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terça-feira, 27 de novembro de 2018

II NOITE DAS HOMENAGENS É ADIADO PARA O DIA 30 DE DEZEMBRO!!!

LOGOMARCA DO CPC/RN
O Centro Potiguar de Cultura - CPC/RN, INFORMA que a II NOITE DAS HOMENAGENS, que seria realizado no dia 30 de novembro, foi adiado para o dia 30 de dezembro (local a ser confirmado), em virtude de alguns HOMENAGEADOS justificarem suas suas ausências na data que seria 30/11. 

Desde já, agradecemos a compressão de todos/as!

Atenciosamente,

DIRETORIA DO CPC/RN

Ouça “História Hoje” 27/11/: Há 47 anos, morria o jornalista Aparício Torelli, o Barão de Itararé

Ele foi o pioneiro do humorismo político, além de jornalista e um frasista de primeira…
O irreverente Aparício Torelly, o Barão de Itararé, morreu em 27 de novembro de 1971.
Apresentação José Carlos Andrade

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Biografia

Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly

Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, nasceu na cidade de Rio Grande, no interior do Estado do Rio Grande do Sul, um local próximo à fronteira com o Uruguai, no dia 29 de janeiro de 1895. Em 1906 
matricula-se, como interno, no Colégio Nossa Senhora da Conceição, em São Leopoldo-RS, onde faz o seu primeiro jornal manuscrito, intitulado “Capim Seco”, com tiragem de um exemplar, em 1909. Deixa o colégio após cursar o 5º. ano ginasial, em 1911. Anos depois, por pressão familiar, matricula-se na Faculdade de Medicina de Porto Alegre-RS. 

