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domingo, 20 de junho de 2021

FESTAS POPULARES, Mercado de Verão… - Por: LILIANA BORGES

FESTAS POPULARES, Mercado de Verão…

O mês junho é repleto de festas populares dedicadas aos santos católicos tanto em Portugal como no Brasil. No Brasil a maior tradição é no Nordeste do país, onde são realizados grandes eventos. E por aqui não fica atrás, nesta época são celebradas várias festas tradicionais em formato diferente do Brasil, mas são tão suntuosas quanto por aí. 

Em Lisboa homenageiam o Santo Antônio com muita sardinha na brasa, vinho e muito mais; no Porto a mais badalada é o São João e na cidade que escolhi para viver, Montijo, é o São Pedro que é seu padroeiro. Cabe destacar que há festas por todo o país nesta época.

Entretanto, o momento difícil que estamos vivendo em decorrência da pandemia em quase todos os lugares do globo não são realizados eventos que possam aglomerar muitas pessoas. No ano passado todos foram suspensos, este como estamos em processo de abertura em Portugal foram criadas algumas alternativas. 

Na verdade, não parecem em nada com a grandiosidade das festas tradicionais, mas estão tentando não passar em branco, voltando a normalidade aos poucos e fazendo algumas adaptações. E assim, trocaram por feiras, mercados de verão, exposições de arte, apresentações musicais ou espetáculos e, mesmo que não foi autorizado a vender alimentos e bebida para consumir nestes locais alegram nossos corações.

Inclusive em Lisboa houve restrições para a convivência e acesso das pessoas aos bairros que comumente realizam estas celebrações como o Bairro Alto, Mouraria, entre outros. Em Montijo no último final de semana de maio abriu a temporada com o Mercado das Flores que sempre neste período acontece a Festa da Flor, pois a cidade é considerada a capital da flor do país e durante o mês de junho está sendo realizado o evento “Mercado de Verão” no Jardim Municipal da Casa Mora.

Em cada final de semana tem um tema abordado, o primeiro realizado neste mês foi o Mercado de Turismo (4 a 6), onde destacou os hotéis, alojamentos, gastronomia e vinhos da região; o segundo (11 a 13) foi exposto os produtos regionais e artesanato local; o terceiro (18 a 20) neste fim de semana iremos encontrar no espaço algumas das graciosas lojas da cidade entre vestuário, sapatos, acessórios e vários outros produtos de qualidade e, por último (26 a 27) será dedicado ao São Pedro.

No sábado passado tive a oportunidade de visitar o Mercado de Verão onde desfrutei de uma boa música portuguesa pelo fadista Tiago Correia, jovem montijense do Afonsoeiro, possui renomada carreira que iniciou cantando nos restaurantes em Montijo, mais adiante, cantou em várias casas de fado, participou de diversos programas musicais e em casas de espetáculos. 

Além disso aproveitei para visitar a amostra dos produtos regionais e artesanais local. Eu adoro conhecer as especialidades de cada canto e recanto que passo nas minhas peregrinações nestas terras lusitanas, pois é a identidade e o coração de seu povo, assim, é uma bela forma de conhecer melhor a localidade.

Na primeira lojinha que parei comprei uma compota de frutos vermelhos, “Sabores da Quinta”, simplesmente deliciosa, a qual é adoçada com apenas o açúcar natural das frutas. E na seguinte “Arte e Saber” é uma amostra dos produtos da oficina de escultura e artesanato, António Santos, representado por vários produtos originários de madeira reciclada que são lindíssimos, também, adquiri uma bela peça.

Ademais, há uma exposição de artesanato português, “Santos da Casa”, sobre a temática dos Santos Populares: São Pedro, São João e Santo Antônio que são graciosas peças de arte. Está acontecendo na Ermida de Santo Antônio, a igreja nos reporta ao século XVI, situada junto da Freguesia de Montijo na Avenida dos Pescadores, aberta de segunda a sábado, das10h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, até 3 de julho.

