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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Um passeio pela História de uma das capitais mais antigas do Brasil, João Pessoa Paraíba

Praça João Pessoa
João Pessoa, capital do estado da Paraíba, é uma das mais antigas cidades do Brasil. Em 6 de Dezembro de 2007, o Centro Histórico de João Pessoa foi reconhecido como Patrimônio Nacional e se encontra inscrito nos Livros do Tombo Histórico e Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O tombamento abrange mais de 500 edificações em um área de mais de 370 mil m², e seu conjunto completo abarca prédios representativos de vários períodos arquitetônicos presentes na cidade, como o barroco da igreja da Ordem Terceira de São Francisco; o rococó da igreja de Nossa Senhora do Carmo; o estilo maneirista da igreja da Misericórdia, todas do século XVII; a arquitetura colonial e eclética do Casario civil; e o Art-nouveau e o Art-déco das décadas de 20 e 30, predominante na praça Anthenor Navarro e no Hotel Globo. Fonte: José Chrispiniano – História Viva
João Pessoa oferece ao viajante, um passeio descontraído e dinâmico pela história da terceira cidade do Brasil, e neste artigo trazemos um pouca de sua marcante história, para que você possa desfrutar dos segredos e belezas escondidas entre as ladeiras, monumentos e igrejas desta cidade antiga e fabulosa!

João Pessoa, Paraíba


Hotel Tambaú. Um espetáculo arquitetônico em meio à praia. Foto: Márcio Monteiro.
Hotel Tambaú. Um espetáculo arquitetônico em meio à praia. - Foto: Márcio Monteiro.

Quando se pensa em visitar João Pessoa, a Capital da Paraíba, sempre se pensa em suas praias de águas mornas e convidativas, uma vez que o litoral exuberante está entre os mais belos do Nordeste. Também vem à mente do viajante o fato de João Pessoa ser conhecida como a 2ª cidade com mais árvores do mundo, fato que ainda gera acaloradas discussões, ou ainda a espetacular praia de Tambaba, um dos mais importantes paraísos naturistas do Brasil e talvez do mundo, refúgio escondido entre altíssimas falésias que atrai turistas e visitantes de todas as partes, ou ainda o lindíssimo pôr do Sol na Praia do Jacaré, que emociona até mesmo os que já estão acostumados.

João Pessoa é de fato um lugar que você precisa conhecer para nunca esquecer, por que as palavras não são capazes de descrever tanta coisa legal que se encontra por lá. É a terceira cidade mais antiga do Brasil e possui mais de 420 anos de história, preservada em seus monumentos e em seu verde abundante.
Rio Sanhauá - João Pessoa
No final do século XVI, a Coroa Portuguesa em seu objetivo de colonizar áreas maiores do litoral brasileiro que apesar dos esforços das capitanias hereditárias ainda continuavam desocupadas e desta forma passíveis de serem invadidas por estrangeiros, passou a empreender esforços ainda maiores para desbravar e ocupar estas regiões. Uma das medidas empregadas foi a criação da capitania da Paraíba em 1574, ordem direta do rei D. Sebastião. Era nada mais que uma tentativa árdua de expulsar os Franceses e os ferozes índios Potiguares que se infiltravam pelas margens do Rio Paraíba.
As batalhas foram ferrenhas com inúmeras baixas de ambos os lados e muitas derrotas e insucessos Portugueses. A situação passaria a mudar a partir de 1585 quando os Portugueses conseguiram afastar seus inimigos e podendo assim estabelecer as bases para a fundação da cidade da Paraíba, que por estas épocas era a terceira cidade do recém-descoberto Brasil.
Luzes na Praça João Pessoa.

 A evolução Urbana

Por volta de de 5 de Agosto de 1585 se iniciou a construção do Forte que iria defender a tão cobiçada região da Paraíba, fato este que oficialmente marcaria a fundação da cidade de Nossa Senhora das Neves. Assentada em uma encosta, a cidade tinha como ponto de entrada o estratégico Rio Sanhauá, um grande e navegável afluente do rio Paraíba. Às suas margens ficava o Varadouro. região portuária e mais acima, subindo uma colina ficaria a cidade propriamente dita. Neste ponto foi edificada uma capela, que dada sua importância na circulação e integração da recém-construída cidade foi elevada a categoria de matriz. Unindo estas duas regiões,foi criada a primeira via de circulação, hoje conhecida como Ladeira de São Francisco. Este era o árduo caminho por onde circulavam homens com animais e mercadorias entre o porto e a cidade no alto da encosta.

