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segunda-feira, 12 de julho de 2021

Sonhos. Por Paulo Nogueira Batista Jr.

 

Já disse, e repito hoje: não sou um sonhador. Cético de temperamento, parece-me até meio ridícula, ligeiramente demagógica e sentimental, a frequente referência a sonhos e à necessidade de sonhar. E, no entanto, …

Manoel Bomfim, um dos grandes pensadores brasileiros (injustamente esquecido como são muitos grandes brasileiros – enquanto, diga-se de passagem, não poucos trastes e mediocridades são celebrados intensamente), Bomfim dizia que uma nação precisa inventar os seus próprios sonhos, sonhar os seus sonhos plausíveis.

Sonhos plausíveis – inspirados de alguma forma, ainda que tênue ou não tão evidente, na realidade histórica e atual da nação. Temos que sonhar nossos sonhos, sonhados por nós, cultivar nossas próprias imagens, nossas próprias noções de beleza, verdade e valor, dizia ele por outras palavras.

Bonito. Mas aí é que se abre o alçapão. Sonhos podem ser perigosos. Certo tipo de sonho, justamente os plausíveis que desejava Bomfim. O sonho possível carrega em si a possibilidade da decepção e do sofrimento.

E, por essa via, chego ao verdadeiro assunto desta pequena crônica – um outro gênio da nossa raça, este verdadeiramente monumental. Refiro-me, leitor, ao grande, imenso, gigantesco Fernando Pessoa. A poesia, como sabemos, resiste tenazmente à tradução. Se Pessoa tivesse escrito em francês ou inglês (até escreveu nesta última língua, mas pouco), seria conhecido e venerado no planeta inteiro. Ele deixa na poeira, a meu ver, muitos luminares da literatura francesa ou anglo-americana. Quantos deles parecem realmente minúsculos ao lado do poeta português!

Não só por sua poesia, que é fulgurante, mas também por sua prosa. E dela retiro uma observação acurada sobre dois tipos de sonhos. Vamos passar a palavra a ele diretamente. Diz Pessoa, ou o heterônimo Bernardo Soares, no Livro do Desassossego:

“Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo, e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é a música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possiblidade real da verdadeira desilusão. Não me pode pesar muito o ter deixado de ser imperado romano, mas pode doer-me o nunca ter sequer falado à costureira que, cerca das nove horas, volta sempre à esquina da direita. O sonho que nos promete o impossível já nisso nos priva dele, mas o sonho que nos promete o possível intromete-se com a própria vida e delega nela sua solução. Um vive exclusivo e independente; o outro submisso das contingências do que acontece.”Maravilhoso, não? A relação ambivalente com o sonho permeia a sua obra, também a poética. Por exemplo, no lindo poema Manhã dos outros!, que sei de cor e cheguei a tentar, quando morava em Washington, traduzir para o inglês para benefício de alguns amigos estrangeiros:

“Manhã dos outros! Ó sol que dás confiança/ Só a quem já confia! / É só à dormente, e não à morta esperança/ Que acorda o teu dia.”

E aí vem o verso cintilante:
“A quem sonha de dia e sonha de noite, sabendo/ Todo sonho vão, / Mas sonha sempre, só para sentir-se vivendo/ e a ter coração.

A esses raias sem o dia que trazes, ou somente/ Como alguém que vem/ Pela rua, invisível ao nosso olhar consciente, / Por não ser-nos ninguém.”
Em inglês, ficou assim o verso central:

“To those that dream by day and dream by night, knowing / that all dreams are vain/ But go on dreaming, just to feel what it´s like to be alive/ And to have a heart”

Falei em “amigos estrangeiros”. Não queria dar pinta de quem explora a poesia para fins espúrios e extra poéticos.

Mas a verdade é que a tentativa de tradução foi para uma namorada estrangeira, linda, linda, mas por desgraça totalmente ignorante da bela língua portuguesa.

