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sexta-feira, 24 de novembro de 2017

CPC/RN SE SOLIDARIZA COM OS TRABALHADORES DO SINDSAÚDE E DA UERN!!!


 Egídio, coordenador do SINDSAÚDE concede entrevista ao lado de Rivânia Moura - ADUERN
 Grevista unidos para resistir
 Rivânia Moura concedendo entrevista a repórteres 
 Governo do Estado politicamente "morto" - protesto dos grevistas
 Eduardo Vasconcelos, presidente do CPC/RN solidariza com os grevistas da ADUERN/SINDSAÚDE/RN
 "Governo politicamente "morto"
 Grevista se prepara para "recepcionar" a polícia
 Egídio e Rivânia, ambos concedendo entrevista a repórteres 
Enterro simbólico do governo Robinson

Hoje (24) o governo truculento de Robinson Faria chegou ao extremo! Autorizou a polícia militar a "expulsar os trabalhares da saúde e da UERN, mas que foi preciso a polícia usar bombas de efeito moral para dispersar os grevista, uma forma covarde por parte da polícia. Foi um momento tenso e ao mesmo tempo triste, pois a bem pouco tempo essa mesma polícia foi as ruas pedir apoio da sociedade pelo mesmo motivo, ou seja, salários atrasados! E hoje ela se volta contra os trabalhadores.

Após esse momento os grevistas se reuniram de fronte a SEPLAM para traçar novas estratégias de luta e mobilização.

O governo deveria fazer uma reflexão a não ordenar a polícia a frontar quem trabalha honestamente, como é o caso dos funcionários públicos da saúde e da UERN.

A sociedade deve sim apoiar os trabalhadores. 

O CPC/RN se solidariza com os trabalhadores grevistas, pois a greve é a sua arma para de pressão para garantirem seus direitos.  Vamos para os próximos capítulos.

APOIAR AS MANIFESTAÇÕES EM DEFESA DE DIRETOS É DEVER DA SOCIEDADE, 

Á Luta companheiros/as!

João Cândido Felisberto o líder da Revolta da Chibata


João Cândido, líder da Revolta da Chibata, teve a sua anistia reconhecida apenas em 2008. 

Mesmo velho, pobre e doente, permaneceu sempre sob as vistas da Polícia e do Exército, por ser considerado um "subversivo" e “perigoso agitador".


"Há muito tempo nas águas da Guanabara... O dragão do mar reapareceu... Na figura de um bravo Marinheiro... a quem a história não esqueceu."

Dois decretos e uma lei, em momentos distintos da República, explicam um pouco da história brasileira, que ainda resiste a ser contada. O primeiro é o Decreto Federal nº 3, de 16 de novembro de 1889, assinado pelo marechal Deodoro da Fonseca um dia depois da Proclamação: “Fica abolido na Armada o castigo corporal”. Mas no ano seguinte o governo criou as chamadas companhias correcionais, para os “praças de má conduta”. Foi contra esses castigos que se insurgiram 2.300 marinheiros, em 1910, na Revolta da Chibata. No final de 1912, João Cândido Felisberto, identificado como líder do movimento, foi julgado por um conselho de guerra e considerado inocente.

A REVOLTA DA CHIBATA - As embarcações haviam aportado com autoridades para a posse do marechal Hermes da Fonseca na Presidência da República. No encouraçado Minas Gerais — o maior navio de guerra brasileiro, atracado a poucos metros do cais do porto — o clima não era nada festivo. Ao raiar do dia, toda a tripulação fora chamada ao convés para assistir aos castigos corporais a que seria submetido o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes.

Ele tinha ferido a navalhadas o cabo Valdemar Rodrigues de Souza, que o havia denunciado 
por tentar introduzir no navio duas garrafas de cachaça. Sua pena: 250 chibatadas. Esse seria o estopim para a eclosão da chamada Revolta da Chibata, movimento deflagrado pelos marinheiros contra os maus-tratos, que paralisaria a coração do Brasil por quatro dias e custaria a vida de dezenas de pessoas, entre civis e militares. 

Naquela manhã, depois de ser examinado pelo médico de bordo e considerado em perfeitas condições físicas, o marinheiro Marcelino Menezes, conhecido como “Baiano”, foi amarrado pelas mãos e pés e submetido ao castigo. Primeiro soaram os tambores. Em seguida, o comandante do navio, Batista das Neves, ordenou a entrada dos carrascos, que apanharam uma corda de linho e amarraram nas pontas pequenas e resistentes agulhas de aço. A guarda entrou em formação. Tiraram as algemas das mãos do marujo e o suspenderam, nu da cintura para cima, no “pé de carneiro”, uma espécie de ferro que se prendia num corrimão. Os oficiais assistiram à cerimônia em uniforme de gala, com luvas brancas e armados de suas espadas. Alguns viraram o rosto para o lado, para não ver a tortura.