Como não poderia ser diferente sempre me encantando com este país, pois frequentemente os Concelhos por meio de suas Câmaras Municipais promovem eventos culturais, aproveitando para fomentar a economia local, valorizando o cidadão e com o cuidado de facilitar o acesso de todos que na maioria possui entrada gratuita, contribuído para melhor qualidade de vida da comunidade. 

Vamos voltando aos poucos a normalidade, os eventos nos parques, nas praças, ao ar livre…
Estamos com muitas saudades…

Fonte: POTIGUAR NOTÍCIAS

A riqueza imaterial do Brasil reverberada por Antônio Nóbrega

Artista resiste ativamente e incansavelmente pela propagação e pelo resgate da nossa cultura

As riquezas imateriais do Brasil estão nos detalhes. São mais de cinco séculos de história, sem contar toda uma ancestralidade que por essas terras já habitavam, vivendo e produzindo. Somos os herdeiros e as herdeiras daqueles que hoje estão sendo arrancados de suas terras com suas vidas ameaçadas por gente que faz mais vista para as naus do que para a canoa. Desde o processo de colonização, a diversidade cultural nunca foi respeitada de forma justa e igualitária e, precisamos entender o que está em jogo.

Querem apagar a parte mais relevante de nossa cultura com as formas mais cruéis de opressão que, no decorrer da história, sempre foram utilizadas, como o extermínio e a desapropriação de terras. Hoje os detentores de um poder roubado tentam a todo custo massacrar nossa história sem deixar rastro. Seja dizendo não a demarcação, desapropriando descendentes autênticos dos nativos da terra, criando a escola sem partido, gerando uma perturbação cultural com o intuito de fazer nosso povo se perder no ódio, alienando cada cidadão e cada cidadã que com informação, educação e cultura tornam-se as armas mais poderosas contra o próprio sistema.

Mas, ainda resistem aqueles e aquelas que com seu dom de comunicar e sua propriedade  de informação, decorrente de muito estudo e pesquisa, resistem através de atividade, espaços e diálogos que tornam-se fundamentais para que possamos manter viva nossa herança e nossas tradições imateriais. Artistas como agentes culturais, educadores e comunicadores, fazem de sua profissão um ofício que está além da relação de trabalho patrão/empregado, fazendo com que a chama de nossa cultura permaneça acesa. Seja na música, no teatro, na dança, nas artes visuais e/ou na literatura, esses agentes são capazes de tocar a população, estimulando a memória que mesmo na forma inconsciente, ainda permanecem em fragmentos de lembranças não vividas presencialmente, mas presentes em suas memórias genéticas.

Dentre tantos nomes que tiveram a propagação e o resgate da nossa cultura como missão de vida, está aquele que, ativamente e incansavelmente permanece na resistência sem hesitar. Antônio Carlos Nóbrega ou simplesmente Antônio Nóbrega como o conhecemos. O nosso artista, o nosso Marco do Meio Dia e da Meia Noite, o nosso Lunário Perpétuo, o Poeta que não Cala, o Brincante sem limites de terra e espaço que faz de nossa cultura sua arte, arrebatando cada um de nós com suas apresentações e personagens como o apaixonante Tonheta.

Pernambucano nascido em Recife, Nóbrega desde criança estuda o violino tendo participado da Orquestra de Câmara da Paraíba e da Orquestra Sinfônica do Recife. Em 1971 foi convidado pelo mestre, escritor e poeta Ariano Suassuna a compor o Quinteto Armorial, grupo precursor da música de câmara brasileira de raízes populares. Desde 1976, como consequência do trabalho desenvolvido com Suassuna, vem desenvolvendo seus espetáculos embasado na cultura popular brasileira, utilizando-se da música, artes cênicas, dança e literatura, trazendo à tona a arte do brincante brasileiro.

