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sexta-feira, 5 de abril de 2019

POVOS TRADICIONAIS - Quilombolas denunciam Brasil à OIT por plano de expansão da Base de Alcântara

Coletiva de imprensa ocorreu nesta quinta-feira (04) na sede da Defensoria Pública da União em São Luís (MA) - Créditos: Divulgação

Projeto já expropriou 2 mil famílias; entidades temem agravamento da situação com acordo firmado com os EUA.

São Paulo | Brasil de Fato
Quilombolas da cidade de Alcântara (MA), na região metropolitana de São Luís, realizaram nesta quinta-feira (04) coletiva de imprensa para denunciar o acordo de concessão de uso da Base de Lançamentos de Alcântara (CLA) aos Estados Unidos. A acusação foi feita formalmente à Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O anúncio, realizado na Defensoria Pública da União em São Luís, teve a presença do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alcântara (STTR), do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar de Alcântara (SINTRAF) e do  Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara (MABE).
O tratado entre o governo do presidente Jair Bolsonaro e do americano Donald Trump foi firmado no dia 18 do mês passado. Entre outros pontos, o acordo prevê que determinadas áreas da base passem a ter acesso controlado pelo governo americano. O dinheiro arrecadado pelo Brasil na empreitada não poderá ser investido em um programa nacional de lançadores de mísseis. Também não está prevista transferência de tecnologia entre os países.
A base de Alcântara foi inaugurada em 1983. Desde então, comunidades quilombolas foram deslocadas de seus territórios sob a justificativa de se garantir sua segurança durante o lançamento de foguetes.
O comunicado emitido pelos organizadores da coletiva afirma que “O processo de expropriação das terras quilombolas já atingiu mais de 2 mil famílias quilombolas, um território que corresponde a 52% da superfície do município de Alcântara. Centenas de famílias foram reassentadas em agrovilas, distantes mais de 10 quilômetros do acesso ao mar, em terras inférteis e insuficientes para o desenvolvimento das atividades econômicas e de manejo dos recursos naturais que lhes eram características”. 
O texto ainda diz que, devido a expropriação, houve “o agravamento da pobreza, a ruptura dos laços comunitários, e a fragilização das manifestações culturais típicas das comunidades quilombolas da região”.
Desde 2008, quilombolas aguardam que o Governo Federal ratifique um relatório do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)reconhecendo seu direito de ocupar 78 mil hectares de terras na região. Com a denúncia, eles pretendem garantir a titulação de suas terras e a realização de consulta pública que preceda o possível avanço do acordo com os EUA. 
“A coletiva cumpre o objetivo de mostrar a sociedade que existe um grande número de comunidades quilombolas em Alcântara na área pretendida para expansão da Base, e que estas comunidades estão mobilizadas e vão resistir para assegurar a permanência no seu território”, diz Danilo Cerejo, que é um dos quilombolas a frente do MABE. 
Ele explica que o acordo com os Estados Unidos agrava a situação dos quilombolas, já que afasta ainda mais a perspectiva da titulação e assentamento: “Este acordo corrobora para assolar o cenário de incerteza e insegurança jurídica das comunidades quanto a titulação do seu território, conforme RTID [Relatório Técnico de Identificação e Delimitação] já publicado pelo INCRA em 2008. Não há como avançar nessas discussões sem que se titule o território das comunidades”.
Edição: Aline Carrijo - brasildefato.com.br

