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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Folclore - Cultura Popular

 cultura popular brasileira

A cultura popular representa um conjunto de saberes determinados pela interação dos indivíduos. Ela reúne elementos e tradições culturais que estão associados à linguagem popular e oral.

Assim, a cultura popular inclui o folclore, o artesanato, as músicas, as danças, as festas, dentre outros.

O folclore, utilizado como sinônimo da cultura popular, é composto por um conjunto de lendas e mitos transmitidos entre gerações e representam a herança cultural e social de um povo.

Vale observar que o termo cultura é muito amplo e reúne comportamentos, símbolos e práticas sociais. Trata-se, portanto, de um conjunto de fatores que compõem uma sociedade, como por exemplo, saberes, crenças, costumes e tradições de determinado povo.

Destacam-se literatura, música, teatro, dança, culinária, religião, etc.

Cultura popular brasileira

cultura popular brasileira 
Festival Folclórico em Parintins, Amazonas, Brasil

A cultura popular brasileira reúne um conjunto de lendas, mitos e tradições do país, que estão calcados na história e na miscigenação de culturas, das quais se destacam: a portuguesa, a africana e a indígena.

Conheça exemplos de cultura popular que se destacam em cada área.

Literatura popular brasileira
Literatura de cordel Manifestação cultural literária tradicional, especialmente no interior nordestino. É caracterizada por pequenos livros com capas de xilogravura, pendurados em barbantes ou cordas.
Adivinhas

Perguntas que começam com "O que é, o que é ...?" e que, geralmente têm respostas engraçadas.

Provérbios e Ditados Frases curtas cujo principal objetivo social é aconselhar e advertir.
Parlendas Rimas infantis que divertem e trabalham a memorização e a fixação de alguns conceitos.
Lendas do folclore brasileiro Conjunto de histórias e contos narrados pelo povo e transmitidos de geração em geração.
Lendas do Sudeste Principais lendas da Região Sudeste do Brasil, como, por exemplo, a lenda do Curupira e a lenda da Mula sem cabeça.
Lendas da Região Norte Principais lendas da Região Norte, como, por exemplo, a lenda do Boto e a lenda da Vitória-régia.
Lendas da Região Sul Principais lendas da Região Sul, como, por exemplo, a lenda do Negrinho do Pastoreio e a lenda do Saci-pererê.
Lendas da Região Nordeste Principais lendas da Região Nordeste, como, por exemplo, a lenda do Barba ruiva e a lenda do Papa-figo.
Lendas da Região Centro-Oeste Principais lendas da Região Centro-Oeste, como, por exemplo, a lenda da Mãe-do-ouro e a lenda do Nego d'água.
Literatura de cordel
Livros de literatura de cordel
Música popular brasileira
Músicas folclóricas

Canções populares e tradicionais que fazem parte da sabedoria popular.

Cantigas de roda Músicas folclóricas cantadas em uma roda.
Canções de ninar Canções entoadas para fazer crianças e bebês dormirem.
Samba Dança e gênero musical, considerado um dos elementos mais representativos da cultura popular brasileira.
Música sertaneja Um dos estilos musicais mais populares do Brasil, onde originalmente predominava o som da viola.
Moda de viola Um dos principais tipos de música caipira brasileira, composto por solos de viola e discursos narrativos.
Bossa Nova Tipo de música popular brasileira que apresenta forte influência do samba carioca e do jazz norte-americano.
MPB - música popular brasileira Gênero musical brasileiro que que possui forte influência do folclore do Brasil, especialmente no que diz respeito às culturas indígena, africana e europeia.
cantiga de roda
As cantigas de roda também são conhecidas como cirandas
Danças populares brasileiras

