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segunda-feira, 18 de junho de 2018

UMA RETROSPECTIVA PARA REFLEXÃO!: Mônica Custódio: A cultura pode e deve ser forma de luta e resistência

Por Mônica Custódio*, no portal PCdoB-RJ

Esses dias melhores chegaram, e com esses dias o adormecimento das lutas de ideias, um período onde historicamente o povo se sentia parte da sociedade. Esse pertencimento, e essa cidadania sofreu o golpe junto com a Presidenta Dilma, e como nada é tem ruim que não traga algo de bom, o golpe nos trouxe a retomada da consciência social, do pertencimento de uma classe excluída, estruturada no escravagismo há 130 anos.

É neste contexto que o carnaval deu seu recado, com destaque no primeiro dia para a Paraíso do Tuiuti, Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão? O tema faz um enfrentamento com o estado, e questiona se acabou mesmo a escravidão em nosso país, denunciando todas as formas de escravidão, do trabalho forçado, a força da flexibilização total dos direitos trabalhistas.

A Estação Primeira de Mangueira, duelou: Com Dinheiro Ou Sem Dinheiro, Eu Brinco. E vai para cima do prefeito neopentecostal, que vem destruindo todas as formas de cultura popular, constituindo uma atmosfera de intolerância, seguida de formas de violência e racismo religioso, o prefeito vem destroçando a saúde e a educação, e todas as formas de políticas públicas do município, desconhece o estado laico, em detrimento do empoderamento de Igreja Universal para o cenário eleitoral que acontece neste segundo semestre.

No segundo dia, os enredos sustentaram e fizeram do carnaval o bom combate, em que se trava em um campo histórico, social e econômico. Veio com o Salgueiro fazendo uma linda homenagem a força das Mulheres Negras – Senhoras do Ventre do Mundo. O enredo lembra ao mundo, o que o eurocentrismo através de cultura de domínio, e suas religiões negaram por quase toda sua existência, que a África é o berço da humanidade, o registro de fóssil humano mais antigo do mundo é de uma mulher, na África. A outra questão é que o Jardim do Éden também é território africano, e uma das civilizações mais complexas e antigas do mundo, o Egito, se localiza na região do Magrebe, norte da África. Registrando que a África é mais que o berço da humanidade, mas também da civilização.

O enredo tratou de nós, enquanto mulher, mãe, guerreira, trabalhadora e dona de saberes. O valor de mulheres que carregou e carrega o mundo nas costas. Ainda assim vale uma ressalva ao desfile: Nos chama atenção de forma crítica, a Comissão de Frente, da forma que atravessa ao objetivo do enredo, uma homenagem a força das Mulheres Negras, mas que em sua comissão de frente utilizou homens, quando ali se representava a força da vida e da gestação. A outra questão mais polêmica foi o uso do blackface, e o racismo nele representado, é uma contradição que precisamos destacar. 

Já a Beija-Flor tratou das consequências das políticas inacabadas e excludentes na história de nosso país: Monstro É Aquele Que Não Sabe Amar, as desigualdades de classes, estruturadas nas formas de Discriminação, Racismo, Sexismo, Homofobia e todas as formas de intolerância, e/ou Racismo Religioso, uma luta aberta contra o conservadorismo. Mostrou uma realidade farta, que é a desvalorização da vida, a consolidação da violência direta e indireta, a destruição da emoção das famílias através das percas dos nossos entes queridos. É a dor das mães e pais que não criaram seus filhos para matar e nem para ser morto. A realidade que os farta, é a de um país sem perspectiva para com sua dignidade e seu povo. Se destaca uma polêmica naquele desfile, que é a Ala do arrastão. Onde os meninos eram todos pretos e ou quase pretos. Uma infeliz realidade, pois é assim que somos vistos, e por isso somos maioria nos presídios e a maioria dos homicídios. Não nos veem como somos, mas como querem nos ver. O que precisamos ter é reação: Por que Vidas Negras Importam.O carnaval acabou, mas a luta continua, 2018 está só começando! Simbora de luta meu povo.

Fonte: SINDICAM - CE

Ativista do feminismo negro Lélia Gonzalez



Filha de um ferroviário negro e de uma empregada doméstica indígena era a penúltima de 18 irmãos, entre eles o futebolista Jaime de Almeida, que jogou pelo Flamengo. Nascida em Belo Horizonte, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1942 Lélia Gonzalez: professora, pesquisadora, antropóloga e ativista política. Fã de futebol e samba.

Nasceu em Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte, no dia 1º de fevereiro de 1935. Filha de um ferroviário negro e de uma empregada doméstica índia. Teve 18 irmãos, sendo ela a penúltima filha a nascer. Mais tarde, toda a família se mudou para o Rio de Janeiro. 

"Sua paixão por futebol surgiu nessa época. Por um tempo, a família dela morou próxima ao Clube de Regata do Flamengo e um dos irmãos de Lélia jogava por lá." 
Fez duas faculdades: História e Filosofia. E fez seu mestrado em Comunicação Social, e doutorou-se em Antropologia Social. Sua capacidade de despertar reflexões e boas argumentações fez dela uma educadora e pesquisadora exemplar. Deu aula em diversos colégios cariocas, foi professora universitária em diversas universidades do Rio e também diretora do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio. Dominava o inglês, o espanhol e o francês.

Lélia não se calava a respeito da opressão da mulher negra, criticou a escola e também a universidade por não tratar do assunto como deveria. Usou sua trajetória acadêmica para pesquisar a história do povo negro, ler sobre pensadores negros, resgatar toda aquela história que foi e é invisibilizada pelo racismo. Mas jamais 



ficou apenas na teoria, ela mesmo afirmou que preferia a militância de rua. Ajudou a fundar e foi integrante do Movimento Negro Unificado. Ajudou a fundar e participou de diversos grupos que tratavam dessa temática como o "Coletivo de Mulheres Negras N'Zinga", o "Instituto de Pesquisas das Culturas Negras" e o Olodum. 

