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quinta-feira, 28 de junho de 2018

Morre o filósofo marxista Domenico Losurdo


Na manhã de quinta-feira (28), o mundo perdeu um de seus grandes pensadores. O filósofo Domenico Losurdo morreu na Itália aos 77 anos. A família divulgou apenas que a morte foi em decorrência de “uma doença incurável recentemente descoberta”.
Kyan Shokoui Dios Losurdo morreu nesta quinta-feira (28), deixa um imenso legado sobre o pensamento marxista Losurdo morreu nesta quinta-feira (28), deixa um imenso legado sobre o pensamento marxista
Losurdo foi um dos maiores pensadores dos estudos marxistas e da obra de Gramsci. Dedicou sua carreira acadêmica à produção política em defesa de um pensamento plural e libertador. Em seus últimos anos, lecionou na Universidade de Urbino, na Itália.
Sempre coerente, a filosofia política de Losurdo e sua contextualização cuidadosa do pensamento filosófico em seu tempo histórico foi impulsionada principalmente pela crítica radical ao liberalismo, ao capitalismo e ao colonialismo.
Um pensador de seu tempo, Losurdo dedicou-se também a investigar questões políticas contemporâneas, prova disso, é seu último livro que acabou de chegar no Brasil, “O Marxismo Ocidental”. Nesta obra, o filósofo contou a parábola do marxismo ocidental: seu nascimento, sua evolução e sua queda.
Trata-se de uma publicação polêmica e combativa, que pode ser considerada uma espécie de acerto de contas com o percurso do marxismo ocidental, repassando toda a sua trajetória até suas figuras atuais, como Slavoj Žižek, David Harvey, Alain Badiou, Giorgio Agamben e Antonio Negri, sem deixar de visitar pensadores já clássicos como Theodor W. Adorno, Max Horkheimer, György Lukács, Herbert Marcuse, Louis Althusser, Ernst Bloch e Jean-Paul Sartre.
Intelectuais e pensadores de diversas partes do mundo estão publicando mensagens em homenagem ao filósofo que dedicou a vida ao pensamento marxista e à militância comunista.
Do Portal Vermelho

