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segunda-feira, 22 de abril de 2019

Entidades lançam financiamento coletivo para propor solução de estrada alternativa para Pontal do Paraná

A sociedade civil e entidades ambientalistas lançaram no portal Benfeitoria um financiamento coletivo para arrecadar, em 60 dias, recursos que paguem pelo desenvolvimento de um projeto econômico e viário alternativo para Pontal do Paraná, no litoral do Estado.
A campanha “O Litoral do Paraná Pede Socorro” prevê soluções inovadoras e muito mais alinhadas à vocação turística da região. Faltam 40 dias para o encerramento da campanha e, até agora, 18% da meta foi alcançada.
O projeto já está sendo elaborado por arquitetos e engenheiros especializados em soluções inovadoras e prevê a construção da chamada “CICLO-RODOVIA INTERPRAIAS”. Ela desafogaria o fluxo intenso de vias sobrecarregadas de Pontal e atenderia a turistas, comerciantes e moradores, estimulando o turismo, a geração de emprego e renda e o transporte sustentável por meio de paragens turísticas e mais de 50 quilômetros de ciclovias.
O caminho beneficiaria diretamente 21 balneários de Pontal do Paraná e, indiretamente, outros 26 de Matinhos. Também facilitaria o deslocamento para algumas ilhas do litoral. A solução – que precisa ser custeada pelo apoio da sociedade para ser concluída – vai ser apresentada ao governador Ratinho Jr. e difere totalmente da que foi apresentada por interessados na construção do porto e que, até o momento, vem sendo apoiada pelo Governo do Estado.
Fonte: Brasil Cultura

