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domingo, 3 de abril de 2022

Oficina de transliteração de páginas de rosto em latim

 

Data: 25/04/2022 a 26/04/2022

O  Núcleo  do Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras da Fundação Biblioteca Nacional abre sua agenda de eventos para 2022 com a quarta edição da "Oficina de transliteração de páginas de rosto em latim", ministrado pelo Prof. Dr. Fábio Frohwein de Salles Moniz e a Prof.ª Ms. Lucia Pestana da Silva.

Tendo por objetivo oferecer rudimentos sobre a grafia do latim em obras raras e sensibilizar o participante para a problemática dos sinais diacríticos, variações gráficas, símbolos e reduções de impressões do séc. XV-XVIII.

Data: 25/04/2022 (teoria) e 26/04/2022 (prática)

Horário: 18h – 20h30 (Intervalo entre 19h00 – 19h15)

Inscrições a partir de 01/04/2022:  https://www.even3.com.br/oficinadelatim2022fbnplanor/

Público-alvo: bibliotecários, arquivistas, historiadores, museólogos, pesquisadores e estudantes de letras e das áreas citadas.

Local: Canal do YouTube da FBN www.youtube.com/c/FundacaoBibliotecaNacional

Evento Gratuito com Certificação

Ementa

A Oficina de Transcrição de Páginas de Rosto em Latim tem por objetivos oferecer rudimentos sobre a grafia do latim em obras raras e sensibilizar o participante para a problemática dos sinais diacríticos, variações gráficas, símbolos e redução em impressões dos séculos XV-XVIII. Ideal para bibliotecários, arquivistas, bibliófilos e interessados em história do livro.

Fábio Frohwein de Salles Moniz tem Doutorado em Latim pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde atualmente é Professor Adjunto de Língua e Literatura Latinas. Coordenador do Núcleo de Documentação em Línguas Clássicas. Dedica-se a desenvolver e ministrar cursos de latim instrumental voltados a áreas técnico-profissionais, como "O Latim nas Obras Raras", oferecido, em 2018, 2019 e  2021 pela Fundação Biblioteca Nacional. Pesquisa e orienta pesquisas em nível de Graduação e Pós-Graduação relacionadas a tradução de obras renascentistas escritas em latim.

Lucia Pestana da Silva tem Mestrado em Letras Clássicas pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro  (UFRJ).  Graduada em Português-Latim também pela UFRJ. Foi monitora do Departamento de Letras Clássicas da UFRJ. Atuou nos projetos de extensão "Cursos de Línguas Abertos à Comunidade (CLAC), "Os Clássicos no Acervo de Obras Raras da FBN" e "Núcleo de Documentação em Línguas Clássicas". Atualmente, é mestranda em Letras Clássicas pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas da UFRJ.

Fonte: BIBLIOTECA NACIONAL

Museu do Índio homenageia Berta Ribeiro no Dia Internacional da Mulher -

 

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Foto: Berta Ribeiro com pintura facial Kadiwéu. Mato Grosso, 1947 – Acervo/Museu do Índio

No dia Internacional da Mulher, o Museu do Índio (MI), órgão científico-cultural vinculado à Fundação Nacional do Índio (Funai), homenageia Berta Gleizer Ribeiro, que atuou na unidade, na década de 1980, coordenando o setor de museologia do órgão.

Muito além da esposa de Darcy Ribeiro, Berta representa, para o museu, uma referência para a recuperação da história da política indigenista e da antropologia brasileiras. O conjunto documental e etnográfico reunido pela cientista registra a trajetória dos povos indígenas do Brasil e sua cultura material, com ênfase para o artesanato.

Além de curadorias de exposições nacionais e internacionais sobre a temática indígena, Berta identificava e emitia laudos atestando a produção e condições de preservação de artefatos desses povos. Seus estudos taxonômicos são uma contribuição fundamental para a construção de uma terminologia específica para nomear e descrever a produção artesanal indígena.

O Dicionário do Artesanato Indígena, publicado em 1988, sistematiza parte desse conhecimento desenvolvido por Berta Ribeiro durante três décadas de pesquisas. Desde a sua publicação, o livro se tornou um importante instrumento de trabalho para museólogos e antropólogos que se dedicam ao estudo da cultura material indígena.

