Cultura significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membros,. ativistas, poetas, escritores, produtores culturais, grupos culturais, violeiros, pensantes e os que admiram e lutam pela cultura potiguar. Cultura! A Cultura, VIVE e Resiste! "Blog do CPC/RN, notícias variadas na BASE DA CULTURA!
Ativista retorna aos EUA para provocar rede continental de luta antirracista.
Professor de história, articulador da Uni-Afro Brasil e colunista de CartaCapital, Douglas Belchior leva, pela terceira vez em 2017, denúncias contra o genocídio negro em curso Brasil a fóruns internacionais.
A convite da Brown University, Belchior ministra nesta semana a Conferência intitulada Uneafro- Brasil: Educação e Luta por Justiça Social, participa de um debate sobre a resistência contra o genocídio negro nas américas e, na Columbia University, compõe o ciclo de debates Democracia? Raça, gênero e violência no Brasil, Colômbia e Estados Unidos
A Brown University é conhecida pelos pesquisadores que trouxeram interpretações teóricas inovadoras sobre racismo como George Reid Andrews, que além dos estudos comparados sobre as desigualdades raciais no Brasil e Estados Unidos ofereceu releituras das principais teses do sociólogo Florestan Fernandes.
Outras participações
Em abril deste ano, Belchior esteve na Brazil Conference, realizada pela Harvard University e pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) que contou também com a participação de Dilma Roussef, Sérgio Moro, Eduardo Suplicy, Gilmar Mendes, Djamila Ribeiro, Aurea Carolina, Wagner Moura
Mais recentemente, entre os dias 10 a 14 de outubro, ele voltou aos Estados Unidos em função de seu trabalho junto ao Fundo Brasil de Direitos Humanos, em parceria com a Open Society Foundation, para participar de duas conferências sobre segurança pública, justiça criminal e políticas de guerra às drogas.
Documento descoberto no arquivo da Escola de Mecânica da Armada, a temível ESMA, comprova que o músico Francisco Tenório Junior morreu sob torturas.
Trata-se de um oficio enviado ao embaixador do Brasil na Argentina pelo Capitão de Corveta Jorge Acosta, comunicando a morte do músico nas instalações da ESMA.
A ESMA foi o mais emblemático centro clandestino de detenção e tortura utilizado pela ditadura militar argentina, por onde passaram mais de 5000 presos, posteriormente, desaparecidos.
A prisão de Tenório Jr., que excursionava por Buenos Aires acompanhando a turnê do violonista Toquinho e seu parceiro, o poeta Vinícius de Moraes, ocorreu na noite de 18 de março de 1976, logo após ter deixado o Hotel Normandie para procurar uma farmácia.
Na ocasião, deixou no hotel um bilhete no qual estava escrito: “Vou sair pra comprar cigarro e um remédio. Volto logo”. Nunca mais voltou.
O documento, assinado pelo capitão de fragata Eduardo Acosta, que era o chefe de operações do grupo de tarefa 3.3/2, traz do lado esquerdo, a rubrica do contra-almirante Jacinto Rubem Chamorro, diretor da Escola Mecânica da Armada.
O carimbo sob a assinatura de Acosta traz o número de matrícula: Rol. n9 33.420.
Francisco Tenório Junior está na lista dos desaparecidos políticos.
Documentário feito a partir de todos os filmes com Lênin guardados nos arquivos do Partido Comunista da União Soviética, entre 1918 a 1921. São notáveis as cenas de 1920, em que Lênin fala das “21 condições” da Internacional Comunista e dos congressos da Comintern, que forjou o marxismo-leninismo e os partidos comunistas no século 20. O discurso com a voz de Lênin, no meio do documentário é uma raridade. Neste documentário podemos ver um Lênin sorridente, de olhar vivaz e mimando seus gatos.
A partir de um roteiro escrito em 1987 por Rogério Sganzerla, inspirado por sua vez em contos de Luís Antonio Martins Mendes, a atriz e diretora helena Ignez fez de A Moça do Calendário seu filme mais orgânico e maduro, com uma pungente atualidade.
Por José Geraldo Couto
O protagonista é o “mecânico e dublê de dançarino” Inácio (André Guerreiro Lopes, extraordinário), que a narradora (a própria Helena Ignez) nos conta, em off, ter sido um jovem da elite, aluno das melhores escolas, antes de romper de modo traumático com o pai latifundiário.
Em torno desse fio narrativo central – as relações de Inácio com a mulher, com os colegas de trabalho, com o dono da oficina, com seus “bicos” como ator, com o sonho de encontrar a tentadora “moça do calendário” (a luminosa Djin Sganzerla) –, desenvolvem-se outros núcleos ou módulos: um apartamento comunitário onde vivem artistas e intelectuais, uma ocupação do MST, uma ONG contra o racismo etc.
Godard e chanchada
É uma tapeçaria heterogênea: há discursos sobre temas urgentes (violência de gênero, ocupação de escolas), há clipes musicais, inserções de filmes antigos, cenas burlescas e momentos de um delicado lirismo urbano, como aqueles em que Inácio percorre de bicicleta a praça Roosevelt e ruas de Santa Cecília, ou as caminhadas de Iara (também Djin Sganzerla) por calçadões e galerias do centro paulistano. Godard e chanchada, Noel Rosa e Mc Fininho, teatro de vanguarda e registro documental. Helena Ignez orquestra tudo isso com mão ao mesmo tempo leve e segura, sem perder o ritmo e o frescor.
Algumas ideias são bem características de Rogério Sganzerla, como o dono da oficina, o impagável “Celso Patrão, pré-capitalista primário”. Outras, ao que tudo indica, têm a ver com a sensibilidade especificamente feminina da diretora.
Há uma cena admirável que funde inúmeras tensões e demandas: num enquadramento fixo, com foco profundo, vemos Inácio em primeiro plano, comendo um ovo cozido e vendo no notebook o ator Jorge Loredo (o Zé Bonitinho) no filme Sem essa, aranha, de Sganzerla. Enquanto estuda e repete os gestos do ator, ele discursa contra a exploração capitalista dos trabalhadores. No fundo do quadro, sua mulher (Zuzu Leiva), passando uma camisa a ferro, retruca: “E você acha que eu gosto desta vida de uber-doméstica, passando roupa para pagar o condomínio?”
De certo modo, está tudo ali, assim como, em estado de potência, o filme se anuncia todo no magnífico plano inicial, em que, de costas para a câmera, o protagonista, numa laje sobre o tráfego do Minhocão, rege com os braços o caos da cidade.
Mulher na direção
É interessante observar como Helena Ignez, a partir de sua experiência acumulada de atriz, cinéfila e parceira criativa de Glauber Rocha e principalmente de Rogério Sganzerla, tornou-se na maturidade uma cineasta de personalidade própria, plena de vigor, inventividade e poesia.
O cinema novo não teve nenhuma mulher diretora. O cinema dito “marginal” tampouco. A própria nouvelle vague só contou com uma mulher cineasta, Agnès Varda, que aliás teve na Mostra de São Paulo uma bela retrospectiva. Hoje a situação é outra, e Helena Ignez segue desbravando esse mundo novo. Como diz o título de um filme de Marco Ferreri, Il futuro è donna.
Assista ao trailer:
*José Gerado Couto é crítico de cinema e tradutor. Publica suas criticas no blog do IMS