Austeridade ameaça existência do MinC e mata políticas de cultura


Os cortes fiscais drásticos, agravados pela emenda do teto, são fatais não apenas para o órgão criado em 1985, mas também para uma concepção alargada e inclusiva de política pública de cultura inaugurada nos anos petistas.
Por Paula Quental
Desde que se iniciou a série de encontros da Fundação Friedrich Ebert Stiftung (FES) e Brasil Debate para discutir os efeitos das políticas de ajuste fiscal no país, um dos quadros mais dramáticos revelados foi o da cultura. “Morte lenta”, “respiração por aparelhos” e “inviabilização” foram algumas expressões usadas para definir o setor, suas instituições e políticas depois dos cortes orçamentários de 2015 (a “navalha”), acentuados a partir de 2017 (a “guilhotina”). Responsável pelo diagnóstico, o ex-secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC) João Brant afirmou que o impacto das medidas de austeridade é de tal ordem que “há o risco de o MinC se tornar inviável,como instituição”.
Autor de um levantamento sobre a trajetória das políticas e investimentos públicos federais em cultura desde a criação do MinC, em 1985, até a sua extinção e recriação no governo Michel Temer (por pressão de artistas e movimentos sociais que ocuparam sedes de órgãos culturais em ao menos 18 capitais, em 2016), Brant expôs dados preocupantes em 7 de junho último. Para debater com ele estiveram presentes, na sede da FES em São Paulo, o ex-ministro da Cultura e atual secretário da Cultura de Belo Horizonte Juca Ferreira e o advogado, pesquisador e ex-secretário de Políticas Culturais do MinC Guilherme Varella.
De acordo com Brant, o orçamento discricionário do Ministério, que compreende as despesas sobre as quais os gestores têm poder de decisão – usadas para custeio, manutenção e investimento em políticas públicas – teve perda real de mais de 45% entre o final de 2014 e o final de 2017 (de R$ 1,02 bilhão para R$ 553,4 milhões). A redução de recursos impacta diretamente as principais políticas culturais. Um exemplo é o programa Cultura Viva, cujo carro-chefe são os Pontos de Cultura, criados para dar suporte à ação de agentes culturais em todo o país, com forte presença nas periferias e regiões mais carentes, e que “foi silenciosamente descontinuado”.
Até 2010, o programa executava mais de R$ 100 milhões por ano. Em 2015, toda a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural, responsável por ele, teve pouco mais de R$ 32 milhões para investir e, em 2018, esse valor baixou para R$ 12 milhões, “o que equivale a menos da metade do que o Estado de São Paulo repassa anualmente para a Pinacoteca de São Paulo”, escreve Brant.
Juca Ferreira, ex-ministro nas gestões Lula II e Dilma II e secretário-executivo do MinC na gestão Gilberto Gil (este à frente da pasta por seis anos) lembrou outro efeito dos cortes fiscais: segundo ele, mais de 600 bibliotecas municipais foram fechadas neste período pós-2015. “Chegamos a zerar os municípios sem bibliotecas, dávamos toda a estrutura, a contrapartida dos municípios era apenas contratar dois funcionários”, lamenta.
Os cortes orçamentários, explica Brant, começaram com oscilações a partir de 2011, no primeiro governo Dilma, viraram caso sério em 2015, quando se assistiu “ao maior contingenciamento do orçamento do governo federal das últimas décadas” (mais de R$ 70 bilhões foram contingenciados), e se tornaram uma sentença de morte no governo Temer, que desidratou o MinC após ser obrigado a recuar da decisão de extingui-lo e torná-lo parte do MEC. Em seguida, em dezembro de 2016, veio a aprovação da Emenda Constitucional 95, a emenda do teto de gastos, que tende a reduzir ainda mais os recursos, ano a ano. “O Ministério conta, em 2018, com apenas R$ 100 milhões para trabalhar com políticas públicas.”
Na prática, prevê o ex-secretário, a permanecer a atual política, o MinC seguirá mantendo apenas a própria estrutura, formada por administração direta, pessoal e sete entidades vinculadas – Iphan, Ibram, Funarte, Fundação Biblioteca Nacional, Fundação Cultural Palmares, Fundação Casa de Rui Barbosa e Ancine – até a total inviabilização. “Qualquer gestor que analise a situação do MinC vai concordar que um ministério assim não faz sentido”.
Ele aponta, porém, uma contradição no orçamento da pasta, que pode dar a falsa ideia de que os recursos não decrescem tanto assim: a existência de orçamentos à parte do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e do PAC Cidades Históricas, duas iniciativas do período prolífico de 2003-2010 da gestão do MinC. Os investimentos do PAC, programa de obras de restauração de igrejas e outros prédios públicos tombados em 44 cidades, contam com uma área reservada do orçamento, e o FSA, criado em 2006, tem quase a sua totalidade proveniente da arrecadação da Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Audiovisual), cuja principal fonte pagadora são as empresas de telecomunicações. Como se trata de uma despesa financeira, o FSA não disputa orçamento com as demais políticas do MinC e seus recursos são exclusivos para o audiovisual, não podem ser remanejados.
“Enquanto, de maneira geral, o MinC e as políticas culturais definham, a parte política do audiovisual voltada a seu desenvolvimento como indústria se fortalece como política de Estado, fruto de um arranjo robusto construído especialmente entre 2006 e 2011”, afirma Brant.
“Do-in antropológico”
Os efeitos perversos das medidas de austeridade, no entanto, não se restringem a um problema de orçamento. Essas medidas são “um dos pilares do neoliberalismo, instrumento de redução do papel do Estado”, na definição do professor do IE-Unicamp Pedro Rossi, um dos anfitriões do debate na FES. Nessa linha, pode-se dizer que no caso da cultura há risco de sobrevivência da própria ideia de uma política pública para o setor. Brant lembra que antes de 2003, ou até a posse de Gilberto Gil na pasta da Cultura, no primeiro governo Lula, havia se consolidado um modelo de política cultural com financiamento centrado nas leis de incentivo. Ou seja, as atividades culturais praticamente só aconteciam por iniciativa do setor privado, via renúncia fiscal.
A partir de Gil, continua ele, houve uma mudança de paradigma na concepção de política pública de cultura e um grande esforço para fortalecer a ação direta do Ministério. “A perspectiva era de criar uma política de Estado baseada não apenas em fomento a atividades culturais, mas em processos regulatórios e políticas públicas que contribuíssem para o desenvolvimento da cultura em três dimensões: simbólica, econômica e cidadã”. Houve uma ampliação do conceito de cultura a partir das gestões petistas, incorporando-se a sua dimensão sociocultural, explica Brant.
Tanto que Gil, lembra ele, gostava de usar a expressão “do-in antropológico”, numa referência à tradição milenar chinesa, para se referir ao novo papel do MinC: o reconhecimento de que havia no país uma potência cultural instalada e que era preciso estimular esses “pontos” para “transformá-los em energia cinética”.
Juca Ferreira concorda que houve uma inflexão a partir daquele momento, e relembra que “da origem, na gestão José Sarney, até Gil, o Ministério não havia dito a que veio, era uma criação puramente de marketing, uma soma aritmética dos órgãos que o compunham”. Entre os legados importantes desse período, ele cita a criação de uma política de Estado para o audiovisual, com o FSA, que levou o país a aumentar sua produção média de longas-metragens de 10 para 150 ao ano. “Foi onde mais avançamos”, diz.
Cultura como direito
Outra dimensão muito importante “inaugurada” com Gil e Juca, segundo o advogado e pesquisador Guilherme Varella, e que permanece sendo um desafio, é o entendimento da cultura sob a ótica da cidadania, como um direito. “Na Constituição de 1988 os direitos culturais estão postos pela primeira vez. Foi um divisor de águas”, afirma. Para ele, essa visão da “complexidade cultural brasileira” assumida nos últimos anos pelo MinC levou o Ministério a aumentar a capacidade de gestão e orçamento (mais do que triplicado entre 2003 e 2011). “A capacidade institucional cresce a partir do reconhecimento do direito a ser alcançado”, observa.
Houve um inegável avanço em termos conceituais, segundo Varella, agora ameaçado pelos cortes fiscais da lógica neoliberal. Para o ex-ministro Juca, no entanto, as medidas de austeridade e a onda neoliberal no Brasil e no mundo não são a única explicação para o desastre, já que a perda orçamentária se iniciou no governo de Dilma. Apesar de admitir que “o capital financeiro não tem muito afeto pela democracia”, e que “o projeto é transformar o Brasil no que o Chile foi na década de 70, um parque temático neoliberal”, ele nota que faltou à esquerda pensar um modelo de desenvolvimento para o país no pós-ditadura. “O desenvolvimento brasileiro é um pensamento economicista”, conclui.
O estudo de João Brant, enriquecido pelo debate, assim como os outros que estão sendo expostos nas sessões do “Observatório da Austeridade” na FES, subsidiarão o segundo volume do documento “Austeridade e Retrocesso” e livro a ser lançado pela Editora Autonomia Literária.
Fonte: Brasil Debate