Participou de vários seminários, tanto nacionais, quanto internacionais. Escreveu ensaios, artigos, palestrou por todo o mundo. Como não era muito adepta da escrita tradicional acadêmica, muitas de suas obras foram coletivas. Lélia buscava conjugar diversas lutas numa só. Considerava importante que os grupos marginalizados da sociedade buscassem produzir seu próprio conhecimento.

Seu nome hoje é referência para os diversos movimentos brasileiros que buscam lutar contra o racismo e o machismo. 

Era apaixonada não só pela luta pelos direitos humanos e o futebol, mas também pela música. O velho samba de raiz estava no seu coração. Por isso, além de ser muito vista na luta diária contra diversos tipos de preconceito, aparecia frequentemente em escolas de samba e estádios.


Uma das principais vozes da militância com enfoque na mulher negra do Brasil.
Morreu no Rio de Janeiro, onde passou maior parte de sua vida, em 10 de julho de 1994.

Um afro abraço.
Claudia Vitalino
Fonte:www.palmares.gov.br/

DEPUTADO MINEIRO ENCAMINHA PROJETO DE RECONHECIMENTO DE UTILIDADE PUBLICA DO CPC/RN AO PLENÁRIO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO RN


O Deputado Estadual FERNANDO MINEIRO - PT/RN entrou com um Projeto de Lei, que dispõe sobre o reconhecimento de Utilidade Pública do CENTRO POTIGUAR DE CULTURA - CPC/RN e dá outras providências.

O pedido foi protocolado hoje (18) e já poderá ser lido na sessão de amanhã (19) e em seguida será pelas Comissões de Justiça, Cultura e Educação e após parecer das comissões o projeto irá em definitivo para o Plenário da Assembleia para sua aprovação.

Esse ano o CPC/RN completa dia 30 de dezembro 9 anos de existência, conquistas e defesa irrestrita da cultura potiguar.

Mês passado o CPC/RN teve o seu reconhecimento a nível de municipal, que teve como autor o Poder Legislativo e em seguida sancionado pelo executivo.

A direção do CPC/RN reconhece a necessidade buscar esses reconhecimentos para viabilizar seus futuros projetos em parcerias com instituições privadas, públicas, entre outras, facilitando assim as ações, tornando-as mais eficazes.

Desde já, a direção do CPC/RN agradece ao Deputado FERNANDO MINEIRO, que de forma sensível abraçou a causa e evidentemente aos demais deputados da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

Em defesa dos povos indígenas: demarcação já!

