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Fiquem ligados nas ondas da Rádio Agreste FM - 107.5 - NOVA CRUZ, RIO GRANDE DO NORTE, todos os sábados: Programa "30 MINUTOS COM CULTU...

domingo, 25 de março de 2018

A censura absurda a um livro de cultura afro e o projeto de teocratização do Brasil. Por Cidinha da Silva

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O livro “Omo-Obá: histórias de princesas” (Mazza Edições, 2009) escrito por Kiusam de Oliveira e ilustrado por Josias Marinho, foi avaliado e adotado pela Gerência de Educação Básica do Sesi Volta Redonda, RJ.
A obra é recomendada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e foi uma das representantes do Brasil na Feira de Bologna, Itália (2010), maior do mundo no segmento. Foi ainda selecionada pelo PNBE 2011.
O fato de ser uma obra validada por diferentes especialistas, todavia, não impediu que “alguns pais”, segundo nota enviada pela coordenação pedagógica da escola a todos os pais e responsáveis, vetassem o livro e, pior de tudo, tivessem o pleito atendido por aquela coordenação. Dessa forma, o trabalho técnico dos colegas da Gerência de Educação Básica foi totalmente desconsiderado.
Uma mãe negra, Juliana Ferreira, cujo filho estuda no Sesi Volta Redonda indignou-se como o comunicado da escola dando conta da substituição do livro em resposta à reclamação de “alguns pais”. Juliana transformou a indignação em denúncia e uma rede de questionamentos ao Sesi e de apoio à obra se formou nas Web, pressionando a instituição a rever a decisão.
Entretanto, instituições de classe na defesa do livro, de editoras, da liberdade de expressão e do cumprimento da legislação que institui os conteúdos de história e cultura africana e afro-brasileiras nos currículos do ensino fundamental e médio premiram a mudança de postura do Sesi Volta Redonda.
A LIBRE – Liga Brasileira de Editoras encaminhou à FIRJAN – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, à qual a escola é filiada, nota em que argumentava: “A Mazza Edições, integrante da Libre e presente no mercado há mais de três décadas, é uma referência na publicação de obras literárias e científicas sobre cultura africana e afro-brasileira. Nesse sentido, a escolha da obra pelos professores da Escola Sesi indica um olhar atento para a diversidade étnica, para a bibliodiversidade e respeito à lei nº 11.645/2008 (referente à obrigatoriedade de estudo de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos diferentes níveis de ensino)”.
A Câmara Mineira do Livro foi mais incisiva e além da nota, da qual extraímos alguns trechos, telefonou para diretoria da FIRJAN cobrando mudança de posicionamento, nos seguintes termos: “Pelo que se depreende da leitura do restante da nota (da escola), o veto “de alguns pais” é de cunho religioso ou de intolerância étnica. Se, de fato, foi esta a motivação, é dever não só da escola, mas de todo o Sistema FIRJAN – cujo slogan é “Informa, Forma, Transforma” – esclarecer aos pais, à luz da Constituição Federal, que o art. 215, § 1°, dispõe: “O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”.
O que a escola não deve fazer é aceitar “questionamento de alguns pais” sem se dar ao trabalho de reuni-los, apresentar e mediar a obra, explicar a importância e a motivação pedagógica de sua adoção e esclarecer a firme posição (espera-se) da instituição em “informar, formar e transformar”. Para tanto, são importantes – deveria esclarecer a direção da escola – as escolhas literárias de boa qualidade; que não ofendem a lei nem crenças alheias e que apresentam a diversidade cultural dos povos fundadores da cultura brasileira.
Não menos grave é o fato de que a opinião de “alguns pais” se sobreponha ao trabalho de especialistas – pedagogos, professores, bibliotecários – qualificados ao longo de anos de estudos e pesquisas. Ao indicar um livro, esses especialistas levam em conta: adequação da obra à faixa etária a que se destina; compatibilidade com o projeto pedagógico; respeito à diversidade cultural; qualidade e diálogo entre texto e ilustração, entre outras características.”
O Brasil do golpe abre as porteiras para que as conquistas de espaço para a pluralidade de vozes e manifestações culturais nas escolas sejam violentamente atacadas por um projeto político de teocratização do Estado que demoniza as culturas negras, cuja abordagem a Lei 10.639/2003 (substituída pela 11.645/2008) convoca e protege.
Esse projeto prega que os africanos foram amaldiçoados, seus descendentes, sua história e cultura, também. Asseguram que isso está na Bíblia, baseando-se na certeza de um livro tido como incontestável.
No projeto de teocratização do Estado, existe um SNI das culturas negras, que trata de mapear educadoras e educadores comprometidos com a execução da Lei 10.639, perseguindo-os e dificultando-lhes o trabalho. Tudo passa a ser obra do demônio: as manifestações de culturas populares como a congada, a capoeira, o maculelê, o frevo, o maracatu, o jongo e tantas outras, esteio tradicional de música, canto, dança, medicina, culinária, artesanato, brincadeiras, encenações, festas e jogos. Todas são demonizadas junto com os saberes da Umbanda e do Candomblé.
Passam por cima da laicidade do Estado e promovem o racismo e a discriminação racial em nome de Deus e em detrimento dos direitos humanos e de cidadania. Em benefício da perpetuação do escárnio virulento à diversidade humana, verificado minuciosamente nas escolas e na educação brasileira.
Fonte: Diário do Centro do Mundo - DCM

LÁZARO RAMOS ESTREIA 13ª TEMPORADA DE “ESPELHO”