Educar na Marra- A punição pela chibata foi um hábito herdado pelo Brasil da Marinha portuguesa. Os castigos tinham a função de educar na marra os supostos maus elementos que compunham os quadros inferiores. Como diziam os oficiais, as chicotadas e lambadas tinham o objetivo de “quebrar os maus gênios e fazer os marinheiros compreenderem o que é ser cidadão brasileiro”.

Os Marinheiro - Na noite seguinte aos castigos sofridos por Marcelino, os demais marinheiros do Minas Gerais, recolhidos em seus beliches, decidiram que a situação não podia continuar daquela forma. “Isso vai acabar”, disse o marujo João Cândido, um negro alto, de 30 anos, que despontava como o líder absoluto da revolta que se aproximava.

Depois de muita conversa, decidiram tomar o poder dos navios à força, na noite de 22 de novembro. Na data estabelecida, tudo aconteceu dentro da estratégia programada. O sinal combinado entre os marujos para dar início ao movimento foi a chamada das 10 horas. 

Naquela noite, o toque do clarim não pediu silêncio e sim combate.
Cada um assumiu o seu posto e a maioria dos oficiais já estava em seus camarotes. Não 
houve afobação. Cada canhão foi guarnecido por cinco marujos, com ordem de atirar para matar contra quem tentasse impedir o levante.
Logo depois do toque da corneta, o comandante Batista das Neves — que estivera num jantar a bordo do cruzador francês Duaguay Trouin — voltou ao seu navio em companhia do ajudante de ordens. Conversou rapidamente com o segundo-tenente Álvaro da Mota Silva – que assistia à faxina no convés – e recolheu-se aos seus aposentos.

No momento em que descia as escadas inferiores do navio e se despedia do comandante, Mota Silva recebeu uma forte pancada no peito, um golpe de baioneta desferido em cheio por um marinheiro que estava de tocaia. O segundo-tenente tropeçou, mas ainda conseguiu apoiar-se com a mão esquerda na arma do marujo e com a direita sacou sua espada. Com a força que ainda lhe restava, atravessou o estômago do marinheiro que, aos gritos, deu alguns passos e caiu.Atraídos pelo ruído, muitos marujos foram ao convés, para onde subiram também outros oficiais procurando conter os revoltosos. A tribulação, bradando vivas e aclamando “liberdade” e “abaixo a chibata”, avançou contra o pequeno grupo de superiores para massacrá-lo. O comandante Batista das Neves ainda tentou acalmar os ânimos e manter a disciplina. Atacado, reagiu e lutou de espada em punho cerca de 10 minutos, até ser atingido na cabeça, por golpes de machadinha.

Primeiro Disparo- O marujo Aristides Pereira, conhecido como “Chaminé”, chegou perto do corpo estendido do comandante, certificou-se de que ele estava morto e urinou sobre seu cadáver. O corpo permaneceu horas no convés e alguns marinheiros ainda fizeram graça com o comandante morto, imitando movimentos de ginástica à sua volta. A ironia referia-se ao fato de que Batista das Neves obrigava os marujos a fazer ginástica pesada todas as manhãs, para compensar a relativa imobilidade física da vida de bordo nos navios.Cinquenta minutos depois, quando cessou a luta no convés, João Cândido mandou disparar um tiro de canhão, sinal para dar o alerta aos outros navios aliados: o São Paulo, o Bahia e o Deodoro. O estrondo do primeiro tiro de canhão, vindo da direção do mar, fez tremer a cidade do Rio de Janeiro. Nem cinco minutos depois, novo tiro. Dessa vez, janelas e vidraças foram quebradas em casas do centro da cidade.

"O líder do movimento ordenou que todos os holofotes iluminassem o Arsenal da Marinha, as praias e as fortalezas. Expediu também uma mensagem por rádio para o Palácio do Catete, sede do governo federal, informando que a esquadra estava rebelada para acabar com os castigos corporais".

O presidente recém-empossado, marechal Hermes da Fonseca, e todo seu ministério assistiam, no Clube da Tijuca, à apresentação da ópera Tanhauser, de Wagner, numa inesquecível recepção que ainda fazia parte dos festejos pela vitória eleitoral. Depois do
primeiro tiro de canhão, ele voltou imediatamente para o Catete.