Mas volto ao poema. Vê-se, claramente, que a morta esperança não está tão morta assim. E que continua sonhando de dia e de noite, sonhando sempre, mesmo declarando todo sonho vão, por saber que a vida e o coração deixam de existir propriamente sem a capacidade de sonhar.

Já estou resvalando para uma defesa meio ingênua do sonho. Na verdade, o mais interessante, tanto no texto como no poema de Pessoa, é o embate, dentro da mesma alma, entre o impulso de sonhar e a resistência a ele. Ou em outros termos, talvez mais precisos: o conflito entre a vontade de sonhar e a incapacidade de fazê-lo plenamente, com o coração inteiro. A sua obra está eivada de paradoxos ou hesitações desse tipo, sempre muito carregadas de conotações emotivas.

Dou outro exemplo, também retirado do Livro do Desassossego, este do âmbito da política, sobre a dualidade sincero/insincero ou ilusão/realismo prático:

“O governo do mundo começa em nós mesmos. Não são os sinceros que governam o mundo, mas também não são os insinceros. São os que fabricam em si uma sinceridade real por meios artificiais e automáticos; essa sinceridade constitui a sua força, e é ela que irradia para sinceridade menos falsa dos outros. Saber iludir-se bem é a primeira qualidade do estadista. Só aos poetas e aos filósofos compete a visão prática do mundo, porque só a esses é dado não ter ilusões. Ver claro é não agir.”

Raramente encontrei um parágrafo tão brilhante, tão iluminado por paradoxos certeiros! Não são os sinceros nem os insinceros que lideram. A sinceridade do estadista é fabricada e real ao mesmo tempo. E, contrariamente ao senso comum, a visão realista do mundo não é do estadista, mas do poeta e do filósofo, cuja clarividência, entretanto, impede a ação. Enfim, repito, um gênio da nossa raça.

Talvez esteja me perdendo do assunto inicial. Mas nem tanto. Em relação a sonhos, cabe a mesma ambivalência.

Os sonhos plausíveis de Bomfim são fonte de equívocos, desastres e decepções. Mas sem eles o que sobra da vida? Ela não se esvazia? Sonhar não pede coragem? E o ceticismo pode ser, no fundo, sintoma de perda de vitalidade. Talvez uma forma de covardia.

E, assim, continuamos. Mesmo sabendo ou proclamando todo sonho vão, vamos sonhando, de dia e de noite, sonhando sempre, para sentirmo-nos vivendo e a ter coração.
***

Uma versão condensada desta crônica foi publicada na revista “Carta Capital” em 9 de julho de 2021.
O autor é titular da cátedra Celso Furtado do Colégio de Altos Estudos da UFRJ. Foi vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, estabelecido pelos BRICS em Xangai, e diretor executivo no FMI pelo Brasil e mais dez países. Lançou no final de 2019, pela editora LeYa, o livro O Brasil não cabe no quintal de ninguém: bastidores da vida de um economista brasileiro no FMI e nos BRICS e outros textos sobre nacionalismo e nosso complexo de vira-lata. A segunda edição, atualizada e ampliada, começou a circular em março de 2021.

E-mail: paulonbjr@hotmail.com
Twitter: @paulonbjr
Canal YouTube: youtube.nogueirabatista.com.br
Portal: www.nogueirabatista.com.br
Fonte: DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO - DCM

Joanita Torres Arruda Câmara

 

Dona Joanita Torres Arruda Câmara
Fonte: O Poti (1958)

Nascimento: 1912 em Araruna (PB);
MãeDona Maria Queiroz Tores;
Casamento: 1935 em Nova Cruz (RN);
Cargos: Prefeita de Nova Cruz (1958);
Falecimento: 1993
Sepultamento: Nova Cruz.