O Porto do Varadouro ou Porto do Capim

Porto do Varadouro 1928
Porto do Varadouro em 1928.Fonte: http://www.joaopessoahistorica.com
O Porto do Varadouro, também conhecido como Porto do Capim, era o principal porto da Cidade de João Pessoa antes do surgimento do Porto de Cabedelo. Ele remonta aos tempos da origem da cidade. O nome foi dado provavelmente devido ao fato de desembarcarem por ali uma imensa quantidade de capim que serviriam para alimentar os animais que circulavam e pela cidade que crescia lentamente.
Porto do Varadouro 2008
Porto do Varadouro 2008Fonte: http://www.joaopessoahistorica.com
O Presidente Epitácio Pessoa, em 1920 mandou fazer um Porto Internacional na bacia do rio Sanhauá. Este projeto questionável e duvidoso nunca se concretizou, padecendo dos tão conhecidos desvios de recursos e falta de estudos de viabilidade. Há relatos não oficiais que dizem que foram tiradas fotos de outros portos e enviadas ao Presidente de forma que ele acreditasse que a obra se encontrava adiantada. Os turistas ainda podem ver vestígios de concreto armado fincados à margem do rio Sanhauá, provas mudas do descaso com o progresso do país. O porto passou a ser abandonado depois da construção do moderno – para a época – Porto de Cabedelo, que oferecia um acesso melhor e mais rápido ás águas continentais. Hoje a região é abandonada e sofre com o descaso. Há projetos de reconstrução que esperamos que se concretizem.
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Antiga Rua Nova. Ao fundo a Igreja Matriz. Data 1871. Fonte: www.paraibanos.com
Antiga Rua Nova. 
Ao fundo a Igreja Matriz de Nossa Senhora das Neves.
O Mosteiro de São Bento é visto à esquerda. Foto de 1971Fonte: http://paraibanos.com/joaopessoa
Na parte alta da colina, a chamada cidade alta em 1588, foi aberta a Rua Nova, em frente à qual foi construída a igreja Matriz e bem próximo a esta a casa de Câmara e Cadeia. Há registros de doações de glebas para assentamentos e residências nesta área, com intenção de povoamento da cidade e consequente domínio completo.
Antiga Rua Direita, hoje Rua Duque de Caxias. Foto de 1898<br/>
Antiga Rua Direita, hoje Rua Duque de Caxias. Foto de 1898
Bem ao fundo pode ser visto o enorme cruzeiro que fica em frente à igreja de São Francisco. 
Fonte: http://paraibanos.com/joaopessoa

Rua Duque de Caxias em 1903. Hoje a área é ocupada por um imenso calçadão que abriga lojas comerciais.