FJA cria cadastro para a Lei Câmara Cascudo


A Fundação José Augusto publicou na edição da última quarta-feira (12) a portaria para a criação do Cadastro Estadual de Entidades Culturais (CEEC). 

Artistas e produtores necessitam se cadastrar a partir de agora na sala da Lei Câmara Cascudo, no prédio da Fundação José Augusto (Rua Jundiaí, 641, Tirol) para inscreverem projetos na Lei de incentivo fiscal do Governo do RN.

A partir da data de publicação da portaria somente poderão apresentar projetos de à Lei os produtores e entidade que estiverem efetivamente cadastrados no CEEC.

Fonte: cultura.rn.gov.br

As Mulheres o Nordeste e a História

Ana Batista de Jesus conhecida como Santana a mãe do Rei do Baião.

 Ana das Carrancas

Ana louceira, “dama do barro”, Ana das Carrancas, muitos foram os títulos atribuídos à Ana Leopoldina dos Santos. Pernambucana do sertão de Ouricuri, Ana sempre teve no barro o seu instrumento de trabalho e de expressão artística. Filha de artesã, desde os sete anos já ajudava a mãe na produção de brinquendos de barro que eram vendidos na feira. Anos depois, jovem viúva e com duas filhas, tornou-se famosa pela produção de panelas e outros utensílios de cerâmica.
Dona Amara da Mazuca 

Dona Amara Maria da Conceição, 107 anos, ficou conhecida como a Rainha da Mazuca dançou mais de um século levando a cultura para o Nordeste na cidade de Agrestina.
Maria Bonita

Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida pelo apelido de Maria Bonita, foi uma integrante de um grupo de cangaceiros, liderado por Lampião (rei do Cangaço).
Foi mulher, embora não casada oficialmente, de Lampião. É considerada a primeira mulher cangaceira do Brasil.Maria Bonita nasceu no dia 8 de março de 1911 no município de Paulo Afonso (norte do estado da Bahia). Viveu sua infância e adolescência no sítio dos pais. Adulta, resolveu aceitar o convite de Lampião para fazer parte de seu bando de cangaceiros. 
Teve coragem e resistência para enfrentar todos os tipos de dificuldades da vida no cangaço, durante oito anos.
Irmã Dulce

Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, mais conhecida como Irmã Dulce, Beata Dulce dos Pobres ou Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, tendo recebido o epíteto de "o anjo bom da Bahia", foi uma religiosa católica brasileira.
Cremilda a Rainha do Forró

Nascida em São José da Laje, Cremilda passou a infância e a adolescência em Palmeira dos Índios, Zona da Mata de Alagoas. Sua carreira tomou impulso com os freqüentes shows que fazia em Sergipe, onde vive há mais de duas décadas, sempre acompanhada pelo marido. Após 1994, com a morte do companheiro, a forrozeira-mor — carinhosamente conhecida como "Rainha do Forró"
Marinês a Rainha do Xaxado

Marinês, nome artístico de Inês Caetano de Oliveira conhecida como a Rainha do Xaxado. Gravou o primeiro disco em 1956, já à frente do grupo Marinês e sua Gente, com o qual se consagrou. A canção que consagrou Marinês foi "Peba na Pimenta", de João do Vale, José Batista e Adelino Rivera, que causou polêmica na época em que foi gravada, devido ao seu duplo sentido.
Selma do Coco

Selma Ferreira da Silva, conhecida como Dona Selma do Coco ou simplesmente Selma do Coco nasceu em Vitória de Santo Antão foi uma cantora e compositora brasileira.
Rachel de Queiroz 

Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza Ceará, foi uma tradutora, romancista, escritora, jornalista, cronista prolífica e importante dramaturga brasileira. Autora de destaque na ficção social nordestina. Foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.
Zabé da Loca

Isabel Marques da Silva, mais conhecida como Zabé da Loca, é uma pifeira brasileira. Nasceu em Buíque, Pernambuco.

Fonte: http://historiasecenariosnordestinos.blogspot.com

1967 – VERDADE E LENDA SE MISTURAM NA HISTÓRIA DE CANGUARETAMA

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Celebração em Canguaretama, Rio Grande do Norte, do Massacre dos Mártires de Cunhaú – Fonte – http://www.vntonline.com.br/2016/07/canguaretama-rn-celebra-371-anos-dos.html

Autoria original deste texto é do repórter Antônio Melo e as fotografias mais antigas foram feitas por Paulo Saulo, tendo o material sido publicado originalmente no Diário de Natal, nas edições de quarta feira, 5 de abril de 1967 (Pág. 4), e sábado, 8 de abril (Pág. 5).
TOK DE HISTÓRIA traz na íntegra a reprodução desta matéria jornalística que mostra como a tradição oral na cidade de Canguaretama informava sobre os ricos e interessantes episódios da rica história da região. Um exemplo é o Massacre da Igreja do Engenho Cunhaú, mesmo tendo passado 322 anos dos sangrentos episódios em 1967, eles eram narrados conforme haviam sido transmitidos pelos mais velhos da região.
Dedico o resgate e a democratização deste texto ao meu amigo Professor Francisco Galvão, um orgulhoso e dedicado filho de Canguaretama.
Boa leitura!
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A seis quilômetros da cidade de Canguaretama e a um quilometro da estrada pavimentada que liga Natal àquela cidade, em meio a uma mata cerrada e quase intransponível, existe uma caverna com sete entradas, que sempre esteve, para os habitantes da região, cercada de mistérios e de estórias sobre “almas penadas”. Três denominações ela possui – “Gruta do Bode”, “Caverna das Sete Bocas” e “As Sete Bocas do Inferno”.
Poucos foram os que se aventuraram a atravessar aquelas bocas escuras, e menos dentre os moradores, gente simples cheia de crendices, daquela região aonde o progresso não chegou. No que concerne ao que os olhos humanos podem ver, existem morcegos enormes, de tamanhos variados, voando através das sete bocas e fazendo dos confins da caverna o seu refúgio. Quanto as “almas do outro mundo”…
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Canguaretama na década de 1960, ou 1970 – Fonte – http://museudoagreste.blogspot.com.br/2011/09/fundacao-da-cidade-de-canguaretama.html

