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sexta-feira, 12 de maio de 2017

Inclusiva ou exclusiva – A educação e o genocídio negro – Por Richard Santos*

foto sala

Há algumas colunas tenho tratado dos caminhos para a emancipação pessoal. Sobre as formas de nos retratarmos frente ao mundo em constante transformação e frente as batalhas para superarmos o alijamento social e a desidentificação que nos é imposta como elementos associados ao capitalismo branco ocidental.
Na coluna passada tratei da decolonialidade no Hip Hop e a importância do feminismo negro para nos constituirmos no movimento sócio cultural com a importância que temos no cenário brasileiro quiçá mundial do tempo presente. Daí que encerro essa tríade emancipatória que teve inicio na coluna cujo tema era os “40 anos de Hip Hop” com a provocação reflexiva sobre a educação que buscamos individualmente, se inclusiva, ou seja, para a nossa inclusão social e do grupo, comunidade que pertencemos, se uma educação e busca de conhecimentos para o compartilhamento de saberes.
Ou se exclusiva, a capitalista, para nosso empoderamento, distinção e ganhos individuais, reforçando a ignorância alheia e que faz nossas comunidades pobres cada vez mais pobres e alguns poucos afortunados intelectuais e culturais cada vez mais distintos de seu meio original, empalados como a fonte e referência de saber e conhecimento dentro de um mundo obtuso e cego para as possibilidades promovidas pela educação e pelo compartilhamento do saber apreendido.
Não irei me alongar nesse papo reto com poucas lidas e muitas críticas colhidas em nosso meio. Essa minha presença e provocação através das palavras escritas tem relação com o alcance que esta coluna tem tido pelo Brasil e o retorno que tenho seja através de contatos pessoais, seja através do correio eletrônico ou dos aplicativos de comunicação digital. Fato é que muitos camaradas têm visto este espaço como uma reprodução da postura burguesa elitista que historicamente caracterizou a educação brasileira e com pouco de realidade das ruas, com muito pouco do corre real, do nosso dia a dia. Foi desse modo que ao ser abordado por membros da Nação Hip Hop durante a 10º Bienal da UNE em Fortaleza, me foi retratado o espaço e fui retratado por alguns. O mano que escreve bonito e não sabe dos nossos corres. No mesmo evento, também fui recepcionado como aquele que tem buscado proporcionar uma visão mais ampla e a frente para o Hip Hop e em especial para a Nação Hip Hop. Dito isso, nenhuma das duas formas de abordagem ou compreensão do que escrevo aqui me representam. Isso sugere apenas que temos sido lidos, temos sido motivos de reflexão e estima o que é o interesse inicial desse espaço.
Ainda mais a frente ou dando um passo atrás, voltando no tempo, me questiono se somos um movimento revolucionário como querem alguns ou apenas um grupo de jovens, e de não tão jovens, fazendo um manifesto cultural e político permanente, porém, desconectado da realidade. Traço esses questionamentos, talvez contraditórios ou inteligíveis para quem lê, pois o que no fundo buscamos é problematizar, ou tentar a problematização do contexto social em que estamos inseridos para além da nossa perspectiva individual da realidade e, sim , a partir de uma tomada de posição frente a realidade mais ampla, aquela identitária, econômica e política que faz sermos os guetizados/favelados e sem futuro que somos ou deveríamos ser, não fosse a rebelião que nos é inerente. Assim, ao compartilhar ideias, estimular o pensamento crítico, fomentar acordos e desacordos diante da proposta política que da base a experiência de ser membro da Nação Hip Hop Brasil, estamos coletivizando nossas leituras, apreendimentos intelectuais e percepções dialéticas da realidade a que fomos inseridos pelo sistema que nos rege e tentamos superar. Estamos socializando visões e perspectivas educacionais ao modo traçado por educadores revolucionários como Paulo Freire, Amilcar Cabral, José Carlos Mariategui e tantos outros, no Brasil, América Latina ou África que se levantaram por uma educação inclusiva e não exclusiva como armas de resistência, emancipação e da luta de seu povo.
Oportunizar nesse espaço a reflexão crítica sobre o mundo e seus acontecimentos, provocar debates sobre nossa situação local, regional ou nacional, correlacionar nossas vivências e experiências com as situações momentâneas que somos confrontados, seja a abordagem policial, a dificuldade no atendimento médico ou a falta de oportunidade educacional para a maioria minorizada é lutar intrinsecamente contra o nosso genocídio, contra o nosso encarceramento, contra a eliminação de nossas formas de vida. É tratar do nosso Bem Viver.
*Por Richard Santos – Doutorando em Ciências Sociais no Departamento de Estudos Latino-americanos – ELA /UNB.. Mestre em comunicação pela Universidade Católica de Brasília. Especialista em História e Cultura no Brasil pela Universidade Gama-Filho. Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Metodista de São Paulo. Membro da Intercom, Sociedade brasileira de estudos interdisciplinares da comunicação. Membro do Observatório Latino-americano da Indústria de Conteúdos Digitais na Universidade Católica de Brasília, diretor da Nação Hip Hop Brasil. Tem como principais objetos de pesquisa, televisão pública, comunicação digital, diversidade étnico-racial, hegemonia e contra hegemonia no contexto das indústrias culturais. 

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