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segunda-feira, 13 de maio de 2019

LUTA PELA TERRA - TRF-4 ESTIPULA PRAZO PARA DESPEJO DE COMUNIDADE GUARANI EM ITAIPULÂNDIA, NO OESTE DO PR

TRF-4 estipula prazo para despejo de comunidade Guarani em Itaipulândia, no Oeste do PR
“As famílias não tem mais para onde ir. Para nós, o melhor seria esperarmos onde estamos até finalizar a demarcação”, diz cacique
 (mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com)
Em decisão assinada pela desembargadora Marga Barth Tessler, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), manteve decisão que determinou a remoção forçada da comunidade guarani da aldeia Yva Renda, no município de Itaipulândia, no Oeste do Paraná, caso os indígenas não saiam voluntariamente até o dia primeiro de junho.
“As famílias não tem mais para onde ir. Para nós, o melhor seria esperarmos onde estamos até finalizar o processo de demarcação”, diz o cacique Oscar Benites Lopes.
Segundo o cacique são 15 famílias, num total de 79 pessoas que poderão ficar desabrigadas, sendo 13 crianças e 7 idosos com idade avançada.
“As crianças estão matriculadas nas creches e nas escolas de Itaipulândia, não sabemos o que vamos fazer”, lamenta o cacique.
O pedido de reintegração de posse contra a comunidade foi feito na justiça pela Itaipu Binacional, em área reivindicada pelo povo Guarani como terra de ocupação tradicional. Na região dos municípios de Itaipulândia e Santa Helena cinco áreas ocupadas pelos Guarani correm risco de sofrer reintegrações de posse movidas pela Itaipu.
A comunidade da aldeia Yva Renda está em uma área próxima de florestas remanescentes do lago formado pelo reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Itaipu. A área recebeu visita de uma diligência da Fundação Nacional do Índio que ficou responsável por elaborar um laudo para subsidiar o processo na justiça federal. A Funai ouviu  imigrantes alemães que chegaram na região antes da formação dos lagos da Itaipu e que na época se estabeleceram em áreas vizinhas às aldeias Guarani que já existiam na região. Os imigrantes que atualmente dispõem de propriedade agrícolas às margens do lago da Itaipu reconhecem a existência de aldeias que foram submersas pelo alagamento causado pela Itaipu.
A área é reivindicada pelo povo Guarani como Terra Indígena tradicionalmente ocupada. A Funai já designou um grupo de trabalho, que está em campo desde o dia 6 de maio, para os estudos de demarcação, mas a decisão da desembargadora Marga Barth Tessler vai no sentido oposto à decisão tomada recentemente pelo Supremo Tribunal Federal na qual o ministro Dias Toffoli suspendeu as reintegrações de posse, também movidas pela Itaipu, contra as aldeias Pyahu, e Curva Guarani, em Santa Helena-PR.
A desembargadora justifica a manutenção da decisão contrária à comunidade da aldeia Yva Renda por considerar a área patrimônio da Itaipu Binacional, afirmando que os Avá-Guarani seriam invasores. A decisão não menciona que o direito sobre a área em questão é reivindicada por comunidades indígenas pelo fato do povo Guarani ter sido obrigado a abandonar suas aldeias no período de construção da UHE Itaipu, entre 1975 e 1982, quando diversas áreas foram alagadas.
“Até mesmo o pessoal da reserva comprada está reclamando pedindo para aumentar a área porque lá também não tem mais espaço”, comenta Oscar
No último mês, a Procuradoria Geral da República divulgou estudo que aponta a necessidade do reconhecimento público por parte da Itaipu de que violou os direitos territoriais dos Guarani. Elaborado por um grupo de trabalho do Ministério Público Federal (MPF), o relatório revelou fraudes que tornaram a presença guarani na região invisível, fazendo com que as comunidades indígenas fossem excluídas dos processos de reassentamento e reparação.
No período de construção da UHE Itaipu, os interesses da empresa eram respaldados pela Funai e Incra, então órgãos do governo militar. Tanto a Itaipu Binacional, como Funai e Incra eram presididos por militares e a obra era estratégica para o governo na ditadura.
Os indígenas reclamam nunca terem sido devidamente compensados e exigem a demarcação de suas terras tradicionais, já que a Itaipu comprou apenas três pequenas áreas para reassentamento. Estima-se que dezenas de aldeias foram inundadas pelas obras da Itaipu.
“Até mesmo o pessoal da reserva comprada está reclamando pedindo para aumentar a área porque lá também não tem mais espaço”, comenta Oscar
Em documento entregue ao MPF, os Guarani pedem que a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, os represente nas negociações com a Itaipu. O pedido está sendo avaliado pela PGR que também atua em inquérito civil que investiga as violações por parte da empresa

25 de março de 2019 é o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravizados


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25 de março de 2019 comemora-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravizados. 