Paralela à Rua Nova, ficava a Rua Direita, que não era direita coisa nenhuma. Foi criada no ano seguinte. Seu traçado, segundo os livros de história era muito irregular. Ela é atualmente a Rua Duque de Caxias. Estes foram os primeiros espaços destinados à circulação pública.
O espetacular prédio dos correios em João Pessoa, Paraíba. Obra espetacular e cartão Postal da Cidade.
O espetacular prédio dos correios em João Pessoa, Paraíba. Obra espetacular e cartão Postal da Cidade.
O prédio dos correios em 1925 no começo da expansão da cidade.
O prédio dos correios em 1925 no começo da expansão da cidade.Fonte: Portal da Cidade de João Pessoa [http://paraibanos.com/joaopessoa]
As descrições da época e de épocas subsequentes mostram que havia uma clara distinção entre o crescimento e criação de vias e ruas da parte alta e da parte baixa, sendo a primeira mais retilíneo e projetado e o segundo mais irregular e aleatório. Estes fatos históricos explicam as diferenças sociais que ainda hoje perduram na cidade quando se fala em Cidade Alta e Cidade Baixa, com sérias implicações sociais.
A cidade, no seu primeiro século de existência, não teve um crescimento tão ordenado quanto deveria ter. Sua aparência de vila atrasada e sem ordem se destacava na paisagem. Nas ruelas estreitas e sinuosas predominavam casebres distantes entre si com aparência miserável e rural. Neste contexto a nítida dicotomia de cidade baixa, que empregava trabalhadores do comércio e parte alta onde se via a parte administrativa e religiosa e onde se encontravam os de maior poder aquisitivo, já era sentida.
Por volta do século XVII, João Pessoa já possuía cerca de oitocentos habitantes e 2 mosteiros: O de São Bento, na Rua Nova e o dos Franciscanos, na Rua Don Eurico. Aos poucos vielas, ruelas e travessas iam sendo abertas, com casebres pontilhando a paisagem, resultando numa arquitetura disforme e traçados labirínticos que ainda resistem ao tempo no centro histórico de João Pessoa.

A Invasão Holandesa e a Cidade Frederica

Frederica Civitas
Frederica Civitas.
Esquema de 1647Fonte: Biblioteca Nacional

A chegada dos Holandeses se deu por volta de 1634, quando vencendo uma cruel batalha dominaram a capitania, rompendo o sistema montado às margens do Rio Paraíba, que era composto pelos Fortes de Cabedelo, Santo Antônio e da Restinga, além do Forte do Varadouro, que fora o primeiro forte e tinha a função de resguardar a cidade.

Croquis da cidade de Parahyba feito por Manoel Francisco Granjeiro em1692
Croquis da cidade de Parahyba feito por Manoel Francisco Granjeiro em1692
Fonte: Arquivo Histórico Walfredo Rodrigues

A Paraíba era por estas épocas a terceira em importância, sendo apenas precedida pelas da Bahia e Pernambuco. Possuía mais de 18 engenhos altamente produtivos e ricos, o que atraía a atenção de invasores. A impressão que os Holandeses tiveram da Cidade da paraíba era de que ela se tratava de um lugar ainda inacabado, que poderia um dia ser grande. A alteração do nome para Frederica foi em homenagem ao príncipe de Orange.
Ao contrário de outras regiões onde estiveram presentes, na Paraíba os Holandeses pouco fizeram. Restringiram suas atividades ali a apenas à fortificação do Convento dos Franciscanos, construção de um armazém e de um ancoradouro para o embarque do açúcar. Aparentemente, devido ao seu crescimento acanhado, o lugar não justificava maiores investimentos. A atração se concentrava apenas na produção do açúcar.
Batalha dos Guararapes que culminou na expulsão dos Holandeses do Brasil.
Batalha dos Guararapes que culminou na expulsão dos Holandeses do Brasil.Fonte: Domínio Público

A insurreição pernambucana deu fim à dominação holandesa em 1654. A coroa Portuguesa deu início à reconstrução das capitanias destruídas.

A Cidade da Paraíba

Parahyba 1635

A luta para expulsar os Holandeses teve consequências devastadoras para a economia da Paraíba e esta ficou em situação muito precária, a ponto de quase ser esquecida. Uma total ruína, com plantações devastadas e os famosos engenhos completamente destruídos. A somar-se a esta assustadora situação, se via a quebra do monopólio Português sobre o açúcar, uma vez que os Holandeses passaram a também produzir.
A reconstrução foi muito lenta e precária. A reconstrução por exemplo, da igreja Matriz, se estendeu ao longo de todo o século XVIII tendo as obras começado em 1662! Imagine só a dificuldade! Isso se dá pelo fato de que a capitania nada mais era que uma fonte de renda, e agora nada mais era exceto ruínas!
Mas apesar de todas as dificuldades impostas, a chegada das ordens religiosas Beneditinas, Franciscanas, Carmelitas e Jesuítas, trouxeram novo ânimo à reconstrução e foram responsáveis pelo surgimento de obras religiosas magníficas que ainda perduram hoje. Em sérias dificuldades a Paraíba foi anexada a Pernambuco mergulhando ainda mais profundamente no caos. Foi liberta  de Pernambuco em 1799 entrando para o século XIX mergulhada numa crise sem precedentes.