Danças folclóricas

Danças tradicionais características de cada estado brasileiro, por vezes derivadas de rituais religiosos.
Frevo Dança folclórica tradicional no nordeste do Brasil, especialmente no Recife e em Olinda.
Quadrilha Dança caipira tradicional das festas juninas.
Maracatu Dança tradicional do estado de Pernambuco, que mistura as culturas africana, portuguesa e indígena.
Carimbó Dança tradicional do estado do Pará, que é marcada por movimentos giratórios.
frevo
Apresentação de grupo de frevo
Festas populares brasileiras
Carnaval Festa que acontece três dias antes da Quarta-feira de Cinzas, onde, em alguns estados, são habituais os bailes de máscaras, os desfiles de fantasias e/ou os trios elétricos.
Festas juninas Festas populares que ocorrem no mês de junho, onde são comuns as danças de quadrilhas e as comidas típicas como, por exemplo, canjica, arroz doce e bolo de milho.
Folia de reis Festa cultural de caráter religioso, cujo objetivo é comemorar a visita dos três Reis Magos.
Círio de Nazaré Festa religiosa celebrada no mês de outubro, em Belém do Pará, em devoção à Nossa Senhora de Nazaré.
Festa do Divino Festa religiosa celebrada no mês de maio em diversas partes do Brasil, para adorar o Espírito Santo.
Bumba meu boi Também chamado de Boi-bumbá, consiste em uma dança típica do Norte e do Nordeste, onde ocorre uma apresentação teatral na qual o boi é o personagem principal.
carnaval Rio
Desfile de carnaval no Rio de Janeiro

Cultura popular e cultura erudita

O termo “popular” faz oposição ao termo “erudito”. Na cultura popular, as tradições são realizadas pelo povo, que participa de forma orgânica e ativa, sendo, portanto, formadas de maneira espontânea.

Já a cultura erudita, considerada “superior”, é eleita como a mais “culta”. Ou seja, ela é produzida e apreciada por indivíduos que possuem maior poder aquisitivo (elite) e por isso, é mais restrita.

A cultura erudita, diferentemente da cultura popular (que se forma pela convivência das pessoas), é elitizada e demanda estudos.

Ela é associada aos museus, bibliotecas, teatros, centros culturais, apresentações de música erudita e de música clássica, como, por exemplo, as óperas.

Devemos lembrar que nenhuma cultura é superior à outra. Cada uma carrega suas heranças culturais e sociais, que se desenvolvem segundo diversos fatores que envolvem a diversidade cultural.

Cultura popular e cultura de massa

A cultura de massa, também chamada de “cultura pop” corresponde àquela realizada pela indústria cultural e veiculada nos meios de comunicação de massa.

Ambas estão associadas à sociedade contemporânea industrializada, ou seja, à produção industrial capitalista.

Nesse sentido, a arte e a cultura são produzidas de modo “artificial” para atrair as massas, e com o intuito principal de gerar lucro.

Assim, na cultura de massa os produtos culturais e artísticos são mercantilizados, diferentemente do que acontece na cultura popular, que surge da interação do povo e não é imposta pela indústria cultural.

Quiz do folclore

Não pare por aqui! O Toda Matéria selecionou uma série de textos caprichados para ajudar você a ampliar os seus conhecimentos.

Atualizado em
Daniela Diana
Escrito por Daniela Diana
Licenciada em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2008 e Bacharelada em Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em 2014. Amante das letras, artes e culturas, desde 2012 trabalha com produção e gestão de conteúdos on-line.

Lula em Natal: "Minha 'vingança' será fazer com que o Brasil cresça"

 

Foto: Pedro Vitorino

  Por: Eliade Pimentel / especial para o Potiguar Notícias
 
Ao encerrar sua visita ao Rio Grande do Norte, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva passou rapidamente pelo Centro de Convenções, na manhã desta quarta-feira (25), em evento promovido pelo Consórcio Nordeste, entidade formada pelos nove estados da região, e concedeu uma entrevista coletiva. Considerada a liderança política mais popular do Brasil, ele falou sobre a viagem, em que está percorrendo o país, sobre a possível candidatura em 2022 e também respondeu se existe sentimento de vingança sobre aqueles que lhe imputaram acusações, das quais ele foi inocentado 15 vezes, ou seja, é considerado inocente em todos os casos em que foi julgado. 
 
Lula disse que, caso opte por se candidatar e seja reconduzido à presidência, seu objetivo maior vai ser reconstruir o país, missão para a qual ele contará com todos os setores da sociedade, da classe política, à classe trabalhadora. "Eu não faço política por raiva. Quando se entra na política, tem que se pensar no bem comum, tem que se pensar no povo. Caso eu volte à presidência, a minha 'vingança' será fazer mais pela educação, mais pelos jovens, será fazer com que o país cresça. Eu sei o que me fizeram, em nove meses eu fui alvo de mentiras, mas eu tinha certeza que a verdade iria prevalecer e a gente iria ganhar", enfatizou. 
 