Histórias e Estórias
Os moradores de Canguaretama e pessoas que residem mais perto da “Caverna das Sete Bocas” contam que, sempre souberam que foram os holandeses que ergueram aquela construção hoje misteriosa. As ruínas de uma velha cadeia no vizinho município de Vila Flor, e de uma igreja de eu hoje restam apenas as paredes carcomidas pelo tempo, tem fatos históricos que comprovam terem sido aqueles lugares palcos de enredos do período de ocupação holandesa no Nordeste brasileiro.
Mas tudo está envolvido com lendas, para o povo simples da região, e o real mistura-se ao irreal, não se sabendo onde termina a história e começa o lendário. Há pessoas que afirmam, jurando pelos nomes sagrados, terem visto aparecer ali, em noites em que foram obrigados a cruzar por aqueles caminhos próximos à gruta, fantasmas de antigos escravos e velhos senhores “que foram ricos e maus e hoje penam pelo mundo, à custa dos seus pecados”.
Traição e Morte
João Glicério é funcionário do Ministério da Agricultura e trabalha em propriedades a alguns quilômetros de Canguaretama pertencentes ao governo federal. Serviu de cicerone a reportagem do Diário de Natal e contou estórias sobre “As Sete Bocas do Inferno”. Uma dessas estórias diz respeito ao morticínio verificado na Igreja localizada no Engenho Cunhaú, cujo proprietário é o Sr. Hugo de Araujo Lima.
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Capela dos Mártires de Cunhaú – Fonte – http://www.vntonline.com.br/2018/05/canguaretama-rn-segue-no-mapa-do.html

Conta Seu Glicério – “Por volta de 1637, quando os holandeses se encontravam no Nordeste, aconteceu que existia uma espécie de resistência contra os invasores, aqui pelo município. Essa revolta era comandada pelo Padre André de Several (SIC). Os holandeses tinham dificuldade de chegar ao Rio Grande do Norte, rico em minérios”.
“Certa noite veio ter com o Padre Several o comandante das forças invasoras sediadas em Paraíba, justamente em Baía da Traição. O comandante parece que se chamava Jacó Rabi e era tenente. Disse ao Padre que, à noite, viria trazer a população da cidade uma carta do governo do seu país, falando em termos de paz e anunciando vir tratar das condições para o estabelecimento definitivo no Brasil. O Padre reuniu toda gente daqui (71 pessoas ao todo, naquele tempo). Dessas 71, 69 foram para a Igreja e as duas restantes, um velho e uma senhora que havia dado à luz uma menina naquele dia, ficaram em casa”.
“À noite, o Padre fez uma preleção para os que estavam na Igreja, exaltando o sentimento patriótico de todos e a necessidade de cada um defender a terra contra o invasor. Mas pediu para tivesse um entendimento pacífico, sem derramamento de sangue. Após preleção a Igreja foi invadida por centenas de homens armados, do Exército holandês, que realizaram a matança, sem defesa, pois os moradores do lugar estavam sem armas, na ocasião. Morreram todos os 69, mais o Padre Several. Restaram o velho e a mulher que ficaram em casa. Esse morticínio ainda hoje (1967) rende muita estória na boca do povo de Canguaretama”.
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Casa de Câmara e Cadeia da cidade de Vila Flor, Rio Grande do Norte, em 1931

Prisão de Escravos
Em Vila Flor, a nove quilômetros da “Caverna das Sete Bocas”, existe bem no centro da cidadezinha, uma velha cadeia, com paredes que têm um metro de espessura e quase 18 metros de altura. As ruinas encerram dois corredores e um salão principal, tendo no centro um mourão, grosso toco de madeira cravado no chão, com dois metros de altura. Tudo é vestígio de uma prisão, onde os detidos também eram açoitados naquele mourão.
Restos de madeiras em vários lugares da construção e a grande altura fazem imaginar que o prédio formado por dois pavimentos e que um deles, em virtude do tempo, tenha caído. As grades da velha cadeia foram retiradas e levadas para não se sabe onde. Uns dizem que foram para uma cadeia da Paraíba. As grades, dizem que eram feitas de bronze. 
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O mesmo local nos dias atuais – Fonte – http://mapio.net/pic/p-28751279/