Antes da invasão
Quando os portugueses pisaram as terras que depois seriam conhecidas como Brasil, os povos nativos viviam em regime de comunidade primitiva. Estima-se, por falta de registro, a existência de dois a seis milhões de pessoas. Não existia propriedade privada. A terra pertencia a todos; dela se extraía o sustento, por isso, era chamada de Mãe. Todos trabalhavam, com tarefas definidas por gênero, sem que isso significasse superioridade de uns sobre outros. Os produtos eram repartidos entre todos os membros da Comunidade, de acordo com a necessidade. Descreve o historiador francês Jean Léry: “prezam de tal forma essa virtude que morreriam de vergonha se vissem o vizinho sofrer a falta do que possuem”.
Apenas trabalhavam o necessário em cada dia, visto que não havia interesse em acumular, expectativa de enriquecer. O tempo livre era dedicado às danças, aos jogos, ao banho, às artes. Não se tratava de preguiça, como acusaram os invasores, e sim de um modo de vida completamente diferente. Trabalhavam apenas o necessário para viver. Todos eram iguais na Comunidade, moravam em habitações coletivas, as ocas, onde se formavam grupos de famílias, mas não se isolavam. As crianças eram tratadas com muito carinho, vistas como o futuro da Comunidade. Os idosos também eram respeitados e valorizados, por sua experiência, pelo que já haviam contribuído para o coletivo.  As lideranças não eram autoridades, mas pessoas que se destacavam pela experiência, pela dedicação, pela bravura
Depois da invasão europeia
Aqui aportando em 1500, os portugueses foram bem recebidos e até reverenciados como enviados dos deuses. Na primeira fase, que vai até 1530, travou-se uma relação amistosa, sendo que a amizade por parte dos invasores era interesseira. Utilizaram-se da mão de obra voluntária dos indígenas para extrair madeira, especialmente o pau-brasil e encher as embarcações que levaram as riquezas naturais para comercializar na Europa. Tudo muda a partir de 1530, quando Portugal decide colonizar o Brasil, implantando grandes engenhos para produzir açúcar, produto mais demandado na Europa. A colonização trouxe como consequência a decisão de utilizar os índios como escravos.
Trabalho escravo era algo incompatível com a cultura indígena. A regra foi a resistência, derrotada devido à imensa diferença das armas utilizadas: arcos e flechas, mais escudos de couro de capivara para atacar e se defender de balas de espingardas, trabucos, fuzis e canhões. Outra tática foi a utilização dos missionários jesuítas, que, à exceção da experiência dos Guaranis do Rio Grande do Sul, convenciam os índios a vir para suas reduções (comunidades), convertiam-nos ao catolicismo e eles eram utilizados como mão de obra barata, sendo que o pagamento beneficiava os padres e não os indígenas.
Privados dos seus costumes, morriam de doença ou de tristeza logo cedo. Por isso, os proprietários recorreram ao tráfico e escravização dos povos africanos. Entretanto, mesmo com a escravização dos negros, eles não foram deixados em paz. A perseguição aos povos indígenas deixou de ser uma questão de mão de obra e passou para a posse das terras para exploração de minérios, criação de gado e agricultura, como acontece até hoje. Foi um genocídio. Dos dois a seis milhões de indígenas, restavam no início da República Velha (1889), cerca de 150 mil.
República dos Guaranis
O grupo de missionários jesuítas que se dispôs a evangelizar os guaranis pensava em construir realmente comunidades combinando a cultura indígena com a prática dos primeiros cristãos. Mesmo correndo risco de ataques – e isso ocorreu em várias ocasiões, os padres, que hoje seriam considerados adeptos da Teologia da Libertação, nunca aceitaram ou solicitaram a proteção de soldados. Adentravam a mata e chamavam os índios para se juntarem a eles em comunidades onde estariam protegidos dos brancos invasores. Este era o apelo que mais atraía os índios, que vinham sendo dizimados sem dó nem piedade.
Chegando no local das comunidades, os jesuítas não organizavam cultos nem se isolavam para estudos e leituras. Lançavam-se ao trabalho pesado, dando o exemplo aos indígenas, e, em pouco tempo, o local estava adequado, as moradias levantadas. Consideravam pecado vários costumes guaranis, como a poligamia, mas não batiam de frente, condenando essas práticas. Acreditavam no convencimento, com o tempo, o que realmente aconteceu. Viviam com os índios como peixe dentro da água.
Os primeiros ataques às comunidades guaranis partiram dos famigerados “bandeirantes”, a tropa de choque dos fazendeiros paulistas que ocupou territórios e massacrou indígenas e quilombolas por todo o país (inclusive, o Quilombo dos Palmares). Os ataques começaram em 1618. Em 1630, estava destruída a maioria das reduções (comunidades).
Jesuítas e indígenas decidiram reconstruir as comunidades em regiões mais distantes, que não despertassem a cobiça dos colonizadores. Conseguiram das autoridades espanholas a revogação do decreto que proibia armas de fogo entre os índios e foram à luta.  Foi a primeira Longa Marcha de nossa História, somente superada em distância percorrida pela Coluna Prestes na década de 1920, mas não superada em adesão de massa. Até as comunidades que ainda não haviam sido destruídas deixaram tudo para trás em busca de um lugar mais seguro.
Após dez anos de migrações, em 1640, 50 mil índios, aproximadamente, estavam reunidos num território situado entre os rios Paraná e Uruguai, onde hoje está o Estado do Rio Grande do Sul. Embora com poucas armas, formaram o Exército Guarani, com quatro mil homens, que derrotou os mamelucos (paulistas) em várias ocasiões nas quais tentaram deter a marcha. Em 1651, os guaranis aniquilaram a última grande tentativa dos paulistas de dominar o seu território e o próprio Paraguai.
Em 130 anos, os guaranis haviam perdido um milhão de pessoas entre mortos e escravizados. Os membros das comunidades haviam diminuído pela metade, mas sobreviveria e viveria uma experiência comunitária, de construção coletiva, que jamais será esquecida. Isso foi possível durante um século de paz.
A organização da República Guarani
Eram 30 comunidades distribuídas da seguinte forma, considerando a conformação atual: 15 em território argentino, oito no atual Paraguai e sete no Brasil (Rio Grande do Sul): Santa Maria, São João, São Nicolau, São Lourenço, São Miguel, São Borja e Santo Ângelo. “Não há distinção entre classes e é a única sociedade sobre a Terra onde os homens desfrutam dessa igualdade”. (Raynard, História Filosófica de deux indes)
Era uma economia planejada com a estratégia de conseguir autonomia econômica, para não depender da Coroa Espanhola, pois somente assim seria possível manter a independência política. Para evitar intervenções, era pago o imposto à Coroa.
A Economia se organizava de modo a não permitir enriquecimento pessoal. Tudo era feito em vista do interesse comum, da prosperidade coletiva.  Isso, em vez de entravar o desenvolvimento, como argumentam os defensores da propriedade privada, permitiu um progresso rápido do povo guarani. Havia os serviços comunais de armazenagem e distribuição dos produtos, feita de forma equitativa, sem pagamento (não havia circulação de dinheiro). A distribuição era feita em razão da quantidade de membros da família. Não conheciam a figura do comerciante.
Garantiam sua manutenção e exportavam o excedente para a Argentina, Espanha e outros países da Europa. A renda das mercadorias exportadas era utilizada para pagar o tributo à Coroa e a sobra se destinava à manutenção e conservação das igrejas e das escolas, investimentos em ferramentas e na infraestrutura das comunidades.
Bombardeados com as acusações de comunismo, alguns padres chegaram a incentivar o trabalho individual, mas foi em vão. O padre Sepp, um dos defensores da propriedade privada, testemunha: “O trabalho comum era mais animado, mais alegre, melhor executado. No dia de trabalho nos lotes individuais, os bravos e honestos guaranis ficavam estendidos o dia inteiro nas suas redes”.
A condução se dava com base na cultura indígena e no princípio de vida das primeiras comunidades cristãs: “Tudo era colocado em comum e não havia necessitados entre eles”. Esse espírito de coletividade se disseminava em todos os aspectos da vida: nas artes, nas relações entre as famílias, na educação, na religião e na organização militar. Os guerreiros não formavam um corpo separado da população. Charlevoix, em História do Paraguai, relata: “Não se distingue o soldado do simples habitante; eles constituem exemplo de humildade e devoção”. Em vez de escravizar os prisioneiros, como faziam com os indígenas, o Exército Guarani tratava dos vencidos, libertava-os e até colocava guias à disposição para deixá-los num lugar onde pudessem tomar seu rumo.
Quando a República Guarani estava em seu esplendor, no dia 13 de janeiro de 1750, Espanha e Portugal assinam o Tratado de Madri para resolver uma velha pendência. Os portugueses reivindicavam há muito tempo a posse do rico território das Missões, em troca da Colônia de Sacramento, na Argentina, ocupada pelos espanhóis, que a queriam de volta. Portugal pediu em troca o território situado à margem esquerda do rio Uruguai, onde se situavam parte das reduções (comunidades) integrantes da República Guarani.  A Espanha concordou.
Com os jesuítas acuados diante da ordem de retirada emanada dos seus superiores, os indígenas tomaram em suas mãos a defesa do território, de sua república comunista cristã, chefiados pelo jovem corregedor da Redução de São Miguel, Sepé Tiaraju (sobre Sepé, leiam A Verdade, nº 5).  Os corregedores (governantes) indígenas das sete reduções ameaçadas assinaram uma Carta Aberta na qual proclamam que tudo que existe ali foi construído com seu esforço, nada pertencendo ao rei para que ele pudesse entregar a quem quer que fosse e conclamam a que se unam todas as 30 reduções em defesa de sua República.
Infelizmente, não foi o que aconteceu. Provavelmente, a união de todas as comunidades teria possibilitado a derrota dos exércitos coloniais. Entretanto, a maioria dos padres vacilou ante as pressões dos superiores. Não incentivaram e até desestimularam a adesão das demais repúblicas, argumentando que naquela conjuntura seria melhor abrir mão das sete para garantir a grande maioria, o que foi, no mínimo, uma demonstração de ingenuidade.
A maioria dos padres das sete comunidades desobedeceu aos superiores e permaneceu junto aos indígenas, organizando heroicamente a resistência. Essa desobediência foi a gota d’água para o Marquês de Pombal determinar a expulsão dos jesuítas de todos os domínios da Coroa Portuguesa, em 1759.
Apesar das batalhas heroicas, a junção dos exércitos português e espanhol contra sete comunidades, apenas, levou à derrota, mas não à morte daquela experiência. As belas igrejas, as escolas, as bibliotecas, tudo foi se transformando em ruína. Diante da desordem instaurada pelo capitalismo, muitos indígenas voltaram para as matas.
Cerca de 10 mil guaranis se reencontraram nas matas em território paraguaio e restabeleceram o regime comunitário, que foi destruído pelo governo de Carlos Antônio López. em 1848. Em 1891, final do século 19, exploradores encontraram nas margens do rio Paraná 300 famílias procedentes das antigas comunidades guaranis, que ainda mantinham o regime comunitário, vivendo exclusivamente da agricultura.
É que as plantações foram destruídas, mas sementes restaram e brotam de vez em quando aqui e ali, até encontrarem o terreno fértil no qual crescerão, darão frutos, se multiplicarão e serão milhões, resistindo às pragas e a todas as intempéries. Elas até brotam espontaneamente, mas, para florescer, impedindo a destruição da Humanidade pelo capitalismo desumano e construindo o Reino do Bem-Viver, precisam de mãos que se dediquem a cultivá-las e desenvolvê-las, mãos revolucionárias como as dos indígenas e dos padres das missões guaranis.
“Proteção” aos índios na República