Será é dia de prestar homenagem à coragem das mulheres e homens escravizados, abolicionistas e heróis desconhecidos ao promover um maior reconhecimento das contribuições feitas pelos africanos e seus descendentes para as sociedades em todo o mundo.

A sociedade brasileira precisa cada vez mais reconhecer esta tragédia que é um crime contra a humanidade e seu legado, e para aumentar a consciência dos perigos atuais de racismo, o preconceito e as consequências remanescentes da escravidão, que continuam a afetar os descendentes das vítimas da escravidão hoje.

O Dia Internacional de Recordação das Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravos foi marcado em 25 de março, para honrar a memória dos estimados 15 milhões de homens, mulheres, crianças e adolescentes que foram vítimas da maior migração forçada na história. Nós jamais esqueceremos! Reparações Já!

FONTE: NFNB via Whatsapp e Facebook

Adaptado pelo Centro Potiguar de Cultura - CPC/RN, em 13/05/2019.

HQ Njinga A Mbande - Rainha do Ndongo e do Matamba - UNESCO


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"Njinga a Mbande (1581 - 1663), rainha do Ndongo e do Matamba, marcou a história de Angola do século XVII. Os projectos mercantis europeus, em particular de desenvolvimento do tráfico de escravos na costa da África austral, alteram a paisagem política, social e cultural do reino do Ndongo e de toda a região. Foi neste contexto que Njinga a Mbande cresceu e se impõe como um notável exemplo de governo feminino.

Em 1617, Ngola Mbande Kiluanji, rei do Ndongo, morre. O seu filho, Ngola Mbande, torna-se o novo rei. Porém, não tem o carisma do seu pai, nem a inteligência da sua irmã Njinga a Mbande. Em 1622, influenciado pelos portugueses, envia Njinga a Mbande como embaixadora a Luanda para negociar a paz com Dom João Correia De Sousa, vice-rei de Portugal. Njinga revela-se então como uma negociadora e uma diplomata fora do comum.

Em 1624, Ngola Mbande morre. Njinga toma posse e torna-se rainha. Impõe-se desde logo como uma soberana de excepção. A sua táctica de guerra e de espionagem, as suas qualidades como diplomata, a sua capacidade para tecer múltipla e estratégicas alianças, e por fim o seu conhecimento das implicações comerciais e religiosas, permitir-lhe-ão opor resistência tenaz aos projectos coloniais portugueses até à sua morte em 1663."

Mulheres que correm com Lobos - Por Renata Carvalho


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Para sermos mulheres sagradas temos, primeiro, que curar nossas relações com as nossas mães e com a nossa ancestralidade. A bênção de nossas mães é algo muito importante nas nossas vidas e se não a temos por algum motivo, as bênçãos de uma outra mulher que cumpriu a função de mãe. Reconhecer o sagrado de quem nos trouxe ao mundo é reconhecer que elas fizeram tudo que podiam e era possível. Não significa que foram perfeitas e acertaram em tudo, mas que são humanas, vulneráveis e lindas também, como nós. 

Gratidão mãe... por me trazer ao mundo através do seu sagrado ventre. Honro também a avó, a bisavó e todas que vieram antes de nós. 

~Renata Carvalho

(Mulheres que correm com Lobos)

13 de maio: como dois Estados brasileiros aboliram a escravidão antes de 1888

Dois Estados brasileiros aboliram a escravidão antes de 1888 — Foto: Acervo Biblioteca Nacional

Além de avaliarem as causas que levaram à abolição 'precoce' no Ceará e no Amazonas, historiadores ouvidos pela BBC News Brasil abordam um lado menos discutido desse movimento: a liberdade precária dos alforriados 'sob condição', que tinham de trabalhar para os antigos senhores, muitos como empregados domésticos.