Nova leva de 26 episódios traz entrevistados que, por meio de uma pergunta, tentam encontrar soluções para suas relações pessoais e para o país
No dia 26 de março (segunda-feira), Lázaro Ramos estreia a nova temporada de “Espelho”. Idealizado e apresentado por ele há 13 anos, o programa semanal do Canal Brasil segue sua busca pela pluralidade, discutindo assuntos atuais e temas como democracia, cidadania e, claro, arte, educação e cultura. “O mote é buscar alternativas de relação, de convivência e na condução do país”, explica Lázaro, que fez a todos convidados a mesma pergunta: ‘O que você quer dizer de novo para o mundo?’. “Essa questão inspirou toda a temporada porque, na minha percepção, a gente tem que rever os contratos e não pensar apenas em diagnósticos, mas tentar encontrar soluções”, finaliza Lázaro.
Partindo do princípio de extrair novos diálogos e pensar fora da caixa, em 26 episódios Lázaro recebe para conversas intimistas e bem humoradas nomes como Caetano e Zeca Veloso, Fernanda Torres, Bela Gil, Djamila Ribeiro, Baby do Brasil, Tatiana Nascimento, Mônica Iozzi, Leda Nagle, Augusto Cury, Cacau Protásio, Ícaro Silva e Nilton Bonder, sendo a convidada de estreia Diva Guimarães, a professora de 78 anos que ficou conhecida na Flip do ano passado depois de dar a Lázaro um emocionante depoimento sobre preconceito. Agora, eles se reencontram para uma conversa sobre o papel libertador que a educação e a igualdade proporcionam ao mundo.
Paulo Mendonça, diretor-geral do Canal Brasil e grande parceiro do projeto desde o início, comemora o sucesso da atração. ”O olhar generoso de Lázaro para seus convidados proporciona ângulos sempre novos sobre os assuntos debatidos. Essa é uma virtude da maneira gentil dele ser”, diz.
Pela primeira vez dirigido por uma mulher, Juliana Vicente, “Espelho” joga luz também sobre a literatura. Além de ser pauta principal de muitos episódios, em cada edição, a doutora em literatura afro-americana e negro-brasileira, Fernanda Felisberto apresenta um livro infantil escrito para crianças negras no quadro chamado Okawé. Assim como faz desde quando surgiu, em 2005, Espelho sempre pretendeu levantar a autoestima negra e debatê-la e, em 2018, segue mais amplo e incansável em sua curadoria de convidados que nos ajudem refletir e abordar questões urgentes para a sociedade.
Além da estreia no canal linear, o Canal Brasil antecipou o lançamento de alguns episódios em plataformas digitais. Os 13 primeiros programas já estão disponíveis no NOW. No Canal Brasil Play, já é possível assistir a três episódios e, a partir do dia 23, e dois deles estarão disponíveis também no YouTube.
13 anos no ar
Em sua trajetória e com mais de 300 entrevistados, “Espelho” apresentou conversas memoráveis, como é o caso dos programas de Criolo, Tom Zé, Seu Jorge, Geneton Moraes Neto, Leandra Leal, Mart’nália, Jesuíta Barbosa, Marcius Melhem, entre muitos outros, além de nomes internacionais, como a cantora espanhola Concha Buíka. Isto tudo com conversas sempre pautadas pela espontaneidade e sem ficar preso a cenários fixos e formatos definidos.
Entre os programas históricos, houve um especial em 2009: Lázaro foi até Washington, nos Estados Unidos, para cobrir a posse do primeiro mandato do ex-presidente americano Barack Obama. Emocionado, o apresentador acompanhou a cerimônia e conversou com o povo que lá estava. Além disso, Lázaro já dirigiu algumas temporadas de “Espelho” e passou também a produzi-lo com seu selo, o Lata Filmes, uma sociedade com a empresária e produtora Tânia Rocha.
‘ESPELHO’ (2018) (26 x 25′), com Lázaro Ramos
– Estreia: segunda-feira, dia 26, às 21h30, reprises terças, às 13h, e domingos às 15h30
– Horário: segundas-feiras, às 21h30
– Horários alternativos: terças, às 13h, domingos, às 15h30
– Inédito e Exclusivo
– Classificação: Livre
FICHA TÉCNICA
Concepção: Lázaro Ramos
Direção: Juliana Vicente
Produção: Lata Filmes
Convidados 2018 em ordem de exibição: Diva Guimarães; Caetano e Zeca Veloso; Fernanda Torres; Djamila Ribeiro e Tatiana Nascimento; Gina Vieira; Rincon Sapiência; Fernanda Gentil; Di Melo; Cacau Protásio; Larissa Luz e Ícaro Silva; Débora Falabella; Nilza Barbosa; Leda Nagle; Silvio Guindane; Maria Rita; Cid Bento; Bela Gil; Robson Nunes; Cláudio Prado; Karol Conka; Mônica Iozzi; Aderbal Freire Filho; Baby do Brasil; Andréia Horta; Augusto Cury e Nilton Bonder; e Ana Maria Gonçalves.
Canal Brasil na rede:
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A cidade e a luta pela politica pública para cultura: Avancemos!