Sindicato pressiona parlamentares contra a reforma da Previdência

Sindicato pressiona parlamentares contra a reforma da Previdência
Com o objetivo de pressionar e convencer os parlamentares sobre os riscos de se desconstitucionalizar direitos, acabar com o sistema público e entregar a previdência para o mercado, o ADURN-Sindicato tem atuado, em conjunto com o PROIFES-Federação, contra a PEC 6/2019, que trata da reforma da Previdência.
Com o compromisso de que não votará favorável ao texto de reforma enviado pelo governo Bolsonaro ao Congresso, a senadora Zenaide Maia (PROS/RN), o senador Jean Paul Prates (PT/RN) e a deputada federal Natália Bonavides (PT/RN), da bancada do Rio Grande do Norte no Senado e na Câmara Federal, receberam representantes do ADURN-Sindicato em Brasília e se comprometeram a trabalhar para que a proposta de reforma da Previdência, em análise na Câmara desde fevereiro, não seja aprovada.
Frente ao cenário que aponta para a completa destituição do sistema de Seguridade Social no Brasil, um ofício foi entregue também ao deputado Rafael Motta (PSB/RN), em março, solicitando o agendamento de uma reunião com a bancada de deputados do Rio Grande do Norte, mas até o momento o Sindicato não recebeu nenhuma resposta.
Na oportunidade, o ADURN-Sindicato quer debater os cenários e perspectivas para os servidores públicos e apresentar os principais pontos de contrariedade às alterações das regras para Previdência que pretende restringir o acesso às aposentadorias dos setores público e privado.
Para a diretoria, é preciso discutir com os deputados o principal argumento defendido pelo governo, de eminente falência do sistema do seguro social, aliado à necessidade de equiparação dos benefícios dos servidores públicos aos benefícios de regime geral, e apresentar os impactos do modelo de capitalização do novo texto de reforma.
"Os próximos dias serão decisivos para barrar a proposta e precisamos alertar a sociedade e fazer um trabalho de pressão e convencimento junto aos parlamentares no Congresso", afirma a professora Gilka Pimentel, vice-presidente do ADURN-Sindicato e diretora do PROIFES-Federação ao comentar a iniciativa da ANFIP em disponibilizar um link para envio de mensagens aos parlamentares.
ADURN

PRESIDENTE DO CPC/RN, EDUARDO VASCONCELOS SE ENCONTROU RAPIDAMENTE COM O SEC/RN, GETÚLIO FERREIRA E AGENDA AUDIÊNCIA PARA 3ª SEMANA DE ABRIL, CONFIRA A MATÉRIA!

Eduardo Vasconcelos, presidente do Centro Potiguar de Cultura - CPC/RN e professor GETÚLIO FERREIRA, Secretário Estadual de Educação do Estado do RN

Ontem (04) o presidente do CENTRO POTIGUAR DE CULTURA - CPC/RN, Eduardo Vasconcelos esteve na Secretaria Estadual de Cultura - SECD/RN para marcar uma audiência com o Secretário, Getúlio Ferreira, quando no mesmo instante que chegava se deparou com o próprio e em uma rápida conversa o secretário o orientou a marcar uma audiência, propondo inclusive que o mesmo falasse com a responsável da agenda para que encaixasse para a terceira semana, já que a próxima o mesmo estará toda a semana que vem com diretores do Banco Mundial.

Eduardo Vasconcelos agradeceu o carinho e atenção do secretário e aproveitou para parabenizá-lo e desejou sucessor e progresso em sua nova missão, o qual o secretário agradeceu e autorizou a secretária agendar a audiência, que ficou marcada para terceira semana de abril, onde o CPC/RN levará um calendário de ações e eventos, que serão desencadeados até o final de 2019 e pedirá com certeza apoio da secretaria para concretizações dessas ações/eventos.

Eduardo Vasconcelos o agradeceram e logo após ambos posaram para a foto.



Destinos de Páscoa e seu menu de doces atrativos

Cada vez mais os destinos brasileiros investem em atrativos para dinamizar o turismo no ano inteiro. As comemorações da Páscoa estão entre os eventos que ampliam o fluxo de turistas durante o feriado prolongado, inclusive para cidades onde o foco das celebrações é o chocolate, juntamente com o significado religioso da Semana Santa. Das plantações de cacau às fábricas de chocolate, curtir o feriado da Páscoa nos destinos onde a produção de chocolate virou um atrativo é uma viagem cheia de sabores e descobertas.
“Para ser competitivo, o destino precisa ser inovador e ofertar produtos diferenciados que atraem visitantes o ano todo, girando a economia local. A Páscoa tem se revelado uma excelente oportunidade para dinamizar o turismo, tanto nas cidades que celebram as tradições religiosas da época, como nos roteiros que elegeram o chocolate como motivo da celebração”, diz o secretário nacional de Desenvolvimento Competitividade do Ministério do Turismo, Aluizer Malab.
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Amêndoas de cacau em preparação nas fazendas baianas. Foto: Ana Lee/Divulgação MTur