Apenas em 1910, cria-se o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), cuja missão era “civilizar” os indígenas, incorporando seus territórios e suas populações à sociedade brasileira. Essa política, cujo principal mentor foi o Marechal Rondon, implicou a subordinação dos índios ao mercado capitalista, com sua aniquilação cultural e física. Aqueles que não aceitassem tal incorporação, não recebiam proteção alguma, ficando à mercê dos novos invasores interessados em mineração, extração da borracha (seringais), projetos agropecuários.
Embora integrantes do grupo de Rondon, os irmãos Villas Boas (Orlando, Cláudio e Leonardo), desenvolveram uma visão diferenciada no sentido de realmente preservar os indígenas e sua cultura, mantendo relações com a economia de mercado, mas de forma gradual, sem permitir contatos indiscriminados e aculturação. Pela sua seriedade, conseguiram a criação do Parque Nacional do Xingu, primeira reserva indígena brasileira, de grande dimensão, no ano de 1961.
A política indigenista dos Villas Boas é revertida pela ditadura militar, que, em 1967, extingue o Serviço de Proteção ao Índio e cria a Fundação Nacional do Índio (Funai), mas adota a política inicial do SPI de integração rápida, cabendo aos índios transformar-se em mão de obra das empresas ou produtores de bens para o mercado. Neste sentido, quando decide implantar grandes projetos na Amazônia – colonização, construção da Transamazônica, projetos agropecuários nacionais e estrangeiros, as tribos resistentes são desalojadas, e os bravos, que resistem, são torturados e mortos.
Massacre da ditatura militar
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) estima em pelo menos 8.350 o número de indígenas mortos por ação ou omissão do Estado no período do regime militar, em geral, mortes relacionadas à implantação de obras de infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrelétricas), extração de minérios e madeira, esbulho de suas terras. Vários povos indígenas foram removidos à força para a construção da Transamazônica, que cortou terras de 29 etnias, da hidrelétrica de Tucuruí e da estrada de ferro Carajás. Também a hidrelétrica de Itaipu, inaugurada em 1984, foi responsável pela remoção de dezenas de guaranis das suas terras, provocando sofrimento e mortes.
O próprio Ministro da Justiça da ditadura Médici, Jarbas Passarinho, reconhece, dizendo: “... Não foi só nessa tribo, mas em várias outras. Os garimpeiros poluíram rios com mercúrio, afastaram a caça, provocaram fome e desnutrição dos índios, enquanto contra nós (o governo) avolumava-se a acusação de que praticávamos o genocídio. Não era exagerada a denúncia”.
O Estatuto do Índio, promulgado em 1973, apenas legalizou uma situação já existente. De avanço, apenas a determinação de que os índios receberiam uma renda pela exploração de minérios em suas terras. Esta renda, na verdade, serviu para manter a Funai, que ficava com 80% do que os exploradores pagavam.  O Estatuto prevê a possibilidade de remoção de índios por motivos de segurança nacional ou para realização de obras que interessem ao desenvolvimento nacional, inclusive mineração. O argumento de defesa da segurança nacional foi utilizado nas décadas seguintes para impedir a demarcação de terras próximas à fronteira.
Maurício Rangel Reis, Ministro do Interior do governo do General Ernesto Geisel (1974-1979), declarou com todas as letras: “Os índios não podem impedir a passagem do progresso. Dentro de 10 a 20 anos, não haverá mais índios no Brasil”.
 Avanço com a Constituição de 1988