“Caverna das Sete Bocas” Encerra Estórias de Ouro
Após seguidas tentativas de chegar ao final do túnel das “As Sete Bocas do Inferno” (frustradas porque as “bocas” se encontram obstruídas pelos desmoronamentos contínuo das pedras), tomamos a única decisão cabível – a desistência. Voltamos ao centro da cidade de Canguaretama e tornamos as estórias das pessoas do lugar.
João Glicério, o nosso guia, ainda contava – “Os bandeirantes , quando da colonização do Brasil, retiraram ouro do País para levar para Portugal. Aqui em Canguaretama existia um homem que atendia pelo nome de Arcoverde, tinha muitos escravos (negros e índios) que alugava aos bandeirantes a troco de ouro. Ganhou muito ouro em troca de escravos”. E para onde foi esse ouro? Foi o que a reportagem quis saber de Seu Glicério.
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Instantâneo realizado pelo fotografo alemão Bruno Bourgard, onde vemos os participantes de um ágape oferecido pelo coronel Joaquim Manuel de Carvalho e Silva a seu irmão, o Padre Miguel de Carvalho, por ocasião desse realizar sua primeira missa, em 8 de dezembro 1902. Foto originária da Revista da Semana, do Rio de janeiro, edição de 29 de março de 1903, página 150 e disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx

O Ouro Enterrado
Seu Glicério contou sua estória, que não se sabe se tem base na verdade, ou cresceu em legenda na memória do povo.
“Soube Arcoverde que os holandeses, após a chacina do engenho Cunhaú, mostravam-se interessados no seu ouro. Vendo que não havia escapatória nem para si nem para o ouro, pegou um dos escravos, e mandou o homem enterrar sua fortuna. Foi o negro sozinho, pois os demais tinham caído em debandada, com medo dos holandeses”.  
“O negro trabalhou sozinho toda uma noite. Arcoverde foi avisado de que os holandeses estavam a menos de uma légua e como o trabalho demorava, o senhor de escravos ordenou que o restante do ouro, ainda por enterrar, fosse jogado dentro de um açude, perto da cidade. Concluído o trabalho, Arcoverde chamou seu escravo a tomar uma cachacinha como paga do serviço”.
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Foto antiga da Prefeitura Municipal de Canguaretama.

E continua Seu Glicério – “O preto estava muito cansado e estava enterrando as últimas cargas de ouro, quando seu dono pediu que apressasse o serviço, para ambos tomarem uma bebidinha. O negro animou-se e concluiu depressa a tarefa. Contente foi sentar para beber, não sabendo que havia veneno na bebida. Assim fizera Arcoverde, colocando também veneno no próprio copo. Ambos morreram, bebidos os primeiros goles. Senhor e escravo levaram o segredo do ouro, que os holandeses não levaram Dizem até que Arcoverde morreu sorrindo”.
As Moedas de Ouro
Habitantes de Canguaretama contam que, anos atrás, pessoas que realizavam reparos na Igreja de Cunhaú, encontraram ali algumas moedas de ouro. E afirma-se que elas faziam parte do tesouro enterrado de Arcoverde.
Um estudioso dinamarquês que reside em Natal e que pediu não disséssemos seu nome, compareceu, ontem, a redação do Diário de Natal, narrando o que disse ser resultados de seus estudos sobre a “Caverna das Sete Bocas” de Canguaretama.
Disse ele que a caverna é resultado de escavações realizadas pelos índios, à procura de pedra para seus machados, setas e outras armas de guerra e caça. Acredita o dinamarquês que as escavações datam muito antes da vinda dos holandeses para o Nordeste brasileiro, divergindo assim da memória oral do povo de Canguaretama.
Adiantou considerar “uma loucura” tentar penetrar naquela gruta pois ela poderia desabar e deve guardar animais venenosos eu seu interior, como serpentes.
Fonte: tokdehistoria.com.br