A Costa do Cacau, na região de Ilhéus (BA), é uma das rotas mais doces e saborosas do turismo brasileiro. Além de destino de sol e mar e dos atrativos que fazem parte da obra literária do escritor Jorge Amado, a região também oferece um tour pelas fazendas que produzem a matéria-prima do chocolate. A Rota do Chocolate proporciona ao turista uma imersão na história, cultura e gastronomia do Sul da Bahia. A implantação da Estrada do Chocolate, entre Ilhéus e Uruçuca, proporciona aos turistas a experiência de conhecer o processo de produção do cacau, desde as plantações à seleção e secagem das amêndoas, até a transformação em chocolate.
A vivência passa pelas fazendas tradicionais de cacau, entre elas, Yrerê, Riachuelo, Capela Velha e Provisão; casarões históricos dos antigos coronéis que dominaram a economia e política da região; produção caseira; e fábricas de chocolates, além de degustação da iguaria. O turismo sustentável nas fazendas de cacau, com visitas guiadas, hospedagem e comida típica, tem sido uma das fontes mais rentáveis para os produtores de Ilhéus e região. Além das plantações de cacau, a região é rica em sítios históricos e atrativos naturais, como cachoeiras e áreas de preservação.
Longe das plantações de cacau, o chocolate é o atrativo principal da Chocofest, em Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, que de 11 a 21 de abril celebra a magia da Páscoa no Planeta das Guloseimas. Pelas ruas do centro, se reúnem personagens como o Conde Guloseima, a Condessa Doçura e a Vovó Duquesa em vários espetáculos com dezenas de atrações voltadas para adultos e crianças. Os desfiles temáticos contam com coelhos, carros alegóricos, música e muita diversão. O Desfile de Páscoa, momento de alegria e interação com os visitantes, será realizado nos dias 13, 14, 20 e 21 de abril às 15h30min. São esperados mais de 100 mil turistas nos 10 dias de festa.
O Rastro do Coelho, com caça ao ninho, é garantia de diversão. A brincadeira, que promete muita aventura, será no Parque Aldeia do Imigrante com centenas de ovos de chocolate escondidos, de todos os tamanhos. O cenário de magia se completa com a decoração especial da cidade. O envolvimento da comunidade resulta nas árvores enfeitadas com ovos coloridos. Já na Fábrica de Ovos, são customizados os ovos usados na Osterbaun, uma grande Árvore de Páscoa no centro da festa e atração turística da cidade de colonização alemã. Haverá, ainda, a exposição Ovos do Mundo, com ovos gigantes e coloridos que retratam a celebração da Páscoa em vários países.
Esta será a 21ª edição da Chocofest, que já passou por Gramado e Canela, na Região das Hortênsias, também na Serra Gaúcha. Os dois destinos de inverno estão entre os mais visitados do Brasil e têm o chocolate como um dos atrativos turísticos. O Mundo do Chocolate, em Gramado, é um deles. A visita ao museu leva a lugares que são ícones universais do turismo, representados em mais de 200 esculturas de chocolate, como a estátua do Cristo Redentor. O Reino do Chocolate é outro espaço temático de Gramado dedicado ao chocolate, inclusive com produtos de beleza. Desde o povo Asteca, o chocolate era considerado uma bebida dos deuses. Entre outros destaques, o coelho gigante, na entrada do parque, tem 2,5 metros de altura e 1.640 quilos de chocolate.
Outros destinos de clima ameno espalhados pelo Brasil também oferecem o chocolate como atrativo aos visitantes. É o caso da Vila do Chocolate, em Campos do Jordão (SP). Na Região Serrana do Rio de Janeiro, a visita à cidade imperial de Petrópolis, entre outros atrativos turísticos, termina em uma tradicional fábrica de chocolate. Já em Vila Velha (ES), o passeio para conhecer o museu e a fábrica de um dos chocolates mais populares do Brasil também faz parte do roteiro turístico de quem visita à cidade, ao lado da capital, Vitória. Quem sobe a serra capixaba não se decepciona com as inúmeras opções de atrativos em destinos como Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante.
Assim como as cidades do Espírito Santo, de colonização europeia, em Santa Catarina, os destinos de cultura alemã realizam a Festa de Páscoa. A Osterdorf (Vila de Páscoa), em Blumenau, vai até 21 de abril com decoração inspirada nas tocas de coelho. O parque da cidade concentra as atrações da época mais doce do ano em torno da Osterbaum (árvore de Páscoa). A vizinha Pomerode, que celebra a 11ª Osterfest, considerada a Páscoa mais alemã do Brasil, também conta com a maior árvore de Páscoa (Osterbaum) do mundo, feita com 80 mil casquinhas de ovos naturais, além da Ostermarkt, Feira de Páscoa, com artesanato e artigos de decoração, comidas típicas e apresentações de grupos folclóricos, entre outras atrações.
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Cidades viram um imenso “parque” de Páscoa para turistas. Foto: Chocofest 2018