Os bravos, entretanto, não se rendem.  No seu processo de resistência, contam com um aliado que surgiu em plena ditadura (1972) – o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Contrário à política de integração promovida pelo regime, o CIMI buscou articular aldeias, tribos e nações, estimulando a realização de encontros, assembleias e um trabalho educativo no sentido do resgate, preservação e continuidade da cultura original.
Com esse apoio, o Movimento Indígena decidiu participar da Constituição de 1988, encaminhando suas reivindicações, aprovadas em grande parte. Foram inseridas na Constituição Federal medidas que asseguram a demarcação das terras indígenas (TI), preservação de sua cultura, crenças e línguas.
Os índios não ficaram parados esperando que o Estado executasse o decidido. Ao contrário, a vitória intensificou a mobilização, fortaleceu a organização, o resgate da cultura, a identificação, a aparição de comunidades que viviam completamente isoladas (muitas ainda estão). Logo começou a retomada dos territórios em todo o país.
A resistência da burguesia à demarcação do território indígena também cresceu e não se dá apenas por meios legais. São inúmeros os conflitos que têm resultado no assassinato de índios, vítimas da violência de pistoleiros e jagunços contratados pelos que se consideram proprietários das terras e das próprias forças policiais que deveriam protegê-los. No capitalismo, assim como o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, o braço armado do Estado também não existe para defender o povo, e sim as classes dominantes, isto é, aqueles que detêm o poder econômico.
No campo da legalidade, em 2003, o Movimento Indígena conseguiu mais uma vitória, quando o Governo do Brasil assinou a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que assegura a proteção dos territórios indígenas. Daí em diante, entretanto, com a formação de um Congresso altamente conservador, a ofensiva do Agronegócio se dá também no campo Legislativo com a apresentação de Projetos de Emendas à Constituição que possibilitam a anulação das conquistas da Constituição, especialmente a PEC-215, que retira da Presidência da República e passa para o Congresso Nacional a última palavra sobre a homologação de terras indígenas; a PEC-237, que permite à União a concessão de terras indígenas aos produtores para cultivo, produção e extração de minérios. Na mesma linha, o Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu um marco temporário para reconhecimento dos territórios indígenas e realização das demarcações: a data da promulgação da Constituição de 1988, decisão absurda, pois anula todas as retomadas ocorridas daquela data até hoje.  Por outro lado, não se tratam apenas de normas jurídicas. O fato é que os projetos agropecuários continuam avançando sobre os territórios indígenas, assim como projetos governamentais que atendem aos interesses da burguesia, como a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, que afetou 12 territórios indígenas e foi inaugurada no governo de Dilma Rousseff (PT).
A burguesia brasileira quer a extinção pura e simples dos índios, como, aliás, aconteceu nos Estados Unidos da América do Norte, país que lhe serve de referência. O genocídio dos indígenas norte-americanos está descrito brilhantemente no livro Enterrem meu Coração na Curva do Rio, do historiador estadunidense Dee Brown.
A luta hoje      
 No Censo de 2000, eram 350 mil indígenas no país. Dez anos depois, o censo de 2010 registra a existência de 900 mil índios no Brasil; provavelmente, já passam de um milhão, apesar de tudo. São 305 povos, 174 línguas; 40% vivem nas cidades, mas o autorreconhecimento indica que a cultura não foi extinta; algo resta na consciência.
O 14º Acampamento Terra Livre (ATL), realizado em Brasília, de 24 a 28 de abril, foi o maior da nossa história. Com cerca de quatro mil representantes dos povos indígenas do Brasil, denunciaram a política de destruição adotada pelo Estado brasileiro e reafirmaram sua disposição de lutar até o fim para defender seu território e seu Bem-Viver e chamaram a todo o povo para se unir a eles nessa luta, como segue no trecho do documento, que também foi entregue nos órgãos centrais do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário:  “Soma-se a essa grave onda de ataques aos nossos direitos o aumento exponencial do racismo institucional e a criminalização promovidos em todo o País contra nossas lideranças, organizações, comunidades e entidades parceiras. Diante desse drástico cenário, reafirmamos que não admitiremos as violências, retrocessos e ameaças perpetrados pelo Estado brasileiro e pelas oligarquias econômicas contra nossas vidas e nossos direitos, assim como conclamamos toda a sociedade brasileira e a comunidade internacional a se unir à luta dos povos originários pela defesa dos territórios tradicionais e da mãe natureza, pelo bem-estar de todas as formas de vida…”.
Dos indígenas, temos a aprender a vida comunitária pela qual lutamos: sem propriedade privada (a terra não era propriedade de ninguém; estava ali, como mãe, para dela se tirar o sustento). Este sustento (o trabalho) era feito de forma coletiva e não havia exploração de uns por outros; os bens adquiridos da natureza eram repartidos. A natureza e os animais eram utilizados para a sobrevivência com cuidado e respeito.
Por isso, a luta dos indígenas é de todo o povo brasileiro. Até porque isoladamente nenhum dos setores e classes que compõem o povo conseguirá derrotar o poder da burguesia e transformar a sociedade brasileira.
É como dizem Chico César e Carlos Rennó, na música “Demarcação Já”, lançada no último Acampamento Terra Livre na voz de 25 artistas comprometidos com a causa:
“Pois guaranis e makuxis e pataxós
Estão em nós, e somos nós, pois índio é nós;
É quem dentro de nós a gente traz, aliás,
De kaiapós e kaiowás somos xarás,
Xará.
Demarcação já!
José Levino é historiador

Obra consultada: República Comunista Cristã dos Guaranis – 1610/1768 – Editora Paz e Terra – 1977, padre Clóvis Lugon.
Fonte: A VERDADE

Atletas brasileiros negros:


Famoso atleta saltador brasileiro e ex-recordista mundial do salto triplo. João do Pulo brilhou nas competições, mas, infelizmente, teve sua carreira interrompida de forma trágica, em 1981, quando sofreu um acidente automobilístico. Sua perna direita foi amputada e, assim, seu desempenho atlético ficou comprometido.


A 28 de maio de 1954, nascia em Pindamonhangaba João Carlos de Oliveira. Negro, franzino e de família pobre,entrou no exército, aos quinze anos de idade. Dois anos depois, começou a treinar atletismo, ainda no exército. A idade é considerada avançada para o início da carreira de um atleta, mas o talento e a determinação de João o fizeram superar esse obstáculo. Quando contava dezenove aniversários, começou a espantar o mundo. O ano era 1973, e o rapaz começou a contabilizar glória atrás de glória. No mesmo ano, foi campeão paulista, do Troféu Brasil e do Sul-Americano juvenil (em Assunção, no Paraguai). Sua especialidade era o salto triplo. Seu salto na capital paraguaia foi de incríveis 14,75 metros: tratava-se do recorde mundial júnior. Nessa época, ele treinava no São Paulo Futebol Clube e no Esporte Clube Pinheiros (foi o primeiro atleta negro da história do Pinheiros).