Da Cidade da Paraíba à Cidade de João Pessoa

A Cidade da Parahyba em 1855, produzido no Governo de Beaurepaire Rohan.
A Cidade da Parahyba em 1855, produzido no Governo de Beaurepaire Rohan.
Fonte: Arquivo Histórico de João Pessoa
A planta da cidade datada de 1855, mostra que a cidade da Parahyba, pouco evoluiu no decorrer deste período. Seus limites pouco ultrapassara os limites cartográficos do século XVII.Comparando-se o mapa da cidade datado de 1647, o Frederica Civitas, se observa uma evolução muito mais lenta que o habitual em outras cidades mesmo em rítmo de reconstrução. Mesmo quase 70 anos depois, poucas edificações eram vistas na cidade alta e na cidade baixa.
Até 1855, 270 anos após após a fundação da cidade, a área ocupada e urbanizada não passava de 150 hectares! Em 1920 esta área pouco progrediu, chegando a míseros 600 ha. O fato da cidade não ter sido um grande centro e a sua proximidade com outros centros de grande poder econômico em várias épocas de sua história fez com que a cidade de João Pessoa se tornasse um lugar sempre mais calmo e de ritmo algo mais lento. Este fato pode ser sentido ainda hoje, quando João Pessoa é descrita como uma “capital com ar de interior”. Você já percebeu isto?
Com a chegada da cultura do algodão, um novo ritmo de crescimento voltou a se estabelecer pela região e a cidade passou a se modificar e se expandir, ocupando os espaços vazios, surgindo assim bairros novos e ruas e avenidas novas, como as trincheiras, que ainda é uma das mais bucólicas e tradicionais avenidas desta cidade.
Foi por estas épocas que a cultura foi fortalecida surgindo o “Theatro Santa Roza”, um ícone arquitetônico da cidade. A chegada dos bondes de tração animal em 1896 foi um dos marcos da expansão e modernidade da cidade. Ainda se podem ver em alguns pontos
Antiga Igreja Mãe dos Homens. demolida em 1925 para a expansão da cidade de João Pessoa.
Antiga Igreja Mãe dos Homens. 
Demolida em 1925 para a expansão da cidade de João Pessoa.
Fonte: Arquivo Histórico
Como em toda expansão, algumas obras arquitetônicas chegam a sucumbir, dando lugar a obras modernas, impessoais, por vezes necessárias ao crescimento. É o caso da Igreja Mãe dos Homens que relatos afirmam ser datada do século XVIII e se localizava na atual Praça Coronel Antônio Pessoa. Sua demolição aconteceu em 1925 em consequência do plano de urbanização da cidade para dar continuidade e aumentar a Rua do Tambiá.
Ao final do século XIX alguns prédios são construídos no padrão clássico, tendo em vista abrigar a administração pública. Mesmo algumas outras construções coloniais receberam um tratamento especial em suas fachadas para se “transformarem” em construções de aparência clássica, como é o caso do Palácio do Bispo, que é o antigo convento dos Carmelitas, o Quartel de Polícia, o prédio do tesouro e o Teatro Santa Rosa. A remodelação da nova cidade de João Pessoa passou por demolições, maquiagens nas fachadas dos prédios, abertura e alargamento de muitas ruas.
Lamentável o fato de que muitos dos espaços históricos da capital Paraibana, assim como ocorreu em diversas outras do Brasil, sucumbiram sem piedade ao pragmatismo da modernidade, onde as cidades tem que ser modernas, amplas e grandes.  Entretanto, esta modernidade se faz sobre a destruição de tantos casarios e prédios do passado, que renderiam muito à cultura local caso fossem preservados e de nenhuma forma implicariam na modernização da cidade, afinal quem não respeita seu passado não se importa com seu futuro. No mapa abaixo se pode ter uma ideia da expansão proposta, com o alargamento de ruas e avenidas e a migração em direção à praia.
FONTE: Wylna Carlos Lima Vidal, Transformações urbanas: a modernização da capital paraibana e o desenho da cidade, 1910 – 1940.