VAI DE MAL A PIOR – ANCINE OFICIALIZA SUSPENSÃO DE VERBAS PARA PRODUÇÃO DE NOVOS FILMES E SÉRIES

Ancine (Agência Nacional de Cinema) oficializou na semana passada – quinta-feira (18/4) a suspensão de verbas para produção de novos filmes e séries, paralisando o investimento do setor.
A paralisação é consequência de uma decisão do TCU (Tribunal de Contas da Unidão) que apontou irregularidades na fiscalização de contratos da agência e ordenou a suspensão das atividades até que a Ancine seja capaz de provar sua capacidade de analisar os contratos.
O anúncio veio no mesmo dia em que quatro filmes brasileiros foram anunciados na seleção oficial do Festival de Cannes. Eles devem ficar sem verba de apoio para a viagem e divulgação.
A grande ironia é que o diretor de um desses filmes, Kleber Mendonça Filho, que teria direito à verba congelada pelo TCU, enfrenta processo financeiro do mesmo TCU por uma questão técnica relacionada ao orçamento de um filme anterior.
O caso de Mendonça Filho também ilustra que, se há problemas em relação à prestação de contas de diversos filmes, não há nada melhor que pente fino, multas e lista de exclusão de reincidentes.
Mas variações nos gastos de produção são muito comuns. Se acontece um acidente, cai uma chuva muito forte ou alguém fica doente de repente, a equipe de um filme precisa adiar os trabalhos, o que representa gastos imprevistos com hospedagem e transporte.
Isto aponta que o TCU desconhece, em vários níveis, como funciona a dinâmica do audiovisual.
Como o Brasil é o país da burocracia, para tentar voltar a investir em filmes e séries, a Ancine está dando entrada em embargos de declaração, visando “suspender o efeito de pontos do Acórdão”.
“A Ancine requer ao TCU a imediata concessão de efeito suspensivo dos itens impugnados do acórdão. Porém, diante da necessidade de preservar a integridade operacional da Agência e principalmente de seus servidores, foram feitas recomendações às áreas para evitar ações que possam ser interpretadas como descumprimento da decisão do TCU”, diz um comunicado da entidade divulgado no fim da noite de quinta.
A decisão de suspender o repasse de recursos busca dar “segurança jurídica” aos projetos, segundo a Ancine.
Entre as medidas anunciadas, estão a suspensão das publicações de resultado final dos processos seletivos em andamento e a publicação de novos contratos, bem como a suspensão do encaminhamento de novos pedidos de aprovação de verbas.
Segundo a agência, os desembolsos dos recursos dos projetos no Fundo Setorial Audiovisual com contratos que foram publicados até o dia 18 de abril serão autorizados e realizados normalmente.
Entretanto, a decisão radical de paralisar a Ancine se junta à orientação do governo para que estatais deixem de patrocinar cultura, colocando em risco à realização dos festivais de cinema no país, e à suspensão da aprovação de novos projetos pela Lei Rouanet, que não acontece desde janeiro, quando o presidente Bolsonaro sugeriu que ela passaria por reforma.
É um cenário de tempestade perfeita, como um tsunami prestes a devastar a cultura brasileira.
Para representantes da direita brasileira, identificados com o governo Bolsonaro, isso é bem feito. Ao informar a paralisação da Ancine numa notícia com tamanho de tuíte, o site O Antagonista aplaudiu: “Certamente faria muito bem ao setor audiovisual se parasse de uma vez de mamar dinheiro público”.
Vale lembrar que o dinheiro repassado pela Ancine não sai de hospitais ou escolas – que o governo não abriu ou melhorou – , mas de taxas cobradas para a própria indústria audiovisual. Na prática, funciona de um forma que os blockbusters ajudam a pagar filmes autorais, como os que vão representar o país em Cannes.
Isso não é “mamar dinheiro público”, mas regulação de mercado.
Um relatório da Ancine demonstrou que o setor audiovisual brasileiro arrecadou para o governo R$ 2,13 bilhões somente com impostos diretos em 2017 – levantamento do FSA (Fundo Setorial Audiovisual).
É importante ser didático neste caso, pois o setor que gera uma fortuna para o governo abrir hospitais ou escolas – além de empregar estimada 335 mil pessoas – está sendo paralisado, sob aplausos de alguns, com a visão de que isso é política cultural progressista.
MARCEL PLASSE
Marcel Plasse é jornalista, participou da geração histórica da revista de música Bizz, editou as primeiras graphic novels lançadas no Brasil, criou a revista Set de cinema, foi crítico na Folha, Estadão e Valor Econômico, escreveu na Playboy, assinou colunas na Superinteressante e DVD News, produziu discos indies e é criador e editor do site Pipoca Moderna

Canções sobre os Trilhos: Regino Pedroso e a poesia cubana

 

Regino Pedroso (1886-1983) é um poeta cubano conhecido por sua poesia social, que inaugurou uma verdadeira matriz moderna de canto participante na literatura de seu país. De origem mestiça, etíope e asiática, desde cedo adequou sua voz com a empatia pelos despossuídos, desprezados e humilhados do mundo. Sua perspectiva proletária e socialista jamais resultou em uma contrição do alcance estético em favor da difusão de ideologias.

É de sua autoria o belíssimo poema Canções sobre os Trilhos, que o Prosa, Poesia e Arte divulga hoje, em tradução inédita do poeta Alexandre Pilati, professor de Literatura da Universidade Brasília (UNB). Nesse canto, Pedroso mostra o quanto sua poesia é elevada e radical, apresentando o poeta como um vidente que atravessa a vida a recolher o passado e projetar o futuro no horizonte da utopia. 

Canções sobre os Trilhos
(Regino Pedroso) 

Sobre os trilhos dos dias
o trem vertiginoso desliza;
eu perfurei com olhos de insônia o futuro.
Pela janela aberta adentra-me a distância.

Clamor do vento ou da sombra?
Que voz interna, ou estranha, profunda e forte,
me abriu como um livro...?

Fecundado de sol, de selva e crepúsculos,
a um tempo sou diverso e único:
como Américas virgens frutifico em canções;
e estou, como os céus, iluminado pelos astros.

Lanço à noite multiforme em grito trêmulo
– anseios de agora e profundas ressonâncias atávicas –
a teia forte de meu júbilo.

Luto para apressar a vertigem rolante,
a inquietude e o mistério, a voz da sombra,
os continentes cinemáticos do Cosmo.