Em 1975, já na categoria adulta, João assombrou o mundo com um salto espetacular no Pan-Americano da Cidade do México. Escrevi "salto" mas já me corrijo: foi um autêntico vôo. Ao aterrissar na caixa de areia, ele consumou o milagre: 17 metros e 89 centímetros! "Tão espantoso quanto correr os 100 metros em 9 segundos", disse um especialista na época. Naquela saudosa tarde de 15 de outubro, João Carlos de Oliveira ganhou o apelido histórico: João do Pulo. O recorde anterior pertencia ao então bicampeão olímpico, o mítico atleta soviéticoViktor Danilovich Saneyev, e foi superado em espetaculares 45 centímetros. Vale ressaltar que João do Pulo também conquistou o ouro no salto em distância, nesse mesmo Pan.

No ano seguinte, João do Pulo foi ao Canadá para tentar ser campeão olímpico. Mas não alcançou o feito: ficou com o bronze de Montreal, pois seu salto de 16,90m foi superado por Saneyev (que conquistou o tri) e pelo americano James Butts. Porém, seu recorde mundial continuou intacto. Em 1979, veio o duplo bicampeonato nos Jogos Pan-Americanos de Porto Rico: ouro no salto triplo e no salto em distância.

Em 1980, vieram as Olimpíadas de Moscou. João do Pulo vivia o auge de sua carreira, e era o grande favorito ao ouro do salto triplo. Seus principais concorrentes seriam dois soviéticos: o já citado Saneyev e Jaak Uudmäe. Os Jogos Olímpicos desse ano ficaram marcados pelo boicote norte-americano, e também por arbitragens suspeitas, que sempre favoreciam os donos da casa. Os fiscais do salto triplo não fugiram à regra: anularam nove dos onze saltos de João do Pulo. Um deles, mal anulado, seria o novo recorde mundial, e garantiria a medalha de ouro ao atleta brasileiro. Uudmäe conquistou o ouro, Saneyev a prata, e João do Pulo ficou de novo com o bronze. Sua merecida conquista olímpica teve que ser adiada para 1984, em Los Angeles. 

Porém, em 22/12/1981 aconteceu a tragédia: gravíssimo acidente de carro na Via Anhangüera, em São Paulo. Onze meses de batalha no hospital, e a amputação da perna direita do recordista, 10 centímetros abaixo do joelho. O mundo chorava o fim da carreira de um dos maiores atletas de todos os tempos.

Em 16/06/1985, o americano Willie Banks bateu o recorde mundial de João do Pulo, saltando 8 centímetros a mais que o brasileiro (17,97m).  

Em 20/05/2007, mais de trinta anos após a marca de João do Pulo, seu recorde brasileiro e sul-americano foi superado em 1 centímetro por Jadel Gregório (17,90m). A marca de 17,89m obtida em 1975 é tão espetacular que, até hoje, somente sete atletas a superaram na história. Dentre os recordes mundiais do atletismo, o do salto triplo é o que menos evoluiu de 1975 até hoje. Este fato demonstra o quão fantástica foi a marca de João do Pulo.

Aldir Blanc e João Bosco, dois craques da música brasileira, o homenagearam com a canção "João do Pulo". João do Pulo mereceu. Ou melhor: João do Pulo merece, porque João do Pulo é eterno.

A 28 de maio de 1954, nascia em Pindamonhangaba João Carlos de Oliveira. Negro, franzino e de família pobre, o menino se viu obrigado a entrar no exército, aos quinze anos de idade. Dois anos depois, começou a treinar atletismo, ainda no exército. A idade é considerada avançada para o início da carreira de um atleta, mas o talento e a determinação de João o fizeram superar esse obstáculo. Quando contava dezenove aniversários, começou a espantar o mundo. O ano era 1973, e o rapaz começou a contabilizar glória atrás de glória. No mesmo ano, foi campeão paulista, do Troféu Brasil e do Sul-Americano juvenil (em Assunção, no Paraguai). Sua especialidade era o salto triplo. Seu salto na capital paraguaia foi de incríveis 14,75 metros: tratava-se do recorde mundial júnior. Nessa época, ele treinava no São Paulo Futebol Clube e no Esporte Clube Pinheiros (foi o primeiro atleta negro da história do Pinheiros).

Em 1975, já na categoria adulta, João assombrou o mundo com um salto espetacular no Pan-Americano da Cidade do México. Escrevi "salto" mas já me corrijo: foi um autêntico vôo. Ao aterrissar na caixa de areia, ele consumou o milagre: 17 metros e 89 centímetros! "Tão espantoso quanto correr os 100 metros em 9 segundos", disse um especialista na época. Naquela saudosa tarde de 15 de outubro, João Carlos de Oliveira ganhou o apelido histórico: João do Pulo. O recorde anterior pertencia ao então bicampeão olímpico, o mítico atleta soviéticoViktor Danilovich Saneyev, e foi superado em espetaculares 45 centímetros. Vale ressaltar que João do Pulo também conquistou o ouro no salto em distância, nesse mesmo Pan.

No ano seguinte, João do Pulo foi ao Canadá para tentar ser campeão olímpico. Mas não alcançou o feito: ficou com o bronze de Montreal, pois seu salto de 16,90m foi superado por Saneyev (que conquistou o tri) e pelo americano James Butts. Porém, seu recorde mundial continuou intacto. Em 1979, veio o duplo bicampeonato nos Jogos Pan-Americanos de Porto Rico: ouro no salto triplo e no salto em distância.

Em 1980, vieram as Olimpíadas de Moscou. João do Pulo vivia o auge de sua carreira, e era o grande favorito ao ouro do salto triplo. Seus principais concorrentes seriam dois soviéticos: o já citado Saneyev e Jaak Uudmäe. Os Jogos Olímpicos desse ano ficaram marcados pelo boicote norte-americano, e também por arbitragens suspeitas, que sempre favoreciam os donos da casa. Os fiscais do salto triplo não fugiram à regra: anularam nove dos onze saltos de João do Pulo. Um deles, mal anulado, seria o novo recorde mundial, e garantiria a medalha de ouro ao atleta brasileiro. Uudmäe conquistou o ouro, Saneyev a prata, e João do Pulo ficou de novo com o bronze. Sua merecida conquista olímpica teve que ser adiada para 1984, em Los Angeles. 

