se afirmando nos livros didáticos. A obra traz elementos para a análise da formação da identidade nacional.

O Grito do Ipiranga, óleo de Pedro Américo

Cada presente histórico narrou o evento conforme seus interesses. A D. Pedro I interessava amainar as tensões do Segundo Reinado e rivalidades entre as elites do Rio de Janeiro e São Paulo. A riqueza econômica paulista precisava definir seu lugar na construção ideológica da nação, trazendo ao centro os campos do Ipiranga, o desbravamento dos bandeirantes e o marco da Arte Moderna Brasileira. A ditadura vivia seu momento mais instável de violência e endividamento, mas o livro vai além em seu percurso, analisando como a ditadura se utilizou da efeméride dos 150 anos, em 1972, para amainar suas instabilidades. Agora, o governo de Bolsonaro faz bravatas golpistas a partir do chamado às celebrações do Bicentenário.

“Percebemos que até o segundo reinado, a década de 1840, não era o Sete de Setembro que era incensado pela monarquia. Em grande parte do primeiro reinado, até a abdicação de Pedro I, essa data ainda que comemorada, dividia atenções com outras datas, como o 12 de outubro, que é o dia da aclamação do Imperador e o primeiro de dezembro, dia da coroação, ocorridas no Rio de Janeiro”.

A proclamação da Independência por Francois-René Moreau

Ela cita a primeira pintura, já em 1844, no início do reinado de Pedro II, que relembra e cita a proclamação da independência, feita pelo artista francês Francois-René Moreaux. “A construção da data não parte do Sete de Setembro, aclamada como uma data nacional, mas foi sendo construída ao longo dos anos pela própria monarquia”.

A pintura de Pedro Américo surge no último ano antes da proclamação da República, o que gera uma série de embaraços ao quadro, que fica por muitos anos, depois de pronta, enrolada e guardada nos porões da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. “Não interessava ao novo regime exaltar uma cena em que o protagonismo era reservado à monarquia, e fazer a ode a um evento protagonizado pelo Império, regime récem-deposto. Enfim, uma pintura que ficou por muito tempo escondida aos olhos do povo brasileiro”.

O sequestro paulista

Indo buscar quando a pintura vai se fixando na memória nacional, percebe-se que foi através dos livros didáticos, no centenário em 1922. Lúcia conta como se deu a disputa entre Rio e São Paulo. Epitácio Pessoa, então presidente, comandou as festas e organizou uma exposição internacional com convidados do mundo inteiro, que montaram suas mostras de modernidades no Rio de Janeiro. O Museu Histórico Nacional, recém-criado, fez um concurso para que artistas tentassem formular novas imagens da independência. Muitas obras foram vencedoras, mas também não se fixaram na memória.

São Paulo conseguiu fazer o primeiro sequestro da data para si, a partir do esforço e atuação de Afonso Taunay, diretor do Museu Paulista, que faz do quadro um grande ícone nas comemorações. Em 1922, a pintura de Pedro Américo vira peça de tapeçaria, estampa de bandejas, além de selo, cartão postal, e passa a fazer parte do cotidiano, entrando na casa dos brasileiros.

O Museu Paulista









O sequestro paulista se expressa também na Semana de Arte Moderna, quando a efervescência cultural estava por todo o país, com forte presença no Rio de Janeiro, mas é em São Paulo que se firma a efeméride. Outra distorção ainda maior ocorre conforme São Paulo se apropria da data da Revolução de 1930.

Lúcia explica que, nesses primeiros anos de República, no início do século XX, São Paulo teve um grande protagonismo na economia. Foi palco de grandes greves que fomentaram o nascimento do Partido Comunista do Brasil, por exemplo, também em 1922. “Então, São Paulo já disputava um centro político e econômico com o Rio de Janeiro. Com essas elites econômicas bem estabelecidas, passa também a disputar esse centro cultural de formação de uma intelectualidade. É isso que vemos nesse plano de construção e reinauguração, em 1922, do Museu Paulista”, conta.

Nesse mesmo momento, Taunay constrói a visualidade do mito bandeirante, lembra ela. Essa construção de um mito heroico do papel dos bandeirantes na história e no desenvolvimento do Brasil foi fruto dessa operação realizada no centenário da independência. Foram vários operações para forjar o papel que São Paulo cumpriu na construção do Brasil.