Ceramistas indígenas conhecendo a Reserva Técnica Berta Ribeiro 

Atualmente, no MI, a maior reserva técnica do órgão traz o nome da pesquisadora, como uma merecida homenagem, já que Berta foi a responsável por catalogar a maior parte dos itens do acervo da instituição até a década de 1980. São 7.961 objetos, das categorias de objetos rituais, mágicos e lúdicos; armas; instrumentos musicais e de sinalização; utensílios e implementos de materiais ecléticos, trançados e etnobotânica de 98 povos do Brasil, Peru e Equador.

Berta apresenta uma preocupação em tirar a imagem de elite dos museus, promovendo uma integração entre museu e visitante, e também impulsionando ações educativas aliando museu, escola e comunidade, por meio de parceria formalizadas com a Universidade de Brasília (UnB) e Secretarias de Educação e Cultura do Distrito Federal.

Trajetória

Nascida em 1924, Berta formou-se em Geografia e História pela atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). No período de 1953 a 1958 fez estágio no Museu Nacional, onde estudou a cultura material dos povos indígenas do Brasil e o tratamento e conservação da coleção do museu.

A partir de 1958, apoiou Darcy Ribeiro e Eduardo Galvão no planejamento e implantação do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília. Em 1976, retomou seus estudos em Antropologia e desenvolveu o projeto “A arte do trançado dos índios do Brasil”, com o auxílio de bolsa de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq. Também iniciou um curso de doutorado em Antropologia Social no Programa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP).

Entre 1976 e 1985 foi assessora e pesquisadora do projeto Etnologia e Emprego Social da Tecnologia, iniciado a partir de um convênio entre a Financiadora de Estudos e Projetos e o Museu Nacional. Para realização dessa pesquisa, visitou o Parque Nacional do Xingu, em 1977, entrando em contato com as etnias Yawalapiti e Txikão, no sul do Parque, e com os Kayabi, ao norte. Também esteve no Alto Rio Negro, entre julho e novembro de 1978, quando conheceu os índios Desãna.

Durante essa estadia, Berta ajudou dois indígenas Desãna (Talomãn Kenhirí e Umúsin Panlõn Kumu) a registrar um conjunto de mitos indígenas, o que deu origem ao livro “Antes o mundo não existia”, de 1980. A publicação foi elogiada pelo público em geral e pela comunidade cientifica, devido ao pioneirismo de Berta em ceder os direitos autorais para os dois autores indígenas.

A antropóloga também foi responsável pela elaboração do plano-diretor e do planejamento da exposição inaugural do Memorial dos Povos Indígenas, de Brasília. O projeto contemplou tanto a questão da identidade quanto a conexão dos indígenas com o presente e o futuro. Berta ainda titulou-se doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), em 1980, com a tese “A civilização da palha: a arte do trançado dos índios do Brasil”. 

Pouco antes de morrer, recebeu, em 1995, o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Cientifico, expedido pelo Presidente da República em reconhecimento à sua contribuição aos estudos antropológicos.

O acervo museológico de Berta Ribeiro não se trata apenas de um material complementar ao do marido, Darcy Ribeiro. O conjunto documental e etnográfico não reflete somente suas atividades nas áreas da arqueologia, museologia, antropologia, meio ambiente e etnobotânica, mas a volumosa produção intelectual por meio de livros, documentários, curadorias de exposições, congressos e conferências, atestando e comprovando seu trabalho científico.

Confira a tese “A civilização da palha: a arte do trançado dos índios do Brasil” na biblioteca virtual do MI: Parte1  Parte 2

Fonte: - Museu do Índio

ARTIGO HELENO ARAÚJO - Educação não combina com autoritarismo

 Por CNTE

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Foto: Leandro Taques

Nenhum governo autoritário, seja de qualquer país ou época, gosta de uma educação que ajude o povo a pensar e ser autônomo em sua vida. Invariavelmente, governos autoritários perseguem educadores, calam estudantes e promovem um modelo educacional que atenda simplesmente a seus interesses políticos.

É justamente nos governos autoritários, comandados por tiranos que se apegam ao poder e dele não pretendem se distanciar, que os sistemas educacionais recebem toda a atenção possível: ao autoritarismo interessa moldar uma educação que cultive os valores políticos emanados pela figura do político autoritário.

Assim aconteceu na Alemanha nazista de Hitler ou na Itália fascista de Mussolini. Assim também ocorreu em todas as ditaduras latino-americanas, como a que se abateu sobre o Brasil no ano de 1964, quando os militares depuseram um presidente legitimamente eleito que ousou, naquele tempo, propor as reformas de base que atacassem a desigualdade brasileira.