Edição: Vanessa Sampaio

O menino que descobriu o vento

Baseado na história real do malawiano William Kamkwamba, O Menino que Descobriu o Vento. Alerta, nesse texto contém spoilers. Do mesmo diretor de 12 anos de escravidão, Chiwetel Ejiofor, o filme constrói uma longa ponte de contextualização e explicações para o título, que torna-se uma realidade.
Desde de o começo podemos observar o descaso do governo com o povo. O governo promete riqueza e alimentação, mas logo ao assumir desmata as terras. Com poucas árvores, as enchentes tomam conta das plantações, e a colheita para os dias de seca não acontece, deixando o povo na miséria. Parte da população se sente enganada, sem dinheiro, sem um governo que olhe para as minorias e sem ter o que comer.
Passada as eleições, o presidente retorna ao vilarejo, em palanque para agradecer os votos e mascarar a fome. O líder da comunidade, então, o desmente e diz para toda a população que nada do foi prometido está sendo cumprido. Descontente, com a oposição, o presidente manda seus capangas acabar com a vida do velho líder do vilarejo.
Todo aquele que vai contra o governo, é punido.
De forma breve e muito mais superficial do que o próprio filme, digo: a estrela do filme é pequeno William Kamkwamba que buscou ensinamento nos livros. Foi escondido a única e pequena biblioteca da comunidade. Passa-se mais de um uma hora e meia de filme e William ainda está em busca de construir o seu projeto que dá nome ao filme. A narrativa detalhista evidencia as relações familiares e principalmente a estima de perseverança independente da pouca credibilidade de um menino de 13 anos perante os adultos. William, provou para o pai e todo o vilarejo de que ele poderia trazer água e consequentemente, comida. Foi contra o governo e até mesmo contra o seu pai.
Munido apenas de livros, descobriu o vento, trouxe água e vida ao vilarejo. Provou que só a educação salvará o mundo.
Qualquer diferença com o atual governo, não é mera coincidência.

Povos indígenas ganham nova frente no Congresso Federal

Foto: Mídia NINJA



Aconteceu hoje, no Congresso Nacional, o lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, que conta com 219 deputadas e deputados federais e 29 membros do Senado. A deputada federal Joênia Wapichana falou sobre a importância da Frente.
“Ela tem o objetivo de trazer para o Congresso um grupo de deputados e senadores para fazer frente ao retrocesso e ataque que os povos indígenas já estão sofrendo, ela tem a missão de resguardar os direitos constitucionais dos povos indígenas”.
Joênia, a primeira mulher indígena eleita deputada federal no Brasil, será coordenadora da Frente na Câmara dos Deputados, enquanto o senador Randolfe Rodrigues (REDE/AP) fará o mesmo papel no Senado. A Frente é de grande importância para o atual momento político, em que os direitos indígenas garantidos pela Constituição Federal estão sendo usurpados, além da crescente violência contra os povos indígenas, devido a disputa por terras e preconceitos.
Foto: Mídia NINJA
Foto: Mídia NINJA
Foto: Mídia NINJA
O lançamento contou com a presença de Raquel Dodge, Procuradora Geral da República, lideranças indígenas como Sonia Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB, movimentos em defesa dos direitos indígenas e também do meio ambiente. A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também compareceu ao evento.
Joênia ressaltou a importância de estar em um espaço de poder e dar voz aos povos indígenas, que sempre lutaram pelos seus direitos, como a demarcação de terras, a saúde e a educação, que estão sendo prejudicados também com as políticas do governo vigente, que já tentou municipalizar a saúde indígena. Após forte mobilização realizada por milhares de pessoas em todo o Brasil, Ministro da Saúde voltou atrás e manteve no escopo federal os cuidados com a saúde dos povos originários do Brasil.
A Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas é uma vitória para os mais de 2450 povos indígenas que vivem no Brasil, em cidades e áreas rurais, que contam com mandatária indígena após mais de 30 anos sem representatividade no Congresso Nacional. Antes de Joênia, somente o indígena xavante Mário Juruna foi deputado federal, entre 1983 e 1986. Essa é uma vitória não somente para a população indígena, mas também para os Direitos Humanos e em defesa da vida digna e com respeito para os povos originários. Sônia Guajajara falou sobre a importância do mandato de Joênia Wapichana.
“A invisibilidade política dos nossos povos foi durante 30 anos, sem presença indígena aqui, e agora a gente, querendo ou não, estamos entrando pela porta da frente, e a Joênia liderando todo esse processo de defesa dos direitos das nossas lutas.”
Foto: Mídia NINJA
Foto: Mídia NINJA
Foto: Mídia NINJA