Porém, em 22/12/1981 aconteceu a tragédia: gravíssimo acidente de carro na Via Anhangüera, em São Paulo. Onze meses de batalha no hospital, e a amputação da perna direita do recordista, 10 centímetros abaixo do joelho. O mundo chorava o fim da carreira de um dos maiores atletas de todos os tempos.

Em 16/06/1985, o americano Willie Banks bateu o recorde mundial de João do Pulo, saltando 8 centímetros a mais que o brasileiro (17,97m).  

De 1986 a 1993, João do Pulo foi deputado estadual, defendendo com garra os interesses dos atletas e dos deficientes físicos. Como empresário, não obteve muito sucesso, com uma transportadora e uma padaria. Sofreu crises de depressão, e em abril de 1999 foi internado com problemas no fígado. Há exatos dez anos, em 29 de maio de 1999, faleceu, devido a uma infecção generalizada, para o pranto eterno dos deuses do esporte. O mito deixou dois filhos.

Em 20/05/2007, mais de trinta anos após a marca de João do Pulo, seu recorde brasileiro e sul-americano foi superado em 1 centímetro por Jadel Gregório (17,90m). A marca de 17,89m obtida em 1975 é tão espetacular que, até hoje, somente sete atletas a superaram na história. Dentre os recordes mundiais do atletismo, o do salto triplo é o que menos evoluiu de 1975 até hoje. Este fato demonstra o quão fantástica foi a marca de João do Pulo.

Aldir Blanc e João Bosco, dois craques da música brasileira, o homenagearam com a canção "João do Pulo". João do Pulo mereceu. Ou melhor: João do Pulomerece, porque João do Pulo é eterno.


Daiane dos Santos -

Daiane Garcia dos Santos (Porto Alegre, 10 de fevereiro de 1983) é uma ginasta brasileira, que compete em provas de ginástica artística.
Daiane foi a primeira ginasta brasileira, entre homens e mulheres, a conquistar uma medalha de ouro em uma edição do Campeonato Mundial. Dos Santos fez parte da primeira seleção brasileira completa a disputar uma edição olímpica – nos Jogos de Atenas -, repetindo a presença na edição seguinte, nas Olimpíadas de Pequim.
Daiane possui ainda dois movimentos nomeados após suas primeiras execuções: Dos Santos I e Dos Santos II.


Daiane iniciou-se tardiamente na modalidade. Descoberta pela professora Cleusa de Paula, aos onze anos – quando a média é aos seis -, começou a treinar na AACETE (Associação dos Amigos do Centro Estadual de Treinamento Esportivo), passando depois ao Grêmio Náutico União.

Em 1999, conquistou suas primeiras medalhas, na categoria sênior, ao competir no Pan-americano de Winnipeg: Prata no salto e bronze por equipes. Dois anos mais tarde, disputou seu primeiro Mundial, o Campeonato de Gante, na Bélgica. Nele, encerrou em quinto lugar na final do solo.
Em 2003, aos vinte anos, mudou-se para a cidade de Curitiba e tornou-se novamente a medalhista de bronze por equipes no Pan-americano de Santo Domingo. Na sequência, competindo no Mundial de Anhaheim, na Califórnia, conquistou a primeira medalha de ouro brasileira desta competição: Na final do solo, performando ao som da música “Brasileirinho”, superou a romena Catalina Ponor e a espanhola Elena Gómez, executando, pela primeira vez, o movimento que recebeu seu nome – o duplo twist carpado ou Dos Santos , desenvolvido com o auxílio do técnico Oleg Ostapenko, seu treinador até então. No ano seguinte conquistou medalhas em etapas da Copa da Mundo e, lesionada, disputou as Olimpíadas de Atenas, na qual compareceu à final do solo e encerrou na quinta colocação. Apesar de não conquistar medalha, performou seu segundo movimento, intitulado Dos Santos II, a variação esticada do primeiro



No ano seguinte, conquistou medalhas em novas etapas da Copa do Mundo, embora não tenha conseguido tornar-se bicampeã do solo, na final realizada em Melbourne. Em 2006, adotou uma nova rotina e uma nova música – "Isto aqui o que é?", de Ari Barroso. Com ela conquistou medalhas em outras etapas da Copa. No Mundial de Aarhus, na Dinamarca, seguiu à final do solo e encerrou na quarta colocação. No fim do ano, em mais uma final de Copa do Mundo, a ginasta competiu novamente no solo e conquistou seu segundo ouro desta competição, ao superar ginastas como Cheng Fei e Elena Zamolodchikova. Em 2007, lesionada no tornozelo, disputou os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro e terminou como medalhista de prata, superada pela equipe norte-americana.

Ainda em 2007, a ginasta participou do projeto Raízes Afro-brasileiras - que revela a porcentagem da ancestralidade de um indivíduo – e descobriu ter uma porcentagem de ascendência europeia maior que a africana. Na ocasião, a atleta declarou que o importante era a brasilidade de todos. No ano seguinte, disputou os Jogos de Pequim – o segundo da carreira -, no qual foi à duas finais. Por equipes, a atleta, junto a suas companheiras, foi à primeira final coletiva na história da modalidade do Brasil, e encerrou a competição na oitava posição. Individualmente, foi a sexta colocada na final do solo. Em outubro, submeteu-se a uma cirurgia no joelho direito para alinhar a perna, desviada engularmente em dez graus. Em 2009, afastada das competições, tornou a fazer uma cirurgia. Agora, para a retirada da placa de titânio posta na cirurgia anterior. Em 30 de outubro do mesmo ano, a Federação Internacional de Ginástica divulgou o resultado positivo do exame antidoping realizado em julho passado. Na amostra de urina da atleta, foi encontrado a substância furosemida, um diurético da alça, que consta na lista das drogas proibidas pela Agência Mundial Antidoping (WADA). Punida com cinco meses de suspensão, a ginasta manteve-se afastada das competições até julho de 2010..Após, disputou o Campeonato Paulista, no qual conquistou quatro medalhas de ouro, ao competir em todos os aparelhos após seis anos. Fora da equipe principal do país desde as Olimpíadas de 2008, foi reintegrada a seleção em maio de 2011.