 FONTE: Wylna Carlos Lima Vidal, Transformações urbanas: a modernização da capital
paraibana e o desenho da cidade, 1910 – 1940.
A cidade de João Pessoa passa então por uma remodelação com o plano expansivo de Saturnino de Brito em 1913, fato que modificaria por completo a apresentação da região histórica central da cidade, com a criação dos serviços de saneamento e abastecimento de água. Por estas épocas foi saneada a enorme lagoa dos Irerês, que segundo dados da época impedia o crescimento da cidade. Seu saneamento e remodelação deu origem ao parque Solon de Lucena, a famosa “Lagoa” de João Pessoa.

O Parque Solon de Lucena

Parque Solon de Lucena, João Pessoa Paraíba.
Parque Solon de Lucena, João Pessoa Paraíba.Fonte: transparencia.joaopessoa.pb.gov.br
O cartão postal mais famoso da cidade há tempos atrás era considerado um grande empecilho ao crescimento. Por isto a enorme lagoa que havia na região, a chamada Lagoa dos Irerês foi drenada e destruída. em seu lugar surgiu o parque Solon de Lucena, o que conhecemos hoje.
Lagoa dos Irerês, João pessoa Paraíba. Por volta dos meados de 1920.
Lagoa dos Irerês, João pessoa Paraíba. Por volta dos meados de 1920.Fonte: http://www.studium.iar.unicamp.br
Desde o começo era conhecida como “A Lagoa”, nome que perdura até hoje. O nome Lagoa dos Irerês, tem referência, de acordo com cronistas da época, aos pássaros que a ocupavam por estas épocas. Era um misto de pântano, vegetação e água acumulada das chuvas e em seu entorno se podiam ver inúmeros sítios e chácaras. Dá para imaginar isto hoje?
Lagoa do Parque Solon de Lucena
Lagoa do Parque Solon de Lucena.Fonte: http://www.blogdopedromarinho.com
O nome Parque Solon de Lucena, surgiu em 1924 sob o governo de Solon de Lucena. Mas sua urbanização real, com “calçamento dos anéis internos e externos da Lagoa” só foi realizado nos anos 30 com Argemiro de Figueiredo.
Sua inauguração, com o projeto completo de sua urbanização se deu em 1939. Os jardins foram projetados pelo paisagista Burle Marx. Este projeto fazia parte das modificações que a cidade haveria de passar para se modernizar. O parque foi tombado em 1980 pelo IPHAEP e ocupa uma área desapropriada de cerca de 150 mil metros quadrados.

Este período de expansão marcou uma migração irreversível da cidade para a orla marítima. Em 1952 com a pavimentação da avenida Epitácio Pessoa a praia de Tambaú começou então a ser procurada como um lugar para moradia, coisa que parecia impossível até então.

A migração para a Orla!

João Pessoa - Streets
Avenida Epitácio Pessoa hoje.Foto: Márcio Monteiro
A migração para as praias, mais notadamente a praia de Tambaú seria considerado impossível não fossem os esforços de modernização empregados pelas décadas de 1950. Por volta de 1952 se iniciou a pavimentação desta importante avenida. A partir daí o núcleo central da cidade passou a perder seu caráter residencial, com o centro passando a ocupar uma posição de destaque no comércio e nos serviços. A cidade passava cada vez mais a olhar o mar e esquecer suas origens às margens do Rio Sanhauá.
Avenida Epitácio Pessoa em 1925.
Avenida Epitácio Pessoa em 1925.Fonte: http://www.blogdopedromarinho.com
Avenida Epitácio Pessoa em 1920, com a implantação dos bondes que levariam à praia de Tambaú.
Avenida Epitácio Pessoa em 1920, com a implantação dos bondes que levariam à praia de Tambaú.Fonte: www.blogdopedromarinho.com
Praia de João Pessoa Noturna
Orla de João Pessoa à noite.
Cabo Branco - Praia
Orla de João Pessoa