Por Alexandre Lucas*
O país vivência uma série de retrocessos no campo das políticas públicas para a cultura. O governo golpista interrompeu a experiência que começava a tomar corpo no pais, no que diz respeito a democratização e descentralização de recursos públicos e ampliação da participação social, inclusão e escuta dos mais plurais e diversos segmentos da cultura. Estava sendo germinando solos férteis para experimentação e redescoberta das multiplicidades, peculiaridades, heranças e hibridismos que tecem as paisagens culturais do povo brasileiro. O que nos resta? Construir e reconfigurar as políticas públicas no país, a partir das cidades. O que indica a necessidade de organização, amplitude de dialogo e pressão popular.
Algumas bandeiras devem nortear uma plataforma que unifique e contemple os diversos segmentos da cultura e que ao mesmo tempo esteja sintonizada com as lutas mais gerais pela retomada das políticas públicas nacionais.
Pensar a cultura nos municípios exige mapeamento, planejamento e definição da narrativa política que se quer construir.
A democracia estética, artística e cultural é um desafio para ser superado no campo da política pública para a cultura que tenha viés popular e que aglutine os diversos segmentos que compõe essa diversidade, o que inclui as vozes invisibilizadas e silenciadas historicamente.
Neste sentido, a luta pela criação e consolidação dos Sistemas Municipais de Cultura, deve ser o eixo central da empreitada para retomada de uma política nacional de descentralização e desburocratização dos recursos públicos , participação e vetor para o desenvolvimento social e econômico do pais. O que não se dissocia da mesma luta ser empreendida em defesa dos sistemas estaduais.
A implantação dos Sistemas Municipais de Cultura representa para cada município, uma possibilidade concreta de transformar o pensar e o fazer da política pública para cultura, ultrapassando às gestões de governos . O aparato desses sistemas municipais envolvem aspectos jurídicos, políticos, planejamento e de recursos financeiros que favorecem o processo de consolidação, enquanto, política pública.
Concomitantemente, é urgente garantir um percentual para a cultura, nacionalmente é defendido no mínimo a aplicação de 1% da receita liquida do município para a cultura e 1,5% para os estados e 2% para a união. Essa é uma forma de responsabilizar judicialmente os gestores públicos que descumprirem a aplicação de recursos, como já é previsto em outras áreas, como é o caso, por exemplo, da saúde e educação.
Outra luta que merece destaque é o fomento as politicas públicas baseadas no “Cultura Viva” que possibilita fomentar e criar elos de ligação dos sujeitos e suas organizações como pontos de impulsão, resistência, produção, circulação e vitalidade estética, artística e cultural da cidade com o mundo. Em cada esquina existe um ponto de cultura desconhecido. É preciso dar vazão as experiências de base comunitária e interligar a outras dimensões do simbólico, como forma de desguetizar , potencializar e garantir a autonomia e protagonismo dos construtores da arquitetura de saberes e fazeres numa interligação entre o velho e o novo, e no que se pode surgir a partir destas conexões.
A cidade tem que criar, readequar, equipar, qualificar e garantir as condições de funcionamento dos equipamentos culturais, estabelecendo formas republicanas de ocupação e de protagonismo popular e ao mesmo aproximar o entendimento que a politica pública para a cultura deve está alinhada a politica pública para a educação, e neste sentido, é fundamental reconhecer os espaços escolares como os principais equipamentos cultuais do município que podem ser verdadeiros centros de democratização, vivência e experimentação dos saberes científicos, populares, estéticos, artísticos e culturais produzidos historicamente pela humanidade. Esses espaços também podem ser usados para reproduzir uma cultura opressora, conservadora e odiosa, por isso a necessidade de disputa de narrativas nestes equipamentos.
Por outro lado, a política pública para a cultura deve ser pensada como parte estruturante da cidade, conectando pontos , sujeitos, ocupação criativa dos lugares, memória, história, urbanização social e se constituindo num leque desenvolvimentista que possibilite a democratização do simbólico e a geração de renda para o povo. É possível se pensar nas cidades lúdicas, leitoras, educativas, sustentáveis e que impulsione novos olhares para o cuidado com o patrimônio material e imaterial na sua dimensão mais ampla que é a reação dos seus sujeitos com os espaços.
Encampar a luta no âmbito dos municípios , não será tarefa harmoniosa, mas é uma das estratégias para acumular forças para a retomada das politicas públicas no país. Precisamos inverter a logica do “selfie” das políticas institucionais direcionando para narrativas em os sujeitos e suas organizações possam protagonizar a redescoberta da diversidade do pais pelo seu povo.
*Alexandre Lucas é pedagogo, artista-educador e integrante do Coletivo Camaradas.

sábado, 24 de março de 2018

Que países são esses? Cineasta que filmou a caravana de Lula no Nordeste tenta entender o relho fascista no Sul