Um dia após ser eliminada dos Jogos Olímpicos e anunciar a aposentadoria da ginástica artística,Daiane dos Santos  , uma das maiores ginastas brasileiras dahistória, relembrou a sua carreira e todas as conquistas que conseguiu na vida. Para o futuro, Daiane ainda não sabe o que fará, mas o que ela já sabe é que seu nome está para sempre gravado na história  da ginástica brasileira. 



Daiane foi a primeira ginasta brasileira, entre homens e mulheres, a conquistar uma medalha de ouro em uma edição do Campeonato Mundial. Além disso, a atleta fez parte da primeira seleção brasileira completa a disputar uma edição olímpica!

Perguntada sobre o grande segredo para se chegar ao topo neste esporte e Dai é taxativa: "esforço e dedicação!". E deixa seu recado para os novos ginastas: "...sejam persistentes e se dediquem ao máximo, porque só conseguimos as coisas com muito esforço!".
Um afro abraço.

Fonte:www.cartacapital.com.br/enciclopédia livre.

Fachada da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro (RJ), é totalmente restaurada

Fachada da Biblioteca Nacional foi restaurada
Biblioteca Nacional - Rio de Janeiro - RJ
Biblioteca Nacional (BN), cartão postal do Rio de Janeiro (RJ), está com todo seu esplendor de volta, exibindo sua imponente fachada. No dia 18 de junho, depois de passar quatro anos coberta por tapumes, a comunidade poderá conhecer o resultado da mais abrangente obra de restauração desde a construção do prédio, há 108 anos. Foram 18 meses em obras e R$ 10,7 milhões de investimentos. A cerimônia de inauguração será no saguão da Biblioteca, que contará com um concerto da Orquestra Petrobras Sinfônica (OPES) e projeção de vídeo com os tesouros do acervo de 10 milhões de itens da BN.
A obra de restauração das fachadas da BN contou com recursos do Fundo Nacional de Cultura, por meio do programa Agora, é Avançar, em ação conduzida pelo Ministério da Cultura (MinC), com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a BN. A cerimônia de entrega contará com a presença do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão; da presidente da Biblioteca Nacional, Helena Severo; do diretor do Departamento de Projetos Especiais do Iphan, Robson de Almeida, e outras autoridades locais.
A fachada estava em um preocupante processo de deterioração e, pela primeira vez, todas as 285 janelas foram restauradas, incluindo partes em madeira e ferragens originais. O mesmo foi feito com os vidros com monogramas contendo as iniciais da Biblioteca, que também receberam a aplicação de filtros UV, a fim de contribuir para a proteção do acervo contra o excesso de luminosidade, deixando o ambiente interno mais confortável. Além disso, um estudo cromático revelou a cor original da fachada, reproduzida com uma pintura à base de pigmento mineral. Todos os elementos decorativos também foram restaurados, a exemplo do cobre da cúpula.
Cerca de 120 operários atuaram na obra, incorporados à rotina dos 319 funcionários e milhares de visitantes que a Biblioteca recebe continuamente, já que todo o restauro das fachadas foi feito sem a interrupção do funcionamento do local. Só em 2017, a BN recebeu quase 100 mil visitantes, uma média de 5 mil por mês. Além disso, atende anualmente cerca de 14 mil pesquisadores de forma presencial e 4,5 mil à distância, por meio da BN Digital. 
Biblioteca Nacional
Construída entre 1905 e 1910, em estrutura metálica de cinco andares, com projeto de Francisco Marcelino de Souza Aguiar, a Biblioteca Nacional está localizada na Avenida Rio Branco, na cidade do Rio de Janeiro, e representou um marco tecnológico para a época. Com arquitetura típica do ecletismo do final do século XIX, sua fachada mistura vários estilos históricos. 
Fachada da Biblioteca Nacional completamente restaurada
A BN é a sétima maior biblioteca do mundo e a maior da América Latina. Mensalmente, o acervo é acrescido de 2 mil volumes de obras gerais e em torno de 5 mil fascículos de publicações seriadas, o que anualmente gira em torno de 24 mil volumes de livros e 60 mil fascículos de periódicos. Esse acervo é composto ainda por alguns tesouros e raridades, como o acervo da Real Biblioteca, trazido em 1808 pela Corte Portuguesa, composto por 60 mil peças entre livros, manuscritos, mapas, moedas e medalhas; a primeira edição de Os Lusíadas, de 1572; e o primeiro jornal impresso do mundo, datado de 1601. O edifício possui seis salas de leitura e estudo abertas ao público, Escritório de Direitos Autorais, e abriga exemplares de todas as obras lançadas no Brasil, conforme determina a lei do Depósito Legal.  A instituição oferece visita orientada de 40 minutos, em português, inglês e espanhol, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h e aos sábados das 10h30 às 14h30.
A obra de restauração das fachadas é parte de uma série de intervenções previstas para a Biblioteca Nacional. A etapa agora finalizada está incluída no programa Agora, é Avançar, do Governo Federal, projeto focado na retomada de obras em todo o país, a fim de oferecer mais crescimento e cidadania para os brasileiros. Até o fim de 2018, o programa pretende concluir milhares de empreendimentos, incluindo obras de infraestrutura logística, energética, defesa, social e urbana e envolvendo todos os ministérios setoriais. O Ministério da Cultura, por meio do Iphan, também integra o Programa, com a previsão de investimentos em 61 ações, dentro daquelas já pré-selecionadas pelo PAC Cidades Históricas, visando sua continuidade e conclusão, e apoiando o desenvolvimento dessas cidades históricas brasileiras.
Serviço:
Entrega da obra das fachadas da Biblioteca Nacional

Data: 18 de junho, 18h
Local: Fundação Biblioteca Nacional, Av. Rio Branco, 219 – Rio de Janeiro/RJ
Mais informações para a imprensa
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Fernanda Pereira – fernanda.pereira@iphan.gov.br
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