“Pontas de Cigarros”, “versos diversos” e “poemas bem humorados”, o primeiro e único livro com seu nome verdadeiro, é publicado em 1916. Em 1918, durante suas férias, sofre um derrame quando andava a cavalo na fazenda de um tio. Face ao problema surgido, abandona a Faculdade no 4º. ano e inicia viagens pelo interior do estado, fazendo conferências sobre diversos assuntos. Publica sonetos e artigos em jornais e revistas, como: “Kodak”, “A Máscara” e “Maneca”. A partir de então, dedica-se exclusivamente ao jornalismo. Nessa mesma época funda “A Noite e a Reação”, “A Tradição” e ” O Chico”, seu primeiro jornal de humor. Casa-se com Alzira Alves, com quem tem três filhos: Ady, Ary e Arly.
 Já separado, em 1925, muda-se para o Rio de Janeiro. Começa a trabalhar no jornal “O Globo” como articulista, tendo como padrinho Irineu Marinho, Director-proprietário daquele matutino. Com sua morte, naquele mesmo ano, Aparício Torelly desliga-se do jornal e, a convite de Mário Rodrigues (pai de Nelson Rodrigues), ex-secretário do Correio da Manhã, começa a escrever uma coluna na primeira página da que, no futuro, seria “A Manhã”. Com ele vai Andres Guevara, ilustrador, que conhecera há pouco. No dia 2 de janeiro de 1926 estréia n'”A Manhã” com a coluna intitulada “A manhã tem mais…”, assinada sob o pseudônimo de Apporelly. Diante da boa receptividade que obteve, o humorista é levado a criar outra coluna, também na primeira página. Aproveitando-se da data, em 13 de maio de 1926 abandona o emprego e funda seu próprio jornal, “A Manha”, um tablóide de circulação nacional. O jornal é um sucesso completo, superando as fórmulas já velhas conhecidas dos leitores, como “O Malho”, “Fon-Fon” e “Careta”.
Historia contada sobre o autor: Corria o ano de 1928. Em Porto Alegre, uma conferência sobre pesquisa para descobrir a causa da febre aftosa (doença que ataca o gado) mobilizava um público atento. Getúlio Vargas, então deputado no Distrito Federal (Rio de Janeiro), estava presente. O conferencista, dono de argumentação técnica consistente, impressionava. No encerramento, disse:
— É imperioso que desenvolvamos esse tipo de pesquisa, para benefício do Brasil, pois que uma vacina eficaz contra a aftosa tem grande significado económico.
Criado o clima de “gran finale”, aumentou a voltagem atmosférica, ao desafiar, subitamente:
— Afinal de contas, quem é que somos nós? Repito: quem é que somos nós?
Ato contínuo, frente a uma plateia literalmente hipnotizada, o conferencista começou a dançar e a cantar o conhecido hino: “Nós somos da pátria amada, fiéis soldados…”. E dançando e cantando saiu da sala.
Em 1929 “A Manha” circula como encarte semanal do jornal “O Diário da Noite”, por quatro meses. O jornal, do conhecido Assis Chateaubriand, na primeira semana dobra a tiragem, vendendo 15.000 exemplares, até atingir a marca de 125.000 exemplares na data da publicação do programa da Aliança Liberal. Sempre irreverente, em 1930, com a revolução, o autor proclama-se Duque de Itararé, herói da batalha que não houve. Semanas depois, rebaixa-se a Barão como prova de modéstia. No dia 02 de Setembro de 1932 é preso pela 4º. delegacia auxiliar (responsável pela ordem política e social), após “delirante actividade revolucionária” mantida nas páginas d’ “A Manha” e constantes estocadas contra o governo instalado pela revolução.
O ano de 1934 marca a abertura do “Jornal do Povo”, em Outubro, em companhia de Aníbal Machado, Pedro Mota Lima e Osvaldo Costa. Nos dez dias em durou, o jornal publica em fascículos a história de João Cândido, um dos marinheiros da revolta de 1910. O Barão é sequestrado e espancado por oficiais da marinha nunca identificados. Depois do atentado retorna à redacção e afixa uma placa na porta: “Entre sem bater”.