Manifestante anti Lula ataca com relho no RS
Por Kiko Nogueira
Querido Kiko,
Eu tô indignado, viu?! Essa violência no Rio Grande do Sul mexeu comigo. Depois dos últimos e trágicos acontecimentos no Rio de Janeiro com a vereadora e militante Marielle Franco e do visível crescimento da onda de ódio nas redes sociais, resolvi te mandar essa carta. É carta mesmo, é pra ser um desabafo sem pretensões intelectuais.
Quando estava filmando o documentário ‘O Povo Pode’ na caravana do Lula pelo Nordeste também vi ódio e hostilidade. Mas nada comparável com as milícias gaúchas. Vi gente contra.
Contra o Lula, contra o PT, contra o MST, até contra a democracia, mas não vi gente disposta a hostilizar mulheres petistas, jogar pedras na comitiva ou bloquear estradas para impedir atos democráticos. E mais importante, não vi gente fazendo algo perto disso com a certeza de impunidade e o sentimento de um “danem-se eles”, “que morram!”.
Em toda a caravana pelo Nordeste me lembro de apenas duas irrelevantes manifestações contra Lula. Numa delas, inflaram o tal do Pixuleco. Parei o carro da produção, desci e fui lá ver qual era o ânimo dos cidadãos. Vou te dizer, Kiko, que tinha no máximo umas trinta pessoas. Carregavam cartazes ofensivos e gritavam ao vento um monte de palavras de ordem vazias.
Eram protegidos pela polícia militar e estavam há uns dois ou três quarteirões de distância do ato da caravana. Vi o ódio no olhar daquela turma, mas eram o que o meu pai chamaria de “loucos mansos”, uma turma disposta a apresentar sua visão da realidade mesmo diante de uma multidão que vê o mundo de um jeito completamente diferente.
No Rio Grande do Sul foi diferente, né, Kiko? A turma queria sangue, desde Bagé. Partiram para o ataque. Pedrada e ovada foi só um aperitivo do que estavam dispostos. Nem vou perder tempo em citar as tantas militantes agredidas, nem o áudio que o DCM deu, revelando uma bravata (espero) de alguém disposto até a “derrubar” o hotel na cidade de Sarandi, aonde o Lula talvez fosse dormir.
Vou me concentrar naquela foto de um simpatizante de Lula sendo chicoteado em Santa Maria. O que foi aquilo, meu Deus?!! Um ser humano chicoteando outro ser humano em pleno século XXI é algo assustador. Chicotear um animal pra mim já seria assustador. E o pior é que a foto não é um ato isolado de um cara fora da razão.
Você acredita que vi posts nas redes sociais com aquela foto como exemplo de como se trata petista?!! Como dizia o Henfil, que diabo de país é esse? Que diabo de nação acha normal ou acha engraçado um homem chicoteando outro? Aquela foto, Kiko, é a expressão máxima da fala do Jessé Souza: a escravidão é nosso berço. E ela está em muitos de nós com toda força.
Lula disse no último discurso de sua passagem pelo Rio Grande do Sul que tinha notícias de um Estado tomado pelo conservadorismo. Vou arriscar dizer que atos como o da foto não revelam uma população conservadora, revelam a barbárie!
Desculpem-me os gaúchos. Não faço discursos totalizantes. Como qualquer Estado, o Rio Grande do Sul é feito de gente de todo tipo, mas em especial de boa gente. O que eu não posso aceitar é essa raiva, é esse ódio entre brasileiros. O Rio Grande do Sul também não pode aceitar.
Acompanho manifestações há muitos anos. Cobri várias para veículos jornalísticos e fui em várias como cidadão. Faço aqui meu testemunho de como movimentos populares e sindicatos organizam seus atos. Em toda manifestação há uma equipe responsável pela segurança dos manifestantes e da população que não quer se manifestar.
Vi muitas vezes essa equipe cumprir funções de polícia e evitar conflitos e depredações. Tenho certeza de que se não houve uma tragédia no Rio Grande do Sul foi porque as equipes de segurança do ex-presidente Lula e dos movimentos populares que o apoiam fizeram a sua parte.
As imagens do bloqueio à cidade de Passo Fundo mostram que a polícia militar do Estado não fez seu papel. Tenho visto isso se repetir muitas vezes. Não se trata de proteger representantes dessa ou daquela corrente política. Se trata de responsabilidade cívica, de proteger a cidadania. Se os órgãos de segurança do Estado fizessem seu trabalho, talvez tivéssemos evitado a imagem terrível da foto que hoje representa o ódio no Brasil. Mas parece que segurança continua sendo privilégio, né, Kiko?!!! É… a escravidão é mesmo o nosso berço.
Max Alvim é cineasta e diretor do filme O Povo Pode , sobre o outro país que Lula visitou com sua caravana.
Fonte: Diário do Centro do Mundo - DCM