Antônio Nóbrega trouxe ao público formas autênticas de ler e interpretar a cultura popular brasileira, além de ter montado numa das mais importantes capitais do mundo, a cidade de São Paulo, o Instituto Brincante onde junto com outros educadores (as), muitas vezes formados (as) pelo próprio instituto, compartilha todo o seu conhecimento fruto de pesquisa, vivência e experiência de uma vida dedicada a arte com crianças, jovens e adultos, formando muito mais do que novos artistas, mas seres humanos responsáveis, conscientes e compromissados em manterem vivas as riquezas e tradições de nosso país.

Posso dizer com a propriedade de quem já teve a oportunidade de cursar as oficinas do instituto que sou fruto dessa formação, o que além de contribuir na minha carreira como músico, ator e historiador, teve grande relevância na minha formação como ser humano e agente sócio cultural. Consigo me lembrar como se fosse hoje, as diversas aulas em que mesmo com todas as dificuldades que o aprendizado das técnicas nos traziam, a gente sorria, se divertia e acima de tudo brincava. Hoje em dia, no meio do isolamento social derivado da pandemia da covid, isso tudo soa quase que escasso devido a tantas tragédias, mortes e solidão. Lembrar-me disso é deixar cada vez mais presente as palavras Resistência, Luta e Esperança.

Palavras mais palavras. Palavras ao vento, palavras ao coração e palavras no momento. As palavras podem ter diversos sentidos e significados. E é sobre palavras que nesse momento o artista pernambucano se mune para mais uma vez nos mostrar o Brasil na sua essência. Como sua própria página nos diz:

Antônio Nóbrega vem desenvolvendo o projeto Velhas Rimas Novas, que tem entre os seus propósitos fomentar a leitura e a prática da poesia rimada brasileira por meio de podcasts, palestras e cursos gratuitos.  A série de atividades foi contemplada pelo PROAC (Programa de Ação Cultural) do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Edital de Ações de Incentivo à leitura no estado de São Paulo.

Ao longo dos cinco séculos de formação do país foi sendo edificada no âmbito da cultura uma literatura constituída por um expressivo elenco de gêneros e modalidades poéticas. Se muitos dos fatos e acontecimentos narrados por meio dessa literatura poética caíram no esquecimento, o mesmo não se poderá dizer das estruturas e formas através das quais esses fatos e assuntos foram narrados e se difundiram pelo país, principalmente no meio rural.

Com este projeto, Nóbrega quer dar maior conhecimento e visibilidade a essas estruturas e formas, seja incentivando a sua prática lúdica nas atividades educativas, seja difundindo-as entre os artistas da palavra do país. “Nosso objetivo é dar uma função e significado mais amplos a esses gêneros e modalidades poéticas que, assim como o Rap e o Slam – tão em voga na atualidade – também têm vigor e substância para reivindicar  um mundo melhor, um mundo mais de todos e para todos”, explica o multiartista pernambucano.

Velhas Rimas Novas traz um conjunto de atividades online: curso, palestras de estímulo à leitura e podcasts. 

Velhas Rimas Novas abarca também uma edição do curso Na Rima para 25 alunos que já foram selecionados mediante inscrição e que será encerrado com um sarau aberto ao público no dia 28/07.

Antônio Nóbrega é tradição, contemporaneidade, passado, presente e futuro, é um artista que como diz Ariano Suassuna no DVD O Lunário Perpétuo: “Foi arrebatado pela própria criação”. Nóbrega é aquele que nos leva às lágrimas e ao sorriso, que nos deixa saudade daquilo que não sabemos, que nos dá munição intelectual para lutar contra tudo o que há de injusto e desigual no mundo, que nos dá força e esperança, que nos faz viver!

Para saber mais, acompanhe a entrevista que vai ao ar no próximo domingo às 20 horas.

Para acompanhar o projeto Velhas Novas Rimas, inscreva-se no canal do YouTube de Antonio Nóbrega.