Preso, novamente, em 09 de Dezembro de 1935, por ser militante e um dos fundadores da Aliança Nacional Libertadora, permanece “em cana” durante todo o ano de 1936, primeiro a bordo do navio presídio D. Pedro I, depois na Casa de Detenção do Rio de Janeiro; juntamente com Hermes Lima, Eneida de Morais, Nise da Silveira e Graciliano Ramos. Dona Zoraide, sua segunda mulher, falece nesse ano.
Este último, em “Memórias do Cárcere”, referiu-se por diversas vezes ao Barão, tendo dito: “… Ao fundo, Apporelly arrumava cartas sobre uma pequena mesa redonda, entranhado numa infinita paciência. Avizinhei-me dele, pedi notícias do livro que me anunciara antes: a biografia do Barão de Itararé. Como ia esse ilustre fidalgo? A narrativa ainda não começara, as glórias do senhor barão conservavam-se espalhadas no jornal. Ficariam assim, com certeza: o panegirista não se decidia a pôr em ordem os feitos do notável personagem.”
Mas suas citações sobre o Barão em seu famoso livro desagradaram a amigos do enfocado, como se pode perceber nas declaração de Carminda de Azevedo Mendes Steed, amiga de Apparício: “…E quem leu “Memórias do Cárcere” e quem conheceu o Apporelly, fica com uma bruta duma raiva do seu Autor, o insigne, amargo, festejado, realista, seco como o sertão — ah, um cactos o cáustico Graciliano, quando relata o dia a dia de seus companheiros presos e onde focaliza um Apporelly piadista, loquaz e festeiro, durante o dia sempre tentando levantar o moral de todo o mundo e um pobre desvalido, acometido de tremuras e suadeiras à noite como que atrapalhando, incomodando o repouso de seus companheiros. Um covarde travestido de bufo? Não seria isso mesmo que a gente lê nas entrelinhas?”. E concluía: “…Sabia lá Graciliano se essas noites nos dormitórios extensos de altas paredes e silêncios seculares onde o interno de São Leopoldo, nas mãos daqueles Mestres (que Ele, convenhamos, amava) alemães e jesuítas, como se não bastasse serem só alemães ou só jesuítas, aquele menino carente e vulnerável, órfão de mãe e premiado por um pai truculento e lacónico, ou seriam essas noites no Pedro I não o reflexo de sua infância já tão antiga, mas, a realidade do aqui e agora da infância e adolescência de seus filhos — sem mãe também e jogados às traças por um amigo desleal a quem Apporelly os confiou.”
Solto em 21 de Dezembro de 1936, com outros 100 presos, reabre “A Manha”, que só consegue funcionar por um ano, sob severa censura do DIP. Casa-se, pela terceira vez, com D. Juracy, que lhe dá mais um filho, Amy Torelly.
Janeiro de 1938 marca sua volta ao “Diário de Notícias”, do Rio de Janeiro, e da coluna “A manhã tem mais…”, onde colabora por quase seis anos. No dia 27 de Janeiro de 1939 é preso novamente por três dias. O facto se repetirá diversas vezes até o fim do Estado Novo.
  1. Juracy, sua esposa, falece em 1940, ao dar à luz àquele que seria seu segundo filho com ela. A criança também falece. Apporelly retira-se para uma chácara em Bangu, no Rio, cedida pelo industrial Guilherme da Silveira Filho, e ali instala um laboratório onde desenvolve pesquisas sobre a vacina contra a febre aftosa, baseado em teorias de Pasteur. Sua filha Ady morre em 1943, vítima de complicações pós-operatórias provocadas pela extração do apêndice.
Homenageado com um jantar na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), por amigos e jornalistas, em 1944, pelos seus 25 anos de jornalismo, no ano seguinte o Barão encabeça, no ano seguinte, um abaixo-assinado por liberdades democráticas. Ressurge “A Manha” com enorme sucesso, superando o que havia feito nas décadas de 20 e 30, contando com a colaboração de renomados escritores, tais como: José Lins do Rego, Sérgio Milliet, Rubem Braga, Raimundo Magalhães Jr. e Álvaro Lins. Arnon de Melo assume a área comercial do jornal e incentiva o aparecimento da figura do Barão como garoto-propaganda. Participa ativamente da campanha de Yedo Fiuza, candidato oficial do Partido Comunista Brasileiro (PCB) à presidência da República.