Água e turismo sustentável


Assim como o corpo humano, mais de 70% da terra é constituída por água. Apenas 3% é de água doce e estima-se que menos de 1% esteja disponível para o consumo humano em lagos, rios e reservatórios subterrâneos. Daí a importância do uso racional da água doce e preservação dos rios, mares e geleiras, inclusive para o lazer. O turismo responsável é uma das formas de conscientização e conservação dos recursos hídricos. O Brasil é o primeiro país do mundo em recursos naturais segundo o Fórum Econômico Mundial, sendo responsável por 12% das reservas de água doce do planeta.
A água é o principal atrativo de alguns dos destinos turísticos brasileiros mais visitados como a Amazônia, o Pantanal, as Cataratas do Iguaçu e o arquipélago de Fernando de Noronha, todos reconhecidos pela Unesco como patrimônio natural da humanidade, tamanha é a importância de cada ecossistema para a biosfera, além da beleza cênica e uma infinidade de atrativos turísticos. O turismo de sol e mar é também a principal oferta turística da costa do Brasil atraindo brasileiros e estrangeiros em busca de lazer e cenários paradisíacos.
O Distrito Federal, conhecido como “Berço das Águas”, está rodeado de nascentes como as do Parque Nacional da Água Mineral e mais de 30 cachoeiras, além do Lago Paranoá que banha Brasília, todos com atividades esportivas, de lazer e ecoturismo. As águas do Planalto Central alimentam as bacias do Amazonas, São Francisco e Paraná. No entorno da capital federal, o estado de Goiás é rico em atrativos turísticos que aliam história e natureza. Entre os destinos mais famosos estão Pirenópolis; a antiga capital, Goiás; e a Chapada dos Veadeiros, outro patrimônio natural da humanidade que abrange cinco municípios repletos de cachoeiras em meio ao Cerrado. A mais recente “descoberta”, a cachoeira do Label, em São João da Aliança, já é considerada a maior queda d`águas de Goiás com 187 metros de altura.
Em São Paulo, o Circuito das Águas, na Serra da Mantiqueira, é um roteiro que abrange oito cidades e valoriza as propriedades medicinais da água como atrativo turístico. O turismo é voltado para cura, repouso e lazer com banhos de imersão, hidromassagem, ducha escocesa, limpeza de pele e massagens. Além do poder de cura da hidroterapia, a oferta turística na região é variada. Águas de Lindoia, Amparo, Jaguariúna, Lindoia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Serra Negra e Socorro contam com atividades de aventura, esportes radicais, ecoturismo, turismo rural e histórico, gastronomia, artesanato, compras e opções de hospedagem em chalés, pousadas e hotéis com a tranquilidade das cidades do interior.
No Rio Grande do Sul, a região dos Campos de Cima da Serra, já famosa pelos cânions e cachoeiras dos Aparados da Serra, na divisa com Santa Catarina, abriga outros encantos como o rio Tainhas. No Passo do “S”, em Jaquirana, a 38km de Cambará do Sul, o turista se depara com a deslumbrante paisagem por onde os tropeiros cruzavam o rio sobre um lajeado de 80 metros de largura em forma de “S”. O visitante pode fazer a travessia a pé, de carro ou a cavalo. Um pouco adiante a água despenca do lajeado formando a Cachoeira do Passo do “S” com 100 metros de altura.
REPRESAS – Os lagos artificiais são muito explorados pelo turismo de natureza e aventura. Os cânions do São Francisco, entre Alagoas e Sergipe, resultaram do represamento do Velho Chico para geração de eletricidade para o Nordeste. Um dos estados mais ricos em recursos hídricos, como a Serra da Canastra que abriga a principal nascente do Rio São Francisco, Minas Gerais tem um mar sem ondas a 600 km do litoral. O lago de Furnas, além de gerar energia elétrica e abastecer a população, beneficia o turismo nos 34 municípios banhados pela represa. Capitólio é o principal destino mineiro de praias de água doce. Passeios de lancha, escuna e chalana levam os turistas aos diferentes recantos do lago com suas praias, cânions, grutas e cachoeiras. Também são praticados esportes aquáticos como stand up paddle e jet ski, além de atividades de aventura como escaladas, rapel e rafting.
Fonte: BRASIL CULTURA

sexta-feira, 23 de março de 2018

Contribuição negra à arte brasileira: Pintores Negros...

Brasil Colônia e suas relações com o estudo da cultura afro-brasileira

Os modos de representação de indivíduos de ascendência africana na esfera da arte, investigando algumas das identidades resultantes da representação do negro em diversas épocas e as maneiras pelas quais as artes visuais ocidentais se relacionam com a experiência de afrodescendentes na diáspora, com vários exemplos de seu protagonismo no Brasil e também no contexto internacional, num quadro geral de narrativas em que a presença negra é esparsa.

Em nós, até a cor é um defeito, um vício imperdoável de origem, o estigma de um crime [...]. Mas os críticos esqueceram que esta cor é a origem da riqueza de milhares de salteadores que nos insultam; que esta cor convencional da escravidão, como supõem os especuladores, à semelhança da terra, ao travez da escura superfície, encerra vulcões, onde arde o fogo sagrado da liberdade. (Luis Gama) 

Quando a Lei Eusébio de Queirós, que determinou o fim do tráfico negreiro no Brasil, foi promulgada, em 1850, Luís Gonzaga Pinto da Gama tinha apenas 20 anos e começava a sua caminhada enquanto poeta e abolicionista. Ele não viveu para assistir à assinatura da Lei Áurea, em 1888, que decretou o fim da escravidão, e certamente não estaria contente com a real situação dos negros após a chegada dos séculos XX e XXI. Mesmo com os direitos conquistados, a condição social dos negros libertos não mudou drasticamente e a segregação racial permaneceu. Todavia, apesar das dificuldades impostas por uma sociedade retrógrada, com uma forte herança rural e escravocrata, com ideias muitas vezes amparadas em teorias evolucionistas, a busca por reconhecimento e por cidadania continuou.

Todo esse caldeirão social não poderia deixar de afetar o âmbito da arte. Pelas telas dos pintores brasileiros e estrangeiros que aqui estiveram, e também pelas imagens produzidas pela então nova tecnologia da fotografia, foram sentidas as nuances da mudança de condição e de imagem dos negros. Este artigo procura mostrar algumas características e mudanças da representação da figura do negro no período que vai de 1850 até 1950, da Lei Eusébio de Queirós à volta ao poder por Getúlio Vargas. Um recorte de cem anos, no qual verificamos a busca pela origem do povo brasileiro e o fortalecimento do nacionalismo. Cem anos que optamos por dividir em três partes. A primeira começa em 1850 e vai até a abolição da escravatura, momento em que a pintura brasileira está bastante vinculada a encomendas sobre um passado heroico e bravo e que viu o surgimento do grande mercado das fotografias de família. Na segunda parte, destacamos a apresentação de aspectos do cotidiano e da condição social nas primeiras décadas do negro liberto. A terceira e última parte se situa no período em que obras de escritores como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior foram lançadas e no qual o apoio governamental para o fortalecimento do nacionalismo contribuiu para se discutir uma ideia de nação e de povo brasileiro.