Almirante Negro - De início, o governo resolveu endurecer. Avisou que mandaria torpedear as embarcações caso não houvesse rendição. A repercussão da notícia, no entanto, gerou pânico na cidade. O presidente preferiu então abrandar a reação. Ele dispunha de 2 630 homens para enfrentar os 2 379 rebeldes. O poder de fogo dos amotinados — instalados naqueles que eram alguns dos mais sofisticados navios de guerra do mundo-entretanto, era muito maior. Diante da impossibilidade de combate e com o perigo iminente de um bombardeio, Hermes da Fonseca convenceu-se de que era muito mais prudente negociar com os marinheiros revoltosos.

Enquanto o governo se debatia atrás de uma solução, a esquadra rebelada permanecia atenta, com a rotina de navios em guerra. Cada soldado tinha uma função predeterminada. Foram designados turnos de trabalho para que nunca um serviço ficasse desguarnecido.

Astuto e desconfiado, o Almirante Negro — como passou a ser chamado João Cândido pela imprensa — determinou que uma barca abastecesse os navios de água. Antes que o líquido fosse descarregado, no entanto, ele ordenou que o condutor da embarcação provasse para ver se não havia veneno. Com seu uniforme branco, já bem velho e desgastado, um pé calçado num chinelo e outro numa botina, a única marca que diferenciava o líder dos demais marujos era um lenço vermelho que levava amarrado ao pescoço. Aquele era o seu distintivo.Caricatura da revista “O Malho” de novembro de 1910, mostrando a anistia para os marinheiros rebelados.

Em tempo recorde, a anistia foi aprovada a toque de caixa pelo Congresso Nacional e, na manhã de 26 de novembro, com o sol brilhando sobre a Guanabara, os navios iniciaram a aproximação para a rendição. Os morros, o cais e as praias estavam lotados de curiosos, alguns com binóculos, para assistir à chegada dos marinheiros. A bordo o clima era de festa e euforia.

Motim da Ilha das Cobras- Mas a anistia não durou dois dias. Em 28 de novembro, os marinheiros foram surpreendidos pela publicação do decreto número 8.400, que autorizava demissões, por exclusão, dos praças do Corpo de Marinheiros Nacionais “cuja permanência se torne inconveniente à disciplina”. O decreto abriu uma brecha para que a Marinha excluísse de seus quadros quem bem entendesse, sem maiores formalidades. As demissões foram muitas. Vários navios ficaram sem pessoal suficiente para os serviços essenciais.

"Instaurou-se um novo clima de tensão nas Forças Armadas – pela publicação do decreto – e as autoridades encontraram justificativa para pensar na convocação de um regime de exceção, com poderes amplos e irrestritos para o presidente da República".

Circulavam boatos de que na ilha das Cobras — sede dos Fuzileiros Navais, localizada em frente ao cais do porto e ao lado da ilha Fiscal – o batalhão de terra organizava outro motim.Os boatos partiram das próprias autoridades, interessadas em incitar uma segunda rebelião para decretar o estado de sítio. Os oficiais esperavam apenas o primeiro tiro para entrarem em ação e deflagrarem o conflito armado.]
No dia 9 de dezembro, houve a rebelião esperada na ilha das Cobras. Às 9 horas e 30 minutos, foi dado o toque de recolher e, em vez de se dirigirem para suas camas, parte dos fuzileiros permaneceu no pátio, em grande algazarra, dando vivas à liberdade. Um primeiro tiro foi disparado, não se sabe vindo de onde. As luzes da ilha foram apagadas e os marinheiros começaram a caçar os oficiais. No escuro, disparando tiros de fuzis, eles gritavam: “Viva a liberdade. Morram os oficiais”.
A luta durou toda a madrugada, a manhã do dia seguinte e só parou ao entardecer, com a morte da maioria dos amotinados. Por todos os lados, junto aos canhões e metralhadoras destruídas, havia corpos de marinheiros. As forças fiéis aos oficiais estavam preparadas e esmagaram os rebeldes.

Presos e Mortos- O governo federal decretou o estado de sítio, tendo como justificativa a revolta dos fuzileiros navais na ilha das Cobras. As autoridades determinaram o desembarque imediato da tripulação dos navios Minas Gerais e São Paulo, que haviam tomado parte no primeiro levante. João Cândido foi preso assim que colocou os pés em solo e levado ao quartel-general do Exército. No dia 24 de dezembro, o Almirante Negro e mais 17 companheiros foram transferidos para a ilha das Cobras e colocados numa prisão sem iluminação e com ventilação imprópria, localizada no subterrâneo do Hospital Militar.