De partida para a Bahia, ele explicou que a viagem pelo Nordeste é é um encontro com a região que mais precisa de atenção nesse processo de reconstrução do Brasil, açodado, segundo suas palavras, pela política genocida do presidente Jair Bolsonaro. "Estamos dentro de uma crise sanitária jamais vista em todos os tempos, sendo que parte dela poderia ser evitada se nós tivéssemos feito o que toda sociedade civilizada fez.  Se o governo  tivesse feito comitê de crise, na hora certa e com as pessoas certas, principalmente conversado com os governadores e ouvido os profissionais da saúde, teríamos evitado a morte de mais de 570 mil brasileiros e brasileiras", disparou.  
 
Lula repudiou a atitude da maior autoridade do país, que "continua tripudiando todas as pessoas, não usando máscara, ignorando os mais de 14 milhões de desempregados e as mais 40 milhões de pessoas que vivem em situação de insegurança alimentar", disse. Ele relembrou que, em 2012, quando encerrou o segundo mandato como chefe do Executivo nacional, não existia mais fome no Brasil e que agora não é possível que um dos maiores produtores de grãos do mundo considere normal "continuar assistindo as pessoas morrerem de fome". 
 
O ex-presidente também destacou que Bolsonaro se contradisse em seus propósitos de campanha, de ser uma via política alternativa, visto que ele tem se aliado às velhas oligarquias. "Ele caiu na ratoeira da velha política. Hoje o que temos é um país destroçado. Temos um presidente que só é amigo da ignorância, das fake news, da mentira, que não conversa com governadores, com prefeitos, com empresários, com trabalhadores e com movimentos sociais", disparou o líder que, na véspera (24), considerado o dia do(a) artista, recebeu a classe artística e os movimentos sociais para dialogar sobre a conjuntura nacional e discutir sobre o futuro da nação. 
 
"Vamos precisar reconstruir o Brasil juntos, esse mesmo país que esteve no sexto lugar da economia quando eu saí da presidência. A tarefa de reconstruir a nação é de todos nós", enfatizou. E, com um sorriso largo no rosto, declarou: "Eu comi carne do sol todos os dias em que estive aqui, a melhor do Brasil". Antes de Lula falar aos jornalistas, a presidente do Partidos dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann falou aos presentes e distribuiu o Memorial da Verdade, publicação editada pelo PT que conta a histórias de todos os processos que  resultaram em sua prisão arbitrária, e que trata de sua inocência.
 
"Quero agradecer a todos que nos receberam muito bem, em especial a governadora Fátima Bezerra e à miliância, e dizer que estamos nessa viagem pelo Brasil, especialmente no Nordeste, difundindo que o presidente Lula foi inocentado, está livre e é inocente. O que ele passou foi o maior processo de perseguição a um líder político no Brasil", resumiu a deputada federal. Além da companheira de Lula, Rosângela da Silva (Janja), também estavam presentes os políticos petistas, senador Jean Paul Prates, deputada federal Natália Bonavides, deputado federal eleito Fernando Mineiro (que briga na justiça pela vaga ocupada por Beto Rosado) e a deputada estadual Isolda Dantas.  
TEMAS TRATADOS NA COLETIVA
Regulação da mídia - Pauta histórica do PT, Lula foi provocado a falar sobre a Rede Globo e sobre a regulamentação da mídia e critérios regionais para dirimir as verbas públicas para publicidade. "Eu trabalho com a consciência sei como foi o escárnio com que foi criada a Lava-jato. Eu acho difícil que a rede Globo vá se redimir, vá pedir desculpas. Eu estou com minha consciência tranquila, porque quando eu fui dar meu depoimento a Moro, eu disse que ele estava condenado por me condenar. Sobre a comunicação do Brasil, não é possível continuarem gastando verba apenas na imprensa do Sul e Sudeste, não é democrático. Vamos sim regulamentar a comunicação no Brasil com o propósito de democratizar o acesso à informação". 
 
Petrobras - "Eu sei o quanto o petróleo é associado ao desenvolvimento do Rio Grande do Norte, aqui descoberto ainda no no século 19. O Petróleo mudou a realidade do estado. A gente tem que pensar na Petrobras como a maior empresa para promover o desenvolvimento do Brasil. Quando não tiver mais nada no Brasil, quando venderem as empresas de gás, as empresas navais, e deixarem tudo na mãos das multinacionais, terão alcançado o objetivo de destruir a nação".  
 