Fonte: MÍDIA NINJA

“Fé em Deus, DJ”: Rennan é símbolo da repressão da cultura na favela

Foto: Reprodução // Facebook

De março de 2017 até dezembro de 2018, 18 eventos de rua foram alvo da truculência policial na cidade do Rio de Janeiro, segundo dados do Defezap.

por Samuel Costa / Mídia NINJA
Em 1995, Cidinho e Doca se eternizaram com o funk Eu só quero é ser feliz, que cantava pelo direito à vida digna, a paz e ao lazer dos moradores de comunidade no Rio de Janeiro. Quase 25 anos depois, o mundo do funk é pego de surpresa com a prisão do DJ Rennan da Penha, que era um dos organizadores do Baile da Gaiola, que acontecia na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio. Como se pode ver pela data de lançamento da música, a violência contra a cultura nas comunidades é uma realidade antiga, mas para muitas pessoas que vivem nas comunidades, a sensação é de que a situação tem piorado nos últimos meses.
De acordo com dados do Defezap, coletivo que até janeiro deste ano trabalhava com o registro de casos de abusos de poder nas favelas, de março de 2017 até janeiro de 2019 foram registrados 22 casos de repressão a eventos culturais em comunidades da cidade do Rio, com provas em vídeo da repressão. Desse total, 11 eram bailes funk. Somente na primeira quinzena de janeiro deste ano, enquanto o coletivo ainda estava em operação, foram registrados dois casos de repressão a bailes funk na capital fluminense. Os relatos, após o período acompanhado pelo grupo de defesa dos direitos humanos, no entanto têm sido frequentes.
“Diversão hoje em dia não podemos nem pensar”
Um produtor cultural, ouvido pela Mídia NINJA que por motivos de segurança não será identificado, relatou que um DJ que trabalhava em seu baile chegou a ser levado para delegacia, onde teria sido mantido preso por cerca de oito horas. O episódio aconteceu em um domingo de janeiro e além da intercepção do DJ, os agentes também destruíram toda a estrutura da festa. O organizador afirma que eles passaram com o caveirão (carro blindado da polícia) por cima dos equipamentos de som e das barracas de cerveja durante a montagem da festa. Após o atentado, os policiais teriam alegado que o evento não poderia acontecer porque “gerava problemas no dispersamento das pessoas na manhã de segunda-feira”.
Há cerca de um mês, em Niterói, região metropolitana do Rio, um produtor morreu após ter sido ameaçado e ter visto todo o seu equipamento ser destruído pelos policiais. De acordo com os relatos do acontecimento, os agentes teriam afirmado que levariam o organizador do baile para a delegacia, caso ele não pagasse o “arrego”. As cenas de violência que se seguiram foram tão fortes, que o produtor acabou tendo um infarto e falecendo no local. Ambos os casos aconteceram após a desativação da operação do Defezap e não foram computados pelo grupo.
Na semana retrasada, Rennan da Penha foi considerado culpado em um processo que o acusa de ser olheiro do tráfico na região. O processo corre desde 2016. À época ele chegou a ficar encarcerado durante seis meses, mesmo sem saber o motivo pelo qual ele era investigado. A juíza da primeira instância entendeu que ele é inocente, devido a falta de provas. Neste ano, porém, a Justiça reverteu a decisão, após a análise de um recurso apresentado pelo Ministério Público. O processo ganhou repercussão e o DJ recebeu apoio de amigos, fãs e ativistas em ato realizado no Circo Voador, na Lapa, região central do Rio nesta quinta-feira, 28. No dia seguinte, a Justiça expediu o mandado de prisão de Rennan e mais 11 pessoas.
“Pois até lá nos bailes, eles vêm nos humilhar”
“Agora nós temos um governador que assumiu publicamente uma cruzada contra os bailes funk”, diz Salvino Oliveira, ativista do movimento de favelas. “Parece que isso legitima muito a violência do agente que está na ponta. (…) o que faz os casos serem mais recorrentes e mais violentos”, completa. Para MC Moisés da Torre, que esteve presente no ato em apoio a Rennan, a repressão tem se intensificado não somente sobre o funk, mas sobre os diversos eventos culturais que acontecem na favela. “Eu acredito que o governo está se tornando pessoal ao ponto de perseguir não só o funk, mas da favela em si”, afirma.