E minhas mãos conquistam países de metáforas
em uma sucessão caleidoscópica de imagens óticas.

Quanto tempo o trem expresso de minha vida viajante
esteve estacionado?
Um lastro de emoções familiares
pesava nos vagões de minhas noites.
Agora, sobre novos caminhos,
digo-te adeus.
Anseio pela viagem múltipla;
mas te levo, ainda que despersonalizada,
infinitesimal
protoplasma em células de cantos novos.

Panorâmicos céus insuspeitados...
O trem vertiginoso desliza
sobre os trilhos dos dias.

De Atlânticas platônicas um canto humano, cósmico,
chega cordial, como um navio embandeirado de manhãs.
E nas auroras novas
meus olhos pastoreiam rebanhos de horizontes
sobre maravilhosas planícies estéticas.

Tula Pilar (1970-2019), poeta, seguidora de Carolina Maria de Jesus

 

Uma poeta negra, mineira, que trabalhou como doméstica e transformou a vida em poesia. Essa descrição pode lembrar Carolina Maria de Jesus, autora conhecida pela obra O Quarto de Despejo. No entanto, essa mesma história se repete com a trajetória da poeta Tula Pilar, 49, que morreu na tarde de quinta-feira (11).

Segundo comunicado da família, há uma semana Tula não se sentia bem, com falta de ar. Esta tarde foi levada ao Pronto Socorro Dr. Akira Tada, em Taboão da Serra, Grande São Paulo, após passar mal. As informações iniciais apontam que sofreu uma parada cardíaca e os médicos não conseguiram reanimá-la.

Tula Pilar nasceu em Leopoldina, Minas Gerais, em 1970. Mudou-se para São Paulo aos 19 anos, e trabalhou como empregada doméstica em várias mansões da capital. “Já fui babá, copeira, arrumadeira, cuidei da casa, da comida e das crianças, assim, eu, Tula Pilar Ferreira começo a contar minha trajetória”, declarou a poeta em entrevista ao Nós, Mulheres da Periferia.

Em 2014, Tula Pilar se apresentou no auditório do jornal Folha de S.Paulo, durante comemoração dos quatro anos do blog Mural. Seu contato com a poesia se deu em andanças por eventos culturais e ruas das periferias. “Eu passava e via um povo reunido no microfone, e falava: ‘Meu, o que esse povo fica fazendo aí?’”. Na primeira vez em que Tula se apresentou em um sarau, a poesia declamada foi a que conta a sua chegada a São Paulo.

Pedro Lucas de Lima, 22, seu filho, a acompanhava desde os 7 anos nos eventos. “Ela sempre escreveu, a vida inteira, tem até os diários dela. Tudo em forma de poesia. Ninguém nunca leu uma página, mas ela sempre escreveu, o que a levou a participar dos saraus”.

Foi no início dos anos 1990 que o poeta Marco Pezão a levou para o Sarau do Binho, antes conhecido como a “Noite da Vela”, e no Garajão, o antigo Cooperifa. Suzi Soares, produtora do Sarau do Binho, lembra que Tula nunca se contentou com a vida que tinha como empregada doméstica e enfrentava com ousadia as patroas. Por isso, buscava se desenvolver como artista.

“Criou três filhos sozinha, ‘sem ajuda de macho nenhum’, ela falava”. “Nada tirava sua alegria e gana por viver. Estava sempre num processo de aprendizagem, seja na dança, no canto ou para tocar um instrumento”.

“Todos a conheciam nos rolês culturais. Ela gostava do glamour das festas, das biritas e dos babadinhos”, conta Suzi. “Pilar era teimosa, ousada, criativa, alegre e sempre dizia que teria 29 para sempre. Assim eu me lembrarei dela, com seus eternos 29 anos, sempre sorrindo”.

Tula foi vendedora da revista Ocas e é autora dos livros Palavras Inacadêmicas, produzido de forma independente em 2004, e Sensualidade de Fino Trato, publicado pelo selo do Sarau do Binho em 2017. Também teve participação em obras coletivas, como o Negras de Lá, Negras Daqui, lançado em fevereiro deste ano.