Assessoria Papo Cultura


O nome Papo Cultura surgiu da ideia da conversa, do papo sobre cultura. Ou mesmo da pejoração do papar, no sentido de consumir cultura. As cores são inspiradas na bandeira do Rio Grande do Norte. Em suma: uma marca pensada para transmitir a ideia de consumo e conversa sobre cultura potiguar.
Isso a partir da experiência do editor do site, o jornalista Sergio Vilar, repórter por nove anos do Diário de Natal, sendo cinco deles dedicado à editoria de Cultura. Depois, editor e repórter da mesma editoria no Portal NoAr, e desde o século passado inserido nesse universo virtual de blogs.
O blog Diário do Tempo marcou época no jornalismo cultural independente de Natal como um dos espaços independentes de crítica e divulgação da cultura local. Nos últimos três anos integrou o time do portal de cultura Substantivo Plural ao lado dos jornalistas Tácito Costa e Conrado Carlos.
Com a ideia de abrir um novo espaço aos artistas, criou este Papo Cultura – um projeto que promete dar voz à arte e à agenda local, com boas reportagens e atualização constante. E unido ao novo projeto, o serviço de Assessoria de Imprensa para projetos e eventos.
O serviço de assessoria pretende unir a experiência do jornalista, cobertura fotográfica profissional, opção de material audiovisual e, claro, todas as redes sociais do Papo Cultura disponíveis ao assessorado. Um pacote completo de divulgação e promoção, aliado à credibilidade e à qualidade.
Papo Cultura Assessoria de Imprensa
Sergio Vilar: (84) 9 9929 6595 (zap)

"VALE A PENA LER DE NOVO!" - OPINIÕES A TRISTE SITUAÇÃO DO RICO ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

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Rostand Medeiros – Escritor e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN

Desde 2005 que eu frequento o nosso Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte e desde essa época ele está localizado na antiga sede do extinto supermercado “Superete Queiroz”, na esquina da Avenida Coronel Estevam, antiga Avenida “9”, com a Rua Dr. Alfredo Lyra, no Alecrim.
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Também desde 2005 existe a promessa de mudança do Arquivo para uma sede definitiva, mas nada até o presente momento foi feito. Acompanhei nesta época o trabalho árduo, mas infelizmente infrutífero, do Promotor de Justiça João Batista Machado na busca de uma solução para o local.
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Em agosto de 2017 eu solicitei ao então Diretor da casa, o Professor Claudio Augusto Pinto Galvão, para fotografar alguns exemplares do jornal “A República” para uma pesquisa que atualmente realizo. Durante este trabalho eu testemunhei o esforço do Professor Claudio e dos abnegados funcionários da casa solicitando apoio a Secretaria da Administração do Estado para a solução dos problemas ali existentes. Mas nada vi de solução durante o período que lá estive.
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E que problemas são estes?
Muito mofo, estrutura deficiente, o gesso do teto prestes a cair, falta de pessoal, de material, muitas goteiras que formavam poças na parte interna e outros mais! 
Os problemas são tantos e tão visíveis, que prefiro lhes trazer as fotos que fiz no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte em setembro passado.
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Recentemente o Sobre o Professor Claudio Galvão me enviou um vídeo de uma verdadeira “cachoeira” dentro do Arquivo. A gravação foi realizada recentemente, neste último período de chuvas mais fortes que atingiram Natal agora em fevereiro. 
Veja o vídeo neste link
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Se nada for realmente feito, tudo ali corre perigo.
Às vezes penso que o atual estado do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte é uma ação deliberada de grande parte da classe política do nosso estado. 
Bem eu acredito que todos no Rio Grande do Norte sabem que grande parte da estrutura política potiguar é tradicionalmente formada por oligarquias. Sendo assim, penso que no intuito de evitar que  pesquisadores mostrem através de suas pesquisas históricas os erros dos membros mais velhos destas oligarquias ao longo de sua trajetória política, o melhor era que o Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte e seu acervo fossem totalmente destruídos.
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Grande parte da memoria estadual, inclusive do judiciário, repousa naquele local. A quantidade de tesouros ali existentes é fenomenal. Creio que a perda deste patrimônio será um duro golpe na memória e na formação do pensamento do povo potiguar sobre sua própria existência.
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Enfim não podemos esquecer que para muitos políticos a melhor maneira de conduzir seus eleitores como se fosse gado, ocorre quando esse povo não tem nenhuma noção sobre a História e a formação do seu lugar, nem como essas pessoas se enquadram no contexto histórico de sua região. Como resultado desse desconhecimento o povo dessa terra acaba por não ter muito orgulho do seu lugar, de suas tradições e de sua herança cultural.
No final esse povo acaba sem saber quem ele realmente é, de onde veio e a razão do porque está aqui.
Fonte: tokdehistoria.com.br