Pesquisa, eleições 2022, vice e Moro candidato - "Eu não posso discutir pesquisa, está muito longe ainda, temos cerca de 14 meses para a frente. Mas, eu adoraria que Moro saia presidente para a sociedade conhecer o carácter dele, mas acho que ele não tem coragem". E sobre o perfil para o vice de sua possível candidatura, Lula brincou em princípio, depois voltou a falar sério: "não pode ser mais bonito do que eu, mais pode ser mais alto do que eu, ou mais forte do que eu. Sei que será difícil encontrar um José de Alencar, então tem que ser uma pessoa que pense como eu penso no povo. É como encontrar uma mulher para casar. Eu já encontrei a minha, então vou escolher com muito cuidado o vice". 
 
Crescimento da Economia - "Eu acredito que a economia pode crescer quando os empresários acreditarem nisso, mas o mercado não só investe para ter lucro, ele investe sobretudo para não ter prejuízo. E para aumentar a rentabilidade, os estados têm que fazer a sua parte. Estado junto com empresários, junto com a sociedade, ajudando a conduzir o crescimento da economia. O Estado é tutor. Se o estado não investe, a economia não cresce. Por isso construirmos a BR-101, por isso que pensei em fazer a transposição, que não deixaram Dom Pedro fazer, porque a gente tem que investir e acreditar no Nordeste. Quando tudo isso acontecer, o Nordeste voltará a crescer". 
 
Militares na política - "As forças armadas foram constituídas para defender nossas fronteiras, nossa florestas, defender a soberania nacional. Se algum militar quiser se candidatar, que se aposente, só não dá para as forças armadas se meterem na política". 
 
Alianças com MDB no RN - "É preciso lembrar que Garibaldi Filho foi ministro de Dilma, e eu preciso pensar de forma civilizada sobre como manter as relações políticas e não posso definir como serão as eleições aqui. Quem define é o partido do Rio Grande do Norte. Eu sou um democrata. Eu sou um político civilizado. O que esse governo faz é pregar o ódio".

 Fonte: Potiguar Notícias

Documentos publicados pela 1ª vez provam a instalação de campos de concentração em SC para prisão de nazistas

POR MARLON DE SOUZA

O DCM teve acesso a documento inédito que prova a existência de campos de concentração no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. Não é novidade que eles existissem, mas o fato era de certa forma ocultado pela historiografia e restrito a círculos acadêmicos discretos. É a primeira vez que este material vem a público.

O destaque é o ofício veiculado aqui com exclusividade do prefeito de Joinville Arnaldo Moreira Douat de 8 julho de 1942 ao interventor federal Nereu Ramos (de Santa Catarina), em que explicita que, por determinação do governador, o hospital psiquiátrico da cidade foi “adaptado para servir de presídio político” – isto é, o manicômio foi fechado e na mesma edificação foi instalado o campo de concentração para encarcerar nazistas.

Outra prova é o comunicado entre o Ministro das Relações Exteriores do Brasil Oswaldo Aranha para o Ministro da Justiça e Negócios Alexandre Marcondes Filho do dia 14 de julho de 1943 – documento que até então só havia sido publicado em livro -, que revela que campos de concentração para encarcerar hitleristas foi uma política do governo Getúlio Vargas. 

Houve, oficialmente, no total, dez campos em sete estados (PA, PE, RJ, MG, SP, SC e RS) entre 1942 e 1945 para aprisionar suspeitos por espionagem, propaganda, apoio político e logístico ao regime nazista. Em Santa Cataria foram dois; um em Joinville e outro em Florianópolis. A Segunda Guerra Mundial se iniciou em 1939, mas o Brasil entrou efetivamente no conflito em 1942 junto aos Aliados (EUA, França, Inglaterra) contra os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), ano em que  o presidente Vargas rompe as relações diplomáticas e declara guerra à Alemanha.  

Hospital psiquiátrico convertido em campo de concentração para nazistas

Em Joinville, o campo de concentração foi instalado em um local onde anteriormente funcionava um manicômio, o Hospital Oscar Schneider, que ficava localizado na rua Borba Gato, no bairro Atiradores. Por determinação do governador do estado o hospital foi reformado para ser instalado o campo de concentração. 