Fonte: Portal BRASIL CULTURA

Ariano Suassuna – 16 de junho de 1927. - "Nossa singela homenagem a este grande defensor da CULTURA BRASILEIRA!" - Eduardo Vasconcelos - CPC-RN

Ariano Suassuna (1927- 2014) foi um escritor brasileiro. “O Auto da Compadecida”, sua obra-prima, foi adaptada para a televisão e para o cinema. Sua obra reúne, além da capacidade imaginativa, seus conhecimentos sobre o folclore nordestino.

Foi poeta, romancista, ensaísta, dramaturgo, professor e advogado. Em 1989, foi eleito para a cadeira n.º 32 da Academia Brasileira de Letras. Em 1993, foi eleito para a cadeira n.º 18 da Academia Pernambucana de Letra e em 2000, ocupou a cadeira n.º 35 da Academia Paraibana de Letras.

Infância e Formação

Ariano Vilar Suassuna nasceu no Palácio da Redenção, na cidade de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, capital da Paraíba, em 16 de junho de 1927.

Filho de João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna, na época, governador da Paraíba, e de Rita de Cássia Dantas Villar foi o oitavo dos nove filhos do casal. Passou os primeiros anos de sua infância na fazenda Acahuan, no município de Sousa, no sertão do Estado.

Durante a Revolução de 1930, seu pai, ex-governador da Paraíba e então deputado federal, foi assassinado por motivos políticos, no Rio de Janeiro. Em 1933, a família muda-se para Taperoá, no sertão da Paraíba, onde Ariano iniciou seus estudos primários. Teve os primeiros contatos com a cultura regional assistindo as apresentações de mamulengos e os desafios de viola.

Em 1938, a família muda-se para a cidade do Recife, Pernambuco, onde Ariano entra para o Colégio Americano Batista, em regime de internato. Em 1943 ingressa no Ginásio Pernambucano, importante colégio do Recife. Sua estreia na literatura se deu nas páginas do Jornal do Comércio, em 1945, com o poema “Noturno”.

Em 1946 ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco, junto com Hermilo Borba Filho, entre outros. Em 1947, escreve sua primeira peça Uma Mulher Vestida de Sol. No ano seguinte escreve Cantam as Harpas de Sião. Em 1950, conclui o curso de Direito. Dedicou-se à advocacia e ao teatro.

O Auto da Compadecida

Em 1955, Ariano escreve a peça O Auto da Compadecida que se enquadra na tradição medieval dos Milagres de Nossa Senhora, em que numa história mais ou menos profana, o herói em dificuldades apela para Nossa Senhora. Em estilo simples, o humor e a sátira une-se num tom caricatural, porém com sentido moralizante.

Ariano traz uma visão cristã sem se aprofundar em discussões teológicas, denunciando o preconceito, a corrução e a hipocrisia. No dia 11 de setembro de 1956 estreia a peça no Teatro Santa Isabel. No ano seguinte, a peça é levada para o Rio de Janeiro e apresentada no 1.º Festival de amadores nacionais.

Professor de Estética

A partir de 1956, Ariano Suassuna passou a dar aulas de Estética na Universidade Federal de Pernambuco e abandona a advocacia. Em 1957 casa-se com Zélia de Andrade Lima, com quem teve cinco filhos. Permanece como professor até 1994, quando se aposenta, porém em 2008 volta a dar aulas na UFPE, no curso de Letras, ministrando a cadeira de Estética.

Movimento Armorial

Em 1970, Ariano Suassuna cria e dirige o Movimento Armorial, com o objetivo de realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares. Mais do que um movimento, o armorial buscava ser um preceito estético, que partia das ideias de que é preciso criar a partir de elementos realmente originais da cultura popular do país, como os folhetos de cordel, os cantadores, as festas populares, entre outros aspectos.

Romance d’A Pedra do Reino

Em 1971, Ariano Suassuna publica “Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta, com mais de 700 páginas, que demorou dez anos para ser concluído. No relato do personagem “Quaderna” utiliza elementos de cordel, da epopeia, do romance de cavalaria, das tradições populares e do mito de  Dom Sebastião para construir uma farsa que transita entre o popular e o erudito ao mesmo tempo. No ano seguinte recebe o Prêmio de Ficção Nacional conferido pelo Ministério de Educação e Cultura.