A independência não teria exatamente relação com São Paulo ou o Ipiranga. Ela poderia ter relação com outra geografia. Nas décadas de 1820 e 1830, ainda não era o Ipiranga o marco central. Por muito tempo se valorizou, sobretudo, o momento em que D. Pedro I chegava ao Rio de Janeiro dessa viagem, e era então aclamado pelo povo como imperador. Então, o momento do reconhecimento do povo que ocorreu no Rio de Janeiro teria sido o gesto inaugural da nação. São essas as primeiras imagens da independência pintadas por Debret, e pintores da corte de Pedro I.

A aclamação do Imperador, por Jean-Baptiste Debret











Mas foi quase por um acaso que Pedro I tenha sido encontrado às margens do Ipiranga, no momento em que recebeu a notícia sobre as exigências das cortes de Lisboa para que voltasse a Portugal. Tudo isso é construção que vai se dando em diferentes momentos, a depender dos interesses de quem vai escrevendo a história como algo de mão única”, explica ela.

Portanto, a data poderia ser outra, também. 

Para construir-se o mito do Sete de Setembro, se silencia todas as lutas e guerras da independência, que duraram muito mais tempo, de 1820 a 1825, guerras pela independência que aconteceram pelo país inteiro. Guerras ocorridas por exemplo na Bahia, primeiro local que declarou o Brasil independente e proclamou Pedro I, Imperador do Brasil. Isso ocorreu na Vila de Cachoeira da Bahia, em junho de 1822, portanto antes do 7 de setembro.

Até hoje, a bandeira do Piauí traz a inscrição de 13 de março de 1823, que é a data da Batalha de Jenipapo, ocorrida no Piauí, contra tropas portuguesas, e, até hoje, é o feriado estadual do Piauí. Mulheres como Maria Quitéria, Joana Angélica e Maria Filipa, também foram celebradas pela luta pela independência e esquecidas no Sete de Setembro.

A batalha de Jenipapo, no Piauí

Assim como negros. Diz-se que um dos primeiros mortos nas batalhas pela independência foi Manoel Soledade, um jovem negro baiano. “Todos são rememorados no livro com imagens que foram executadas deles, que não ganharam no nosso imaginário a disputa pelo mesmo lugar firmado pela pintura de Pedro Américo”.

É importante notar o quanto o Sete de Setembro é um gesto que dá muito mais protagonismo ao imperador do que à aclamação. O grito do Ipiranga foi algo que ele fez sozinho, com sua entourage civil e militar, diferente da aclamação em que o protagonismo é reservado ao povo. “Tem muito desse jogo de o quanto se dá o protagonismo ao personagem e o quanto se dá o reconhecimento ao povo, sobre seu papel”.

O sequestro militar

Em 1972, se comemoraram os 150 anos da independência do Brasil nos momentos mais duros da ditadura militar do governo de Garrastazu Médici. 1972 é também o início das repressões do Exército à Guerrilha do Araguaia, organizada pelo PCdoB no interior do Pará. O governo precisava abafar essas resistências e essa guerra civil, que insistiam em existir.

Foi o chamado Carnaval da Independência, que já tinha o mote dos 150 anos, que foi o primeiro evento transmitido a cores pela TV. “Teve a Taça Independência de Futebol, que de forma bastante curiosa, para não dizer outra coisa, vários países foram convidados para essa minicopa de futebol, e a final se deu entre Brasil e Portugal, com o Brasil se sagrando campeão”.

Quando se representa a independência, ela é uma cena idílica. A própria ditadura encena esse clima pacífico, num dos seus momentos mais violentos. “É nos momentos de crise e instabilidade que se torna necessário aos governos tentar se fixar num passado sempre idealizado, criado a partir dos discursos do presente”, diz Lúcia.

A pintura surge às vésperas da proclamação da República. “Sabemos que o reinado de Pedro I foi bastante sanguinolento, reprimiu uma quantidade enorme de rebeliões, lutas, revoltas populares e regionais. Tanto, que era chamado de O açougue dos Braganças”, afirma a antropóloga.

A ditadura se valeu disso para dar esse sentido de que no Brasil é um lugar pacífico, onde não há lutas e as coisas se resolvem sem guerras.

Paralelos do Bicentenário

Algo que motivou os escritores a ser céleres com a escrita do livro foi o uso que o governo Bolsonaro fez do Sete de Setembro, em 2021. Uma primeiro teste para um golpe de estado, na opinião deles. Há de novo esse sequestro militar da cena de Pedro Américo. A logomarca do bicentenário criado pela Secretaria de Comunicação é a empunhadura de Pedro I segurando a espada.