A reportagem do DCM encontrou ofício do prefeito de Joinville Arnaldo Moreira Douat de 8 julho de 1942, ao interventor federal Nereu Ramos (governador), em que está registrado que o Hospital Oscar Schneider foi “adaptado para servir de presídio político”, conforme o “caráter urgente e imprevisto” por determinação do governador Nereu Ramos. E descreve que o valor gasto para a adaptação somou a “importância de 24.407$300” (réis, moeda corrente na época). 

Ofício do prefeito de Joinville sobre investimento de recursos públicos para a reforma do hospício Oscar Schneider  para ser adaptado em “presídio político”

Durante a Segunda Guerra Mundial, países que estavam neutros representavam os interesses de imigrantes de países envolvidos no conflito. A diplomacia da Espanha ficou encarregada de observar as condições de tratamento dispensados aos alemães presos nos Campos de Concentração no Brasil.

Ofício do Ministro das Relações Exteriores do Brasil Oswaldo Aranha para o Ministro da Justiça e Negócios Interiores do Brasil Alexandre Marcondes Filho do dia 14 de julho de 1943 dispõe que: “O Ministro de Estado das Relações Exteriores cumprimenta atenciosamente o seu colega da Justiça e Negócios Interiores e tem a honra de levar ao conhecimento de Sua Excelência haver a Embaixada da Espanha, encarregada dos interesses dos alemães no Brasil, solicitando a intercessão do Itamaraty para que seja permitido ao encarregado do Vice-Consulado honorário da Espanha em Florianópolis visitar aos súditos alemães que se acham internados nos campos de concentração de ‘Trindade’, perto de Florianópolis e ‘Oscar Scheneider’, nos arredores de Joinville. 

Este documento foi encontrado pela professora da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc) de História Marlene Fáveri e transcrito em 2004 em seu livro Memórias de uma (outra) guerra: cotidiano e medo durante a Segunda Guerra em Santa Catarina – resultado de sua tese de doutorado e pela primeira vez é agora publicado este ofício do Ministério das Relações Exteriores na imprensa. 

Documento do ministério das Relações Exteriores pede encarceramento de “súditos alemães”

Prisões políticas oficiais

O emprego da palavra campo de concentração no ofício do ministro das Relações Exteriores do Brasil não é uma força de expressão, ou o uso do termo em sentido figurado, mas sim  a partir da definição do Direito Internacional Público e em particular na normatização das Relações Internacionais em sua Teoria do Costume, que defini campo de concentração. 

De acordo com a Drª em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) Priscila Perazzo, na definição do Direito Internacional “estes lugares não integravam os sistemas penitenciários civis ou militares, eram instalados durante o período da instabilidade armada, quase sempre provisórios, abrigavam grande quantidade de pessoas, prisioneiros de guerra que eram mantidos encarcerados até o final do conflito”. 

O ofício do ministro das Relações Exteriores se refere a prisões que não integravam o sistema prisional regular, mas o documento se refere à instalação de locais onde não eram encarcerados criminosos comuns que infringiram o código penal – furto, roubo, ladrões, homicidas, mas somente determinados grupos étnicos, políticos ou de nacionalidades específicas. Em levantamento feito por Perazzo para sua tese de doutorado onde discorre sobre o tema identificou dez campos de concentração pelo país, mas de acordo com a historiadora havia inúmeros outros espaços destinados para o encarceramento de súditos do eixo que não constam nos registros oficiais.

Em Santa Catarina, a historiadora Marlene Fáveri identificou, além do de Joinville e de Florianópolis, ao menos mais dois campos de concentração menores que não apareciam nos registros oficiais; outro também em Florianópolis, e no Sul do estado no municípios deTimbé do Sul e em Bom Retiro. 

Nestes campos de concentração no Brasil eram presos somente pessoas de origem étnica dos países do Eixo (Itália, Japão, Alemanha). Dados do anuário estatístico do Brasil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram que entre 1819 a 1940 entraram no Brasil 4.705.365 imigrantes, dentre os quais 232.972 eram alemães e em sua maior parte migraram para Santa Catarina. Por estes dados é possível presumir que devido esta concentração étnica alemã no estado os presos nos campos de concentração eram majoritariamente alemães. 

Campo de Concentração de Florianópolis ficava onde hoje é a UFSC

Ainda resquícios de alguns dos prédios do campo de concentração de Florianópolis    no bairro Trindade. A reportagem com a historiadora Marlene Fáveri identificou o local. Hoje é onde está instalada a equipe de segurança do Campus da UFSC. 