Academia Brasileira de Letras

Ariano Suassuna escreveu 15 livros entre romances e poesias e 18 peças de teatro. Suas obras A Mulher Vestida de Sol, Romance d’A Pedra do Reino e O Auto da Compadecida, foram transformadas em séries e filmes. Em 1989, Ariano foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Em 1990 assumiu a cadeira nº. 32.

Aula Espetáculo

Em 1995, Ariano assume a Secretaria Estadual de Cultura, no governo de Miguel Arraes. As aulas-espetáculos se tornam um projeto de governo para difundir no Estado e no Brasil a cultura Pernambucana. Ariano recebia inúmeros convites para realizar “aulas-espetáculos” em várias partes do país onde, com seu estilo próprio e seus “causos” imaginativos, deixava o público encantado.

Últimos Anos

Em 2007, Ariano Suassuna assume a Secretaria Especial de Cultura do Estado, convidado por Eduardo Campos. No segundo mandato do governador, Ariano passa a integrar a Assessoria Especial do governo de Pernambuco.

Ariano Suassuna faleceu no Recife, no dia 23 de julho de 2014, decorrente das complicações de um AVC hemorrágico.

Obras de Ariano Suassuna

  • Uma Mulher Vestida de Sol, 1947
  • Cantam as Harpas de Sião (ou o Despertar da Princesa), 1948
  • Os Homens de Barro, 1949
  • Auto de João da Cruz, 1950 (Prêmio Martins Pena)
  • Torturas de um Coração, 1951
  • O Arco Desolado, 1952
  • O Castigo da Soberana, 1953
  • O Rico Avarento, 1954
  • Ode, 1955 (poesia)
  • O Auto da Compadecida, 1955
  • O Casamento Suspeito, 1956
  • A História de Amor de Fernando e Isaura, 1956
  • O Santo e a Porca, 1958
  • O Homem da Vaca e o Poder da Fortuna, 1958
  • A Pena e a Lei, 1959
  • A Farsa da Boa Preguiça, 1960
  • A Caseira e a Catarina, 1962
  • O Pasto Incendiado, 1970 (poesia)
  • Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai e Volta, 1971 (parte da trilogia)
  • Iniciação à Estética, 1975
  • A Onça Castanha e a Ilha Brasil, 1976 (Tese de Livre Docência)
  • História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão: ao Sol da Onça Caetana, 1976 (parte da trilogia)
  • Sonetos Com Mote Alheio, 1980 (poesia)
  • Poemas, 1990 (Antologia)
  • Almanaque Armorial, 2008
Fonte: Portal BRASIL CULTURA

As cores e os sabores da tradição junina

Junho é o mês de três importantes santos católicos, que foram introduzidos no Brasil pelos colonizadores portugueses: São Pedro, Santo Antônio e São João.

O primeiro deles, um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, é tido como o guardião das portas do céu, além de protetor das viúvas e dos pescadores. A ele foi dedicado o dia 29 de junho. Santo Antônio, por sua vez, comemorado no dia 13 de junho, é o santo casamenteiro, sendo invocado pelas pessoas solteiras que desejam encontrar um parceiro. E, por fim, São João, primo de Jesus Cristo, cujo nascimento ocorreu no dia 24 de junho. Dos três, esse último é o santo festeiro e o mais comemorado. Originalmente, a festa de São João, muito popular na Península Ibérica, era chamada de Joanina, mas, com o tempo, passou a ser conhecida como Junina.

Em se tratando de festas que utilizam o fogo, faz-se necessário lembrar que essa tradição advém de remotas comemorações pagãs, nos primórdios da era cristã, quando cultos e sacrifícios eram empreendidos para enfrentar e afastar demônios e bruxas responsáveis por pestes, estiagens, esterilidade. Os portugueses, neste sentido, incorporaram o fogo ao seu calendário, acreditando que ele poderia atuar como elemento importante na luta entre as forças do bem e do mal.