“É o resgate do momento bélico, militar, da luta, de um protagonismo masculino, esse gesto fálico de erguer uma espada, que é parte do discurso misógino e machista que este governo se orgulha de ter”, resume.

Ela explica que o governo Bolsonaro tenta se valer disso para fazer um uso autoritário. “Para colocar em risco os processos democráticos e o direito à Constituição e ao processo de transição democrática, que esperamos que haja nesta próxima eleição”.

AUTOR

Em Parnamirim, uma extensa programação será realizada neste final de semana

 Foto: G1

Quem precisa se vacinar contra a Covid-19, Influenza, Febre Amarela e Poliomielite, haverá dois pontos em plena atividade neste sábado, das 8 às 14h:

LEROY MERLIN - Nova Parnamirim; e

UBS VALE DO SOL - Travessa Professora Maria do Carmo Padilha, no próprio bairro

Vacinação pet

Ainda não vacinou seu pet? Não deixe seu gatinho ou cachorrinho desprotegido! No sábado haverá vacinação antirrábica, das 8 às 12h, nos seguintes pontos da cidade:

UBS NOVA ESPERANÇA – Rua Rosa Fernandes da Silva, s/n;

UBS CENTRO - Avenida Comandante Petit, 226 (antiga central de diagnósticos);

SOS PET - Rua Bela Parnamirim, 14, Monte Castelo; e

PET HOUSE – Rua Manoel Monteiro Filho, 324, Passagem de Areia.

Ação de combate à dengue

Contra o mosquito da dengue, haverá ações de borrifação e pulverização com equipamento portátil nos bairros:

NOVA ESPERANÇA; e

VALE DO SOL.

O produto utilizado é biodegradável e não faz mal à saúde.

Cadastro único

Neste sábado (3) a equipe da Central de Atendimento Social estará de plantão na UBS Vale do Sol com atendimento livre para serviços sociais, Benefício de Prestação Continuada, atualização de cadastros e retornos.

UBS VALE DO SOL - Travessa Professora Maria do Carmo Padilha, no próprio bairro, das 8 às 12h.

Esporte, lazer e cultura

Sábado (3)

PRAÇA DO LAZER - A partir das 15h haverá na praça do CEUS, em Vida Nova, onde funciona atualmente o CRAS Quilombola Moita Verde, apresentações de iniciação à dança, breaking, calistenia, gincana e ritbox. Para as crianças o evento terá distribuição de picolé, algodão doce, tobogã e pula-pula.

CAMPEONATO ESTADUAL DE FUTSAL 2022 -  A equipe do Aero Clube / Parnamirim entrará em quadra pela segunda rodada. O jogo será às 20h30 no Ginásio Poliesportivo Edilson Albuquerque Bezerra, na cidade de Macaíba, contra o Cruzeiro Futebol Clube, que joga em casa. Vamos Parnamirim!

FAMÍLIA NO PARQUE E NA PRAÇA -  A partir das 18h, a praça de Vida Nova, aquela ao lado da UBS do bairro, vai ter artesanato, brechó, gastronomia, boa música e gente feliz, um verdadeiro encontro de famílias e amigos. COMPAREÇA!

Domingo (4)

Futebol society pelos Jogos Escolares do Rio Grande do Norte - Etapa Regional de Parnamirim. Os jogos serão realizados na Arena Marrada, a partir das 13h40 com entrada franca. Confira a programação:

13h40 - João Tiburcio x Roosevelt

14h30 - CADE x Hélio Galvão

15h20 - M. Maciel x CCV

16h10 - Eliah x Agnus Dei

Próxima quarta-feira (feriado de 7 de setembro)

1° Campeonato de Futevôlei Trampolim da Vitória - A partir das 8h na praça de Vida Nova, próximo à UBS. A inscrição será gratuita e pode ser feita na Secretaria de Esporte e Lazer de Parnamirim a partir da próxima segunda-feira (5). Será preciso apresentar na inscrição RG, CPF e COMPROVANTE DE RESIDÊNCIA (XEROX). Haverá premiação para o primeiro, segundo e terceiro lugar com troféu, medalha e bonificação em dinheiro.

Fonte: Ascom

Com Potiguar Notícias