Resquícios de prédios do Campo dO campo de concentração de Trindade, em Florianópolis, ficava onde hoje é a UFSC
O campo de concentração de Trindade, em Florianópolis, ficava onde hoje é a UFSC

Os descendentes de alemães, japoneses e italianos foram presos nos campos de concentração no Brasil na tipificação legal de prisioneiros de guerra disposto no seu Artigo 81, de 27 de julho de 1929 da Convenção de Genebra. Há vários documentos que revelam um amplo debate conflitante interminesterial do governo Vargas referente a extensão da legislação sobre prisioneiros de guerra para os civis no Brasil e o tratamento dispensado aos estrangeiros nos campos de concentração administrados pelo Ministério da Justiça e Negócios Interiores. 

O próprio ministro da Justiça e Negócios Interiores Alexandre Marcondes Filho se opôs inicialmente em tipificar os estrangeiros como prisioneiros de guerra por considerar que a Convenção de Genebra tipificava prisioneiro de guerra apenas militares presos no campo de batalha por países envolvidos no conflito.

Houve um extenso debate registrado em documentos se concedia aos italianos, japoneses e alemães o status de internos civis ou de prisioneiros de guerra, mas ao final ministro da Justiça e Negócios Interiores Alexandre Marcondes Filho encontrou na jurisprudência internacional e em brechas interpretativas justificativa inclusive para a repressão aos estrangeiros naquele período no Brasil e aderiu a tese. 

Aos cidadãos detidos sob o status de prisioneiros de guerra a Convenção de Genebra salvaguardava determinado tratamento humanitário sob pena de que os países beligerantes que contrariassem essas normas estariam sujeitos a processos jurídicos para apurar os atos cometidos e punir os autores. 

O fato é que os campos de concentração do Brasil reservavam condições muito melhores aos prisioneiros do que o sistema prisional regular brasileiro e de sobremaneira do que os campos de concentração da Alemanha onde eram presos os judeus, ciganos, poloneses, franceses e todos os perseguidos pelo III Reich. 

Correspondências da Embaixada alemã na Espanha, Madri, para o Ministério Exterior em Bonn (onde ficava o ministério à época), qual a reportagem encontrou em apuração arquivológica, relatórios sobre os campos de concentração em Santa Catarina a partir de visitadas dos diplomatas aos locais. Nestes documentos estão detalhados as características e tamanho dos edifícios, dos cárceres e o tratamento dispensado aos prisioneiros alemães onde não são detalhados ambientes insalubres, pelo contrário, pelos relatos eram lugares que dispunham de cama, pia, banheiro e tinham direito a visitações de familiares. 

A pesquisadora argentina Elda Gonzalez Martinez, que integra o Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) da Espanha, encontrou em 2015 documentos encaixotados desde a época da ditadura espanhola do general Franco que revelam parte da atividade da diplomacia espanhola no Brasil nos anos da Segunda Guerra. Nestes relatórios há descrições de que alguns dos alemães foram vítimas de torturas nos campos de concentração. A reportagem entrevistou vizinhos dos campos de concentração de Joinville que moram no mesmo local até hoje e que narram que ouviam gritos que vinham do campo de concentração.

Partido Nazista no Brasil

A Drª em História Social pela USP e atualmente professora de Ciências e Humanidades da Universidade Federal do ABC Ana Maria Dietrich autora da tese Nazismo Tropical? O Partido Nazista no Brasil conta que o III Reich tinha uma instituição denominada Organização do Partido Nazista no exterior (A.O), uma espécie de secção que gerenciava os partidos nazistas em outros países. De acordo Ana Maria Dietrich “o Partido Nazista no Brasil funcionou de 1928 a 1938 na legalidade foi o país de maior número de filiados fora da Alemanha, com 2.900 integrantes e se fez presente em 17 estados, sendo que São Paulo teve o maior número de filiados com 785 filiados e Santa  Catarina o segundo maior com 528”. 

Campo de concentração de Joinville (SC)

O Partido Nazista realizava reuniões semanais com seus filiados, encontros de caráter organizacional eram realizados em diversos locais das cidades, paralelamente haviam reuniões periódicas dos dirigentes partidários e o envio de relatórios para a direção na Alemanha reportando as atividades partidárias nas comunidades alemãs no Brasil. Filiava somente alemães natos ou descendentes que tinham cidadania alemã, teuto-brasileiros de terceira, quarta geração eram considerados cidadãos de segunda classe, 92,8% dos filiados eram alemães de nascimento. 