Na madrugada de 25 de dezembro, dia de Natal, o guarda da prisão notou movimento estranho na cela e ouviu gritos. O fato foi comunicado ao oficial de serviço e, em seguida, o recado chegou ao comandante Marques da Rocha, responsável pela ilha das Cobras. Nenhuma providência foi tomada.

Se liga: Na manhã seguinte, o comandante Marques da Rocha, que havia levado as chaves,
abriu a prisão. A cena chocaria até mesmo o mais insensível dos militares: jogados num extremo estavam 16 corpos de marujos mortos por asfixia. Num outro canto, em estado de choque, os dois únicos sobreviventes – João Cândido e o soldado naval João Avelino. Acabava assim uma das mais violentas rebeliões militares no Brasil.
Um afro abraço.

Claudia Vitalino.
UNEGRO - RIO

Coral Brasileirinho presta homenagem a compositores da MPB em Ctba

coral brasileirinho - Cido Marques
‘Salve o Compositor Popular’ é o show que o Coral Brasileirinho está preparando para este final de semana. No sábado (25/11), às 19h, e domingo (26/11), às 16h, o grupo faz uma homenagem a Djavan, Caetano Veloso, Luiz Gonzaga e outros músicos de destaque da MPB. A apresentação será no Auditório Poty Lazzarotto do Museu Oscar Niemeyer, os ingressos custam R$20 inteira e R$10 a meia-entrada.
Com a direção cênica de Milton Karam e direção musical de Helena Bel, o coral une canto e interpretação própria, sem desrespeitar a criação original das obras. O espetáculo “Salve o Compositor Popular” é uma homenagem e um agradecimento a todos os compositores brasileiros, explica o diretor cênico. “Suas obras nos inspiram a continuar trilhando na arte de unir crianças e jovens a se expressarem e crescerem por meio da música”, salienta Milton Karan.
O grupo coral jovem do Conservatório de MPB de Curitiba, o Grupo Brasileiro tem participação especial nessa apresentação. Obras como ‘Festa Imodesta’, ‘O Xote das meninas’, ‘Pela Luz dos Olhos Teus’, ‘Rebelde sem Causa’ e ‘Cantando no Banheiro’ ganham novas roupagens e remarcam épocas da música brasileira.
Coral Brasileirinho – O Coral Brasileirinho nasceu na primavera de 1993 para ser um dos corpos artísticos do então recém-criado Conservatório de Música Popular Brasileira de Curitiba. Trabalha a canção brasileira de todas as épocas em espetáculos temáticos, desenvolvendo tanto a expressividade vocal quanto a interpretação cênica de seus integrantes, com idade entre 8 e 14 anos. Para a dinâmica de suas apresentações, o Coral Brasileirinho conta com a confecção exclusiva de adereços e de cenários, dando suporte estético ao enredo proposto, articulados com uma iluminação criada especialmente para cada show. Seus 16 espetáculos temáticos propiciaram uma gama variada de músicas para a formação de repertório, com ritmos, estilos e gêneros bem diferentes. Esta diversidade musical presente nas 178 canções já apresentadas, aliada à ludicidade, à criatividade e à espontaneidade do Grupo, propiciam uma estética sonora e visual que se renova a cada apresentação, de forma inusitada e inovadora, e que define a própria identidade do Brasileirinho.
Serviço:
CORAL BRASILEIRINHO – 2017
Show “Salve o Compositor Popular” – Participação Especial do Grupo Brasileiro.
Datas: 25nov (sab) às 19h / 26.nov (dom) às 16h
Local: Museu Oscar Niemeyer (MON) – Auditório Poty Lazzarotto
Ingressos: R$ 20 inteira e R$ 10 meia-entrada (quem levar um livro também paga meia).