Há controvérsias, no entanto, sobre a origem da festa de São João. Cabe esclarecer que o dia 23 de junho, segundo os rituais do calendário agrário da antiguidade, representa a data comemorativa das colheitas de cereais, bem como a passagem do solstício de verão ou de inverno, conforme o hemisfério.

Há quem considere o mês de junho, o quarto no calendário de Rômulo, como o período do ano dedicado à deusa Juno, a cultuada filha de Saturno e mulher de Júpiter, que teve muitos filhos. As festas juninas, portanto, se originavam da devoção dos povos pagãos àquela divindade, onde as fertilidades da deusa e da terra eram reverenciadas. E, para espantar a seca e as pestes da lavoura, tantos sacrifícios em seu nome foram empreendidos.

Alguns pesquisadores, por outro lado, situam os primórdios da festa junina na Ásia e África, 3.500 a.C., salientando que, no Egito antigo, a morte e a ressurreição do deus Osíris estavam relacionadas às cheias do rio Nilo e isto era bastante comemorado. O retorno das águas, ao leito usual, deixava uma faixa de terra úmida e fértil para a semeadura possibilitando, desse modo, a presença de excelentes colheitas.

De acordo com Câmara Cascudo independentemente das teorias sobre a sua origem, o São João é festejado com alegrias transbordantes de um deus amável e dionisíaco com farta alimentação, músicas, danças, bebidas e uma marcada tendência sexual nas comemorações populares, adivinhações para casamento, banhos coletivos pela madrugada, prognósticos do futuro, anúncio de morte do censo do ano próximo… Segundo a tradição o Santo adormece durante o dia que lhe é dedicado tão ruidosamente pelo povo, através dos séculos e países. Se ele estiver acordado, vendo o clarão das fogueiras acesas em sua honra, não resistirá ao desejo de descer do céu para acompanhar a oblação e o mundo acabará pegando fogo.

No Nordeste do Brasil, em particular, é uma das festas mais comemoradas. Dentre os seus aspectos fundamentais, encontram-se as quadrilhas e o forró, as fogueiras, os balões, as procissões e novenas, e a maravilhosa culinária junina. Nesta, os portugueses introduziram o sal, o açúcar, a canela em pó, o cravo da Índia, o coco, o milho. Os índios, por sua vez, trouxeram a mandioca. Como parte fundamental da cultura brasileira, a culinária também foi reelaborada e recriada pela miscigenação de gostos e experiências de vida das principais etnias que formaram a população brasileira: a indígena, a africana e a europeia.

No que se refere à rica culinária junina, os seus pratos típicos são os seguintes: milho cozido ou assado (na brasa), canjica, pamonha, pé-de-moleque, cocadas, bolos de milho, macaxeira (também chamada de aipim) e mandioca.

Trazemos quatro receitas básicas das festas juninas:

Canjica

Ingredientes:
25 espigas de milhos verdes;
1 ½ xícara (de chá) de água;
3 cocos ralados;
2 xícaras (de chá) de açúcar;
canela em pó (para polvilhar);
sal a gosto.

Modo de fazer:

Com uma faca afiada, corte os grãos de milho rente ao sabugo. Coloque-os no liquidificador, junte a água, aos poucos, e triture até que a mistura se torne um purê. Peneire, em seguida, para retirar as cascas dos grãos. Em seguida, retire do coco o leite grosso e reserve. Esprema novamente o coco para obter um leite mais ralo. Em uma panela grande, misture a massa de milho com a metade do leite ralo, leve ao fogo, mexendo sempre devagar, até a mistura ficar espessa. Tempere com sal, acrescente o açúcar e misture bem. Retire do fogo. Coloque a canjica em pratos ou travessas e polvilhe com a canela em pó.

Pé de Moleque

Ingredientes:
1 kg de massa de mandioca,
4 xícaras (de chá) de açúcar,
½ litro de água, 250 g de manteiga,
2 ovos inteiros,
½ litro de leite de coco, 2
00 gramasde castanha torrada,
1 colher (de chá) de cravo da Índia,
1 colher (de chá) de erva-doce.