Mantinham ações de difusão da ideologia e propaganda nazista através de palestras de seus dirigentes e de publicação de periódicos como o jornal Deutscher Morgen (Aurora Alemã) – órgão oficial do Partido Nazista no Brasil. Estavam presentes em empresas, associações de todos os tipos das antigas colônias onde se inseriam nas diretorias, em igrejas, clubes e em embaixadas e consulados da Alemanha do Brasil.

“O público-alvo do Partido Nazista eram os alemães que moravam no Brasil e a orientação era de não interferir na política do país e de não disputar eleições, mas de preservar a cultura alemã através do germanismo e o de raça superior como também das políticas partidárias-institucionais nazistas segregacionistas. Já a partir de 1939 passam a atuar na clandestinidade e há registros de ações de espionagem nazista no Brasil”, afirma Dietrich. 

O fato é que havia uma sólida organização hitlerista no Brasil. A reportagem encontrou nos arquivos do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) Ludwig Neeb que, de acordo com a ficha do DOPS, era tesoureiro da representação brasileira do Partido Nazista. Neeb profissionalmente exercia o cargo de Diretor de Finanças da Empresul, empresa de energia elétrica privada formada com capital alemão que tinha a concessão para operar o setor na região norte de Santa Catarina. 

Neeb foi preso por 3 anos no Campo de Concentração em Joinville. A reportagem encontrou seu túmulo no Cemitério Municipal de Joinville. Irngard Priess Leye, hoje com 93 anos, moradora de Joinville, conheceu Neeb, e relata que ele foi namorado de sua irmã e que após a prisão foi morar com ela. Irngard Priess afirma que Neeb sempre negou que tivesse qualquer relação com o Partido Nazista e que contava a elas que foi torturado no campo de concentração de Joinville.

Ao final da Segunda Guerra, a partir do Decreto Federal 8.206, de 22.11.1945, como indenização de guerra as ações da Empresul foram incorporadas ao Patrimônio Nacional brasileiro e anos mais tarde veio a se incorporar e a se tornar em 1955 a o que é hoje Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. (CELESC) – empresa de economia mista qual o governo estadual tem o controle acionário tendo 50,2% das ações ordinárias.

Guerharld Vollrath, filho de preso no campo de concentração

Inocentes presos nos campos de concentração

Inúmeros inocentes – que não tinham nenhuma relação com o hitlerismo – foram presos nos campos de concentração por suspeição, sem provas, sem direito a defesa e julgados em tribunais de exceção invariavelmente acusado por crimes contra a Segurança Nacional.

Somente entre 1942 e 1943, mais de 200 cidadãos foram detidos por ordem de segurança nacional. A  historiadora Marlene Fáveri aponta que em um dos relatórios do DOPS de Santa Catarina, que está no Arquivo Público de São Paulo, entre janeiro de 1942 e janeiro de 1943 foram efetuadas 695 detenções em Santa Catarina por motivo de segurança nacional. Sendo que destes, 465 foram postos em liberdade por não terem “apurado gravidade”, 15, por terem os processos arquivados pelo Tribunal de Segurança Nacional, e 2, por pena cumprida ao mesmo Tribunal, “continuando os demais detidos”, “inclusive 36 que se encontravam recolhidos à Ilha das Flores (Colônia penal Cândido Mendes), no Rio de Janeiro”. Em relatório de 03 de dezembro de 1943 do próprio campo de Trindade (Florianópolis) aparece que nessa data estavam presos 69, condenados ou processados por ligação ao Partido Nazista. Já no relatório da Cruz Vermelha Internacional no Brasil, entre fevereiro e março de 1943, havia 90 alemães internos no campo de concentração da Trindade em Florianópolis. 

Irngard Priess Leye foi proprietária até meados dos anos de 1990 de uma bem frequentada livraria na Rua XV de Novembro em Joinville. A livraria levava o mesmo nome da rua. Irngard presenciou seu pai ser preso por volta de 1942 em uma festa de família. Segundo Irngard, seu pai foi preso simplesmente porque falava alemão. Ingrid quando criança visitava o pai no Campo de Concentração e lembra da mãe levar comida. Lembra que na escola ela, assim como todas as crianças, eram estigmatizadas como “quinta coluna”. Sua filha hoje mora em Potsdam na Alemanha e trabalha na Kavo – empresa de tecnologia odontológica.