Os cem anos compreendidos neste texto revelam uma nação em busca de identidade. As transformações 


que ocorreram nesse período deixaram marcas e reflexos sentidos até hoje, encerraram algumas questões e abriram outras ainda por resolver. Porém, não há como negar que a presença negra é marcante em toda a trajetória do Brasil enquanto país: na cultura, na arte, na política e em várias outras áreas. Como diz Freyre em Casa grande e senzala, “Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta do indígena ou do negro”

O negro trabalhador livre - A obra Limpando Metais (1923) , de Armando Vianna (1897-1992), retrata uma jovem negra, com um vestido branco, limpando a prataria e os cristais de uma casa. Estes estão dispostos desordenadamente na mesa, com alguns guardanapos vermelhos; no canto, vemos um grande vaso azul e ao fundo tem-se a cristaleira emoldurando a personagem. O que mais chama a atenção é o olhar da moça, que não é direcionado ao objeto que está sendo polido, nem ao espectador, mas está virado para a esquerda, como se observasse algo no ambiente ou vagasse pela imensidão, inerte em seus pensamentos, a exemplo da Negra tatuada vendendo caju [, de Jean-Baptiste Debret. Maraliz de Castro Vieira Christo, ao analisar essa tela de Vianna, afirma: Mesmo sem um levantamento rigoroso, os quadros mais conhecidos permitem perceber a preocupação sobre o lugar da mulher negra na sociedade brasileira. As opções são pessimistas: desaparecer pela miscigenação, permanecer reclusa na periferia e morros, ou aprisionar-se na cozinha, trabalhando sempre. 


O alienar-se da negra de Armando Vianna é, de certa forma, a conscientização desse processo.
Esta mulher negra representa ainda o mercado de trabalho após a abolição, que continuou muito próximo das tarefas realizadas na escravatura: trabalhos braçais, domésticos e informais. A temática era relevante, mas, embora tenha conquistado uma medalha de prata na Exposição Geral de Belas Artes, a tela de feitura realista foi obliterada, na historiografia de arte brasileira, pelo sucesso de outras, como, por exemplo, A negra , de Tarsila do Amaral(1886-1973), realizada no mesmo ano de 1923 em Paris, com uma técnica “inovadora”, influenciada pelo cubismo.

A tela de Tarsila tem um fundo esquemático de faixas de cores frias (azul, verde, branco, marrom), com apenas uma folha de bananeira, que contrasta com a pele escura da mulher, desenhada em linhas curvas simples, de pernas cruzadas e braço apoiado no joelho. A mulher não tem cabelos, mas é representada com 
lábios polpudos e seio farto, além do mesmo olhar distante. A Negra logo se tornaria um ícone da modernidade brasileira. Com relação às suas fontes,

segundo um depoimento da própria artista, a imagem desta negra é fruto das histórias contadas pelas mucamas da fazenda em sua infância. Falavam de coisas que impressionaram a menina Tarsila, como o caso das escravas dedicadas a trabalhar nas plantações de café, e que impedidas de suspender o trabalho, amarravam pedrinhas nos bicos dos seios, para que estes, desta forma alongados, pudessem ser colocados por sobre os ombros, a fim de poder amamentar seus filhos, que carregavam as costas.

A figura com o seio à mostra está longe da sensualidade que seria predicada posteriormente às mulatas e aproxima-se mais de uma espécie de “deusa-mãe” da fartura ou da fertilidade, evocando todas as amas de leite que alimentavam e cuidavam das crianças brancas, muitas vezes deixando de nutrir seus próprios filhos. Mas, na pintura de Tarsila, A Negra não é coligada ao seu labor: rompendo com os padrões então ainda usuais de representação feminina no Brasil, esta mulher torna-se, como afirmou Maraliz Christo, uma espécie de arquétipo.

Em outro registro estilístico, mas também mostrando uma figura que se impõe ao espectador, temos a obra Zumbi (1927) , de Antonio Parreiras (1860-1937), que retrata um herói negro. O líder que conquistou sua liberdade e auxiliou muitos outros a conseguirem a sua em difíceis fugas está de pé, segurando um rifle e atento ao horizonte, forte e pronto para a luta. Sua postura remete ao cânone da representação dos reis, apoiados em seu cetro, o que confere a Zumbi o devido reconhecimento e dignidade. Ao fundo, uma paisagem, com relva e rochas, indiciando os locais ermos onde os quilombos eram criados, mas, mais que isso, dando uma sensação de amplidão que remete ao fim da opressão sofrida.

Representar a dignidade dos negros também parece ter sido a intenção de Lasar Segall (1891-1957), que restitui o filho ao seu devido colo em Mãe preta (1930) A tela mostra a mulher vestida de branco segurando a criança de roupa colorida; seus rostos se encontram, numa cena de profundo carinho e cuidado, demonstrando a íntima relação maternal ai existente. Como vimos, muitos artistas desde a abolição visavam demonstrar a humanidade do negro, que muitas vezes foi visto como raça inferior. Mas, para nós, esta obra de Segall tem um teor delicado particular, que individualiza e humaniza as figuras.

Embora o artista reitere a temática e pinte várias mães negras, algumas com seus filhos no colo de acordo com o tipo cristão de Nossa Senhora sentada com Jesus ou amamentando-o, o título desta tela parece indicar uma crítica. Segall renega o mito da mãe pretaque preconizava a adoção das crianças brancas como seus filhos e a gratidão pela bondade do senhor. Ele mostra que a verdadeira mãe preta é aquela que pode cuidar do seu próprio filho.