Praia de Tambaú em 1965 Fonte: Portal da Cidade de João Pessoa [http://paraibanos.com/joaopessoa]
Praia de Tambaú em 1965Fonte: Portal da Cidade de João Pessoa [http://paraibanos.com/joaopessoa]
Praia de Tambaú em 1935. Nesta região fica hoje o busto de Tamandaré. Fonte: Portal da Cidade de João Pessoa [http://paraibanos.com/joaopessoa]
Praia de Tambaú em 1935. Nesta região fica hoje o busto de Tamandaré.Fonte: Portal da Cidade de João Pessoa [http://paraibanos.com/joaopessoa]
Para os saudosistas nesta foto se vê o restaurante Elite, que fez as noites de muitos de nós mais alegres! Permaneceu por ali durante cerca de 50 anos! Fonte: http://www.blogdopedromarinho.com
Para os saudosistas! Nesta foto se vê o restaurante Elite, que fez as noites de muitos de nós mais alegres! Permaneceu por ali durante cerca de 50 anos! A gameleira histórica de Tambaú se vê ao fundo. Fontes mostram que ela passou por diversos cortes ao longo das eras!Fonte: http://www.blogdopedromarinho.com

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Ninguém é igual a ninguém...



...Ninguém é igual a ninguém,
ainda bem, ainda bem

Negro, branco, pardo ou amarelo,
alto, baixo, gordo ou magricelo.
Moreno, loiro, careca ou cabeludo,
deficiente, cego, surdo ou mudo
Em tudo tem diferença
desde nascença,
no que a gente é, no que a gente faz,
No que a gente pensa,todos tem diferença
desde nascença
A gente é o que é,
a gente é demais,
a lista é imensa..
viva a diferença!

Um afro abraço,
Claudia Vitalino

Fonte:portaldoprofessor.mec.gov.br\youtube 

Ancestralidade africana , cultura , identidade, Carnaval e Samba

Brasil como Fonte
O carnaval já está arraigado na cultura brasileira. Embora tenha sido trazido para cá por meio da colonização europeia, os contornos brasileiros se reforçaram em nossas festas, principalmente no fim do século 19 e durante o século 20. Atualmente são os outros países que bebem da fonte do Brasil.”

-"Nos primórdios da sua história no Brasil, o carnaval foi uma herança trazida pelos portugueses, manifestado principalmente na comemoração chamada de “entrudo”, pela qual eram promovidas brincadeiras como jogar farinha, tinta e água nas pessoas. A festa, no entanto, não passou imaculada pela cultura brasileira e foi influenciada pelos folclores indígena e africano, incorporado pelos escravos. A variedade da festividade é observada até hoje em várias regiões do país."

A identidade negra dos povos da diáspora africana no Brasil, frisando os lugares e os contextos de emergência e o desenvolvimento da negritude como conceito. A partir dessa perspectiva sócio-histórica, faz referência à construção da identidade nacional brasileira apontando para a hibridação como fenômeno cultural tangível nas tradições musicais. Nessa linha de preservação das tradições, o texto finalmente apresenta a forma como o samba carioca foi registrado como patrimônio cultural imaterial do Brasil sob a liderança do Centro Cultural Cartola, hoje Museu do Samba.

Negritude e Identidade Negra - O conceito de raça tem sido empregado de diversas maneiras, segundo diferentes contextos temporários e espaciais. Cada momento histórico e contexto nacional propõe, em seus discursos hegemônicos, determinadas concepções de raça, e ações como consequência dessa noção.

Na mitologia grega, o deus Dionísio é associado à festa, ao vinho e ao bacanal, enquanto Apolo está vinculado ao Sol, à inspiração artística, à beleza e à liderança de musas.