Nas redes sociais, dezenas de manifestações demonstram a importância da trajetória de Tula para a cena cultural das periferias de São Paulo. “Hoje, quando recebo os aplausos nas apresentações, gostaria muito que as antigas patroas estivessem na plateia e vissem onde cheguei”, declarava Tula.

Fonte: Agência Mural

O alienista

  



No final 

Por Demitri Túlio*

Ilustração: Zuca Sardan
da história, o psiquiatra Simão Bacamarte resolve se internar em seu próprio asilo... O casarão verde, adaptado para colocar um País inteiro no hospício.

Até a própria esposa, dona Evarista da Costa Mascarenhas, porque usou um vestido vermelho, ele inferiu que ela tivesse sido tomada pelo desvario do comunismo. Uma esquerdopatologia grave.

É muito doida essa narrativa machadiana de hoje. Só que o médico, ao contrário, era uma pessoa inteligente e tinha disposição para o trabalho. Sim, a semelhança talvez fosse a insanidade obsessiva do moralismo hipócrita.

Simão Bacamarte tinha a ciência na cabeça, era um ser de leituras, mas agia feito um idiota fora da realidade coletiva. Mas as convicções seriam as mesmas, de um senso comum avassalador e achismo.

Até tinha um amigo, o boticário Crispim Soares, uma espécie de filho (talvez se eu fosse adaptar O Alienista para o teatro, ele seria um dos filhos). Daquele que falava pela boca do pai como se fosse o próprio médico. Sem nunca ter sido além de um machista, um playboy fora de época e metido com sargentos de milícia.

Pois muito bem. Os primeiros suspeitos de serem loucos, internados para tratamento de choque e doutrinação evangélica de direita, foram os funcionários do Departamento Florestal do País.

Para o doutor Bacamarte era impossível não ser louco quem defendia árvores em pé em vez de campos pulverizados com veneno e plantações de vacas e soja.

O mundo se acabando, as cidades se derretendo em enchentes como o próprio Rio do doutor Bacamarte, mortes, a lama de ferro enterrando Mariana e Brumadinho e o indivíduo brincando de ter uma Bic do poder.

Coitado do tempo presente e do futuro. E de um passado que não se imaginava voltasse a torturar.

Antes do fim da história, trezentas pessoas - os habitantes do País menos ele, estavam todas no hospício. Presos, sendo enlouquecidos mais ainda pelo doutor Bacamarte.

Era o bando de baitolas que o médico considerava doença mortal e anticristo. Confinou também os médicos que se dispunham a tratar pobres em zonas miseráveis e os cidadãos que não queriam se armar para atirar uns nos outros.

Ele pôs no manicômio os que se chocaram com os 80 tiros que assassinaram um seresteiro e um homem de rua que catava lixo. Mandou internar todos do Ministério da Alfabetização do País, ali também estava encruada uma esquerdopatia.

Ordenou também a internação de quem dava conselhos a outra pessoa. Achava que conselhos tinha haver com célula terroristas. Mandou isolar até as crianças para garantir a moralidade porvir do País.

Tão assim que expediu guia para internar até o cordão de puxa sacos que, idiotas feito o doutor Bacamarte, tinha fetiche por lamber coturnos.

Mas no fim das páginas do livro houve uma revolta inesperada e os enlouquecidos do doutor Bacamarte pulam as 100 janelas do hospício e voltam para as casas. Doces lares e a vidinha de sempre porque logo se acostumam com o pior.

Doutor Simão Bacamarte, sozinho, sem babões de suas conferências medíocres, resolve se internar no asilo que construiu.

Li assim O Alienista de Machado de Assis, obra de 1882. Livro recomendado pelo professor Luis Carlos ou a professora Sandra, do Redentorista.

Estou relendo O Idiota, de Fiódor Dostoievsk. O príncipe Michkin não tem nada a ver com o doutor Bacamarte. Mas são cenários convergentes, enfim.