Para Thainã Medeiros, do coletivo de mídia comunitária Papo Reto, “Rennan é um símbolo”. Ele afirma que pelo fato de o DJ ser conhecido, o seu caso acabou ganhando uma projeção maior nos espaços de mídia, mas que outros locais passam por abusos semelhantes. Medeiros lembra de outro caso que aconteceu também na Vila Cruzeiro, a menos de um mês, quando um show do grupo Poesia Acústica foi interrompido após a chegada de policiais realizando disparos. “Eles tinham autorização, estava tudo certo para fazerem o show ali”, diz. Essas são uma das poucas oportunidades de muita gente ir a um show de graça”, pondera Salvino Oliveira. “Quem de uma área miserável do Complexo da Penha teria a oportunidade de ouvir o Poesia Acústica de graça?”, questiona.
Oliveira, que mora na Cidade de Deus, diz que esse tipo de acontecimento afeta psicologicamente as pessoas que vivem nas comunidades, assim como, quem frequenta, organiza ou se apresenta nos eventos. O ativista relata que a depender do grau de violência, os eventos deixam de ser organizados por longos períodos de tempo, por medo das pessoas. “Na Cidade de Deus, por exemplo, as pessoas já associam o barulho de helicóptero com operação, o que é bastante grave, já que lá é rota dessas aeronaves e tem um trânsito bastante grande delas”, afirma.
“Pessoas inocentes, que não tem nada a ver, estão perdendo hoje o seu direito de viver”
“A gente já trabalha esperando que no dia seguinte aconteça alguma coisa”, revela o produtor cultural da zona oeste ouvido pela reportagem. Ele relata que o estado de vulnerabilidade é grande. “Mesmo fazendo tudo dentro da legalidade é complicado quando é na comunidade. A gente não tem respaldo do Estado”, diz. Segundo ele, na comunidade onde atua, é quase certo que a polícia apareça na segunda-feira após o baile e destrua os equipamentos e barracas. As perdas materiais tem custo alto, há perda de aparelhagem de som, equipamento de iluminação, além das mercadorias dos barraqueiros e ambulantes. De acordo com os números do Defezap, dos 22 casos registrados, apenas dois não resultaram em danos materiais.
“Tem muita gente que vive disso [dos eventos]”, diz o produtor, que explica que muitos trabalhadores têm feito dos eventos de rua a sua fonte principal de sustento. “Na minha equipe eu tenho uma advogada e uma assistente social que passaram a colaborar depois de terem perdido o emprego, por exemplo. Mas para além da equipe de organização, que no caso desse produtor é formada por sete pessoas, os eventos envolvem muitos trabalhadores no comércio de bebida e comida. No baile da zona oeste são quase 400 pessoas que trabalham nas 200 barracas de cerveja e comida, segundo informou o organizador. Já o Baile da Gaiola – que existe há dez anos e recebe uma média de 20 mil pessoas – os números são maiores: são mais de 600 trabalhadores nas barracas, sem contar os 25 da equipe de Rennan.
“Nunca vi cartão postal que se destaque uma favela”
Mesmo diante de um quadro que se apresenta positivamente em termos socioeconômicos, o apoio do Estado, porém, parece cada vez mais distante.Um estudo, feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2009 (o mais recente encontrado), estimou que apenas os bailes realizados em espaços públicos das comunidades geravam, no total,um faturamento mensal de R$ 737,1 mil para Mc’s, DJs e equipe de som. Segundo o produtor da zona oeste, o baile que organiza costuma atrair até mesmo pessoas que não moram na comunidade. Ele afirma que em casos, como o que resultou na prisão do DJ que trabalhava em sua festa, acontecem com o intuito de afastar os frequentadores. “É um claro recado dos policiais para dizerem que a festa não vai acontecer”, diz.
Em entrevista, Leleco, empresário de Rennan da Penha, afirmou que o caso do Rennan tem o objetivo de acuar os organizadores de bailes. “Ele já havia sido inocentado, acredito que eles retomaram com isso porque ele ganhou projeção”, diz. Quando subiu no palco do Circo Voador para prestar apoio ao seu colega de trabalho e amigo, ele incentivou que a comunidade do funk se una para se defender das ofensivas do Estado. “Isso aqui não é só pelo Rennan, é pelo nosso ritmo que é tão perseguido!”, disse o empresário.