Candidata-se à Câmara do Distrito Federal pelo PCB e, provando sua popularidade, é o oitavo mais votado de sua bancada, a qual obtém maioria na Câmara de Vereadores. O slogan da campanha foi: “Mais leite, mais água, mas menos água no leite — Vote no Barão de Itararé, Apparício Torelly.” A convite de Luiz Carlos Prestes, passa a colaborar com a “Folha do Povo”. Faziam parte da equipe Carlos Drummond de Andrade, Di Cavalcanti, Jorge Amado e o jovem Sérgio Porto (posteriormente conhecido como Stanislaw Ponte Preta). No final do ano o registo do PCB é cassado e seus representantes eleitos perdem seus mandatos.
Fortuna, um dos melhores humoristas que este país já teve, disse: “…Se, primeiro por inexistência e depois por criancice, não o alcancei nos anos 30, nem por isso ele deixou de me alcançar através d’ “A Manha” de 46, “o único quintaferino que sai às sextas”. Ele podia achar o máximo essa autogozação, mas em São Luís do Maranhão eu tinha que reciclá-la para “o único quintaferino que chega dois meses depois”. Parece que devido a gastos de guerra estava em vigor o racionamento de troco. “A Manha” custava um passe de bonde. Eu ia para o colégio a pé, rindo. Sou-lhe grato por ter amenizado as ladeiras que por sua causa tive que subir.” Em virtude de problemas financeiros, “A Manha” deixa de circular, em 1948.
O Barão associa-se a Guevara e lança o primeiro “Almanhaque” ou “Almanaque d'”A Manha” em São Paulo (1949). Com o sucesso do lançamento, anima-se o Barão e, em 1950 “A Manha” volta a circular, editada em São Paulo, onde o humorista passa a viver por algum tempo, ou seja, até setembro de 1952, quando o jornal deixa de circular, definitivamente.
Em 1955 lança dois “Almanhaques”, no 1º. e 2º. semestres. Colabora com o jornal “Última Hora”. Velho e cansado, fixa-se novamente no Rio e casa-se, pela quarta e última vez com Aida Costa, que teve fim trágico anos depois.
Viaja pela China, em 1963, a convite do governo de Pequim, com passagem por Praga e Moscovo. Nos anos seguintes (1964/1970), dedica-se a seus “horóscopos biônicos” e “quadrados mágicos”. Passa a maior parte do tempo estudando e vive só em um pequeno apartamento em Laranjeiras, bairro do Rio de Janeiro.
Carminda diz mais: “…Esclerose — só é! Sentenciavam alguns sectários, donos da verdade. Pureza, alma sensível, gentil. Carácter impoluto. Teve dignidade por toda sua vida — respeito por todo mundo e por todas coisas. E teve dignidade ao morrer. Morreu sozinho para não sofrerem por ele enquanto estava morrendo.”
No dia 27 de Novembro de 1971, falece aos 76 anos de idade, Apparício Torelly.
Livros Publicados:
Do Autor:
– Pontas de Cigarros, Apparício Torelly, Rio de Janeiro – 1925
– “O Globo” – Rio de Janeiro – 1925 – artigos
– “A Manhã” – Rio de Janeiro – 1926 – artigos
– “A Manha” – Rio de Janeiro – 1926-1952 – artigos
– “Jornal do Povo” – Rio de Janeiro – 1934 – artigos
– “Avante”, “Homem Livre”, “O Povo” – RJ – Década de 30 – artigos
– “Diário de Notícias” – Rio de Janeiro – 1938-1942 – artigos
– “Almanhaque” – São Paulo – 1949 – 1º. semestre
– “Almanhaque” – São Paulo – 1955 – 1º. semestre
– “Almanhaque” – São Paulo – 1955 – 2º. semestre
– “Última Hora” – São Paulo – 1955-1959 – artigos esparsos
– “Almanhaque” – Agência Studioma Editora – São Paulo – 1989 (reedição de 1955)
Sobre o Autor:
– “Apporely Cientista”, in Revista Diretrizes, 06/03/1941 – Otávio Malta
– “O único Barão da República”, in Realidade, janeiro/1970 – Fortuna
– “Barão de Itararé” – Leandro Konder, Edit. Brasiliense – São Paulo/1983
– “O Barão de Itararé” – Ernani Só, Porto Alegre/1984
– “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé” – Afonso Felix de Souza (org) – Editora Record – Rio de Janeiro/1986
– “As duas vidas de Apparício Torelly”, Cláudio Figueiredo, Editora Record – Rio de Janeiro/1987
História Hoje: Programete sobre fatos históricos relacionados às datas do calendário. Vai ao ar pela Rádio Brasil Cultura de segunda a sexta-feira.