Por Camilla Veras Mota, BBC
Em 30 de agosto 1881, um grupo de jangadeiros responsáveis pelo embarque de mercadorias no porto da capital da província do Ceará entrava em greve.
Liderados por José Luís Napoleão, um escravo liberto que comprara a própria liberdade - e a de quatro irmãs - com suas economias, e por Francisco José Nascimento, filho de pescadores da cidade de Aracati, eles se recusavam a transportar os negros escravizados que seriam levados dali para outras províncias.
Já tinham se passado 30 anos desde que o tráfico transatlântico havia sido proibido e uma década da Lei do Ventre Livre, que considerava livres todos os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir de sua promulgação.
A escravidão no Brasil, entretanto, se mantinha - ainda que sob uma oposição crescente da opinião pública, em parte influenciada pelo abolicionismo nos EUA e em diversos outros países, e diante da resistência dos escravizados contra a exploração de seu trabalho e a violência.
O simbolismo da insurreição dos jangadeiros correu o Império.
Conhecido como Dragão do Mar, jangadeiro Francisco José do Nascimento foi incorporado à 'propaganda' do movimento abolicionista — Foto: André Valente/BBC BRASIL
Conhecido como Dragão do Mar, jangadeiro Francisco José do Nascimento foi incorporado à 'propaganda' do movimento abolicionista — Foto: André Valente/BBC BRASIL
Em 1883, os "catraieiros" do Amazonas, que desempenhavam a mesma função dos jangadeiros cearenses - ligavam o cais do porto aos navios com suas pequenas embarcações - também entraram em greve e se negaram a transportar os negros escravizados que seriam enviados do Norte a outras regiões do território.

No ano seguinte, as duas províncias aboliram a escravidão - quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888.
O pioneirismo foi resultado de uma conjunção de fatores, que vão desde o ativismo dos abolicionistas ao papel secundário dos escravizados na economia local.
A articulação com o movimento nacional, capitaneado por figuras como José do Patrocínio, Joaquim Nabuco e André Rebouças, foi determinante.
Além de avaliarem as causas, especialistas ouvidos pela BBC News Brasil também destacam um lado "obscuro" e menos discutido da abolição antecipada: a liberdade precária dos alforriados "sob condição", que continuavam tendo de prestar serviço aos antigos senhores, muitos como empregados domésticos.

O tráfico interprovincial e o 'Dragão do Mar'

A mão de obra escrava não chegou a ser predominante no Ceará como o foi nas províncias nordestinas de Pernambuco e da Bahia, diz o historiador Eurípedes Funes, da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ela era usada em paralelo à força de trabalho de "pobres e livres" e de escravos indígenas. Por ser uma área de colonização tardia, acrescenta Franck Ribard, também do departamento de História da UFC, o Ceará concentrava número elevado de indígenas, muitos fugidos de outras regiões onde eram capturados em massa nas primeiras décadas da colonização e submetidos a trabalhos forçados.
A economia local era baseada na pecuária, que não demandava a mão de obra intensiva da grande empresa açucareira que moveu o Brasil colônia nos séculos 16 e 17.
O Amazonas, por sua vez, era a província com o menor número de homens e mulheres escravizados do Império, conta Patrícia Melo Sampaio, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
De acordo com o censo de 1872 - o primeiro do Brasil -, pouco mais de uma década antes da abolição viviam lá 979 escravizados, número bastante inferior aos 6,6 mil registrados no Mato Grosso, província que estava imediatamente antes na lista.
"Sua importância, contudo, não deve ser minimizada com base nesses dados. A propriedade escrava era um poderoso marcador de distinção social e de privilégios - e a elite possuidora de escravos tinha clareza disso", ressalta a pesquisadora.
Tráfico interprovincial criou fluxo de escravizadoss do Norte e Nordeste para os cafezais do Sudeste — Foto: Acervo Biblioteca Nacional
Tráfico interprovincial criou fluxo de escravizadoss do Norte e Nordeste para os cafezais do Sudeste — Foto: Acervo Biblioteca Nacional
Isso porque ter escravos significava possuir um bem extremamente valioso em uma sociedade com poucas opções de crédito e baixa liquidez.
Além de vendê-los, os "senhores" poderiam alugá-los para prestar serviços a terceiros como amas de leite, criadas, carpinteiros e marceneiros - e os jornais do Ceará dessa época estão cheios de anúncios desse tipo - ou usá-los como lastro em operações mercantis, ou seja, como garantia em caso de não pagamento de dívidas.
"É preciso compreender a multiplicidade de facetas e do enraizamento da escravidão no Brasil imperial, e o Amazonas não escapa desta lógica."
Isso explica, por exemplo, porque o tráfico interprovincial ganhou fôlego na década de 1870.
Nessa época, "senhores" de áreas em decadência econômica, como Norte e Nordeste, passaram a vender seus cativos para províncias em que se pagava muito por eles - especialmente as do Sudeste, onde a indústria do café crescia movida pelo trabalho do negro escravizado, explica a historiadora Maria Alice Rosa Ribeiro, que pesquisa a sociedade escravista campineira no Centro de Memória da Unicamp.
Milhares de homens e mulheres foram parar no Oeste Paulista e no Vale do Paraíba dessa maneira.
A história da greve dos jangadeiros entra justamente nesse contexto. José Luís Napoleão, Francisco José Nascimento - que ficaria conhecido como "Dragão do Mar" - e os colegas se recusaram a transportar os escravos da praia às embarcações que os levariam às cidades onde os novos "donos" os esperavam.
A história virou símbolo da abolição no Estado - e inclusive deu "força extra para a mobilização amazonense", diz Patrícia Sampaio -, mas ela não foi "espontânea", ressalta Ângela Alonso, professora livre-docente do departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP).