Ancestralidade Africana e a Música -A ancestralidade é um traço comum que se pode
estabelecer com a maior parte das diversas culturas existentes em África. Os ancestrais, além disso, parecem estabelecer a ligação entre estes homens e mulheres do mundo contemporâneo com a África mítica, quase em uma ligação simbólica com o útero da mãe. Uma das marcas da ancestralidade africana no Brasil é o samba, tendo como ancestral o batuque africano. Lopes explica que ancestralidade é essa:

"E, no amplo território em que se localizam os povos Bantos, quase toda a África ao sul da linha do equador (linha imaginária que divide ao meio, horizontalmente, o planeta Terra) predomina um tipo de música e dança que foi fundamental para o nascimento do samba brasileiro". (Lopes, 2015, p.24)

A transmissão do samba se dá pela oralidade e pela vivência. 
As crianças das comunidades costumam acompanhar seus pais, irmãos e vizinhos às quadras das escolas e às rodas de samba. Lá brincam com as peças da bateria, tocando a seu modo, sambando ao lado de seus avós, mães e tias, copiando seus passos, numa total integração da criança no universo do samba. A observação da constante transmissão de conhecimento em que o sambista ensina a seu filho o que aprendeu de seu pai é exatamente um dos mais importantes traços da permanência do samba em um valor cultural dotado de grande importância na comunidade estudada. Este processo natural de transmissão se encontra hoje ameaçado.

A festa da Carne -Se toda tradição é uma criação, uma invenção, também é verdade que ela parte de fatos concretos, históricos e sociais. Quando a "Deixa Falar" surge, tida como a primeira Escola de Samba, fundada em 1928, não dependeu de um aval das elites para ser criada. A Mangueira, também fundada em 1928, também não teve "autorização" das classes mais abastadas. Quando Paulo da Portela (um dos fundadores da Escola de Samba Portela) intercedia junto ao poder público em favor de sua escola e das escolas em geral, ele não era um coadjuvante, mas um protagonista da história das classes populares do Rio de Janeiro, uma história que ainda está por ser escrita e interpretada por seus próprios agentes. 
Portanto, um patrimônio cultural concreto. Invertendo a fórmula, caberia a pergunta: seria a atuação dos intelectuais em favor do samba uma invenção de forte caráter ideológico?

- Imagino que há um caminho do meio, de interseção entre grupos diferentes, numa encruzilhada que era também a da história do Brasil entrando numa nova época industrial. Não é possível negar o papel de protagonistas dos sambistas na construção de sua história social, como não é possível negar o papel de intelectuais como Villa-Lobos na valorização da cultura popular. É desse encontro, de dois grupos protagonistas, que surgirá uma ideia de nacionalidade. 

"Mas ela está ancorada num fato concreto: o samba urbano, uma criação das primeiras gerações afrodescendentes pós-abolição da escravatura".

“O carnaval é um reflexo das muitas referências culturais dos povos que chegaram ao Brasil. Elas se combinaram de variadas formas, a ponto de se tornar um produto original”, avalia Rezende. As festividades carnavalescas, importadas da Europa, contam com dança e sonoridade essencialmente negras no seu estabelecimento no Brasil. “A maior contribuição do negro nesse processo creio ter sido na elaboração de gêneros musicais apropriados para a folia, como o samba, o samba-enredo, o maracatu, o afoxé e o axé”, pontua. “Os negros ainda participaram ativamente das várias modalidades da festa, criando os cordões, as escolas de samba e muitos blocos famosos, além da temática negra ser comumente explorada nos enredos das escolas de samba.”

A festa ainda torna-se instrumento de resistência e celebração de ícones culturais que, em demais veículos de representação, são neglicenciados. “O carnaval contribuiu decisivamente para levar ao conhecimento da população a existência e a importância de nomes como Zumbi dos Palmares, Chico Rei e Chica da Silva, na época em que estes personagens eram ignorados pela ‘história oficial’ apresentada nos livros escolares”, exemplifica Rezende.

O carnaval não oficial da cidade acontecia na Praça Onze, onde havia os blocos e os pontos de encontro dos malandros e valentes, que não tinham nada em comum com o carnaval oficial. Ainda que não fosse permitido a negros, mulatos e pobres percorrerem as ruas 
centrais das cidades durante o carnaval, os cordões, agrupamentos de populares mascarados e os blocos, grupos espontâneos e temporários, estavam em todos os lugares.