Filho este que não é necessariamente só negro, mas também branco e índio, o resultado de uma miscigenação das raças que não resulta no branqueamento, mas sim evidencia um processo que foi tomado por parcela dos intelectuais brasileiros como uma característica identitária do Brasil. Esse é o caso de Cândido Portinari (1903-1962), que o idealizou tal processo em várias de suas telas. Na obra Mestiço (1934) , por exemplo, Portinari apresenta no primeiro plano da imagem um homem forte, de braços cruzados. Sua tez não é completamente escura, apresentando tons amarelados; seu cabelo é ondulado, seus lábios são carnudos e seus olhos são negros, porém o formato deles é tipicamente indígena.

A imponência da figura e seus olhos fitando o espectador dão a ele uma atitude altiva e poderosa. Ele parece saber da sua indispensabilidade para a produção rural, mas também indagar sobre sua presença ali. A possível crítica feita pelo pintor à permanência de uma espécie de escravidão disfarçada é evidenciada por Annateresa Fabris:

Verdadeiras “máquinas de trabalho afeitas a toda sorte de esforço,” as figuras de trabalhadores propostas por Portinari estabelecem uma continuidade crítica entre passado e presente, pois têm como elemento comum a apresentação da atividade produtiva como alienação.

Também representando a miscigenação e a mão-de-obra trabalhadora, porém agora em um ambiente urbano, a obra Operários (1933) , de Tarsila do Amaral, apresenta diversos rostos desconexos de corpos, que ocupam quase a totalidade da tela, formando uma grande massa. Eles são separados por uma diagonal do segundo plano no canto superior esquerdo, que apresenta chaminés com fumaça, fazendo clara referência às fábricas, frutos do processo massivo da industrialização almejada pelo governo brasileiro de então. O quadro realizado pela artista demonstra que a força de trabalho, tão necessária na industrialização, não comporta distinção de sexo, idade ou raça: a massa de operários é composta de mulheres e homens, jovens e velhos, negros e brancos, todos com o mesmo olhar cansado e triste fitando o espectador, trabalhadores com salários presumivelmente baixos e sabendo-se reificados nas linhas de produção.

 No contexto das tendências modernas, um olhar diferenciado é aquele de Alberto da Veiga Guignard (1896-1962). Ao pintar o retrato intitulado A família do fuzileiro naval (1935) , Guignard utiliza a mesma estrutura dos retratos hieráticos das grandes famílias da elite brasileira, conferindo à família negra representada no quadro reconhecimento e dignidade. A tela apresenta a senhora sentada à direita, com o 
marido ao seu lado, pousando a mão sobre seu ombro e o do filho (aparentemente o caçula). Há mais dois jovens em pé e um rapaz sentado, fardado como o pai. Os outros personagens estão ricamente vestidos e sua posição social também é evidenciada pelos móveis (cadeiras, tapete, papel de parede). Ao fundo, vê-se uma paisagem, que pode ser vislumbrada pela grande janela na frente da qual posam para o retrato.

Parece que há nessa obra um desejo explícito da família ou do pintor em expor o orgulho em ser brasileiro não só pela farda usada, que era também um indício da status social, mas também por alguns dos objetos incluídos, como a bandeira na mão de um dos jovens, no fundo há palmeiras e, pendurada na veneziana da janela, uma gaiola com um canarinho. O apelo nacionalista se relaciona à necessidade de constituir o negro como parte desta cultura “verde-amarela” e de reconhecê-lo parte de um país em ascensão - não apenas como oprimido, mas compartilhando a mesma sociedade dos brancos. 

Todavia, segundo Orlando Mollica, a paisagem quase onírica do fundo da obra acaba
[...] atribuindo-lhes um caráter meramente, ou melhor, altamente alegórico: simulacro de uma cidadania que se dá apenas no plano virtual, de um país que, mesmo atravessando um período político de transformações profundas, quanto mais se moderniza, mais precisa se manter no passado para que se mantenha fiel à sua cultura, à forma como foi moldado pela colonização portuguesa.

Essa busca pela construção da identidade nacional incorporou diversos elementos da cultura negra como símbolos da nação brasileira. Manifestações que em períodos anteriores foram malvistas, como, por exemplo, o samba e a capoeira, tornavam-se agora coisas “tipicamente” brasileiras, sendo exaltadas pelos artistas. A beleza e sensualidade da mulher negra ou da mulata não foi deixada de lado nesta iconografia. Muitas vezes, as representações que as incluem são imbuídas de crítica social, pois acabam se associando a uma visão machista da mulher ou à prostituição; porém, é inegável o fascínio que as mulatas despertavam e despertam, mostrando o quanto ainda prevalece uma visão associada ao exotismo e ao sexo, similar aquela produzida, mais de um século antes, por alguns dos chamados artistas viajantes.

 Emiliano Di Cavalcanti pintou uma série de mulatas durante a sua carreira, não em ambientes de trabalho, mas geralmente em ambientes festivos ou naturais. No quadro Mulata com pássaro (c.1950) , não identificamos um cenário específico (bar, rua de cidade, etc.). O fundo é dominado por tons avermelhados, podendo indicar um fim de tarde. Há alguns galhos verdes, sob um dos quais está o grande pássaro branco (similar a uma pomba) que esconde parte do peito da mulher, embora deixe à mostra uma nesga do seio direito, dando um toque de sutil sensualidade, complementado pelos lábios carnudos, pelas flores no cabelo e pelas cores do quadro.