Modo de fazer:

Lavar, deixar assentar e espremer a mandioca. Reservá-la e colocar em uma bacia grande. Amassar bem, até virar pó, a castanha, o cravo e a erva-doce. Juntar à mandioca. Levar ao fogo, para fazer um mel, a água, o açúcar e a manteiga. Despejar o mel, bem quente, sobre a mandioca e os temperos polvilhados e misturar bem com uma colher de pau. Adicionar os 2 ovos inteiros e o leite de coco. Bater bem a massa. Colocar em uma forma untada e enfarinhada e levar ao forno quente. Retirar da forma depois de frio.

Bolo de Macaxeira

Ingredientes:
2 kg de macaxeira,
1 coco ralado, 500 g de açúcar,
1 colher (de sopa) de manteiga,
cravo da Índia, pitada de sal,
leite de vaca (o suficiente para cobrir o bolo).

Modo de fazer:

Descascar, lavar e ralar a macaxeira e misturar ao coco ralado. Fazer uma calda com o açúcar e os cravos. Retirar os cravos e despejar sobre a macaxeira. Acrescentar a manteiga, o sal, e misturar bem tudo. Untar e enfarinhar uma forma. Despejar a massa do bolo e cobrir com o leite de vaca. Levar ao forno quente e retirar da forma depois de frio.

Pamonha

Ingredientes:
20 espigas de milho verde,
xícaras (de chá) de leite de vaca ou de coco, 3
colheres (de sopa) de creme de leite,
açúcar e sal a gosto.

Modo de fazer:

Cortar os grãos dos milhos com uma faca afiada e passá-los no liquidificador ou máquina de moer. Depois, peneirá-los em uma peneira grossa. Misturar todos os ingredientes da receita. Embrulhar e amarrar o líquido grosso na própria palha do milho e, em um caldeirão com água fervendo, cozinhar as pamonhas, por cerca de 30 minutos, até que endureçam.

AQUI CULINÁRIA BRASILEIRA

Fonte: Fundação Joaquim Nabuco

Com Portal BRASIL CULTURA

Richard Santos lança seu novo livro: Maioria Minorizada

Mais novo livro pela Editora Telha é o primeiro de Coleção Pensamento Negro Contemporâneo, voltada para produção de saberes negros atuais

O livro “Maioria Minorizada: um dispositivo analítico de racialidade”, de Richard Santos, comunicólogo, rapper, ativista de movimentos negros/sociais e professor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) é a primeira obra da Coleção Pensamento Negro Contemporâneo (Editora Telha). A série vai dar espaço a pensadores de diversas áreas, sem necessariamente ser uma produção acadêmica de saberes. O prefácio é da professora Maria do Carmo Rebouças e a orelha é da cantora, compositora e deputada estadual, Leci Brandão (PCdoB-SP).

A obra visa introduzir ao público o dispositivo analítico de racialidade Maioria Minorizada, um signo de representação unificador do discurso e proposta de emancipação negra.  O autor compreende Maioria Minorizada como o grupo social majoritariamente formado por pretos e pardos (negros), conforme categorização do IBGE, que formam a maioria demográfica da população brasileira, mas se constitui em “minoria” no que se refere ao acesso a direitos, serviços públicos, cidadania, representação política. Ao mesmo tempo, são “maiorias” em todo o processo de espoliação econômica, social, cultural e como vítimas de todas as formas de violência.

Subversão

Na orelha, a Deputada Leci Brandão, afirma que o livro “nos dá a grata oportunidade de subverter nosso modo de pensar sobre nós”. Além disso, ela ressalta que a obra “expõe a mídia como um dos fatores que alimentam a estrutura racista e desigual de nossa sociedade, impondo não apenas um padrão estético, mas também uma forma de pensar, um modo de produzir conhecimento, um jeito de ser e de viver branco que nos coloca, enquanto população negra, à margem dos direitos e da cidadania plena.”