O colombiano Defensor do Escola sem Partido será ministro da Educação

Indicado por Jair Bolsonaro para comandar o Ministério da Educação, o filósofo colombiano de ultradireita Ricardo Vélez Rodríguez é conhecido pela ojeriza ao marxismo e exaltação da ditadura militar de 1964.
Por Iberê Lopes*
Antes de ser anunciado, o nome de Vélez teve a benção da bancada evangélica que havia vetado o educador Mozart Neves, diretor do Instituto Ayrton Senna, para o cargo. Mozart é um crítico do projeto Escola sem Partido, uma das principais bandeiras do presidente eleito.
Professor emérito da escola de elite do Exército, Vélez coleciona um histórico de opiniões polêmicas que podem ser visualizadas em seu blog. O discurso alinhado com as ideias de Bolsonaro inclui o combate ao “esquerdismo” na educação e o rechaço a discussão de gênero nas escolas.
Sobre o período da repressão política promovida pela ditadura militar de 1964, que nomeia como “revolução”, ele já chegou a afirmar que “as Forças Armadas foram chamadas pela sociedade civil, a fim de que corrigissem o rumo enviesado pelo que o populismo janguista tinha feito enveredar a nau do Estado”.
O posicionamento favorável de Vélez ao período da repressão militar foi rechaçado pela candidata a vice-presidente no último pleito, Manuela D’Ávila (PCdoB). “Não, Ministro. Não há o que comemorar no Golpe de 64. Temos que apenas que conhecer suas barbaridades, para que algo daquele tipo nunca mais aconteça”, escreveu Manuela em sua conta no Instagram.
Ao fazer elogios ao projeto Escola sem Partido, em artigo publicado em 2017, Ricardo Vélez Rodríguez disse que a educação familiar jamais poderia ser substituída pelo Estado. “Esta é uma providência fundamental. O mundo de hoje está submetido, todos sabemos, à tentação totalitária, decorrente de o Estado ocupar todos os espaços, o que tornaria praticamente impossível o exercício da liberdade por parte dos indivíduos”.
Um dos líderes da bancada evangélica, o deputado Lincoln Portella (PR-MG) diz que a frente parlamentar foi contemplada com a escolha do novo ministro da Educação. “Estou muito satisfeito. Resolve a questão bem, na perspectiva das frentes parlamentares evangélica e católica. Na minha avaliação, contempla a bancada cristã. Não apenas pelas posições ideológicas do novo ministro, mas também pela sua experiência e pelo conhecimento que tem na área de educação.”
De acordo com Bolsonaro, o ministro, que teve o aval do filósofo conservador Olavo de Carvalho, tem “ampla experiência docente e gestora”. As qualificações acadêmicas de Vélez para ocupar a pasta da Educação na verdade importam menos ao novo governo que tomará posse em janeiro de 2019.
Declarações de cunho doutrinador antimarxista refletem a verdadeira motivação para a ascensão de Vélez. Em um dos textos publicados, ele diz que é preciso limpar “todo o entulho marxista que tomou conta das propostas educacionais de não poucos funcionários alojados no Ministério da Educação. Isso para início de conversa”.
Doutora em Filosofia e mestre em História, Elika Takimoto salientou, ao criticar a indicação de Vélez, que há mais de vinte anos vive “percorrendo escolas estaduais, municipais, federais para dar palestras e aulas” sem nunca ter se deparado “com essa tal doutrinação”. “Quisera eu ter visto estudantes de escolas públicas entendendo o motivo pelo qual são desprezados pela classe política dominante e pela elite”, refletiu.
Elika acrescenta que é impossível negar “que a educação é e sempre foi um ato político. Não foram os “esquerdistas” (ou Paulo Freire) que inventaram isso. Ensinar é um ato político, a despeito de se ter ou não consciência disso. Não apenas os conteúdos que ensinamos, mas forma pela qual o fazemos”.
O colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, professor desconhecido na comunidade educacional, agradeceu em 7 de novembro a indicação de Olavo de Carvalho a Bolsonaro para a Pasta. Ele diz que é preciso “refundar” o Ministério da Educação e que será o ministro que tornará “realidade, no terreno do MEC, a proposta de governo externada pelo candidato Jair Bolsonaro”.
O escolhido por Bolsonaro destacou em seu blog a afinidade ideológica com o presidente eleito. Em um texto no qual exalta o dia 31 de março de 1964, marco do golpe militar no Brasil, Vélez pontuou que se trata de “uma data para lembrar e comemorar”. “Nos treze anos de desgoverno lulopetista os militantes e líderes do PT e coligados tentaram, por todos os meios, desmoralizar a memória dos nossos militares e do governo por eles instaurado em 64”, disse.
Candidato à presidência pelo PSOL em 2018, Guilherme Boulos questiona a postura antidemocrática do futuro ministro da Educação anunciado por Bolsonaro. “Velez Rodriguez diz que o golpe de 1964 deve ser comemorado. É esta a escola “sem partido” de que falam?”
Para o coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e membro do Fórum Nacional de Educação, Daniel Cara, a notícia da indicação de Vélez não acontece ao acaso, pois acompanha o avanço do projeto Escola sem Partido na Câmara dos Deputados. “Talvez não (seja) uma coincidência, mas uma estratégia. Ricardo Vélez Rodrigues tem o apoio dos militares, porque inclusive ele atua no âmbito de conselhos de escolas militares. Como também tem o apoio do Olavo de Carvalho, que é o ideólogo do governo Jair Bolsonaro”.
Daniel lembra que em 2017 Vélez defendeu o Escola sem Partido. Mas assinala que, assim como Olavo de Carvalho, o novo ministro acredita que a ideia de institucionalizar o projeto é uma ideia ruim e “preferem que seja um movimento da sociedade que atue em escolas, universidades combatendo o que eles chamam de marxismo cultural. Que é algo que eles inventaram”.
Segundo o líder da Bancada Comunista na Câmara, Orlando Silva (SP), “é deplorável a indicação feita para o Ministério da Educação do governo eleito. Alguém que propõe comitês de censura para os professores nas escolas é de um obscurantismo medieval, completamente inepto para o cargo”.
O anúncio de Ricardo Vélez Rodríguez para o Ministério da Educação, na noite desta quinta-feira (22), pelas redes sociais de Bolsonaro, levou em conta também as pesadas críticas ao Enem e políticas de inclusão social através do ambiente escolar. Nascido na Colômbia e naturalizado brasileiro em 1997, atualmente ele é professor-colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da UFJF.
*Especial para o Portal Vermelho