No entanto, o olhar da moça é vago, quase triste ou compassivo, parecendo conflitar com a representação de apelo erótico tão usual e que acabou se tornando um característica associada à mulher brasileira em todos os cantos do mundo. O pássaro branco em seu colo parece denotar um quê de ingenuidade com relação à jovem: ela representa uma beleza de força natural, que, ainda que possa por isso ser ainda mais excitante, parece aqui questionar o espectador sobre as formas de vê-la. O elemento feminino não só parece estar integrado à natureza tropical como, em larga medida, se confunde com a própria noção de natureza. Dessa maneira, a mulata, mulher da terra, afro-americana, é valorizada na representação também por significar uma espécie oposição à cultura branca ocidental (FERNANDES, 2008, p. 160).

Certamente este último período por nós aqui delimitado, que culminaria com a eleição de Getúlio Vargas pelo povo, foi um dos mais profícuos nas representações de negros e negras, que visavam valorizá-los e lhes preservar um espaço devido na cultura nacional. Em muitas das obras então produzidas, ainda permanecem 
estigmas, contradições e dificuldades vividas; em outras, há a afirmação da personalidade dos retratados e de seus espaços. Todas fazem refletir o quanto, ainda hoje, a igualdade não é uma realidade plena.

Se liga: - Além disso, é de se notar que, mesmo com a sistemática segregação e negação, as culturas de origem africana persistiram e influenciaram diversos âmbitos da cultura brasileira, como a religião, o esporte, a culinária, a música e a dança. Isso aconteceu não porque um ímpeto nacionalista assim o quis, mas porque desde as primeiras levas de escravos que aqui chegaram, a vontade de se manter viva fez com que aspectos dessas culturas africanas permanecessem e se entranhassem por todo o país, alimentando uma nova cultura. Nesse sentido, encerramos o trabalho lembrando de Câmara Cascudo, que, em sua obra Made in Africa, de 1964, ao procurar identificar elementos culturais africanos existentes no Brasil e ao confirmar a permanência de muitos destes, exclamou: “Vendo-os em nossa terra, reconhecidos, identificados nas raízes imóveis, é possível o grito gaiato de Luanda: - Tala on n’bundo! Olha o negro!”

Um afro abraço.
Claudia Vitalino.

Fonte:http://www.dezenovevinte.net/obras/obras_negros.htm/<http://orlandomollica.blogspot.pt/2011_04_01_archive.htm/http://www.dezenovevinte.net/artigos_imprensa/revista_brasil/1916_resenhas_b.htm

HOJE É DIA DO CIRCO

Dia do Circo é comemorado anualmente em 27 de março.

Esta data serve para homenagear este tipo de entretenimento que encanta crianças e adultos de todas as idades.
No mundo dos circos destacam-se os tradicionais palhaços, que divertem o público com situações cômicas e animadas.
No entanto, também é típico do circo apresentações de artistas malabaristas e de animais selvagens ou exóticos.
Porém, atualmente os circos procuram se focar na superação do ser humano, a partir de desafios físicos. Os animais costumavam ser muito maltratados, por isso deixaram de se tornar uma atração tão usual dos principais circos.
Os primeiros circos teriam surgido por volta do século III a.C, no Império Romano.

Origem do Dia do Circo

O dia 27 de março foi escolhido como Dia do Circo em homenagem ao palhaço brasileiro Abelardo Pinto, conhecido popularmente como Piolin, que nasceu nessa data em 1897.

Piolin era considerado um grande palhaço, que se destacava pela enorme criatividade cômica e pela habilidade como ginasta e equilibrista.
Tornou-se mundialmente famoso e chegou a ser homenageado durante a Semana de Arte Moderna de 1922, por Tarsília do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Anita Malfati.
Atividades para o Dia do Circo

Existem diversas atividades divertidas que as crianças e adultos podem fazer no Dia do Circo como forma de reconhecer e homenagear a data.
  • Montar um mini-circo;
  • Fazer desenhos sobre o que tem no circo;
  • Visitar um circo;
  • Se fantasiar de um dos personagens que são comuns nos circos;
  • Construir um circo diferente;
  • Escrever uma história sobre como seria o circo mais divertido do mundo para você.
Brasil Cuktura

“Só Samba” é o novo concerto da Jazz Sinfônica no Memorial


Memorial da América Latina será novamente palco para duas inéditas apresentações da Orquestra Jazz Sinfônica Brasil. Os concertos serão apresentados nos dias 23 e 24/3 no Auditório Simón Bolívar. Os ingressos tem preço promocional único de R$ 20 e podem ser adquiridos pelo site: www.ingressorapido.com.br.
A temática do repertório, sempre na tradicional linha de prestar homenagem aos grandes compositores, dessa vez contempla a interpretação de 12 dos mais consagrados sucessos da fina flor do samba nacional.
Sob a regência do maestro Fábio Prado, a Jazz preparou arranjos à altura das obras de autores que fizeram história na MPB dos últimos 60 anos. Na apresentação, serão apreciados sucessos de Adoniran Barbosa, Ary Barroso, Chico Buarque, Gilberto Gil, entre muitos outros.

Confira o programa completo para as duas noites de concerto:

Camisa Listrada – Assis Valente
Conselho de Mulher – Adoniran Barbosa
Corcovado – Tom Jobim
Deixa a Menina –  Chico Buarque
É Luxo Só – Ary Barroso e Luís Peixoto
Espinha de Bacalhau – Severino Filho
Incompatibilidade de Gênios – Aldir Blanc &João Bosco
Meio de Campo – Gilberto Gil
Preciso Me Encontrar – Candeia
Serenou – Délcio Carvalho
Vai Passar – Chico Buarque e Francis Hime
Vou Festejar – Dida e Jorge Aragão
Regência: Fábio Prado
Solista: Michel Moraes
Fonte> Brasil Cultura