A historiadora e professora da Universidade da Região de Joinville (Univille) Msc. Ilanil Coelho afirma que o Exército brasileiro foi designado como órgão responsável para a efetivação da Campanha de Nacionalização. “Em Joinville, o programa de ação nacionalizadora foi dirigida pela 5ª Região Militar sob supervisão do General Meira de Vasconcelos, auxiliado pelo 13º Batalhão de Caçadores (hoje o 62º Batalhão de Infantaria sediado em Joinville)”, destaca a historiadora. Em Joinville nos anos de 1940 inúmeros teuto-brasileiros mal falavam o português, alguns só sabiam falar alemão.

O DCM publica no pé desta reportagem a lista de prisioneiros do Campo de Concentração “Oscar Schneider” de Joinville. Esta lista pertence ao acervo do livreiro de Curitiba Paulo José da Costa. De acordo com o livreiro a lista de prisioneiros pertencia a Hans Kiekbush. Costa presume que Kiekbush desempenhava alguma atividade consular alemã em Joinville, “cônsul honorário ou algum assessor da diplomacia nesta atividade onde morou”. 

O livreiro conta que Kiekbush se mudou para Curitiba e morreu no início dos anos 2000 época em que Costa comprou da família de Kiekbush vários documentos que estavam arquivados na sua residência no Centro da capital paranaense, entre os quais fotos dos presos no campo de concentração de Joinville, relatório sobre os presos e a lista com o nome e profissão dos prisioneiros onde se percebe que foram presos pessoas das mais distintas classes sociais industriários, funcionários públicos e agricultores. 

Na terceira página do livro está datilografado em alemão “Campo de Concentração (Internados alemães) “Oscar Schneider”

O senhor Guerharld Vollrath (foto em anexo), tinha 12 anos em 1943. Hoje aos 89, conta que naquele ano o pai, Traugott Treuherz Vollrath, 49 anos, e o marido da sua irmã Konrad Josef Paul Jäckel, 32 anos, foram presos porque falaram a língua alemã no comércio que era de propriedade da família. Era uma “venda” de secos e molhados, a Treuherz x Jäckel, que ficava na Rua North Strasse, hoje Av. Dr. João Colin, na esquina da Sociedade América, no bairro do mesmo nome. 

O casarão está lá até hoje com ótimas características de conservação. Vendiam roupa, calçados, comidas, querosene, lenha. “Naquela época era proibido falar alemão, italiano e japonês. Um dia chegou um senhor querendo comprar querosene. Em tempo de guerra era racionado e não tinha, mas ele achou que meu pai não queria vender para ele, mas não era verdade. Então ele ficou com raiva. Logo mais, entrou outra senhora mais de idade, e ela não falava português. Ela trocou umas palavras em alemão com meu pai e o senhor que estava lá para comprar querosene viu e denunciou o meu pai no batalhão (Exército)”, narra com voz trôpega Vollrath. 

Era 20 horas da noite quando chegaram três militares, um sargento e dois soldados. Já na porta do mercado, o oficial deu voz de prisão ao pai e ao cunhado de Vollrath. 

Na mesma noite, por volta das 23 horas, foram soltos. O homem que havia deletado os descendentes de alemães porque falaram a língua estrangeira ficou sabendo que tinham sido soltos e os denunciou formalmente na delegacia da Polícia Civil. “Eu me lembro até do nome do delegado na época, Arlindo Godoy. Depois de alguns dias veio uma intimação para se apresentarem. Quando se apresentaram, foram presos e levados para o campo de concentração Hospital Oscar Schneider”, conta com tristeza. 

Vollrath relata ainda que não chegou a visitar o pai, mas que a alimentação era por conta dos próprios presos e que chegou a levar de carroça acompanhado de outros adultos os mantimentos para os prisioneiros. Os pedidos eram anotados em papel, os parentes compravam e depois entregavam. Nunca chegou a ver o pátio, mas lembra que havia muitos alemães de outras cidades do estado e que viviam em boas condições. Runilda Munich, hoje com 87 anos, lembra que o pai era barbeiro e nunca teve simpatia pelo nazismo. “Foi preso na própria barbearia em Joinville porque falava em alemão com um cliente que não entendia português. Sempre suspeitamos que alguém que passou pelo local ouviu meu pai falando em alemão e o denunciou”, narra Runilda.

 

 

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br