As sociedades abolicionistas

Os jangadeiros se organizaram por meio da Sociedade Libertadora Cearense, formada por políticos e intelectuais da província e articulada com o movimento abolicionista nacional.
Os clubes e sociedades abolicionistas começaram a pipocar no império a partir da década de 1860, influenciadas em parte por movimentos semelhantes em países como Estados Unidos e Cuba.
"Os intelectuais da época eram cosmopolitas, eles não eram caipiras, como muita gente imagina. Viajavam, acompanhavam as notícias internacionais - que, depois do telégrafo, instalado no Brasil na década de 1860, chegavam aqui mais rápido ainda", diz a autora de Flores, votos e balas: O movimento abolicionista brasileiro (1868-88).
Assim, a elite brasileira do século 19 acompanhou atenta os episódios da Guerra de Secessão americana, que teve início em 1861 e que contrapôs os Estados do Sul, escravistas, e os do Norte, favoráveis à abolição. Lá, a 13ª Emenda, que acabou com a escravidão, foi assinada por Abraham Lincoln em 1865.
A libertação dos escravizados no Brasil, ressalta a socióloga, fez parte de um "dominó internacional", uma sequência de abolições.

Das 'vaquinhas' para compra de alforria às insurreições

Os clubes e sociedades em todo o país faziam campanha através da imprensa e, em muitas províncias, arrecadavam fundos para comprar a liberdade de escravizados - um dispositivo institucionalizado em 1871, com a Lei do Ventre Livre, que também criou oficialmente o fundo de emancipação.
Com o tempo, as cerimônias de entrega das cartas aos escravizados foram virando eventos cada vez maiores, teatralizados, com leituras de poesia e realização de concertos.
A estratégia de compra das alforrias, para Alonso, era uma forma de os abolicionistas sinalizarem a construção de uma abolição gradual, sem afronta direta ao status quo - que, nos EUA, esteva na raiz na guerra civil.
De vez em quando, entretanto, apareciam episódios como o da greve dos jangadeiros, para pressionar o governo com uma ameaça de possível radicalização. Não por acaso, o caso foi amplamente noticiado por José do Patrocínio, figura central do abolicionismo - que tinha interlocução com os ativistas cearenses -, na Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro.
"Os jangadeiros só conseguiram fazer o que fizeram porque tinham parte importante da elite política e das forças policiais ao seu lado", ela acrescenta.
No Ceará, o abolicionismo ganhou fôlego depois da "grande seca" de 1877, que se estendeu por três anos e deixou a província em estado de calamidade, diz o historiador Eylo Fagner Silva Rodrigues, que dedicou a pesquisa de mestrado e doutorado ao tema da escravatura e da abolição no Estado.
Grande seca de 1877 espalhou pobreza e miséria pelo Ceará — Foto: Acervo Biblioteca Nacional
Grande seca de 1877 espalhou pobreza e miséria pelo Ceará — Foto: Acervo Biblioteca Nacional
No Amazonas, a atuação das sociedades abolicionistas teve ajuda importante da maçonaria, que se "dedicou intensamente a angariar recursos" para o fundo de emancipação, diz Sampaio, da UFAM.