Há 40 anos, com a reação da periferia, nascia o movimento punk


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Por Carolina Maria Ruy
A banda refletiu a contradição aguda do rock, oscilando entre o protesto e o mercado, e sintetizou as tendências contraditórias que o gênero ia seguir. Liderado pelo baixista Sid Vicious, foi formada e capitalizada por Malcolm Mc Laren, um vendedor de roupas londrino que imaginou ganhar dinheiro produzindo música punk e para isso contratou músicos no submundo adolescente de Londres. O Sex Pistols, de qualquer forma, trouxe para o rock o desespero e a raiva de uma juventude que já não via o futuro de maneira rósea, como a geração anterior. “Não sabemos onde está o nosso alvo. Mas atiramos para todos os lados para ter certeza de acertar”, disse certa vez Sid Vicious. Ali estava representada uma das tendências futuras do rock, do qual o Nirvana (na década de 1980) e os grupos grunges, de garagem, de Seatle, EUA, foram herdeiros.
Punk no Brasil

No Brasil o punk surgiu das mãos de jovens de famílias operárias, sobretudo da Vila Carolina, zona norte de São Paulo.

Segundo depoimento do músico Ariel, em entrevista para o filme Botinada, a Vila “Punk” Carolina, encravada entre o Bairro do Limão e a Freguesia do Ó, na periferia paulistana, era basicamente proletária, rodeada por fábricas e pelo comércio popular. Ariel justifica o nascimento do punk naquela região afirmando que “só nos restava o conformismo de ser como nossos pais ou ir contra a corrente que nos prendia a uma triste realidade”.
Festival O Começo do Fim do Mundo, no Sesc Pompéia

E o grito de liberdade viria através da (difícil) importação de discos como o icônico Never Mind The Bollocks, e de outras bandas estrangeiras como The Stooges, Ramones e The Clash, espalhando-se por meio de cópias em fitas cassete.
Aquelas bandas inglesas e estadunidenses, que plantaram na mente dos jovens o sonho de encarnar em si mesmos a possibilidade de mudança, mostraram que eles também podiam criar seus recursos e fazer rock a partir de suas angústias. Eles, que se pretendiam “destruidores”, surgiram da própria destrutividade do sistema capitalista, incorporando a capacidade de transformação.
E era natural que a contracultura punk, mesmo importada, parecesse nascida e criada na Vila Carolina. Afinal, onde quer que estivessem, os punks eram frutos da pobreza, da falta de trabalho e da exclusão social. Desta forma, sua música desarmônica encontrava identificação em ambientes geograficamente tão afastados.
Eles não defendiam grandes projetos nem almejavam aceitação. Nada entre os punks parecia ocorrer de forma organizada e linear. Sua própria origem no Brasil foi marcada pela rixa entre gangues e, naquela época, fim da década de 1970, diferenças entre os punks de São Paulo e os do ABC motivaram uma violência cega e inconsequente.
Somente a partir do início da década de 1980, sobretudo depois do festival “O Começo do Fim do Mundo”, em 1982, no Sesc Pompéia (SP), o movimento começou a sair do gueto e assumir uma forma cultural.
Ideologia punk

A força da cena punk dos anos de 1970 e 80 era embriagante. Mas o que havia por trás dela?

Inocentes
Para Clemente Tadeu, líder da banda Os Inocentes, não se tratava de um movimento que lutava pela justiça social, o inimigo podia ser o vizinho ao lado, podia ser os punks de outras facções ou até o sistema social. Eles queriam “destruir” para “transformar”. E aquela revolta podia ser interpretada como uma postura política. Os punks originais se identificavam pela forma como se colocavam na sociedade, repudiando as instituições e os códigos que segmentam as pessoas em classes. Seu rudimentar discurso anarquista definia, em última instância, uma visão de mundo e um ideal de transformação.
A imagem agressiva da garotada era, antes de tudo, uma denúncia sobre as mazelas do mundo injusto em que viviam, mesmo que esta denúncia se fizesse de forma muito mais intuitiva do que intencional.
Anarquia no Reino Unido

O single Anarchy in the UK, do album pioneiro Never Mind The Bollocks, tornou-se hino dos punks, traduzindo em sua letra os ideais do movimento. A música, concebida como uma desconstrução dos acordes e versos harmônicos de estilos musicais tradicionais insiste na ideia de destruição. Mas a que se refere esta destruição? Refere-se ao tradicionalismo da sociedade inglesa, com sua monarquia anacrônica e seu capitalismo excludente.

Revelado na cultura, sobretudo na música e na moda, o punk, mais do que um modismo trouxe em sua origem, uma densa carga ideológica. Uma carga que resgatou ideais anarquistas do início do século 20 através de lemas como: “faça você mesmo” e “do caos se faz a ordem”. Ideologia controversa e polêmica, mas que colocou no centro do debate uma situação social que atingia a juventude.
Ouça Anarchy in the UK:
Fonte: Brasil Cultura