Ruas e salas de aula  

A conexão entre vida, obra, acúmulo teórico e vivências é explicitada no prefácio de Maria do Carmo Rebouças, que demonstra como desde as ruas e palcos como rapper – então conhecido como Big Richard, passando pela atuação nos movimentos negros, sociais, na Hip Hop, espaços políticos, de religiosidade de matriz africana, além da própria experiência acadêmica até o doutorado e da sala de aula, todos esses passos contribuem para o resultado presente no Maioria Minorizada.

Obra e vida

Segundo o autor, a construção do conceito de Maioria Minorizada e do dispositivo analítico conjugam a vivência em comunidade com sua caminhada intelectual: “Minha obra e trajetória são um compromisso intelectual de permanente justiça epistêmica articulado a um esforço de interpretação da realidade histórica e a produção intelectual daí advinda. Pesquiso, escrevo e estudo para romper, de uma vez por todas, com o complexo colonial, com o racismo e o epistemicídio”.

Autor

Richard Santos é “pós-doutor” (realizou estágio pós-doutoral) pelo Programa Multidisciplinar de Pós- Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia. Doutor em Ciências Sociais pelo Departamento de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Brasília, ELA-UNB. Mestre em Comunicação pela Universidade Católica de Brasília. Coordenador do grupo de pesquisa Pensamento Negro Contemporâneo – UFSB – CNPq. Professor adjunto da Universidade Federal do Sul da Bahia. Ao longo de sua trajetória profissional teve oportunidade de trabalhar como repórter, apresentador, produtor e editor em diversas empresas de comunicação, sempre com o pseudônimo “Big Richard”. Nome artístico oriundo de sua atuação como artista/ativista do movimento Hip Hop internacional. É especialista em História e Cultura no Brasil pela Universidade Gama Filho-RJ e graduado em Ciências Sociais pela Universidade Metodista de São Paulo. É membro da Intercom, Sociedade Brasileira de

Estudos Interdisciplinares em Comunicação. Desenvolve palestras, seminários e conferências nacionais e internacionais associadas à sua vida acadêmica e

político-social relacionadas ao universo da comunicação, cultura e comunidades negras e tradicionais.

Trechos do Livro:

“É fazer ver que os instrumentos utilizados para nos sacar a voz e subalternizar, fazendo-nos ventríloquos de nossos algozes, seres de cidadania mutilada, não foram tão eficientes assim, estamos vivos, ainda que carregando alvos nas costas, produzimos conhecimento a partir do saber acumulado e das vivências experienciadas. Enunciamos.”

“Dessas invisibilidades, opressões e discursos para a vida (anti-morte), é que nasce a reafirmação da cultura e ocupação do espaço na disputa do poder. Dessas experiências e lugares é que vimos os(as) intelectuais negros(as) atravessando fronteiras, rompendo barreiras invisíveis para se fazerem humanamente visíveis, presentes e contribuintes da sociedade contemporânea. É do campo da Maioria Minorizada, dos territórios negros a que foram postos, é que vimos ecoar conhecimentos e saberes insurgentes, reveladores de sua cognição complexa e de possibilidades não determinadas pela parede da opressão. “

“Ao apresentar esse novo paradigma, Maioria Minorizada, me alinho à práxis das ciências sociais latino-americanas que têm uma vocação crítica de questionar o paradigma dominante, de buscar formas de emancipação e gerar reflexões que vão além da mera reprodução de pressupostos construídos em outros contextos. Assim, recupera-se a história não contada, a versão dos invisibilizados, a oralidade, os métodos não cartesianos, as verdades não estabelecidas, a alteridade.”

Ficha técnica:

Título: “Maioria Minorizada: um dispositivo analítico de racialidade”

Autor: Richard Santos

Publicação: Editora Telha

Prefácio: Maria do Carmo Rebouças

Orelha: Leci Brandão

98 páginas

Fonte: Portal BRASIL CULTURA