Reconhecimento internacional

Um dos ativistas responsáveis pela "ritualização" das entregas das cartas de alforria foi o educador baiano Abílio César Borges, que foi professor de uma geração de abolicionistas que inclui Rui Barbosa, Castro Alves e o político Sátiro de Oliveira Dias - que foi presidente da província do Ceará e, em 25 de março de 1884, assinou a abolição.
Havia uma expectativa nacional pela promulgação no Ceará. Meses antes, na Gazeta de Notícias, José do Patrocínio inaugurou uma coluna semanal com uma "contagem regressiva" que enumerava as cidades cearenses em que a abolição já havia sido decretada.
A primeira foi Acarape, atual Redenção.
Em uma manobra para evitar uma contraofensiva por parte do governo central, quando a data estipulada pelos ativistas para a abolição se aproximava, expoentes do movimento buscaram apoio e reconhecimento internacional para ela - Joaquim Nabuco organizou um banquete em Londres e José do Patrocínio fez outro em Paris.
"Quando aconteceu de fato, ela já era impossível de reprimir", diz Alonso, que é presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).
José do Patrocínio tinha interlocução direta com os abolicionistas cearenses — Foto: Acervo Biblioteca Nacional
José do Patrocínio tinha interlocução direta com os abolicionistas cearenses — Foto: Acervo Biblioteca Nacional
No Amazonas, o presidente da província, Theodoreto Souto - que era cearense -, promulgou a abolição em 24 de maio, quando foram libertos os últimos escravos matriculados na província.
O plano dos abolicionistas de promover a abolição gradativamente nas demais províncias foi interrompida por uma reação dos escravistas, que conseguiram alçar ao Conselho de Ministros o conservador Barão de Cotegipe, que capitaneou uma repressão severa ao movimento abolicionista, com perseguições físicas e judiciais.
A promulgação da Lei Áurea em 13 de maio de 1888 se dá em um cenário de crise no império, com intensificação das fugas e insurreições de escravizados.
O documento assinado pela princesa Isabel estava longe do que os abolicionistas imaginavam. O projeto encampado por eles, de Manuel Pinto de Sousa Dantas, que foi presidente do Conselho de Ministros entre 1884 e 1885, previa o pagamento de uma espécie de renda mínima aos alforriados e a distribuição de terras, "uma espécie de minirreforma agrária".
"Mas uma parte do movimento abolicionista decidiu apoiar (a Lei Áurea) porque não sabia quando teria outra oportunidade (de institucionalizar o fim da escravidão)", diz Alonso.
Lei Áurea excluiu uma série de dispositivos reivindicados pelos abolicionistas, entre eles a distribuição de terras aos alforriados — Foto: Acervo Biblioteca Nacional
Lei Áurea excluiu uma série de dispositivos reivindicados pelos abolicionistas, entre eles a distribuição de terras aos alforriados — Foto: Acervo Biblioteca Nacional

O lado 'obscuro' da abolição precoce

A liberdade precária - que não discutiu a inserção dos novos cidadãos na sociedade brasileira ou no mercado de trabalho - não foi exclusividade de 1888.
No Ceará e no Amazonas, a maior parte das alforrias foi dada "sob condição": o liberto tinha de pagar um pecúlio para "ressarcir" o senhor e/ou se comprometer a continuar trabalhando para ele, muitas vezes sem salário.
Em Manaus, diz Patrícia Sampaio, da UFAM, cerca de 60% das alforrias registradas nos cartórios são onerosas - muitas condicionando a compra da carta de liberdade à continuidade da prestação dos serviços.
"Ou seja, os senhores ganhavam a melhor parte: recebiam o dinheiro e continuavam a contar com o trabalho do alforriado."
Isso explica porque, três anos depois da abolição, explodiu o número de "criados de servir e agregados" no censo de 1887 em Fortaleza, ressalta o historiador Eurípedes Funes.
O chamado Livro de Matrículas de Criados do Estado está cheio de exemplos ilustrativos de "trabalhadores livres, porém ainda recolhidos aos cativeiros domésticos", na definição de Eylo Fagner Rodrigues.
Um deles é o de Eugênia Joaquina da Conceição, registrada por seu antigo proprietário, João Luiz Rangel, em 11 de julho de 1887, da seguinte forma: "minha ex-escrava, continua a residir na minha casa, como creada, gratuitamente, por tempo indeterminado".
Casos como esse não eram incomuns. Muitos dos libertos continuaram vivendo sob o teto dos "ex-senhores" e passaram a trabalhar em troca de roupa e comida - inclusive crianças - em condições muitas vezes parecidas às que eram submetidos até 1884.
O pesquisador encontrou nos arquivos do antigo Tribunal da Relação da Província do Ceará, atual Tribunal de Justiça, várias ações de libertos contra ex-proprietários que os tentavam reescravizar.