Naquele ano, em meados do mês de janeiro, o Presidente Jango fez aprovar no Brasil o Programa Nacional de Alfabetização, que deveria atingir todo o país e erradicar o analfabetismo em nosso território. Orientado pela proposta pedagógica e método de alfabetização de Paulo Freire, não conseguiu durar sequer três meses: logo no começo de abril, aquele projeto de alfabetização popular foi interrompido pelo golpe militar de 64 e substituído pelo Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL). Desde então, Paulo Freire, nosso patrono da educação brasileira, passou a ser perseguido pelo regime militar que se instalava no Brasil.

E Paulo Freire talvez seja somente o exemplo maior de todo esse processo que o país viveu naqueles tenebrosos tempos. Muitos/as professores/as universitários/as foram exonerados de seus cargos públicos e, na educação básica, se impôs um silêncio forçoso aos/às educadores/as nas escolas. Os que não seguiam a cartilha eram calados à força e, não raro, perseguidos até a morte física.

Educação não rima com falta de liberdade. Só a liberdade garante um processo de educação livre, libertadora e emancipadora de nosso povo. Um povo educado não se deixa dominar por tirano de nenhuma espécie. Um povo com uma boa educação não se curva ao autoritarismo de plantão. Por isso os autoritários detestam Paulo Freire.

E, no Brasil, justamente quando saíamos desse processo de ditadura militar, que perseguiu e matou tantos educadores no país, fizemos, enquanto nação, o que ficou conhecido como a Constituição Cidadã, em 1988. Lá, como preceito constitucional, está garantido o direito à liberdade de ensinar e de aprender. Esse foi o mecanismo para que nós, enquanto sociedade, pudéssemos nos blindar de futuros tiranos.

O atual Presidente da República, que se elegeu em um contexto de enxurradas de mentiras nas redes sociais, e com o seu principal adversário deliberadamente preso por aqueles que ajudaram no golpe de 2016, também não gosta de uma educação libertadora. Para quem usa e abusa de notícias falsas, que não se restringiram apenas à sua campanha eleitoral, a educação é sempre uma ameaça.

Não por acaso que uma das primeiras medidas do ex-presidente Temer, logo após ele capitanear a traição e o golpe contra a Presidenta Dilma Rousseff, foi propor uma reforma educacional há tempos almejada pelas elites brasileiras: a Reforma do Ensino Médio, do começo de 2017, cria dois modelos de escolas no Brasil, uma para os ricos e abastados; e outra para os pobres e filhos da classe trabalhadora. Aos primeiros, garantiram o ensino das artes, da filosofia, da sociologia e de outros saberes que promovem o pensamento crítico nas crianças e jovens. Ao resto da sociedade, a grande maioria, sobrou somente o ensino de Português e Matemática.

O governo Bolsonaro não gosta da educação porque sempre mostrou ter um perfil autoritário. Todos estão vendo como ele detesta ser contrariado e, se isso ocorre, parte para grosserias de toda espécie contra o seu interlocutor. Ameaçou tirar o título de patrono da educação brasileira de Paulo Freire; propôs um projeto de militarização escolar que criminaliza as infâncias pobres de nosso país; fomenta o modelo de educação domiciliar (homescholling) para tirar as crianças da escola. Ataca a educação sempre quando pode e persegue educadores a todo o momento.

Inúmeros casos desse tipo estão ocorrendo no Brasil desde 2019, ano em que tomou posse. Quando assumiu o poder, logo se alinhou com o projeto Escola sem Partido, acusando os educadores de “comunistas, ateus e vagabundos”. Criou-se, no Brasil, um clima de medo nas nossas salas de aula, com professores sendo filmados e agredidos. Definitivamente, Bolsonaro não gosta de uma educação livre que a sociedade brasileira alcançou desde sua redemocratização, quando derrubamos em 1985, depois de 25 anos, a ditadura militar no Brasil.

Paulo Freire é seu alvo preferencial, mas por trás de nosso patrono da educação brasileira existe toda uma categoria de trabalhadores/as da educação que, diuturnamente, sob os ditames autoritários desse governo, são ameaçados e constrangidos no seu direito de serem livres ao ensinar. O fim do governo Bolsonaro será a retomada de um projeto soberano de educação, libertadora e emancipadora. E, em memória de Freire, a derrocada de mais um presidente autoritário com vocação a tirano que temos presenciado ao longo de nossa história.

(Brasil de Fato PE, Heleno Araújo)