Os primeiros sambistas encontravam-se à margem do mundo oficial. Eram músicos de boates e cabarés da Praça Onze ou ainda moradores dos morros e bairros periféricos do Rio de Janeiro, que nem sempre tinham trabalho ou fonte de renda regular, vivendo de biscates, em meio à violência, identificados ao mundo da marginalidade, situados em um espaço conhecido como a Pequena África (Moura, 1983).

Os terreiros de santo, com o ritmo e a batucada da religião afro-brasileira, exerceram uma influência muito forte sobre o carnaval que acontecia em fundos de quintais, esquinas, bares e bondes. Religião, música e dança entrelaçavam-se. O samba era de improviso e não tinha uma produção individualizada, o que refletia a forma comunitária que os músicos tinham de divertir-se. Esse samba começou a sair às ruas em blocos de carnaval e atraiu a atenção geral não apenas porque inverteu valores, mas também porque trouxe para as ruas exuberância, valentia e sensualidade, experiências e sentimentos que não faziam parte do cotidiano do resto da sociedade.

Se liga -A partir dos primeiros concursos e regulamentos ordenando essas manifestações populares, a criação do samba ganhou um novo espaço: o da apresentação do samba. É então que se estabelecem novos limites às esferas anteriores entre público e privado. O samba dos temas livres, das rodas, bares e botequins, festas e pagodes, era um samba de pares, protegido do olhar externo. Os blocos de fundo de quintal, ao tornarem-se escolas de samba, não só se apresentaram ao público sem a proteção de máscaras, encantando a todos, como abriram seu espaço à participação de diversos setores sociais, que imediatamente passaram a disputar sua liderança.

O negro procurava reunir-se em grupo para assim preservar sua cultura ancestral, incluindo, nesse patrimônio, línguas e dialetos, ritos, religiões, costumes, medicina das plantas e das raízes, música, dentre outros. Sem dúvida, tal estratégia foi responsável pela garantia da permanência e da recriação de uma cultura riquíssima, mas pouco considerada como tal pelos elementos de poder que fizeram questão de bani-la ou de colocá-la em segundo plano.

Considerando-se que a constituição da identidade negra, como de qualquer outra identidade (independente da classificação), se faz por um conjunto de fatores - preservação da memória, sentimento de pertença a um grupo, identificação com a cultura produzida - que ainda está em movimento, pode-se afirmar que se trata, por um lado, de um processo não homogêneo, incompleto sempre (vir a ser), sofrido, já que de margem; e, por outro lado, de luta contínua por estratégias de sobrevivência, que vão desde as reuniões furtivas nas senzalas, passando pelo silêncio da não exposição e pelo grito do desconforto, as perseguições, até pela conquista de direitos, de força política, de ocupação de espaços públicos de prestígio, da possibilidade de garantir a diferença, de poder resistir às pressões do mercado.

O carnaval permanece relevante para a cultura negra, ao mantê-la viva e ativa nas celebrações. “Nelas o negro é protagonista”, afirma Rezende. “O carnaval é uma possibilidade de ele se enxergar positivamente, ter orgulho de si, além de oferecer 
conhecimento e, com isso, desfazer preconceitos por meio de enredos que o represente, principalmente no que se refere à religiosidade, alvo constante de manifestação de intolerância. Então, pelas vias culturais, ele pode encontrar o espaço que ainda lhe é negado.”

“Ao juntar, em clima de descontração pessoas das mais variadas idades, situações econômicas e culturas, o carnaval se torna um espaço de intenso diálogo e negociador das tensões sociais que perpassam as relações no dia-a-dia das cidades”, conclui o mestrando.

Concluindo- “Embora já observemos traços midiáticos no carnaval, que também se promove como oportunidade de marketing e turismo, não tem como desvincular as representações culturais da festa. E ela não deixa de refletir a cultura do povo”, atesta o pesquisador. “Observei isso principalmente durante período que passei acompanhando ‘O homem da meia-noite’, na cidade de Olinda”, relembra Carmo, referindo-se ao bloco tradicional nordestino, baseado em lenda folclórica da região. “O carnaval é democrático e vai carregar sempre a identidade cultural brasileira.”

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

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