DIVERSIDADE 131 anos após Lei Áurea, negros seguem à margem do mercado de trabalho

Os números do racismo estrutural no País devem ser questionados ativamente pelos empregadores, dizem especialistas.

O 13 de maio de 1888 poderia ser uma data lembrada pelos bons frutos que deixou, já que marca o dia da assinatura que acabou com a escravidão no Brasil. Poderia. A Lei Áurea tinha apenas 1 parágrafo e nenhuma maneira de dar oportunidades aos ex-escravos do País. O martírio continuaria.
Passados 131 anos, a maioria da população brasileira ainda encontra barreiras de difícil transposição, independente de onde estiverem no cenário social do País. “Eu achava antes que, quanto mais eu ascendesse, menos eu iria vivenciar essa questão. Porém, quanto mais eu subo, mais eu estou em espaços raros para negros e sinto estranhamento das pessoas na minha presença”, comenta Liliane Rocha, mestra em Políticas Públicas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e CEO da Consultoria Kairós, especializada em promover sustentabilidade e diversidade no ambiente empresarial.
Segundo pesquisas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) de 2018, o mercado de trabalho absorve profissionais negros para áreas tradicionalmente com rendimentos mais baixos, o que faz com que essa parcela receba, em média, 69,3% do rendimento de não negros.
Por mais que o debate esteja cada vez mais em destaque – para o incômodo da massa conservadora que governa o País -, ainda são poucas as empresas que pensam em políticas de diversidade para o quadro de funcionários. De acordo com a pesquisa Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas, feito pelo Instituto Ethos em 2016, o assunto ainda é incipiente na prática.
Contratar mais negros é uma das soluções mais óbvias, mas não apenas. O conceito de discriminação intergeracional pode explicar melhor sobre a disparidade de oportunidades observada recentemente, de acordo com Adilson Moreira, doutor em direito constitucional pela Universidade de Harvard e professor da Universidade Mackenzie. “O que as gerações sofrem se perdura no tempo. Se eu sou um homem negro e acabo de me formar na mesma faculdade do meu colega branco, o meu colega ganhará mais do que eu. Se eu tiver filhos, o meu colega já conseguiu acumular patrimônio e colocar o filho em um cursinho particular, e eu não, porque ganho metade. O meu filho vai para uma escola com menor qualidade, e assim vai.”
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O processo para inclusão, então, deve passar pelo esforço em adotar a diversidade como cultura, e não apenas como mera estratégia de marketing – o que Liliane Rocha definiu como diversitywashing. “As pessoas precisam ter um espaço para prosperar”, disse a empresária, além de acrescentar que é necessário olhar para as estratégias em curto, médio e longo prazo.

“Os estigmas como dimensões prescritivas e falsas generalizações existiam antes dos programas de diversidade e vão existir depois”, acrescentou Moreira, que também é autor do livro ‘Racismo Recreativo’, da coleção Feminismos Plurais. “Parte-se do pressuposto que todas as pessoas brancas estão nos lugares por competência, quando temos uma cultura do clientelismo, nepotismo e preferência”, comentou.

Até o lucro das empresas mostra que políticas por inclusão constroem melhores negócios. De acordo com pesquisa feita pela consultoria inglesa McKinsey em 2017, a correlação entre diversidade étnica e de gênero e a performance financeira mantém-se em todas as regiões do mundo. Empresas com essas políticas em mente tinham 33% maiores chances de maior lucratividade do que as que menos investiam.

Para Adilson Moreira, trabalhar contra o mito da meritocracia é também selecionar talentos por meio de ações pró-ativas, que busquem jovens fora do círculo comum de universidades de elite e que, mesmo nessas, os executivos se mostrem compromissados com as causas.