Boa Páscoa! Mesmo que Michkin acredite que isso é só uma estratégia para vender ovos de chocolate. 

*Demitri Túlio é jornalista e escritor.

Fonte: O Povo

Cultura - Bolsonaro e a Lei Rouanet

Por Alexandre Santini*

Como se já não fossem suficientes os problemas e as crises do governo, Bolsonaro resolveu chamar os artistas para a briga.

Após dar um mata-leão na Ancine, interrompendo na base da canetada as linhas de financiamento público ao cinema brasileiro, mira agora na Lei Rouanet. Além dos habituais adjetivos com que o Bolsonarismo trata a lei Rouanet ("mamata", "desgraça", etc), o governo parece ter chegado a uma "proposta": baixar o teto de financiamento de projetos culturais através de renúncia fiscal dos atuais R$ 60 milhões para no máximo R$ 1 milhão de reais por projeto. Conforme anunciada, a medida representa o colapso total do já combalido setor cultural brasileiro.

Possivelmente, mais de 90% da produção cultural brasileira se viabilizaria com orçamentos muito inferiores a 1 milhão de reais. Existem dezenas de milhares de iniciativas culturais no Brasil que sobrevivem com muito menos do que isso, e que nunca acessaram a Lei Rouanet. É sabido que o mecanismo de renúncia fiscal é concentrador e destina cerca de 80% de seus recursos ao eixo Rio-SP.

No entanto, estes projetos financiados pela Lei Rouanet, e que estão acima da casa do milhão de reais são também muito importantes. Neste patamar estão praticamente todos os projetos de restauro, preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional. Salvo engano, até a recuperação do Museu Nacional receberia recursos da Lei Rouanet acima de R$ 1 milhão. Que há exageros e distorções, não há dúvida, até porque, na renúncia fiscal, quem dá a última palavra no destino dos recursos não é o governo, como crê (ou finge que crê) Bolsonaro. Quem decide, no fim das contas, é a "mão invisível" do mercado.

E este será, sem dúvida, o primeiro a se levantar contra a medida. Entre os maiores captadores via lei Rouanet estão, por exemplo, fundações e institutos ligados a grandes empresas e grupos econômicos, como Fundação Roberto Marinho, Itaú Cultural, Instituto Moreira Salles, etc.

O governo propõe reformar a lei através do atalho de uma Instrução normativa, medida infralegal. E aí fica a questão: tramita no Congresso o PL 6722/2010, conhecido como Procultura, que propõe uma profunda reforma da lei Rouanet amplamente debatido pelo governo, legislativo e sociedade ao longo dos últimos 10 anos. Prevê o fortalecimento os fundos públicos, democratização do acesso aos recursos, maior equilíbrio regional na distribuição das verbas, transparência e controle social.

Já aprovado em primeira votação na Câmara, o Procultura foi desarquivado recentemente no Senado. O legislativo, que vem procurando afirmar uma agenda própria e independente das incontinências verbais e da bateção de cabeça do governo, bem que podia pegar o Procultura pra chamar de seu, e finalmente fazer uma necessária reforma nos mecanismos de financiamento à cultura no Brasil.

Avançar no congresso com o Procultura seria a melhor forma de se contrapor à baboseira ideológica de Bolsonaro em relação a lei Rouanet. O tema abre caminho em todas as bancadas, especialmente as do Norte, Nordeste e centro-oeste, cujos estados são penalizados pelo modelo concentrador atual. Mesmo que os efeitos imediatos sejam pequenos, seria um avanço na pauta legislativa da cultura, impedindo um retrocesso maior no setor. 

*Alexandre Santini é gestor cultural, dramaturgo e escritor, é diretor do Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói (RJ) e autor do livro "Cultura Viva Comunitária: Políticas Culturais no Brasil e na América Latina"

Fonte: Portal Vermelho

Economia - Semana começa com clima tenso entre governo e caminhoneiros

 

Categoria promete greve para o dia 29. 