Joanita Torres Arruda Câmara
Joanita Torres Arruda Câmara
Fonte: Diário de Natal (1952)
Fonte: Família Arruda Câmara

Fonte: https://albumnc.blogspot.com

Ministério Público aceita denúncia de Natália Bonavides contra Sikêra Júnior por LGBTQfobia

Foto: Luisa Medeiros 

Mandato Natália Bonavides

Contato: +55 84 98608 6814

Celinna Carvalho - assessora de imprensa

Ministério Público aceita denúncia de Natália Bonavides contra Sikêra Júnior por LGBTQfobia

O Ministério Público do Amazonas acatou o pedido da deputada federal Natália Bonavides (PT/RN) para investigar o apresentador Sikêra Júnior por prática de LGBTQfobia em seu programa. Às vésperas do dia internacional de Orgulho LGBTQIA+, o apresentador, na edição do dia 25 de junho de 2021 do programa Alerta Nacional, proferiu um discurso contra pessoas LGBTQIA+. Supostamente criticando um comercial de uma empresa de hambúrguer, o apresentador disse que os publicitários que fizeram a propaganda tinham uma “tara” e o fizeram porque “não procriam” e que o comercial se tratou de uma conspiração da comunidade LGBTQIA+ para destruição das famílias.

 

“É urgente que a procuradoria atue para punir as condutas criminosas e para reparar o dano já causado. O discurso de ódio do apresentador não deve ser tolerado. Ele foi homofóbico em canal aberto. O que ele falou já seria crime se tivesse feito numa conversa de amigos, por meio de uma concessão pública é ainda mais grave. Que siga a investigação”, pontuou Natália Bonavides, autora da denúncia. 

 

Na  denúncia, a parlamentar solicita a apuração dos fatos e a responsabilização das emissoras Rede TV!, TV A Crítica e do apresentador, todos envolvidos na conduta ilegal e criminosa de LGBTQfobia.


Fonte: Mandato Natália Bonavides

Celinna Carvalho - assessora de imprensa





Rio Grande do Norte é o 2º Estado do país em crescimento de desembarques aéreos

Levantamento realizado pelo Governo do Estado, por meio da Emprotur,  em parceria com a empresa europeia de Big Data, a ForwardKeys revelou que a demanda por passagens aéreas domésticas no Brasil tem crescido substancialmente nas últimas semanas. Entre os destinos nacionais, o Rio Grande do Norte teve o segundo maior crescimento na emissão de passagens aéreas para chegadas até setembro, em relação ao período pré-pandêmico de 2019, sendo o primeiro do Nordeste.
 
     "O resultado é fruto de muitas ações de promoção e apoio à comercialização do destino, pois sabemos que a emissão de bilhetes aéreos é um indicador importante a respeito do status da reativação do mercado. O Governo do RN está trabalhando, junto com todo o trade potiguar, para que esse crescimento seja cada vez mais consolidado, inicialmente no mercado doméstico, mas depois iremos avançar para o internacional", contou Bruno Reis, responsável pela promoção do destino. 
 
       Somente em junho deste ano, o Rio Grande do Norte obteve um aumento de mais de 200% em quantidade de passagens aéreas emitidas, considerando somente as viagens domésticas, nos quais as cidades de Belo Horizonte (423%) e Brasília (235%) registraram as maiores altas de envios de passageiros, porém São Paulo continua correspondendo a maior fatia de visitantes que desembarcam no RN, com 44% do total. O trabalho da Secretaria de Estado de Turismo do RN e da Empresa Potiguar de Promoção Turística foram reconhecidos na análise de dados. Os principais pontos que definem a vinda dos viajantes para o Estado são: a qualidade e quantidade de atrativos turísticos, a sua localização e as ofertas de mercado. 
  
MOVIMENTAÇÃO NO AEROPORTO  
 
Em junho de 2021, o movimento de passageiros no Aeroporto Internacional de São Gonçalo volta a atingir a casa dos seis dígitos, ultrapassando os 120 mil passageiros domésticos,  somando embarques (62 mil) e desembarques (59,6 mil), e alcança 80% da demanda de 2019. O fluxo de passageiros do mês de junho foi aproximadamente 28% superior ao mês de maio. Esse é o segundo mês de crescimento consecutivo de movimentação de passageiros e aeronaves, tendência que deve ser mantida nos próximos meses.
 

Fonte: Emprotur

Com Potiguar Notícias