Nos negócios, Liliane Rocha aponta que não há mais debate internacionalmente sobre o assunto. “Os CEOs são unânimes em considerar que a questão racial é prioritária”, comenta. “Não é mais uma escolha.”

Fonte: CARTA CAPITAL

Lulu Santos convoca população para a Greve Nacional da Educação no dia 15

Lulu Santos manda vídeo em apoio aos atos contra os cortes de Bolsonaro as universidades públicas e institutos federais. Dia 15 de maio os estudantes vão ocupar às ruas de todo o país para mostrar que com a educação não se brinca.
239 pessoas estão falando sobre isso
Cantor declarou apoio aos estudantes, professores e trabalhadores da Educação que, junto a movimentos sociais e entidades, organizam mobilizações em todo o país contra o corte nas universidades e institutos federais anunciado por Bolsonaro.
O cantor Lulu Santos gravou um vídeo para declarar apoio e convocar a população para a Greve Nacional da Educação, na próxima quarta-feira (15).
Estudantes, professores e trabalhadores da Educação organizam, junto a movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos, mobilizações em todo o país contra o corte de 30% nas verbas destinadas às universidades e institutos federais anunciado pelo governo Bolsonaro. Atos e manifestações estão marcados para acontecer em todo o Brasil. 
Além dos cortes na Educação, as mobilizações do dia 15 terão, de acordo com as entidades organizadoras, o objetivo de se posicionar contra o projeto de reforma da Previdência que está em tramitação no Congresso.


Fonte: REVISTA FÓRUM

Movimento ‘Mães de Maio’ lança livro com histórias dos filhos mortos pelo Estado

(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)
O livro “Memorial dos Nossos Filhos Vivos - As vítimas invisíveis da Democracia” traz, além dos textos, imagens dos 26 jovens que foram assassinados por agentes do Estado quando crianças e adolescentes.
O Movimento Independente Mães de Maio lançará em São Paulo, na quinta-feira (16), o livro “Memorial dos Nossos Filhos Vivos – As vítimas invisíveis da Democracia”. O evento ocorrerá no Auditório da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco da Universidade de São Paulo (USP), a partir das 19h.
A obra, organizada pela coordenadora do movimento, Débora Silva Maria, resgata a memória de 26 jovens mortos por agentes do Estado, em depoimentos ricos de histórias vividas e detalhes de amor, alegria e também de dor e saudade. “Eles não eram suspeitos ou criminosos. Eram nossos filhos. Tinham nome, sobrenome, residência fixa. Eles só eram suspeitos para o terrorismo do Estado”, afirma Débora.
Este primeiro volume conta com depoimentos de mães da Amazônia, Pará, Ceará, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e de uma mãe de Chicago (EUA).
Após o lançamento, as mães convocarão os participantes para um cortejo até as escadarias da catedral da Sé, com velas, em homenagem à todas as vítimas da violência do Estado brasileiro.
As Mães de Maio surgiram após o assassinato de quase 600 pessoas em maio de 2006, em meio ao fogo cruzado entre PCC (Primeiro Comando da Capital ) e a polícia.
Serviço
Lançamento do Livro: “Memorial dos Nossos Filhos Vivos. As vítimas invisíveis da democracia.”
Local: Auditório da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco da Universidade de São Paulo, Centro, São Paulo, SP – Dia 16 de maio, a partir das 19h
Fonte: Revista Fórum

O Trono do Estudar: relembre a homenagem às ocupação das escolas de SP

Vídeo incorporado
O Trono do Estudar - Relembre a homenagem às ocupação das escolas de SP.
424 pessoas estão falando sobre isso
Durante o levante das ocupações de escola em 2015, dezenas de artistas se juntaram para realizar uma homenagem aos guerreiros e guerreiras que lutavam pela educação. Agora, frente a mais uma incrível mobilização estudantil em defesa da educação brasileira relembramos a música: Trono do Estudar – Dani Black
Confira os artistas que participaram:
André Whoong
Arnaldo Antunes
Chico Buarque
Dado Villa-Lobos
Dani Black
Felipe Catto
Felipe Roseno
Fernando Anitelli
Hélio Flanders
Lucas Santtana
Lucas Silveira
Miranda Kassin
Paulo Miklos
Pedro Luís
Tetê Espíndola
Tiago Iorc
Tiê
Xuxa Levy
Zélia Duncan

Fonte: MÍDIA NINJA