O jornal Valor Econômico diz que esta semana será decisiva para impasse entre governo e caminhoneiros, que elevou os termômetros para uma greve nacional, marcada para o próximo dia 29. Com a paralisação de maio de 2018 próxima de completar um ano e após o reajuste feito pela Petrobras no preço médio do diesel nas refinarias, de 4,84%, válido desde quinta-feira (18), algumas lideranças elevaram o tom em poucos dias, queixando-se de até hoje não terem sido ouvidas pelo Planalto.

De acordo com a matéria, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) tem audiência marcada com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, nesta segunda-feira. A agenda foi divulgada em nota disparada pela entidade na véspera do feriado da Semana Santa, alertando ainda que o reajuste do óleo diesel pela Petrobras "aumentou ainda mais a tensão "aumentou ainda mais a tensão instalada na categoria, que carrega desde o ano passado a frustração de não ter a Lei do Piso Mínimo do Frete cumprida". 

O caminhoneiro Wanderlei Alves, o Dedéco, de Curitiba (PR), uma das lideranças da classe, disse neste domingo que só há duas saídas para evitar uma greve geral. "Ou o governo faz valer o piso mínimo em todo o país no prazo máximo de três dias após essa reunião, ou reduz em torno de R$ 0,50 a R$ 0,60 o preço do diesel até que o piso comece a valer". A categoria chegou a se mobilizar para paralisar no dia 30 de março, mas houve um recuo e a adesão foi baixa.

O novo movimento grevista, disse o Valor, divide a categoria, já que algumas entidades sindicais identificaram boa vontade no pacote anunciado dia 16 pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Entre as medidas voltadas a melhorar as condições do transporte de cargas rodoviário no país estão uma linha de crédito de até R$ 30 mil para manutenção e compra de pneus de caminhões, com fundo inicial de R$ 500 milhões, R$ 2 bilhões para conclusão de obras, além de manutenção de estradas e eixos rodoviários, e um cartão-combustível para abastecimento a preço subsidiado.

Segundo o jornal, a insatisfação maior dos trabalhadores, no entanto, é com a falta de fiscalização da aplicação do piso do frete, assim como a correção desses valores prevista na Lei 13.703 - que estabeleceu a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas. Se aplicadas corretamente, as regras seriam uma forma de amenizar o impacto das altas no preço do óleo diesel nas bombas, argumentam os caminhoneiros.

A CNTA, informa o Valor, fez um levantamento em sua base de associados - formada por 140 sindicatos, nove federações e uma associação colaborativa - para confirmar o posicionamento dos caminhoneiros. Ao fim da ronda, identificou que o anúncio reacendeu insatisfação generalizada na categoria, que "está impaciente à espera de uma resposta do Governo".

Wanderlei Alves, diz o jornal, fez um vídeo em que diz que o aumento do diesel colocará os caminhoneiros "no fundo do poço". "Infelizmente o governo pagou para ver, a Petrobras vai dar um aumento de R$ 0,10 no óleo diesel amanhã (quinta-feira, 18) e eu quero que o senhores entendam o impacto que isso dá para nós", afirma ele, para se queixar da falta de reajuste no piso do frete.

Os caminhoneiros, muitos dos quais associados às organizações consultadas pela CNTA e outros sem qualquer vínculo sindical, queixam-se de que as lideranças que negociam com o Planalto não os representam. "Infelizmente o governo tem escutado lideranças que não têm caminhão, não sabem o custo que é ter um caminhão, quanto custa um pneu, quanto se gasta de óleo, não sabem quanto de média faz um caminhão", diz Alves.

Valor diz ainda que nas reuniões com os ministros Freitas e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), a categoria vem sendo representada pelo caminhoneiro Wallace Landim, o Chorão, de Catalão (GO). 

O transportador autônomo conquistou a confiança de importantes líderes sindicais, segundo a matéria, como diretor do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), José Cícero Rodrigues, e o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Volta Redonda e Região Sul Fluminense (Sinditac-VR), Francisco Wild. Com influência em regiões bastante afetadas pela greve de 2018, ambos garantem que os caminhoneiros locais não vão aderir a uma greve neste momento.

Fonte: Portal Vermelho